01. PLANO DE TRABALHO
Edital Nº 037/2016 - Redes de Pesquisa em Mato Grosso
Programa - Redes de Pesquisa
Termo de Outorga - 37018.535.24442.12092016
Coordenacão geral - Michèle Sato
Período: 01/12/2016 a 07/12/21
Instituição: Universidade Federal de Mato Grosso (coordenação)
Universidade de Estado de Mato Grosso (vice)
Área de Conhecimento: Educação
1.1. ARQUIVOS
1.2. ARQUIVOS SEM MODELO
2. PLANO DE APRESENTAÇÃO
2.1. Resumo
O projeto “Rede Internacional de Pesquisa em Educação Ambiental e Justiça Climática (REAJA)” teve início em dezembro de 2016 com 12 entidades nacionais e internacionais. Ampliando seus diálogos, em 2021 ele finaliza com a presença de 23 instituições de 5 países (Brasil, México, Cuba, Portugal e Espanha): 16 universidades, 4 organizações não-governamentais e 3 órgãos do governo. Se a pauta contemporânea se reveste da urgência em debater a justiça climática, proclamada consensualmente em Glasgow, Escócia, durante a Conferência das Partes 26 (COP) em novembro de 2021, o projeto REAJA acumula 5 anos de vivência, pesquisa e processos formativos neste âmbito, saindo na frente das grandes audiências. Dos 5 objetivos centrais, é possível considerar que: (1) COLAPSO CLIMÁTICO: diversos projetos de pesquisa, estudos e investigações científicas foram realizados na pauta climática, desde as considerações mais físicas, como as relacionadas no campo de eventos extremos e desastres e as considerações mais sociais no âmbito da educação ambiental e justiça climática. (2) FORMAÇÃO: envolvendo diferentes universos e grupos sociais em situação de vulnerabilidade, o processo formativo teve ampla abrangência desde a educação popular, como o envolvimento da educação básica, do ensino superior e dos programas de pós-graduação, além da própria formação das equipes envolvidas. (3) COMUNICAÇÃO: a comunicação ocorreu por 4 meios: a) pelo envolvimento comunitário da educomunicação; b) do envolvimento de estudantes da educação básica com a transmídia; c) da divulgação científica com artigos, livros, capítulos, palestras ou entrevistas nos espaços midiáticos; e d) as diferentes linguagens da arte que foram substratos de comunicação da emergência climática. (4) CULTURA: Escolhemos os grupos em situação de vulnerabilidade, mas também diversos outros grupos como estudantes e professores da educação básica e universidades. Em todos os contextos da educação escolarizada ou popular com moradores ou comunitários, valorizamos a etnografia dos grupos e seus territórios. (5) POLÍTICAS PÚBLICAS: A maior parte dos envolvidos no projeto são professores militantes, que para contribuir com as políticas públicas, necessita estar em constantes diálogos com as esferas políticas. Além disso, inúmeras contribuições que o projeto possibilitou são alicerces epistemológicos que permeiam as negociações, pactos e acordos. Todos os projetos de pesquisa realizados no âmbito da REAJA possui a intencionalidade de contribuir com o fortalecimento de políticas públicas, para que ciência não seja refém da política, a exemplo do que testemunhamos no caso da Pandemia. Os métodos foram variados, de acordo com os contextos, povos, etnografia ou necessidades. Predominou a pesquisa qualitativa, contudo não de maneira hegemônica, mas dialogante com demais pesquisas que se utilizaram de números e estatísticas para seus processos. Aprendemos diferentes jeitos e processos metodológicos, alguns mais estruturados, outros mais subjetivos. Promovemos diversos encontros, participamos ativamente de uma rede ética com responsabilidade global de tentar enfrentar as catástrofes para que estes eventos extremos não tragam a fatalidade da espera de “braços cruzados”. Os resultados do projeto revelaram a realidade de colapsos, mas os mesmos resultados abriram horizontes para que a esperança permaneça.
2.2. Palavras-chave indexadas
Educação ambiental. Justiça climática. Grupos em situação de vulnerabilidade. Rede. Políticas públicas.
2.3. Síntese para Publicação
Descrever, de forma clara, simples e objetiva, uma síntese da pesquisa para publicação no portal da FAPEMAT e materiais de divulgação. É fundamental que a comunidade/sociedade tenha retorno dos projetos de pesquisa e de extensão universitária financiados por órgãos governamentais de fomento. O preenchimento deste campo é obrigatório e terá o limite de no mínimo 250 e no máximo 500 palavras.
As notícias do mundo são carregadas de tragédias, especialmente desde 2018. No Brasil e em toda a Terra, a elevação da temperatura tem causado catástrofes irreversíveis. A Terra não é autorregulada, tão pouco tem capacidade de retornar as porções gélidas do Ártico ou Antártico que já derreteram, ou de ressuscitar espécies já extintas. Os níveis da água estão subindo, ameaçando cidades litorâneas ou até mesmo países que são ilhas ou arquipélagos, principalmente na polinésia. As águas salgadas invadem os rios, como no exemplo do Pará, que foi encontrada uma baleia encalhada em um dos rios. O Brasil que não tinha furacão, passa a ter ciclones bombas, tropicais ou inesperados que destroem os ambientes, principalmente do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Rio de Janeiro. Cenários projetados ao futuro (tidos como ficção) são cenas reais da contemporaneidade. Os eventos climáticos avolumam-se e intensificam suas magnitudes. No marcador de cada evento extremo, há registros que ultrapassam os índices máximos, a exemplo do terremoto de 2011 no Japão, com escala Richter 9,2 no total de 9. Um outro exemplo é o furacão Katrina dos Estados Unidos, que registrou 5,6 na escala máxima de 5 de Saffir-Simpson (LUIZ & SATO, 2021). A pandemia deixa de ser uma mera crise sanitária e passa a ser consequência de um desastroso processo de destruição ambiental, em especial pelo agronegócio. É provável que as máscaras e isolamento social sejam o novo perfil da humanidade, já que outras pandemias virão, e provavelmente mais avassaladoras do que a Covid-19 (Coronavirus Disease type 19). Se o surgimento da nova variante ômicron (novembro 2021) expressou o abismo socioeconômico entre os continentes, os pesquisadores da REAJA já anunciavam isso desde o aparecimento da pandemia (SATO et al., 2020). Era objetivo deste projeto estudar estes eventos extremos e compreender de que maneira as pessoas são afetadas. É falso o discurso de que o vírus seja democrático porque afeta a todos, pois as mortes são das pessoas com menos acesso a remédios, hospitais ou médicos. São grupos em situação de vulnerabilidade que não puderam “ficar em casa”, ou que nem tinham dinheiro para comprar máscaras, muito menos a N 95 (NIOSH standard), exigida nos países europeus por filtrar 95% das partículas do ar. São mulheres, crianças, negros, roceiros, bordadeiras, lésbicas, gays ou transgêneros que sofrerão mais INJUSTIÇA no colapso climático pelos preconceitos da civilização contra a pobreza (aporofobia), além de diversas outras intolerâncias. Por isso, o projeto REAJA visou compreender de que maneira estes grupos lidam com a situação de catástrofes climáticas e de que maneira reagem a estes eventos. Conhecendo estas realidades, a promovemos formação e comunicação para divulgar a crise climática, principalmente porque ela é causada pela interferência humana no ambiente. E junto com as comunidades, buscamos traçar táticas de resistências e meios de proteção.
2.4. Informações relevantes para avaliação da proposta
De uma forma geral, a proposta de rede foi cumprida, como abrangência de entidades brasileiras e estrangeiras. Éramos 12 entidades em 2016, hoje dobramos para 23. Com 5 países envolvidos (Brasil, Cuba, México, Portugal e Espanha), temos 16 universidades nacionais e internacionais, 4 organismos não-governamentais e 3 governamentais. Este metadesenho da REAJA em dobrar o número de entidades e estender vínculos em vários níveis trouxe o fortalecimento dos discursos epistemológicos em educação ambiental e justiça climática. Eventos rotineiros das universidades abriram espaço à reunião internacional da REAJA, demarcando muitos intercâmbios internacionais, além de várias produções científicas coletivas. Fomos os pioneiros em abarcar pesquisas com educação e justiça climática no cenário brasileiro, talvez no mundo. Isso trouxe dificuldades em acessar bibliografia, mas hoje temos diversas publicações que servem de referência.
Publicações científicas, eventos, processos formativos, comunicação e diversas expressões midiáticas possibilitaram, e ainda possibilitarão, que novas redes se formem, se expandam e se conectem formando a multiplicidade dos diferentes jeitos e olhares de fazer emergir uma investigação em educação ambiental e justiça climática. Todo o processo pode contribuir significativamente com as políticas públicas que possam também refletir a complexidade climático-educativa de acolhimento e proteção das pessoas, dos seres vivos e também de porções essenciais como água, terra, fogo e ar.
A pandemia foi (continua sendo) um problema sério no mundo e na finalização do projeto, interrompendo viagens ou obstaculizando trabalhos de campo. Por outro lado, a tecnologia de videoconferências facilitou a participação de diversos encontros internacionais pela via on-line. Os diálogos, tanto em nível brasileiro quanto internacional, foram essenciais ao bom desempenho do projeto. Diversas atividades universitárias, antes isoladas em plano local, se estenderam de maneira internacional.
No emergir de tantos desastres e catástrofes que estamos testemunhando, muitas vezes somos acometidos por aquilo que os psicólogos chamam de “depressão científica”. Driblar a dor e continuar a retomada nem sempre é tarefa fácil aos pesquisadores do clima. Discursos sobre colapsologia, era de robôs e “final de mundo” atravessam os artigos, as notícias e as redes sociais. Mas de frente do colapso, a pergunta que não se cala: “e a esperança, o que fazemos com ela?”.
O estado de Mato Grosso, coração da rede, tem orgulho em ter tecido as primeiras meadas de uma rede de descanso, após um árduo trabalho. No balançar da rede, entre os fios e as tramas intercaladas, a tecitura pode ter tido dificuldades, entretanto, o mosaico que se apresenta consolida as interconexões de pontos, linhas e nós que se esparramam para além de um projeto, na promessa de sustentabilidade dos sonhos. Novos fios tecerão o colorido da rede, fazendo que a educação ambiental seja uma, entre tantas vias, de não permitir que ninguém roube nossa capacidade de esperançar.
1. DESCRIÇÃO DO PROJETO
1.1. Introdução
O projeto REAJA é uma rede internacional que estuda as condições climáticas, seus efeitos e desastres, quais grupos são os mais prejudicados e de que maneira podemos minimizar os danos construindo políticas públicas que sejam capazes de proteger vida e não-vida de um sistema chamado Terra que está a um fio de seu colapso. As histórias de ficção científica, como “dune” (HERBERT, 1965), por exemplo, já deixaram de ser ficção, mas tornaram-se realidade. O aumento da temperatura (50 graus) em Mauritânia, trouxe a desertificação e complexas dunas junto com a pobreza da região. O continente africano é palco de outro abismo social, nos casos de vacinações realizadas, com taxas muito menores do que outros continentes. A REAJA reconhece que o humano interfere no ambiente, e que estas intromissões não foram éticas, já que trouxeram muitos danos ecológicos irreversíveis. Em outras palavras, a Terra não é um planeta autorregulável, mas um sistema em colapso (LATOUR, 2018). E nem adianta só trocar o nome Gaia por Pacha Mama, enquanto não conseguirmos compreender que a natureza não tem preço, não pode ser assim mercantilizável, nem está somente à mercê colonialista da escravidão. O que acontece com o ambiente, interfere na humanidade: esta é a premissa da Justiça Ambiental, que conta com a educação ambiental para que novas alternativas possam ser viáveis (SOLÓN, 2019). Sem se estremecer sobre “um outro fim de mundo possível” (SERVIGNE et al. 2021), o princípio da educação ambiental talvez seja fazer este metabolismo socioambiental de bem-viver: uma ética biocêntrica que consiga perceber o mundo para além da humanidade, e que para além dos direitos humanos, é emergente tratarmos sobre os direitos da Terra. Esta civilização carece de compreender a existência equitativa de multiversos dinâmicos e que é necessário erradicar qualquer tipo de preconceito de etnia, homofobia, aporofobia ou misoginia, entre tantas outras intolerâncias. Não se trata, desta maneira, de se entregar ao fatalismo de uma era “Meta” que deixou a inteligência artificial para trás por um outro mercado de robôs. Mas é necessário ressignificar um pós-humanismo que não se aprisione ao tráfico do DNA potente, ou de uma prótese de Cyborg. Fazer surgir uma nova humanidade continua sendo o maior dos desafios.
1.2. Objetivos Propostos
Dividimos os objetivos gerais da REAJA em 4 pontos, considerando que o quinto objetivo (PESQUISA) está presente em cada um destes eixos: 1) cultura; 2) formação; 3) comunicação; e 4) políticas públicas.
1) CULTURA e grupos sociais
Por meio da educação popular, foi possível promover a educação ambiental entre comunitários, moradores ou habitantes de comunidades em situação de vulnerabilidade. Muitas vezes, tendo a arte como aliada, foi possível comunicar a crise climática pela arte-educação-ambiental nos processos formativos de pessoas ágrafas, que embora leiam o mundo, não grafam palavras. Foram envolvidos grupos indígenas (BRA e MEX), mariscadoras e rendeiras (ESP), pescadores (ESP), migrantes climáticos (BRA, CUB e ESP), quilombolas e negros, agricultores e assentados, artistas de rua, mulheres e crianças, farinheiras, doceiras, festeiros, canoeiros, Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgêneros, Queer, Intersexuais, ou Assexuais, entre outros (LGBTQIA+), Pessoas com Deficiência (PcD) e habitantes de duas comunidades do BRA: São Pedro de Joselândia e Quilombo Mata Cavalo. Ouvindo esta gente, aprendemos a valorizar os vários conhecimentos sobre as dimensões socioambientais e as táticas de lutas contra a catástrofe climática.
2) FORMAÇÃO - comunidade escolar e universitária
Tida como o coração de qualquer trabalhador ou profissional, a escola merece um especial cuidado nas políticas climáticas. Compreendemos que o livro didático é um elemento muito presente nas escolas e por isso, é preciso ajustar linguagens sexistas, colonialistas ou imagens tendenciosas e preconceituosas. Como a comunidade escolar percebe o clima? Estudantes da educação básica e universidades, bem como seus professores foram envolvidos na pesquisa dos processos formativos. O exame do currículo, as representações sobre o clima, e os meios pedagógicos de aprendizagens foram estudados ao lume dos objetivos gerais da REAJA.
3) COMUNICAÇÃO e educomunicação
Nunca foi tão urgente e necessário objetivar uma comunicação ética num período de negacionismo. Agredida cotidianamente por fake-news, a sociedade acaba tornando-se refém de grupos maldosos, cujo intuito é desordenar, provocar escândalos, incitar discórdias ou dar falsas informação sobre o colapso climático. A mídia popular tem noticiado com mais frequência sobre as catástrofes, contudo muitas vezes não é para comunicar o clima, senão mostrar cenas sensacionalistas para “vender” a matéria. As redes sociais, em especial o Youtube, estão recheados de vídeos caseiros que circulam imagens dramáticas de enchentes, furacões, ciclones, deslizamento de terra seca ou outro tipo de evento extremo. Por isso, comunicar o clima foi uma meta importante na REAJA.
4) POLÍTICAS PÚBLICAS
O grande sonho do pesquisador em educação ambiental é fortalecer as políticas públicas, para que estas possam cumprir, pelo menos em parte, as boas proposições no âmbito de suas pesquisas. Incluir socialmente, construindo condições dignas de defesa, vida e escolhas políticas nos ambientes em que vivem é premissa básica da REAJA. Todos buscamos criar este elo, porém uns objetivos sobressaem mais do que outros. Articular a política ambiental, climática e educativa foi um dos grandes objetivos do projeto, cientes das dificuldades pelo momento dramático que vivemos, em especial no Brasil, com os governantes colocando a ciência como refém da política.
1.3. Objetivos Alcançados
Para efeito didático, trouxemos os resultados, conforme objetivos elencados: 1) cultura; 2) formação; 3) comunicação; e 4) políticas públicas.
1) CULTURA e grupos sociais
Os resultados foram constantes aprendizagens sem hierarquia de saberes, aprendendo como os grupos lidam com as adversidades socioambientais, com mais detalhamento das condições climáticas. A falta de água já é notória, tanto no Cerrado como Pantanal, cujas mulheres são responsabilizadas pelo uso e acesso da água, pois são elas que geralmente limpam as casas, cozinham ou cuidam de doentes, crianças e idosos. Nenhum grupo envolvido trazia a pauta climática em suas lutas, e poucos se arriscavam a narrar o que sabiam sobre o clima. Esta generalização expressa o quanto a mídia deve comunicar mais o clima, e o quanto os governantes estão escassos de argumentos e materiais educativos sobre as possíveis catástrofes. Portanto, a aliança formativa, comunicativa e de políticas públicas expressa ser uma prioridade. Tivemos o ineditismo de privilegiar os desastres com grupos como cegos, que foi uma experiência bastante marcante. E também de se sensibilizar e aprender com as narrativas de inúmeros grupos sociais em situação de vulnerabilidade.
2) FORMAÇÃO - comunidade escolar e universitária
Um foco grande foi dado por Portugal, que é uma associação que agrega os professores da educação básica, sempre incentivando a obrigatoriedade da educação ambiental na educação básica e na graduação, principalmente as licenciaturas. No Brasil, o CEMADEN liderou importantes processos nas escolas, desde o monitoramento do clima por simples estação meteorológica, também com publicações, cursos e campanhas ainda em pleno desenvolvimento. Na Espanha, estudantes universitários e da educação secundária dialogam coletivamente e contribuem com escolas mais preparadas ao enfrentamento das catástrofes climáticas. Em Brasília, um mapeamento de 65 unidades escolares forma um banco de dados para proteção das águas, por intermédio da formação de professores. Em Mato Grosso, um aplicativo de celular foi desenvolvido para aprendizagens científicas, com a transmídia e diversas plataformas pedagógicas. E o Mestrado em Ciências da natureza incentiva a produção massiva de materiais pedagógicos que ricamente contribuíram com os processos formativos no marco do projeto REAJA. No âmbito das universidades, inúmeras pessoas se aprimoraram por meio de pesquisas de iniciação científica, mestrado, doutorado e pós-doutorado.
3) COMUNICAÇÃO e educomunicação
Para um público mais geral, mas mais acadêmico, um projeto de divulgação científica foi um dos bons resultados, liderados por jornalistas (professores e estudantes de Comunicação da UFMT). Por meio de jornais impressos e muitos materiais digitais, diversas investigações sobre o clima foram noticiadas. Dialogando um projeto pré-existente de transmídia, as narrativas e “storytelling” bem valorizadas. Com a premissa de cada ser pode ser mídia, a ideia educomunicativa de promover a formação de 4 mídias foram realizadas no curso de formação no quilombo Mata Cavalo: texto, imagem, som e fotografia. Quando algum episódio climático acontece no quilombo, os próprios moradores fazem suas mídias, noticiando-as em canais das redes sociais. Ter a arte como aliada foi a tática do projeto REAJA, ao fazer emergir a literatura, a arte de rua, algumas imagens e o cinema como caminho da construção da arte-educação-ambiental para comunicar o clima.
4) POLÍTICAS PÚBLICAS
Conseguimos mapear as condições de injustiça climática no Brasil, influenciadas pelas Guerras Híbridas que se expressam com armas não convencionais, mas que se utilizam de mecanismos “coloridos” para manutenção do status quo da minoria. Conseguimos fazer emergir a importância das ciências, contra a força negacionista que municiona as informações climáticas. Em escala nacional, foi possível mapear as universidades engajadas com projetos climáticos, por meio de banco de teses da Capes. Por meio de estudos e diagnósticos de pesquisas quanti e qualitativas, foi possível conhecer as mudanças ocorridas nas áreas úmidas, pautando-as em publicações que possam sensibilizar outros pesquisadores do clima. No contexto do Pantanal mato-grossense, realizamos estudos sobre a influência do pulso de inundação na comunidade vegetal do rio Paraguai. De modo essencial, identificamos as vulnerabilidades e as particularidades dos grupos sociais. Por intermédio destes grupos, estamos construindo metodologias participativas capazes de fazer o enfrentamento dos desastres.
2. ATIVIDADES REALIZADAS NO PERÍODO
a) PESQUISA: Todos os envolvidos ATIVOS realizaram suas pesquisas, por meio de estudos teóricos, práticos, construção epistemo-axioma-praxiológica da pesquisa, além da participação em diversas outras atividades não-investigativas, descritas abaixo.
b) FORMAÇÃO: alguns mais, outros menos, mas fizemos diversos cursos de formação, espalhados nestes 5 países envolvidos na REAJA. Curso de curta, média ou longa duração. Realizamos inúmeros eventos, locais, nacionais e internacionais. Dentro das universidades, também promovemos a formação de iniciação científica, mestrado, doutorado e pós-doutorado.
c) INTERVENÇÃO: realizamos diversas intervenções junto com o movimento greve pelo clima, por meio de oficinas artísticas, instalações, cantos, teatro e vivências. As militâncias são ótimas para acelerar a construção de políticas públicas.
d) MATERIAIS: ao longo dos 5 anos, produzimos inúmeros materiais didáticos como cadernos pedagógicos, fascículos, oficinas artísticas, artesanatos e elementos de instalação da arte. Fizemos diversos vídeos, podcasts, filmes e materiais de divulgação (cartazes, cards, flyers, boletins).
e) DIVULGAÇÃO: participamos de inúmeros eventos com apresentação de comunicações orais ou em pôsteres. Realizamos conferências, palestras, mesas-redondas ou outras comunicações. Muitos participaram de entrevistas na mídia (escrita, falada ou televisionada). Também temos um bom blog acadêmico que recebe muitas visitações, que contêm inúmeras informações sobre a REAJA.
f) INTERCÂMBIOS: fomos parceiros, participando das atividades das universidades envolvidas, sejam em eventos, sejam em Bancas de Defesa, sejam no comitê científico de avaliação dos trabalhos ou artigos para publicação. Fomos rede!
g) AMPLIAÇÃO: buscamos novas parcerias e conseguimos trazer mais elos à rede, que hoje busca financiamento para prosseguir com mais atividades relacionada à justiça climática e educação ambiental:
1. Associação Estadual de Etnias Ciganas, AEEC
2. Associação Portuguesa de Educação Ambiental, ASPEA (Portugal)
3. Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade - ICMBio
4. Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE
5. Operação Amazônia Nativa, OPAN
6. Secretaria de Estado de Educação - SEDUC
7. Universidad de Havana (Cuba)
8. Universidade do Oeste do Estado do Paraná - Unioeste
9. Universidade Federal de Rondonópolis - UFR
10. Universidade Federal de Roraima – UFRR
11. Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – Unirio
12. Universidade Federal do Pará - UFPA
3. RESULTADOS ALCANÇADOS NO PERÍODO
Vide item 1. 3 à Objetivos Alcançados
3.1. Houve resultados de melhoria da infraestrutura, ou seja, melhorias nas instalações físicas da sua instituição, tais como, laboratórios, equipamentos, etc.?
Em relação à infraestrutura, não houve orçamento para este fim. As instalações eletrônicas trouxeram excelentes resultados com o uso de notebooks, impressoras, máquinas fotográficas, ou data show. O acesso das atividades digitais no período pandêmico foi favorecido por estes equipamentos.
3.2. Gerou publicações técnico-científicas?
Figura 1:
produção científica da REAJA
Anos: 0172021
|
Considerando
o período de 2017-2021, a equipe Reaja possui 255 artigos científicos
publicados em periódicos qualificados, além de 32 livros, 23 coletâneas, 148
capítulos de livros e 89 resumos completos publicados em anais de evento
(Figura 1) – todos com corpo editorial e avaliação científica. São
publicações diversas, que totalizam 557 textos
publicados em diversos meios, em várias áreas do conhecimento que
tocam a emergência climática. São textos que foram frutos de pesquisa
quantitativa, como diagnósticos das áreas úmidas, mapeamentos de desastres, ou
experimentos com vegetais e água. E são textos de vivências subjetivas da
pesquisa qualitativa, que metabolizam universos socioambientais, com especial
foco na educação ambiental.
|
3.3. Realizou serviços especializados para a comunidade?
Figura 2: vivência
comunitária
Anos:
2017-2021
|
Seja
nos trabalhos de campo em comunidades, nas escolas ou universidades, houve
sempre um tempo de conversa informal, que conforme as ideias surgiam, foram
necessários reuniões ou fóruns populares para planejamento e mobilização
(cerca de 100). Cursos e oficinas sempre são importantes, conjuntamente com a
produção de material pedagógico que apoie a aprendizagem. Também tivemos a
oportunidade de realizar instalações artísticas em todos os países. Portugal
é o país com mais quantidade em função de ser uma associação dos professores,
constantemente promovendo eventos, cursos, oficinas ou atividades (figura 2).
|
3.4. Houve capacitação de recursos humanos?
Figura 3: formação
das equipes
Anos:
2017-2021
|
Os
processos formativos estão muito presentes nos projetos da educação
ambiental, seja como objetivo, ou como etapa metodológica. Dentre as equipes
participantes de 4 países, tivemos 45 estudantes de iniciação científica
(educação básica e graduação), que pouco produzem saberes novos, mas
encorajam e estimulam os mais velhos. 70 dissertações de mestrado foram
defendidas, sempre nos prazos e avaliação da Capes. 50 teses inovadoras foram
criadas no âmbito das equipes envolvidas, com inúmeras contribuições às ciências
(figura 3). No campo da formação de participantes externos (escolas ou
comunidades), os registros demarcam um alto número de pessoas, principalmente
se considerarmos os eventos realizados.
|
3.5. Houve difusão e divulgação da Tecnologia/Informação pesquisada?
Figura 4:
comunicação científica
Anos:
2017-2021
|
Um
dos componentes da Reaja foi a comunicação, de essencial existência para
divulgação que construa uma cultura científica. Durante os 5 anos de
existência do projeto, tivemos a produção de 20 vídeos, filmes de curta
duração e materiais auditivos (podcast). A maioria está disponível no Youtube
e também no Spotify. Alguns constam nos sites ou blogs oficiais das entidades
participantes. Tivemos 24 entrevistas ou comunicação nas mídias escritas,
faladas ou televisionadas, com abordagem climática. E a cuidadosa construção
de 60 materiais pedagógicos que englobam cadernos pedagógicos, folders,
cartazes, flyers ou cards digitais de divulgação (figura 4).
|
3.6. Outros
Fizemos cursos internacionais, mantivemos diálogos com entidades importantes como as diversas coalizões pelo clima do mundo, além de intercâmbios com artistas que trabalham no campo da arte-educação-ambiental com artes plásticas, poesia, teatro ou corpo. Também participamos de grupos com artistas de rua, que fotografam diversas situações com a emergência climática. Formamos uma rede nacional sobre cinema e emergência climática, que periodicamente se reúnem para debater algum filme relacionado com o clima.
2. INDICADORES DE PRODUÇÃO
4.1. Produção Bibliográfica
|
Nacional
|
Intern
|
Artigo publicado, aceito ou
submetido em periódicos especializados (nac ou inter) com editorial
|
105
|
150
|
Livros publicados com corpo
editorial e ISBN
|
24
|
8
|
Capítulos publicados com corpo
editorial e ISBN
|
118
|
30
|
Organização e editoração de
livros e periódicos com corpo editorial
|
25
|
8
|
Comunicações em anais de
congressos e periódicos
|
89
|
0
|
Resumo publicado em eventos
científicos
|
89
|
0
|
Texto em jornal ou revista
(magazine)
|
72
|
12
|
Trabalho publicado em anais de
evento
|
89
|
0
|
Partitura musical (canto, coral,
orquestra, outra)
|
0
|
0
|
Tradução de livros, artigos, ou
outros documentos com corpo editorial
|
0
|
0
|
Prefácio, posfácio, apresentação
ou introdução de livros, revistas, periódicos ou outros meios.
|
30
|
10
|
outras
|
0
|
0
|
|
641
|
218
|
4.2. Produção
Cultural
|
quantidade
|
Apresentação de obra artística
(coreográfica, literária, musical, teatral, outra)
|
60
|
Exposição de artes visuais (pintura, desenho,
cinema, escultura, fotog, gravura, instalação, tv, vídeo ou outra)
|
940
|
Arranjo musical (canto, coral,
orquestral, outro)
|
10
|
Composição musical (canto, coral,
orquestral, outro)
|
0
|
Sonoplastia (cinema, música,
rádio, televisão, teatro ou outra)
|
30
|
Apresentação em rádio ou TV
(dança, música, teatro ou outra)
|
30
|
Curso de curta duração
|
60
|
Obra de artes visuais
|
79
|
Programa de rádio ou TV
|
2
|
Outra
|
0
|
|
1211
|
4.3. Produção
Técnica ou Tecnológica
|
quant
|
Software (computacional,
multimídia ou outro) com/sem registro/patente
|
1
|
Produto (piloto, projeto,
protótipo ou outro) com/sem registro/patente
|
0
|
Processo (analítico, instrumental, pedagógico,
processual, terapêutico ou outro) com/sem registro/patente
|
0
|
Trabalho técnico (assessoria, consult., parecer,
elaboração de proj, relatório, serviços na área da saúde ou outro)
|
78
|
Mapa, carta geográfica,
fotograma, aerofotograma, outro.
|
4
|
Maquete
|
0
|
Desenvolvimento de material didático
ou instrucional
|
104
|
Organização e editoração de livros, anais,
catálogos, coletâneas, periódicos, enciclopédias ou outros
|
33
|
Outra
|
0
|
|
220
|
4.4.
Orientação Concluída ou em Andamento
|
quantidade
|
Tese de doutorado
|
50
|
Dissertação de mestrado
|
70
|
Monografia de conclusão curso de aperfeiçoamento ou
especialização
|
10
|
Trabalho de conclusão de curso de graduação
|
38
|
Projeto de Iniciação Científica
|
45
|
Projeto de Extensão Universitária
|
67
|
Projeto de Ensino ou PET
|
0
|
Supervisão de pós-doutorado
|
28
|
Outra
|
0
|
|
308
|
5. PARCERIAS INSTITUCIONAIS
1.Centro de Controle e Monitoramento de Acidentes e Desastres Naturais - CEMADEN
2. Instituto Caracol – ICA
3. Instituto Federal de Mato Grosso – IFMT (Cuiabá, São Vicente e Cáceres)
4. Secretaria de Estado de Meio Ambiente -SEMA
5. Universidade Católica Dom Bosco - UCDB
6. Universidade da Coruña - UDC (Galícia, Espanha)
7. Universidade de Brasília - UnB
8. Universidade de Estado de Mato Grosso - UNEMAT
9. Universidade de Estado do Rio Grande do Norte - UERN
10. Universidade de Santiago de Compostela -USC (Galícia, Espanha)
11. Universidade de São Paulo - USP (ESALQ)
12. Universidade de Veracruzana -UV (México)
13. Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT
14. Universidade Federal de Rondonópolis - UFR |
6. DIFICULDADES ENCONTRADAS E SUGESTÕES
Agradecemos o apoio financeiro da FAPEMAT, contudo, o projeto foi muito além do que o esperado, envolvendo 3 países inicialmente, e depois 5. O contingente de estudantes e pesquisadores que apoiaram o projeto foi alto, mas muitos pesquisadores tiveram que pagar suas estadias para realizar seus estudos de campo. O orçamento é bastante fixo e não flexibiliza os gastos, a exemplo de uma passagem aérea para o evento em Cabo Verde que foi cancelada em função da Covid-19, e tivemos que devolver o dinheiro, quando poderíamos utilizar para mais materiais de divulgação, por exemplo. Em momento pandêmico, seria necessário flexibilizar o orçamento para atender as necessidades do projeto.
Em relação ao formulário do relatório, o subitem 1.3 OBJETIVOS ALCANÇADOS é igual ao item 3 RESULTADOS ALCANÇADOS NO PERÍODO. Pensamos que seja desnecessário um dos itens e repetimos as mesmas considerações nos dois campos, por serem idênticas.
7. CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS
Obter financiamento para pesquisa, na atual conjuntura política brasileira é motivo de alta celebração. No momento que a ciência está refém das ciladas políticas, todo apoio financeiro é mais do que bem-vindo, mas é uma forma de forte expressão contra o negacionismo. A ciência brasileira e a dimensão ambiental, estão negligenciadas pelas agências financiadoras em função das políticas duvidosas do governo federal. A SBPC, bem como inúmeras instituições ou associações científicas tem manifestado constantemente a favor da pesquisa, que carece de mais estímulos e avanços. Em especial às universidades públicas e gratuitas, como a federal que coordenou este projeto, são comprovadamente as melhores produtoras de conhecimentos. Por isso, agradecemos o apoio recebido!
8. REFERÊNCIAS
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PARA DOWNLOAD
TEXTOS DE PESQUISADORES REAJA
PERÍODO: 2017-2021
9. INFORMAÇÕES E AVALIAÇÃO GERAL
9.1. O resultado do projeto terá inovação tecnológica?
Não.
9.2. O resultado do projeto (tecnologia gerada) poderá ser repassado a terceiros?
-
9.3. O resultado do projeto será passível de proteção (patentes, cultivares, direitos autorais, softwares, entre outros)?
Sim, um aplicativo na plataforma midiática criada no bojo de um projeto intitulado “transmídia”, cujo coordenador participo do projeto.
9.4. Há relação da pesquisa com atividades de ensino e de extensão na sua instituição (Indissociabilidade Ensino, Pesquisa e Extensão Universitária)?
Sim, além do tripé da pesquisa, ensino e extensão, a internacionalização é um componente essencial ao diálogo científico.
9.5. Durante a execução da pesquisa está tendo momentos de interação e integração com a sociedade civil?
Sim, em vários momentos, pois reconhecemos que a academia faz a ciência, mas são os movimentos sociais que impulsionam os parlamentares a fortalecer as políticas públicas. No momento de negacionismo, por parte do próprio governo federal, os movimentos sociais são importantes à defesa da educação, ciência, ambiente ou saúde.
9.6. Qual o público-alvo poderá se beneficiar com os resultados da pesquisa apoiada?
Pode ser o público geral, porque o projeto é multidisciplinar, abarcando inúmeras áreas do conhecimento. Além de profissionais ou estudantes acadêmicos, há um vasto acervo de materiais pedagógicos criados aos momentos da vivência comunitária ou escolar, cujo teor tem fácil acessibilidade, com linguagem satisfatória para demanda social ampla.
9.7. Qual o número estimado, direta e indiretamente, de pessoas que poderão se beneficiar com os resultados da pesquisa?
Se cada entidade participante do projeto atingir 200 pessoas, sejam no âmbito da família amigos, conhecidos ou até desconhecidos, alunos de graduação e pós, participantes de cursos, plateia de eventos e congressos internacionais, ou indiretamente por materiais como panfletos, cadernos, site ou divulgação, poderemos atingir cerca de 10 mil pessoas. Mas certos números dependem das audiências dos momentos, e escapam de nossas mãos. O diagnóstico aleatório é sempre errático.
Cuiabá, 06 de dezembro de 2021.
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Rede Internacional de Pesquisadores em Educação Ambiental e Justiça Climática
- REAJA -
São Pedro de Joselândia Pantanal MT Foto: M Sato
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Quilombo Mata Cavalo Cerrado MT Foto: M Sato
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EDUCAÇÃO AMBIENTAL E COLAPSO CLIMÁTICO
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