Tuesday 17 June 2014

Bonn: alguma esperança nas negociações sobre clima

OP
http://outraspalavras.net/blog/2014/06/16/bonn-alguma-esperanca-nas-negociacoes-sobre-clima/


Bonn: alguma esperança nas negociações sobre clima

140616_Clima Bonn
Reunião para tentar resposta ao aquecimento global termina melhor que se previa. Novo encontro, marcado para Lima em dezembro, requer intensa mobilização das sociedades
Por Raquel Rosenberg
Após duas semanas de negociações extremamente cansativas, chegamos ontem ao fim das intersecionais em Bonn. Como única jovem da América Latina (e de qualquer país em desenvolvimento), única representante da sociedade civil brasileira, correspondente do Adopt a Negotiator e acompanhando todas as negociações sobre educação e participação, o trabalho foi duro, mas valeu a pena!
As boas notícias são que as negociações estão progredindo. O caminho está sendo traçado para assinarmos um novo tratado em 2015 – os coordenadores (chairs) responsáveis por ele prometeram construir um esboço para apresentar aos países até 15 de Julho e discuti-lo na próxima sessão, em Outubro, e mais de 60 países anunciaram que vão reduzir sua pegada de carbono nos próximos anos! Somado a isso, também tivemos boas notícias vindo de fora de Bonn enquanto a conferência estava rolando – EUA e China demonstraram fortes sinais políticos de ação climática, anunciando planos de redução de emissões e introdução de energias renováveis.
“Fico muito feliz que praticamente todos os países em desenvolvimento declararam que precisamos mudar de combustíveis fósseis para energia limpa no tempo de uma geração”, disse Martin Kaiser, diretor de política climática internacional do Greenpeace em conferência de imprensa realizada pela CAN (Climate Action Network – Rede de Ação Climática).
Mesmo tendo sido animador o progresso aqui em Bonn, ainda não temos o suficiente e necessário sobre a mesa. Precisamos do envolvimento dos Chefes de Estado – viu, Dilma? – na Cúpula de Clima, organizada pelo Ban Ki Moon, em Setembro. Melhor ainda do que acompanhar o progresso aqui, seria ver os líderes políticos cumprirem suas promessas, especialmente as feitas por países desenvolvidos para ajudarem financeiramente países mais pobres, que não têm condições de fazer o investimento necessário para não sofrerem as consequências dos impactos climáticos.
Tasneem Essop, chefe da delegação da WWF aqui nas negociações, completou: “Nelson Mandela uma vez disse ‘tudo parece impossível até que seja feito’. Então a nossa mensagem para os governos é que temos um trabalho difícil pela frente. Precisamos ver um espírito de colaboração para traduzir estas discussões em um verdadeiro momento político. Precisamos manter nosso foco no período pré-2020 e acabar com o gap existente entre os compromissos assumidos pelos países e o que a ciência nos diz que precisamos fazer”. Se não conseguirmos garantir ações AGORA (pré-2020), significa que a ambição no acordo de 2015 terá que ser muito maior, e sabemos que muitos países importantes não estão tão a fim de colocar suas metas à altura do necessário (imagina se a situação estiver pior ainda).
Para assegurar o sucesso da Conferência de Lima, em Dezembro, e construir o desejado caminho para o acordo de 2015, os países devem apresentar suas metas nacionais até Março. Infelizmente, o Brasil só planeja fechar a sua contribuição em Maio ou Junho. A parte boa é que para preparar sua meta, o Brasil é um dos únicos países que está realizando uma consulta à sociedade civil. Para participar e dar a sua opinião basta acessar esse link. Se você é jovem e\ou não entende muito bem esse processo chato e complicado, recomendo dar uma passadinha na capacitação doEngajamundo sobre as COPs e as principais questões em pauta – espero que te ajude a contribuir melhor com este importante passo que o Brasil e a ONU estão dando! Se tiver qualquer dúvida sobre o conteúdo ou como pode participar, não hesite em entrar em nos enviar um email – o Engajamundo está aqui para isso!
[Nota do editor] O encontro de Bonn, na Alemanha, durou 12 dias (entre 01 e 12 de junho) e contou com mais de 4.600 participantes, entre representantes de governos e também de empresas, indústrias, organizações ambientais e instituições de pesquisa, que fizeram parte da programação paralela às reuniões oficiais.

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