Thursday 2 October 2014

Demora para reprodução coloca em vulnerabilidade populações de botos cor-de-rosa na Amazônia

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Demora para reprodução coloca em vulnerabilidade populações de botos cor-de-rosa na Amazônia

O alerta é da presidente da Ampa, Nívia do Carmo, que explica a preocupação com os botos: apesar de ser o jacaré-açu ser a isca mais comumente usada pelos pescadores da piracatinga, a população de botos está cada vez mais ameaçada
De acordo com dados da Ampa, mais de 1,6 mil botos foram mortos por pescadores de piracatinga, no ano passado, somente dentro da RDS Mamirauá (Divulgação/Ampa)
Com a população sendo reduzida em 10% a cada ano, o boto cor-de-rosa (Inia geoffrensis), também usado como isca para a pesca da piracatinga (Calophysus macropterus), pode sofrer uma baixa de mais de 2 mil espécimes até o início da moratória da pesca, em janeiro de 2015. A continuidade da caça predatória até a restrição sobre o comércio do pescado pode comprometer as populações da espécie em partes da amazônia, como o Médio Solimões.
O alerta é da presidente da Associação Amigos do Peixe-Boi (Ampa), Nívia do Carmo, que explica a preocupação com os botos, apesar de ser o jacaré-açu (Melanosuchus niger) a isca mais comumente usada pelos pescadores da piracatinga: “O boto só começa a reproduzir a partir dos sete anos, a gestação leva dez meses e só nasce um filhote a cada vez, que normalmente fica com a mãe até os três anos de idade. É muito tempo para repor uma população, caso haja uma extração em massa dos exemplares de um determinado local”, disse.
De acordo com ela, pesquisas realizadas pela Ampa, em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), apontaram que, somente na região da Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Mamirauá, localizada a 600 quilômetros de Manaus, no Médio Solimões, 1.680 foram mortos no ano passado. Outra estimativa, ainda mais preocupante, na avaliação de Nívia, aponta que 2,5 mil botos podem ser mortos caso a moratória não seja antecipada, dentro da RDS.
“Em Mamirauá, temos o Projeto Boto, que monitora as populações há 20 anos. Se numa região onde temos o controle da população, que fica dentro de uma reserva, esse número já é alarmante, imagine em regiões onde não há nenhum controle, que é o caso da maior parte da amazônia. Quantos não são mortos?”, questionou.
Recuperação
Para a gerente de Fauna do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam), Sônia Canto, as populações de botos são as mais ameaçadas pela pesca da piracatinga no interior do Amazonas, por conta da velocidade de reprodução, que é menor que a dos jacarés, iscas favoritas dentro da RDS Mamirauá, segundo estudo realizado pelo Instituto Mamirauá.
“O jacaré-açu bota, em média, 29 ovos por ano e, desses, 95% eclodem. Desse montante, muitos conseguem sobreviver aos predadores e chegar à idade adulta, então ele consegue recuperar as populações com mais facilidade que os botos, que reproduzem a cada três anos, e um filhote apenas. Dessa forma, recuperamos a população de jacarés, que já estiveram ameaçados de extinção no passado”, lembrou.
Por: Monica Prestes
Fonte: A Crítica 

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