Friday 31 August 2012

Comunidades de Mato Grosso ganham visibilidade com estudo


Publicado em 01/11/2011 11:10 na Revista Fapemat Ciência



A pesquisa mobilizou diversas comunidades  do estado.
A pesquisa científica pode se transformar em instrumento político na medida em que oferece dados à população para serem usados em causas sociais a fim de melhorar sua condição de vida. Um projeto do gênero foi desenvolvido pela doutoranda Regina Aparecida da Silva, orientada pela professora Michele Sato. “Do invisível ao visível: o mapeamento dos grupos sociais do Estado de Mato Grosso” foi desenvolvido na Universidade Federal de São Carlos, em conjunto com a Universidade Federal de Mato Grosso, por meio do Grupo Pesquisador em Educação Ambiental, Comunicação e Arte (GPEA). O intuito foi colaborar na elaboração da lei de Zoneamento Socioeconômico Ecológico (ZSEE). O trabalho teve financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa (Fapemat) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
A pesquisadora conta que a iniciativa de realizar o projeto aconteceu durante a audiência pública para discutir a ZSEE, em 2008. O grupo de pesquisadores encontrou fragilidades nas intenções sociais, pois a proposta se focava mais nas questões econômicas. Os responsáveis pelo evento pediram então a colaboração para elaborar novas propostas a fim de sanar esses problemas. Com a contribuição de outros grupos da sociedade organizada, conseguiram obter um resultado, que foi enviado à Assembleia Legislativa. Um deles foi o mapeamento social abordado na tese de doutorado de Regina. 
Manifestações culturais, como a confecção da viola de cocho, ficam comprometidas conforme os habitats onde as comunidades vivem são afetados.
A autora revela que esse é o primeiro projeto no país a dar conta de todos os grupos sociais de um Estado. No Amazonas existe o mapeamento, mas apenas de comunidades específicas. “Esse é um passo a mais no estudo desses grupos. Não é nada acabado, é apenas um retrato temporário”, analisa a pesquisadora. Sem chegar a conclusões definitivas, ela aponta que este é o primeiro passo para que os governantes passem a enxergar os grupos invisíveis e com isso promover políticas públicas inclusivas. A volatilidade é evidente quando Regina observa que durante o levantamento de dados existiam sete grupos de povos indígenas isolados, mas já foram encontrados outros seis desde sua defesa em julho. 
Em números, a pesquisa traz 52 grupos sociais, comunidades e movimentos, que somados a 47 etnias indígenas já registradas, totalizam 99 identidades mapeadas. Foram realizados dois Seminários de Mapeamento Social, em 2008 e 2010, que somados contaram com mais de 500 participantes vindos de 54 municípios; sendo mais de 70 representantes indígenas de 19 etnias, de comunidades quilombolas, povos pantaneiros, acampados, assentados, agricultores familiares, seringueiros, extrativistas, povos ciganos, atingidos por barragem, retireiros do Araguaia, povos morroquianos, entre outros.
A pesquisa se ancorou na tríade habitantes-hábitos-habitats para compreender as identidades dos grupos sociais mapeados. Neste mapa, as identidades são construídas levando em consideração as seguintes dimensões: da tradição; do local da cultura e habitat; do labor, trabalho e produção; das driving forces e desenvolvimento; e, das escolhas e filosofias de vida foram evidenciadas e circunscritas nos territórios. Todas são explicadas no quadro abaixo:

Atualmente, os governantes pensam com frequência no desenvolvimento econômico de suas regiões. A pesquisa de Regina trabalha com o intuito de fazê-los observar também o lado sócio das iniciativas. “Em MT, a riqueza do agronegócio e da exploração madeireira gera renda e poder para alguns, em contraste com a escassez, a fome e a miséria de muitos. Estes dados contrapõem a retórica do setor do agronegócio, ao defender as alterações no código florestal brasileiro, alegando que são eles que produzem alimentos para matar a fome da população brasileira” ressaltou.
Outra questão é a qualidade de vida dessas pessoas. A degradação pode não ser o melhor mecanismo de desenvolvimento social, isso porque o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) cai com o avanço da fronteira agrícola. Ele é menor nas regiões em que a floresta amazônica já foi degradada.
O estudo aponta que desmatamentos, queimadas, poluição, erosão causam impacto negativo no ecossistema, seus bens e serviços; deformam paisagens, mas principalmente, interferem nas identidades dos grupos sociais (habitantes) que têm o seu modo de vida (hábitos) estritamente dependente dos ambientes naturais que habitam (habitats). “Nesse processo, não só se perde diversidade biológica, mas também, as diferentes culturas e as múltiplas formas de convívio com a floresta. É a alma, a cultura, a identidade individual e coletiva destas pessoas que estão sendo destruídas”, destacou a autora.
A pesquisa se ancorou na tríade habitantes-hábitos-habitats para compreender as identidades dos grupos sociais mapeados.
Regina frisa que só a visibilidade dessas comunidades já é uma forma de luta. A teoria que desenvolve explicita quais os grupos existentes, suas localidades, seus nomes, suas culturas, assim como outras informações importantes para colaborar em levantamentos mais aprofundados tanto do pesquisador comum, como dos especialistas preparados para servir às políticas públicas. Quanto às degradações futuras atingirem essas populações, o Estado não poderá afirmar que desconhecia sua existência, sua ferramenta de trabalho, sua dependência do sistema, sua cultura e o impacto que uma mudança pode acarretar. De tal modo, o estudo vai contribuir no embasamento das chamadas bandeiras de comunidades que foram ou estão sendo afetadas pela ampliação do agronegócio, pela abertura de novas usinas hidrelétricas e pela expansão da pecuária. Entre elas podemos citar um dos estudos de caso da pesquisadora.
Para mostrar mais claramente como ocorre a construção, a destruição e a reconstrução das identidades dos grupos frente às alterações dos habitats, Regina fez o estudo de caso de cinco deles. Da etnia Chiquitano, dos seringueiros da  Guariba & Roosevelt, dos povos quilombolas de Mata Cavalo, dos pantaneiros de São Pedro de Joselândia e dos atingidos por barragens originados da construção da Usina Hidrelétrica de Manso. Cada uma dessas comunidades tem uma história de vida:
O povo Chiquitano foi marcado pelo preconceito patriótico sofrido na década de 1970. Eles vivem na fronteira do Brasil com a Bolívia, devido às missões jesuítas nos tempos coloniais. Eles passaram por vários processos históricos, que deixaram marcas permanentes com relação à língua e às crenças. Foram considerados estrangeiros (pelos bolivianos ou brasileiros) ao sofrerem com a exploração do trabalho escravo pelos espanhóis e pelos bandeirantes. Durante a ditadura militar, com a intensificação da chegada dos agropecuaristas, os Chiquitanos foram expulsos pelos fazendeiros, que se diziam donos das terras. Sob pressão, tentaram “virar brancos”. Praticamente perderam a língua e abandonaram os seus hábitos. Em 1998 a Fundação Nacional do Índio (Funai) iniciou o cadastramentos de comunidades e verificar quais teriam origem indígena para pleitear a regularização de terras. A iniciativa gerou retaliação. Para forçá-los a não revelar sua identidade, houve um boicote à mão de obra daqueles que se assumissem como indígena. “Os fazendeiros tentam comprar o silêncio desta identidade chiquitana e muitos são os conflitos vividos por estes grupos que, desterritorializados, tiveram que morar em beiras de estradas ou nas periferias das cidades próximas”.
A pesquisa mostra a construção, a destruição e a reconstrução das identidades dos grupos frente às alterações dos habitats.
Os seringueiros da Resex Guariba & Roosevelt chegaram a MT impulsionados pelos programas do ex-presidente Getúlio Vargas que incentivou a migração nordestina à região norte do país e levou 70 mil trabalhadores a se alistarem como soldados da borracha. Atualmente a maioria deles não extrai mais o “leite da seringa”, como chamam o látex. O afastamento da profissão se deve às alterações econômicas, que enfraqueceram o comércio da borracha. Com isso, os seringueiros ficaram entregues a própria sorte. Eles são capazes de ter uma visão singular da floresta e ela é o significado do modo de vida que possuem. Por falta de fiscalização, a comunidade Resex está sendo invadida por madeireiros e fazendeiros, consequentemente, tem sua vida ameaçada pela destruição dos habitat.  Atualmente, sem exercer estas atividades, o seringueiro não repassa seus conhecimentos aos filhos e netos, e aos poucos, ao perder a identidade como comunidade seringueira, se perde também a identidade com a floresta.
A comunidade Quilombola de Mata Cavalo está localizada no cerrado e nas bordas do Pantanal. Reúne aproximadamente 420 famílias, cuja luta dura mais de cem anos para fazer valer seus direitos ancestrais sobre uma área de 14 mil hectares. A degradação das paisagens está descaracterizando a identidade da população. A autora cita como exemplo a destruição das áreas de babaçuais, convertidas em pastagens pela ação de fazendeiros. As casas dessas famílias são construídas com as palhas de babaçu trançadas. O garimpo é responsável pelas fendas e erosões nos solos. Há também os conflitos pela posse de terra perdura por mais de um século e hoje vive ameaçada por fazendeiros ou grupos interessados em suas propriedades.
Os seminiários de mapeamento social ajudaram a retratar a realidade das comunidades.
Seguindo os fluxos das águas, o Pantanal é um espaço em constante movimento, tendo sua paisagem alterada entre épocas de seca e de cheia. Entrelaçados com a beleza das diversidades biológicas, a região é habitada por um povo que apresenta características peculiares de convívio com a dinâmica das águas e se autodenominam de povos pantaneiros."Para desenvolver o estudo, a pesquisadora escolheu aqueles localizados no povoado de São Pedro de Joselândia, distrito do município de Barão de Melgaço. Eles estão situados entre os dois maiores rios formadores do Pantanal, o Cuiabá e o São Lourenço. A dinâmica na vida dos pantaneiros está diretamente ligada ao ciclo das águas no Pantanal. Sobrevivem do plantio de roças, da pequena criação de gado e de trabalhos temporários nas fazendas. O sentimento de pertencimento e o convívio com o ambiente contribuem para a preservação do habitat. Pesquisas mostraram os ciclos hidrológicos tiveram uma mudança significativa. Segundo informação dos moradores a mata raleou e agora a água está indo embora muito rápido. “Antes a cheia durava de janeiro a junho. Agora dura no máximo três meses”, relata a tese na fala de um dos moradores.
As pessoas atingidas pelas barragens da Usina do Manso sofreram com a necessidade de se mudar. Segundo dados do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), divulgados em 2004, dezoito comunidades tiveram que deixar as propriedades a serem alagadas pela Usina, inaugurada em 1998. Foram 1.065 famílias, mas, somente 422 foram reassentadas em cinco diferentes áreas, 60 foram deslocadas para as periferias das cidades próximas. No entanto, 92% do solo dos reassentamentos era formado por areia, impróprio para a agricultura.

Revista Fapemat Ciência
Valérya Próspero / Fotos: Divulgação

Brazilian Pantanal’s Festivities: Dialogue between culture and nature

Sub-Global Assessment, SGA
http://thecropperfoundation.org/SGAdocs/august2.html 






Brazilian Pantanal’s Festivities: Dialogue between culture and nature


LÚCIA SHIGUEMI KAWAHARA – kawahara.lucia@gmail.com(1) 
MICHÈLE SATO – michelesato@gmail.com(2)

The traditional community of San Pedro de Joselândia in the municipality of Baron Melgaço, in the Pantanal of Mato Grosso – Brazil, preserves a vast cultural tradition closely related to the native home in which its inhabitants established roots that were consolidated in the seasonality of this wetland. This narrative focuses on the partial results of research[3] that has sought to understand the relationships within Cultural Ecosystem Services (Traditional Festivities), and seeks to recover an alternative and more sustainable relationship between humans and their environments.

Despite being a community with poor health standards, little access to medicine and a reduced quality of life, inhabitants of Joselandia declare themselves to be very happy. To understand the community perception about the festivity and its relation to the environment, our methodology was based on observations, interviews, courses, workshops, and perception in the light of phenomenology. Our research involved 56 interviews, conducted directly with the major partiers, former party-goers, employees and participants of the festivities. To comprehend the results, we constructed interaction diagrams of dimensions of cultural services and the constituents of well-being: identity, heritage, spirituality, inspiration, beauty, leisure / tourism.

From the interviews, we can understand that spiritual service is highly relevant to the community, and in terms of the Millennium Methodology, it is the strongest service available, because it establishes a connection with all the constituents of well-being. With regard to quality of life, there is a strong tradition of alternative medicines – such as medicinal plants, traditional healers or faith – in the treatment of diseases, indicating a wide and rich range of traditional knowledge, but also that the community suffers the lack of basic health services.

Cultural heritage needs to be studied with more emphasis. Particularly important is the identification of a heritage to be protected, which is that the parties demonstrate that they are a specific wetland people who know how to live and cope with the seasonality of flood and drought typical of a wetland. 

Inspirational and Aesthetic dimensions are strongly related to social relations and basic materials, but there is lack of security, since we consider that the protection of the Pantanal is extremely vulnerable to current environmental policies, which also affects the system of conservation of heritage and local heritage. The conservation of traditional knowledge is intrinsically related to the Pantanal protection, and environmental education can play an important role in linking culture and nature for local sustainability.

[1] PhD student at Federal University of Mato Grosso (UFMT) – environmental educator at State Secretary od Environment (SEMA).
[2] UFMT professor, researcher and leader of environmental education, communication and art research group – http://cienciaeculturanareinvencaoeduco.blogspot.com.br/.
[3] Research supported by National Institute for Science and Technology (CNPq/MCT) and Institute for Science and Technology of Wetlands (INAU), co-ordinated by Centre of Pantanal Research (CPP). 

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A tal da sustentabilidade 2: um teste demográfico

((o)) eco
http://www.oeco.com.br/fernando-fernandez/26401-a-tal-da-sustentabilidade-2-um-teste-demografico?utm_source=newsletter_486&utm_medium=email&utm_campaign=as-novidades-de-hoje-em-oeco


Banalizar a palavra sustentabilidade esvazia o discurso ambiental. Ilustração: Paulo André Vieira
Há uns quatro anos, escrevi aqui em ((o))eco a coluna “A tal da sustentabilidade”. Naquele texto, questionei se o conceito imensamente importante de sustentabilidade estava sendo usado de forma adequada. Falei dos resultados de dois estudos científicos, que discutiam utilizações de recursos naturais que eram ditas sustentáveis no Brasil - a da castanha do Pará na Amazônia e uma exploração madeireira por RIL (“Reduced Impact Logging”) no Pará. Os estudos mostravam que os respectivos recursos não estavam sendo utilizados de forma sustentável, ao contrário do que se supunha. Mas fiquei com uma pergunta na cabeça: será que esses dois casos eram exceções, apenas ilhas num mar de explorações sustentáveis, ou será que muitas das explorações que são ditas sustentáveis no Brasil na verdade não o são? Bom, não havia como ter certeza sem estudar a questão.

"sempre que o recurso explorado é um animal ou planta, a questão de se a exploração é sustentável ou não é necessariamente uma questão demográfica"
Cientistas são uns bichos estranhos, que não conseguem resistir a uma curiosidade. A ideia acabou levando a um projeto de pesquisa, com o objetivo de responder à seguinte pergunta: até que ponto utilizações de recursos naturais no Brasil, nas quais se presume sustentabilidade, são de fato sustentáveis? Consegui patrocínio para o projeto, da Fundação Grupo O Boticário de Proteção à Natureza. Três estudantes meus de pós-graduação, os biólogos Pâmela Antunes, Leandro Macedo e Carlos André Zucco, se interessaram pela pergunta, e com isso tínhamos também uma equipe. Só faltava colocar mãos à obra, ou melhor, às obras (publicadas).

Como saber se uma exploração de recursos é sustentável ou não?

Pâmela, Leandro, Zucco e eu adotamos como ponto de partida a própria definição de desenvolvimento sustentável, do Relatório Brundtland de 1987, que introduziu a palavra sustentabilidade no discurso cotidiano. A definição é: “desenvolvimento que atende às necessidades do presente sem comprometer a habilidade das gerações futuras de atender às suas próprias”. Como eu tinha argumentado em “A tal da sustentabilidade”, sempre que o recurso explorado é um animal ou planta, a questão de se a exploração é sustentável ou não é necessariamente uma questão demográfica. “Uso sustentável” é aquele que permite que uma população continue existindo, implicando que as perdas (por mortalidade, devido à exploração ou não, e por emigração) sejam compensadas em longo prazo pelos ganhos (por natalidade e imigração). Partindo diretamente de Brundtland, nós adotamos como critério de sustentabilidade que o regime de exploração permitisse ao recurso continuar a existir para as futuras gerações, de modo a atender às suas necessidades. 

Com nosso critério em mãos, fizemos um amplo levantamento bibliográfico de todos os estudos que pudemos encontrar analisando se explorações de recursos naturais no Brasil eram sustentáveis ou não. Os estudos cobriam o que eu consideraria as três principais categorias de recursos biológicos terrestres explorados no Brasil: madeira, caça, e produtos florestais não-madeireiros, ou NTFP (Non-Timber Forest Products). Se você ainda não foi apresentado(a) a esses últimos, tratam-se de frutos, castanhas e similares. Com uma procura exaustiva, levantamos não só artigos científicos como teses e dissertações acadêmicas sobre o assunto, produzidas desde 1987 (o ano do relatório Brundtland) até junho de 2010. 

Pergunte ao bicho

Trabalhadores carregando castanhas. Legenda: A exploração de castanha do Pará em reservas extrativistas, tão importante na Amazônia, não foi considerada sustentável. (Foto: Gleilson Miranda/Secom)
Cabe notar aqui, porém, um ponto crucial. Como é possível saber se a população de um bicho qualquer está sendo explorada sustentavelmente ou não? A resposta, claro, é: pergunte ao bicho! Ou melhor, estude a população do bicho. Portanto, selecionamos os estudos que tinham uma abordagem demográfica, necessária para que a questão pudesse ser respondida. Definimos abordagem demográfica da forma mais ampla possível, incluindo estudos que traziam informações como estimativas de densidade populacional, abundância relativa, estrutura etária, e por aí vai. Para responder à questão de se cada exploração era sustentável ou não, nós usamos as conclusões dos autores de cada estudo, sobre a manutenção ou não dos níveis populacionais do recurso. Em alguns casos, quando essa conclusão não era apresentada explicitamente, nós usamos a conclusão implícita nos resultados.

Os resultados: uma primeira visão
"Em 61 dos 126 casos estudados (48,4% do total) as explorações se mostraram não sustentáveis"

Não é minha intenção dar aqui todos os detalhes da metodologia, mas se o leitor estiver interessado nos detalhes deste ou de qualquer outro aspecto do estudo, sugiro consultar o artigo.

Oi? Qual a razão de escrever sobre isso agora? Porque o artigo acaba de sair, na revista científica Natureza & Conservação. Você pode encontrar o estudo completo em F.A.S. Fernandez, P.C. Antunes, L. Macedo e C.A. Zucco, How sustainable is the use of natural resources in Brazil? Natureza & Conservação 10: 77-82, 2012.  

E o que nós encontramos? Bom, vamos seguir o princípio de Jack, o estripador: vamos por partes.

Encurtando um pouco a história, nós encontramos um total de 64 estudos que se propuseram a analisar a sustentabilidade da exploração de recursos naturais no Brasil, entre artigos científicos, teses e dissertações. Já retirando os estudos que não tinham uma abordagem demográfica, os 47 restantes analisaram 192 diferentes casos de explorações de recursos (sendo cada caso uma espécie analisada em um estudo; vários estudos analisaram explorações de diversas espécies). Desses 192 casos, 126 se referiam à sustentabilidade do uso do recurso propriamente dita. Os estudos sobre caça se referiram quase sempre a mamíferos ou a aves. As explorações madeireiras estudadas eram todas por RIL (“Reduced Impact Logging”, ou exploração de impacto reduzido) ou por extração seletiva. A grande maioria dos estudos (52 estudos, 195 casos) foram realizados na Amazônia, com os restantes na Mata Atlântica, no Cerrado, no Pantanal e na Caatinga. 

Nos 126 casos em que a sustentabilidade do uso do recurso foi de fato estudada, a exploração foi considerada sustentável em 51,6%. Por outro lado, em 61 dos casos (48,4% do total) as explorações se mostraram não sustentáveis. Explorações não sustentáveis foram mais comuns na exploração madeireira (61,5% dos casos). Nos estudos sobre caça, em 44,9% dos casos a exploração foi considerada não sustentável. Já nos estudos sobre produtos florestais não madeireiros, o mesmo aconteceu em apenas 22,2% dos casos. 

O principal resultado Pâmela, Leandro, Zucco e eu encontramos - quase metade de casos com explorações não sustentáveis - é importante por si só, porque mostra a necessidade de aperfeiçoar muito o manejo de recursos naturais no Brasil se quisermos seguir o louvável objetivo de Brundtland de manter esses recursos para as gerações futuras. Mas os nossos resultados têm bem mais que isso a dizer. 

Os achados por cada tipo de recurso 

"Dos 21 casos (todos na Amazônia) nos quais exploração madeireira foi estudada por análise demográfica, em nada menos de 20 ela foi considerada não sustentável"
Sem entrar demais nos detalhes técnicos, o melhor método que existe para avaliar sustentabilidade é o que chamamos de análise demográfica. A maioria dos estudos que analisamos simplesmente comparava a abundância das populações antes ou depois de exploração, ou entre áreas exploradas ou não, o que é sujeito a alguns problemas de interpretação (que discutimos no artigo). Por outro lado, na análise demográfica a população é estudada quando à sua estrutura etária e suas taxas de natalidade e mortalidade. Um estudo assim, claro, é bem mais fácil de fazer com uma população de árvores do que de animais. As árvores estão sempre lá, paradinhas. É bem mais fácil contá-las, medir seus tamanhos (e daí estimar as idades), e por aí vai. Engenheiros florestais fazem isso rotineiramente para predizer a produção futura, daí a grande disponibilidade desse tipo de estudo para exploração madeireira.

Pois bem, dos 21 casos (todos na Amazônia) nos quais exploração madeireira foi estudada por análise demográfica, em nada menos de 20 ela foi considerada não sustentável. O resultado é esmagador. Nosso estudo mostrou claramente que o tempo de rotação (o tempo que você precisa deixar as árvores crescerem em um determinado lugar, antes de voltar a cortá-las ali), que na Amazônia por lei é de 30 anos, é curto demais para a maioria das espécies de árvores. Isso também nos leva a perguntar se a proporção de casos insustentáveis estaria subestimada para os outros recursos, para os quais métodos tão sensíveis como a análise demográfica são mais difíceis de aplicar.

Quanto à caça, a situação que encontramos é preocupante porque as espécies preferidas são mamíferos e aves com baixas taxas reprodutivas, que tem dificuldades para suportar exploração intensa. Alguns dos estudos, de fato, detectaram reduções muito severas de abundância dos animais caçados, da ordem de 60 a 90% ou mesmo mais. Isso aconteceu na maior parte dos casos com espécies como antas, queixadas e grandes macacos amazônicos, que são particularmente vulneráveis.

No que diz respeito aos produtos florestais não madeireiros, dos nove casos estudados, só em dois a exploração não foi considerada sustentável. Isso pode parecer mais tranquilizador, mas um dos dois foi a exploração da castanha do Pará (de novo, veja mais sobre o estudo de Peres e colaboradores na primeira coluna), que tem uma imensa importância econômica e social na Amazônia. 

Sustentabilidade pode e precisa ser testada 

"O problema é que o conceito de “sustentabilidade” vem sendo usado de forma errônea, confundido com meramente estar tomando cuidado com as questões ambientais"
Até aí o que encontramos já seria preocupante, mas há mais - na verdade o ponto crucial, eu diria. Para colocar nossos resultados em uma perspectiva correta, é preciso ter em mente que os casos analisados não representam um subconjunto aleatório das milhares de explorações de recursos naturais no Brasil. Longe disso: eles representam exatamente situações nas quais se assume sustentabilidade. Todos os casos de exploração madeireira analisados se referiam a RIL ou à extração seletiva, técnicas das mais cuidadosas, e que são frequentemente consideradas sustentáveis. Os estudos de caça geralmente se referiam à caça de subsistência na Amazônia por populações locais, como ribeirinhos, indígenas e seringueiros, que muitos supõe a priori que seja sustentável. Várias explorações não sustentáveis da castanha do Pará eram em reservas extrativistas, onde se supõe que o manejo de recursos seja sustentável, pela própria definição desta categoria de reservas. As implicações disso são imensas. Primeiro, algumas expressões como “uso sustentável” e “exploração sustentável” na legislação ambiental brasileira não tem base na realidade ou são enganosas em muitos casos, e precisam ser revistas. Segundo, seria muito desejável que qualquer exploração supostamente sustentável de madeira, caça ou NTFP seja estudada, usando uma abordagem demográfica. Novas concessões para exploração em terras públicas ou reservas, assim como renovações de concessões existentes, deveriam ser condicionadas à exploração ser de fato sustentável.

Antes era só uma intuição, mas agora é uma constatação: muitas utilizações de recursos consideradas sustentáveis no Brasil na verdade não o são. Isso não quer dizer que manejo sustentável de recursos naturais seja impossível; nosso próprio estudo encontrou vários casos nos quais o nível dos recursos estava sendo mantido. O problema é que o conceito de “sustentabilidade” vem sendo usado de forma errônea, confundido com meramente estar tomando cuidado com as questões ambientais. Esta banalização e esvaziamento da palavra, transformando-a tantas vezes em um discurso vazio, tira dela a maior parte da imensa importância que poderia ter. Sustentabilidade, como a ideia foi formulada, é uma condição bem definida, que pode e precisa ser testada, com base em boa ciência. Não basta apenas presumi-la. Falsa sustentabilidade, afinal, não é bom para ninguém - nem para as espécies biológicas que nós chamamos de “recursos”, nem para as pessoas estimuladas a depender delas. 



DA BAÍA DA GUANABARA AO MUNDO: De um lado este carnaval, de outro a fome total


fonte: REVISTA SINA
http://www.revistasina.com.br/portal/direitos-humanos/item/7088-da-ba%C3%ADa-da-guanabara-ao-mundo


Qua, 22 de Agosto de 2012 16:36

DA BAÍA DA GUANABARA AO MUNDO: De um lado este carnaval, de outro a fome total

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Por Michèle Sato*

Ó mundo tão desigual, tudo é tão desigual,

De um lado este carnaval, de outro a fome total,

E a novidade que seria um sonho, o milagre risonho da sereia

Virava um pesadelo tão medonho, ali naquela praia, ali na areia

(Gilberto Gil: novidade)

á 20 anos firmava-se a convenção socioambiental, destacando o Brasil na arena de pactos e compromissos na Rio92. O amargo termo “desenvolvimento sustentável” passou sem merecida discussão, primeiramente porque era um assunto extremamente novo, mas também porque a Rio92 tenha sido um divisor de águas na formação da consciência ecológica no Brasil. Vinte anos mais tarde, o termo “desenvolvimento sustentável” ressurge com outras roupagens, como se o ambientalista apaixonado tivesse se profissionalizado em negócios; como se o indigenista tivesse feito do mercado uma condição de felicidade aos povos indígenas; ou como se o ativista social enxergasse na economia sua mola propulsora da resolução dos problemas. Sob a égide da “economia verde”, mais de 50 mil pessoas estiveram nas ruas do Rio de Janeiro em junho de 2012, com pouco a celebrar e muito a lamentar sobre a pauta socioambiental que expressava o (in)-sustentável (des)-envolvimento.

Ostentando riqueza no cenário internacional, o Brasil vai ganhando seu status de país rico, já que o Produto Interno Bruto (PIB) vai impondo ser o único critério da chamada “qualidade de vida”.  Pautando o mercado como condição da felicidade, o desenvolvimento parece ser um consenso num mundo escasso para a maioria, porque a minoria vive mais abastada do que deveria.

Ó mundo tão desigual, tudo é tão desigual,

De um lado este carnaval, de outro a fome total (Gil)


No modelo desenvolvimentista que ora se impõe, se a ordem é o progresso, haverá também aqueles que lançam o grito da ecologia de resistência. Um grito que recupera o conhecimento popular da pesca, na tessitura cultural das redes e meios artesanais de ainda se respeitar a natureza e a sociedade junto. São conhecimentos consagrados e tradicionais de uma gente que teima pela utopia no marco de um projeto coletivo. De nós, entrenós, pontos e linhas de uma rede já cansada pelo atropelo cotidiano de companhias petrolíferas e bioquímicas que, além de destruir a natureza, está também destruindo a humanidade.

Estive no Rio de Janeiro recentemente, participando da audiência pública realizada na Câmara dos vereadores, com a presença massiva e bonita da sociedade civil, além de seus governantes. Convém lembrar que embora as audiências públicas sejam vistas como maneira democrática de se debater fenômenos sociais, a Constituição Cidadã de 1988 não garante que as manifestações sejam incorporadas nas propostas de políticas públicas. Em outras palavras, permite-se o debate, sem considerar que a PARTICIPAÇÃO transcende a presença física ou o ato em si, mas requer que as reivindicações, manifestos e protestos da sociedade civil sejam, de fato, incorporados nos processos decisórios das políticas governamentais. Trata-se de reivindicar por uma cidadania de Estado contra atos demagógicos de parlamentares que apenas utilizam a audiência como clichê da participação, já que na maioria das vezes, as propostas da sociedade não são incorporadas na construção das políticas públicas.

Enquanto transcorria a audiência, eu também fazia uma leitura crítica das imagens e espaços (figuras 1, 2 e 3) e silenciosamente fotografava o currículo pedagógico da arquitetura local. No centro do salão, uma figura mostrando a nobreza, a santidade e provavelmente a realeza da corte (o currículo oficial). Logo abaixo da grande pintura, dispõe a mesa da audiência, majoritariamente tomada pelos parlamentares e com poucas representações da sociedade civil. No fundo da imagem, o dedo de Deus me dava a certeza de que tratava-se do Palácio Pedro Ernesto que hoje abriga a câmara dos vereadores do Rio de Janeiro. Impiedosamente retratando a realidade, afastado do cenário altivo, e jogando à lateral do salão, percebíamos as imagens de trabalhadores que ali estavam também na luta (não o currículo oculto, mas o negado). Foi só usando o zoom da câmera fotográfica que então constatei que os trabalhadores eram negros. A arte também se manifesta nas dimensões daquilo que chamaríamos de racismo ambiental.


Ó mundo tão desigual, tudo é tão desigual,

De um lado este carnaval, de outro a fome total (Gil)


Ainda como observadora da Plataforma de Direitos Humanos, Econômicos, Sociais e Ambientais (DHESCA), conversei com alguns pescadores, pessoas que circulavam o local, e essencialmente tive a contribuição de bons amigos relacionados ao campo da educação ambiental, que na mesa de um restaurante me contavam as dimensões não mostradas pela imprensa. A baía está à mercê dos programas de aceleração do crescimento (PAC), que também pode ser lido como programa de aceleração do capital perverso, Virou palco de terror de grandes empresas massacrando pescadores artesanais, num luta tão desigual! De milícias, homicídios e barbarismos que rimados com o capitalismo denuncia uma guerra civil!

A dramática situação dos pescadores da Baía da Guanabara não pertence à geografia fluminense. A agressão aos trabalhadores artesanais que lançam suas redes pelas esperanças deixou de ser preocupação local, agora vira um grito nacional, quiçá internacional contra as violências de projetos desenvolvimentistas que insistem em varrer identidades pretéritas abandonando saberes tradicionais da ecologia de resistência! O problema do Rio não é localizado, é nacional. O assassinato dos pescadores da baía da Guanabara não é um dilema do Rio, mas do Brasil.

Somos todos pescadores!
Somos AHOMAR!


*Michèle Sato - Relatoria Nacional de Meio Ambiente – Plataforma DHESCA Brasil
Fórum de Direitos Humanos e da Terra - MT (michelesato@gmail.com)

*

Tuesday 28 August 2012

Diamante desenvolve projeto de Mapeamento Social de Grupos, Conflitos e Projetos Ambientais


universo da notícia


Diamante desenvolve projeto de Mapeamento Social de Grupos, Conflitos e Projetos Ambientais


Da Assessoria

No dia 18 e 19 de agosto a equipe GpeeaBio (Grupo de Pesquisa e Estudos em Educação Ambiental – Espaço Verde) coordenada pela Proofa. MSc. Anelize Queiroz Amaral, iniciou uma grande conquista que vêm sendo trilhada há 4 anos. Um grupo que teve seu inicio marcado em uma conversa informal entre 8 amigos de forma voluntária, hoje mostra força e crescimento por meio de uma equipe formada por 29 acadêmicos em formação inicial,  2 professoras da rede de Educação Básica em formação continuada e diversos voluntários de outras entidades que juntos vêm atuando em diversas comunidades da Bacia do Paraná 3 (BP 3) e demais regiões do Paraná.
O projeto Mapeamento Social de Grupos, Conflitos e Projetos Ambientais foi elaborado ao longo de 2011 e 2012 em parceria com o grupo GPEA (Grupo Pesquisador de Educação Ambiental) da Universidade Federal do Mato Grosso – UFMT, com o objetivo de construir o mapeamento social do município de Diamante do Oeste, com o intuito de conhecer seus diversos grupos sociais no sentido de desvelar seus territórios e identidades, evidenciando os conflitos e injustiças ambientais; como também, as práticas de um convívio mais sustentável e cuidadoso.
Diante desses apontamentos, o projeto teve seu inicio de forma muito acolhedora pelo município de Diamante do Oeste-PR que os recebeu em reunião com os representantes da prefeitura local para apresentação do projeto e firmar a parceria, e também na viagem precursora onde foi iniciado um diagnóstico com  a continuidade das próximas atividades. Esse contato foi viabilizado pelos gestores da Bacia do Paraná 3, onde a prefeitura municipal apoiou a equipe com alojamento, transporte e alimentação, sendo que o transporte até o município foi cedido pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná - Unioeste.

Dessa forma, o GpeeaBio pode chegar aos lugares mais distantes da região urbana: 16 comunidades, 2 aldeias indígenas e 1 assentamento diagnosticando anseios, conflitos ambientais, necessidades, fragilidades, crenças e projetos que vêm sendo realizados de maneira brilhante por diversos seguimentos, entre eles destaca-se projetos e programas de Itaipu Binacional.
           
Após essa primeira etapa do diagnóstico,  a equipe constatou a necessidade da realização de oficinas e palestras que ocorrerão ao longo desse ano aos finais de semana.

Acredita-se que essa experiência irá proporcionar a toda equipe experiências motivadoras que sem dúvida nos tornam cidadãos cada vez melhores e com motivos suficientes para continuar lutando por um planeta mais justo e humano, em contrapartida acredita-se que nossa presença no município irá contribuir para a prevenção ao uso de drogas, reflexão com relação à equidade de gênero, inclusão universitária, acesso a tecnologia, projetos ambientais e valorização cultural por meio de oficinas, que foram diagnosticadas nessa viagem precursora como sendo necessidades do município. 

Friday 24 August 2012

Diamante desenvolve projeto de Mapeamento Social de Grupos, Conflitos e Projetos Ambientais

universo da notícia
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Diamante desenvolve projeto de Mapeamento Social de Grupos, Conflitos e Projetos Ambientais


Da Assessoria

No dia 18 e 19 de agosto a equipe GpeeaBio (Grupo de Pesquisa e Estudos em Educação Ambiental – Espaço Verde) coordenada pela Proofa. MSc. Anelize Queiroz Amaral, iniciou uma grande conquista que vêm sendo trilhada há 4 anos. Um grupo que teve seu inicio marcado em uma conversa informal entre 8 amigos de forma voluntária, hoje mostra força e crescimento por meio de uma equipe formada por 29 acadêmicos em formação inicial,  2 professoras da rede de Educação Básica em formação continuada e diversos voluntários de outras entidades que juntos vêm atuando em diversas comunidades da Bacia do Paraná 3 (BP 3) e demais regiões do Paraná.
O projeto Mapeamento Social de Grupos, Conflitos e Projetos Ambientais foi elaborado ao longo de 2011 e 2012 em parceria com o grupo GPEA (Grupo Pesquisador de Educação Ambiental) da Universidade Federal do Mato Grosso – UFMT, com o objetivo de construir o mapeamento social do município de Diamante do Oeste, com o intuito de conhecer seus diversos grupos sociais no sentido de desvelar seus territórios e identidades, evidenciando os conflitos e injustiças ambientais; como também, as práticas de um convívio mais sustentável e cuidadoso.
Diante desses apontamentos, o projeto teve seu inicio de forma muito acolhedora pelo município de Diamante do Oeste-PR que os recebeu em reunião com os representantes da prefeitura local para apresentação do projeto e firmar a parceria, e também na viagem precursora onde foi iniciado um diagnóstico com  a continuidade das próximas atividades. Esse contato foi viabilizado pelos gestores da Bacia do Paraná 3, onde a prefeitura municipal apoiou a equipe com alojamento, transporte e alimentação, sendo que o transporte até o município foi cedido pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná - Unioeste.

Dessa forma, o GpeeaBio pode chegar aos lugares mais distantes da região urbana: 16 comunidades, 2 aldeias indígenas e 1 assentamento diagnosticando anseios, conflitos ambientais, necessidades, fragilidades, crenças e projetos que vêm sendo realizados de maneira brilhante por diversos seguimentos, entre eles destaca-se projetos e programas de Itaipu Binacional.
           
Após essa primeira etapa do diagnóstico,  a equipe constatou a necessidade da realização de oficinas e palestras que ocorrerão ao longo desse ano aos finais de semana.

Acredita-se que essa experiência irá proporcionar a toda equipe experiências motivadoras que sem dúvida nos tornam cidadãos cada vez melhores e com motivos suficientes para continuar lutando por um planeta mais justo e humano, em contrapartida acredita-se que nossa presença no município irá contribuir para a prevenção ao uso de drogas, reflexão com relação à equidade de gênero, inclusão universitária, acesso a tecnologia, projetos ambientais e valorização cultural por meio de oficinas, que foram diagnosticadas nessa viagem precursora como sendo necessidades do município.