Friday 27 September 2013

ONU reitera que o homem aquece o planeta

IHU
http://www.ihu.unisinos.br/noticias/524133-onu-reitera-que-o-homem-aquece-o-planeta

ONU reitera que o homem aquece o planeta

O novo estudo que o IPCC, o braço científico das Nações Unidas, divulga hoje mundialmente irá confirmar que o planeta está se aquecendo, que o nível do mar está subindo e subirá mais ao longo deste século, que as geleiras continuam diminuindo, que as secas e grandes chuvas serão mais frequentes - e que os cientistas têm ainda mais convicção que a responsabilidade por tudo isso é do homem. Os céticos a este argumento, porém, mal esperaram o documento ser lançado para criticar o trabalho do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática, mais conhecido pela sigla em inglês IPCC.
Durante esta semana, representantes de mais de 180 países debateram a última versão do "Sumário para Formuladores de Políticas", um documento de 30 páginas que resume o estudo do Grupo de Trabalho I, sobre as bases científicas da mudança do clima.
A reportagem é de Daniela Chiaretti e publicada pelo jornal Valor, 27-09-2013.
A versão final do documento será conhecida apenas às 10h de Estocolmo, na Suécia. Versões que circularam nos últimos meses mostram que os cientistas do IPCC reiteram que a responsabilidade pelo atual processo de aquecimento da Terra é do homem e colocam esta probabilidade em 95%, informa a agência de notícias Reuters. Na divulgação do relatório passado, em 2007, esse percentual de certeza da culpa humana pelo fenômeno era de 90%. No estudo de 2001, lembra a Reuters, era de 66%.
Apesar da maior convicção dos cientistas envolvidos com o IPCC, crescem também as críticas do pequeno grupo dos chamados "céticos do clima". São cientistas que questionam a responsabilidade humana no fenômeno e costumam acentuar, por exemplo, que a mudança climática tem mais a ver fatores como as explosões solares.
Os céticos já polemizam com dois pontos do documento que ainda nem foi lançado oficialmente. Um deles está sendo batizado de "hiato do aquecimento". Na última década (2000-2010) o aumento da temperatura não aconteceu de forma tão acentuada quanto nas décadas anteriores. O outro é que as projeções de aumento da temperatura do relatório anterior, de 2007, previam números mais altos do que os que provavelmente serão conhecidos hoje - um aumento de no mínimo 2°C nas temperaturas a até 4,5°C, ao longo deste século.
Para os cientistas do IPCC, as diferenças destas projeções com as anteriores estão dentro da margem de incerteza. Rebatem que todas as ciências têm graus de incerteza em suas projeções. Quanto ao hiato do aquecimento, indicadores mostram que o calor não se concentrou na atmosfera porque migrou para águas mais profundas dos oceanos. Ou seja, não é só a atmosfera que está aquecendo, mas os oceanos também.
Para chegar às suas conclusões, os cientistas responderam a mais de 54 mil comentários em seu site de discussão. O trabalho foi feito por mais de 250 autores em 40 países. O IPCC não produz pesquisa - o documento é um apanhado de tudo o que cientistas publicaram sobre o assunto, em revistas renomadas de ciência, nos últimos anos. O nível de certeza que os pesquisadores têm sobre determinado tópico é estimado em percentuais e em adjetivos do tipo "provável" e "muito provável".
As conclusões do novo relatório são baseadas em dados mais refinados e em modelos mais sofisticados que o relatório anterior, divulgado em 2007, o Quarto Relatório de Avaliação (AR4). O estudo de agora, o AR5, é mais preciso, tem um número maior de observações dos fenômenos científicos e é baseado em uma modelagem mais complexa que o estudo anterior.
Essa é uma grande diferença. O trabalho anterior traçava cenários de aumentos de temperatura considerando a concentração das emissões dos gases estufa. Este introduz um novo conceito - o da "forçante radioativa". Não considera apenas as emissões, mas também casos de mudança do uso da terra, por exemplo. Ou seja, se uma área que tinha floresta foi convertida em uma área desmatada, a radiação será mais intensa e contribuirá com o aquecimento, mesmo sem emissão de gases-estufa. O novo parâmetro procura qualificar quanto do aquecimento é responsabilidade humana (medido em watts por metro quadrado).
O estudo sobre os impactos da mudança do clima, a adaptação ao fenômeno e a vulnerabilidade será divulgado em março, no Japão. Já o estudo sobre mitigação das mudanças climáticas, ou seja, as estratégias que o IPCC irá recomendar para reduzir as emissões, a engenharia e a logística, será divulgado em Berlim, em abril.
Para maiores informações, clique aqui.

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