Sunday 30 October 2011

paulo freire


Os profetas são aqueles ou aquelas que 
se molharam de tal forma nas águas de sua cultura 
e de sua história, da cultura e da história de seu povo, 
dos dominados do seu povo, que conhecem o seu aqui e 
o seu agora e, por isso, podem prever o amanhã 
que eles mais do que adivinham, realizam ... 


Eu diria aos educadores e educadoras, 
Ai daqueles e daquelas, que pararem com a 
Sua capacidade de sonhar, de inventar a sua coragem 
De denunciar e de anunciar. 


Ai daqueles e daquelas que, em lugar de visitar 
de vez em quando o amanhã, o futuro, 
pelo profundo engajamento com o hoje, 
com o aqui e o agora, se atrelam a um passado, 
de exploração e de rotina. 


Ai de nós, educadores, se deixamos de sonhar sonhos possíveis. 

~ Paulo Freire


Foto de Michèle Sato: São Pedro de Joselândia

Friday 28 October 2011

leitores esquivos 1/2

fonte: fapesp
http://www.revistapesquisa.fapesp.br/?art=4524&bd=1&pg=1&lg=


Leitores esquivos
Atrair a atenção do público é o grande desafio para os satisfeitos jornalistas de ciência
© CATARINA BESSELL
Dois estudos brasileiros sobre divulgação científica, citados em primeira mão na Conferência Mundial de Jornalismo Científico 2011, em Doha, Qatar, no final de junho, propõem quando superpostos um panorama curiosamente desconexo para esse campo no país: se de um lado os jornalistas de ciência revelam um alto grau de satisfação com seu trabalho profissional, de outro, uma alta proporção de uma amostra representativa da população paulistana (76%) informa nunca ler notícias científicas nos jornais, revistas ou internet. Agora o mais surpreendente: no universo de entrevistados ouvidos no estado de São Paulo nesta segunda pesquisa, 52,5% declararam ter “muita admiração” pelos jornalistas e 49,2%, pelos cientistas, a despeito de poucos lerem as notícias elaboradas por uns sobre o trabalho dos outros. Esses e outros dados dos estudos provocam muitas questões para os estudiosos da cultura científica nacional. Uma, só para começar: a satisfação profissional do jornalista de ciência independe de ele atingir com sua produção seus alvos, ou seja, os leitores, os telespectadores, os ouvintes ou, de maneira mais geral, o público?
A Conferência Mundial, transferida de última hora do Cairo para Doha, em razão dos distúrbios políticos no Egito iniciados em janeiro, reuniu 726 jornalistas de 81 países que, durante quatro dias, debateram desde o conceito central de jornalismo científico, passando pelas múltiplas formas de exercê-lo e suas dificuldades, até os variados problemas de organização desses profissionais na Ásia, na África, na Europa, na América do Norte ou na América Latina, nos países mais democráticos e nos mais autoritários. Uma questão que atravessou todos esses debates foi o desenvolvimento da noção de que fazer jornalismo científico não é traduzir para o público a informação científica – seria mais encontrar meios eficazes de narrar em linguagem jornalística o que dentro da produção científica pode ser identificado como notícia de interesse para a sociedade. A próxima Conferência Mundial será realizada na Finlândia, em 2013.
Apresentado por um dos representantes da FAPESP na conferência, o estudo que trouxe à tona a medida preocupante do desinteresse por notícias de ciência chama-se “Percepção pública da ciência e da tecnologia no estado de São Paulo” (confira o pdf) e constitui o 12º capítulo dos Indicadores de ciência, tecnologia e inovação em São Paulo - 2010, lançado pela FAPESP em agosto último. Elaborado pela equipe do Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo da Universidade Estadual de Campinas (Labjor-Unicamp) sob a coordenação de seu diretor, o linguista Carlos Vogt, em termos empíricos a pesquisa se baseou num questionário composto por 44 perguntas aplicado a 1.076 pessoas na cidade de São Paulo e a mais 749 no interior e no litoral do estado, em 2007. Portanto, foram 1.825 entrevistados em 35 municípios, distribuídos nas 15 regiões administrativas (RAs).
Vale ressaltar que esse foi o segundo levantamento direto em uma amostra da população a respeito de sua percepção da ciência realizado pelo Labjor e ambos estavam integrados a um esforço ibero- -americano em torno da construção de indicadores capazes de refletir a cultura científica nessa região. A primeira enquete, feita entre 2002 e 2003, incluiu amostras das cidades de Campinas, Buenos Aires, Montevidéu, além de Salamanca e Valladolid, na Espanha, e seus resultados foram apresentados nos Indicadores de C,T&I em São Paulo - 2004, também publicado pela FAPESP. Já em 2007, a pesquisa, com a metodologia mais refinada e amostra ampliada, alcançou sete países: além do Brasil, Colômbia, Argentina, Chile, Venezuela, Panamá e Espanha. O núcleo comum do questionário era constituído por 39 perguntas e cada região podia desenvolver outras questões de sua livre escolha.
O outro estudo brasileiro apresentado em Doha chama-se “Jornalismo científico na América Latina: conhecendo melhor os jornalistas de ciência na região” e, a rigor, ainda está em curso. Os resultados preliminares apresentados baseavam-se nas respostas a um questionário composto por 44 perguntas – desenvolvido pela London School of Economics and Political Science (LSE) –, encaminhadas até 21 de junho. Mas a essa altura, mais de 250 jornalistas responderam ao questionário, dentre eles aproximadamente 80 brasileiros, segundo sua coordenadora, a jornalista Luisa Massarani, diretora da Rede Ibero-americana de Monitoramento e Capacitação em Jornalismo Científico, instituição responsável pelo estudo, em parceria com o LSE. O levantamento tem ainda o apoio de associações de jornalismo científico e outras instituições ligadas à área de divulgação científica na Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, México, Panamá e Venezuela.
No alvo desse estudo, como indicado, aliás, pelo título, está uma preocupação em saber quantos são, quem são e que visão têm da ciência os jornalistas envolvidos com a cobertura sistemática dessa área na América Latina. “Não temos ideia sobre isso, sequer sabemos quantos jornalistas de ciência existem no Brasil e se eles são ou não representativos dentro da categoria”, diz Luisa Massarani, que é também diretora do Museu da Vida da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e coordenadora para a América Latina da Rede de Ciência e Desenvolvimento (SciDev.Net). Até algum tempo, lembra, “a Associação Brasileira de Jornalismo Científico (ABJC), com base em seu registro de sócios, situava esse número em torno de 500, mas isso na verdade incluía cientistas e outros profissionais interessados em divulgação da ciência”. A propósito, a ABJC vai iniciar no próximo mês o recadastramento dos sócios, junto com uma chamada para novos associados, o que poderá contribuir para esse censo dos jornalistas de ciência no Brasil.
Crença na ciência – Com 46 gráficos e 55 tabelas anexas que podem ser cruzados de acordo com o interesse específico de cada estudioso, o estudo de percepção da ciência bancado pela FAPESP e coordenado por Vogt permite uma infinidade de conclusões e novas hipóteses a respeito de como a sociedade absorve ciência por via da mídia ou como as várias classes sociais ou econômicas no estado de São Paulo reagem à exposição a notícias da área científica. Ao próprio coordenador, um dos pontos que mais chamaram a atenção nos resultados da pesquisa foi a relação inversa que ela permite estabelecer entre crença na ciência e informação sobre ciência. “O axioma seria quanto mais informação, menos crença na ciência”, diz. Assim, se consultado o gráfico relativo a grau de consumo autodeclarado de informação científica versus atitude quanto aos riscos e benefícios da ciência (gráfico 12.11), pode-se constatar que 57% dos entrevistados que declararam alto consumo acreditam que ciência e tecnologia podem oferecer muitos riscos e muitos benefícios simultaneamente e 6,3% acreditam que podem trazer muitos riscos e poucos benefícios. Já daqueles que declararam consumo nulo de informação científica, 42,9% veem muitos riscos e muitos benefícios ao mesmo tempo e 25,5% veem muitos riscos e poucos benefícios. “Ou seja, entre os mais informados é bem alta a proporção dos que veem riscos e benefícios na ciência ao mesmo tempo”, destaca Vogt, presidente da FAPESP de 2002 a 2007 e hoje coordenador da Universidade Virtual do Estado de São Paulo (Univesp), indicando que essa seria uma visão realista. Registre-se que o grau de pessimismo é muito maior entre os que declararam consumo nulo de informação científica: 8,1% deles disseram que a ciência não traz nenhum risco e nenhum benefício, enquanto esse percentual foi de 5,8% entre os que declararam consumo baixo, de 2,3% entre os que se situaram na faixa de consumo médio baixo, de 0,7% na faixa médio alto e de zero entre os altos consumidores de informação científica.
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Leitores esquivos 2/2

fonte: fapesp
http://www.revistapesquisa.fapesp.br/?art=4524&bd=1&pg=2&lg=



CULTURA CIENTÍFICA
Leitores esquivos
(Página 2 de 2)
© CATARINA BESSELL
Na parte do trabalho sobre interesse geral em C&T, chama a atenção como o tema está medianamente situado pelos entrevistados em quinto lugar, depois de esporte e antes de cinema, arte e cultura, dentre 10 assuntos usualmente cobertos pela mídia (gráfico 12.1). Mas enquanto para esporte 30,5% deles se declaram muito interessados e 34,9%, interessados, em ciência e tecnologia são 16,3% os muito interessados e 47,1% os interessados, ou seja, a intensidade do interesse é menor. Vale também observar como os diferentes graus de interesse em C&T aproximam a cidade de São Paulo de Madri e a distanciam imensamente de Bogotá (gráfico 12.2). Assim, respectivamente, 15,4% dos entrevistados em São Paulo e 16,7% dos entrevistados em Madri declararam-se muito interessados em C&T; para a categoria interessado, os percentuais foram 49,6% e 52,7%; para pouco interessado, 25,5% e 24,8%, e para nada interessado, respectivamente, 9,4% e 5,9%. Já em Bogotá, nada menos que 47,5% declararam-se muito interessados. Por quê, não se sabe. Os interessados totalizam 33,2%, os pouco interessados, 15,3% e os nada interessados, 4%.
Não há muita diferença no nível de interesse por idade. Jovens e pessoas mais velhas se distribuem democraticamente pelos diversos graus considerados (gráfico 12.6a). Já quanto ao grau de escolaridade, se dá exatamente o oposto: entre os muito interessados em ciência e tecnologia, 21,9% são graduados e pós-graduados, 53,9% têm grau de ensino médio, 21,5%, ensino fundamental, 1,7%, educação infantil e 1% não teve nenhuma escolaridade. Já na categoria nada interessado se encontra 1,2% de graduados e pós-graduados, 26,3% de pessoas com nível médio, 47,4% com ensino fundamental, 8,8% com educação infantil e 16,4% de pessoas que não tiveram nenhum tipo de escolaridade (gráfico 12.5).
A par de todas as inferências que os resultados tabulados e interpretados dos questionários permitem, Vogt destaca que se a maioria da população não lê notícias científicas, ela entretanto está exposta de forma mais ou menos passiva à informação que circula sobre ciência. “Cada vez que o Jornal Nacional ou o Globo Repórter fala, por exemplo, sobre um alimento funcional, praticamente a sociedade como um todo passa a tratar disso nos dias seguintes”, diz. Ele acredita que pesquisas de mídia e de frequência do noticiário sobre ciência na imprensa poderão dar parâmetros de indicação para estudos que possam complementar o que já se construiu até agora sobre percepção pública da ciência.
Profissionais satisfeitos - Luisa Massarani observa que se hoje já se avançou nos estudos de audiência em muitos campos, especialmente para as telenovelas no Brasil, na área de jornalismo científico ainda não existem estudos capazes de indicar o que acontece em termos de percepção quando a pessoa ouve e vê uma notícia dessa especialidade no Jornal Nacional. “As pessoas entendem bem? A informação suscita desconfiança? Não sabemos.” De qualquer sorte, permanece em seu entendimento como uma grande questão o que significa fazer jornalismo científico, em termos da produção e da recepção.
Por enquanto, o estudo que ela coordena conseguiu identificar que as mulheres são maioria entre os jornalistas de ciência na América Latina, 61% contra 39% de homens, e que essa é uma especialidade de jovens: quase 30% da amostra situa-se na faixa de 31 a 40 anos e 23% têm entre 21 e 30 anos. De forma coerente com esse último dado, 39% dos entrevistados trabalham há menos de 5 anos em jornalismo científico e 23% entre 6 e 10 anos. E, o dado impressionante, 62% estão satisfeitos com seu trabalho em jornalismo científico e mais 9% muito satisfeitos. É possível que isso tenha relação com o fato de 60% terem emprego formal de tempo integral na área.
Por outro lado, se os jornalistas de ciência da América Latina não têm muitas fontes oficiais que lhes deem um feedback de seu trabalho, 40% deles es--tão seguros de que seu papel é informar o público, 26% pensam que sua função é traduzir material complexo, 13% educar e 9% mobilizar o público. E avaliando o resultado do trabalho, 50% creem que o jornalismo científico produzido no Brasil é médio, 21% bom e somente 2% o classificam como muito bom.
A melhor indicação do quanto os jornalistas de ciência gostam do que fazem está na resposta à questão sobre se recomendariam a outros a carreira. Nada menos do que a metade respondeu que sim, com certeza, enquanto 40% responderam que provavelmente sim. De qualquer sorte, ainda há um caminho a percorrer na definição do papel que cabe aos jornalistas entre os atores que dizem o que a ciência é e faz. “Quem são esses atores?”, indaga Vogt. “Os cientistas achavam que eram eles. Os governos acreditavam que eram eles. Mas hoje dizemos que é a sociedade. Mas de que forma?”
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Thursday 27 October 2011

CAMILA & IARA


Relatório referente à primeira viagem a São Pedro de Joselândia

CAMILA VENDONI & IARA BARCELOS
ESCOLA LIVRE PORTO CUIABÁ - ensino médio


Cacá & Iaiá (foto: mimi)


Ver gente da gente 
Com o pé de poeira e cabelo sujo, 
Com o olhar mais doce e puro 

Gente da gente 
que sabe rir e amar, 
e em tudo que toca pode brincar 

Ser gente da gente é ser feliz 
e dar graças a Deus por viver 
neste lugar. 

(Desconhecido) 


A viagem iniciou-se no dia 23 de setembro de 2011, e estendeu-se até o dia 26 do mesmo mês. Acompanhados do grupo GPEA, nos deslocamos à comunidade São Pedro, complexo de Joselândia (anteriormente conhecida como Macaco, pela abundância destes no local), com o intuito de observar a comunidade a fim de escolher o tema que será abordado nas próximas viagens para a elaboração da pesquisa. 

Pantanal (fonte: SESC)

Para chegar ao destino proposto, passamos por algumas dificuldades em relação ao acesso. Fomos de Cuiabá até o Hotel SESC Pantanal de carro, posteriormente, utilizamos um barco passando pelo Rio Cuiabá até certo ponto. Deste ponto em diante fomos de caminhão até São Pedro, foi o momento mais difícil da viagem, devido às condições em que o ambiente se encontrava (estação da seca no Pantanal). Ao chegar ao local nos instalamos na pousada do popular Pica-Pau. A comunidade estava em clima de festa, pois sabíamos que nos dias que viriam ocorreria a festa de São Cosme e Damião. Este evento é desenvolvido pela família da dona Maria Catarina (47 anos) há treze anos, homenageando tais santos a fim de cumprir a promessa feita para que uma de suas filhas recuperasse das queimaduras causadas pelo fogo da lamparina. Neste meio tempo houve apenas dois anos que a festa não foi realizada, pois os pais de dona Maria faleceram.



Notamos nitidamente a cooperação da família e dos amigos para que o evento fosse um sucesso. A preparação dos doces, biscoitos e pães é feita com antecedência pelas mulheres. A carne, a decoração pesada e a construção de charias (local onde são vendidas as bebidas e outros comestíveis) é feita pelos homens. As crianças, sempre muito alegres, auxiliam na decoração mais simples, como as bandeirolas e altar.



Foto: Luigi

Após visualizarmos o local, decidimos que iríamos pesquisar a forma com que as crianças e jovens se relacionam com a natureza e como eles a veem. 

Com base nisso, conversamos com as crianças sobre quais eram as espécies de fauna e flora que eles conheciam e as que eles tinham em seus quintais.

Foto: mimi



Wednesday 26 October 2011

fusca elétrico

fonte: o eco
http://www.oeco.com.br/noticias/25393-grupo-de-engenheiros-de-londrina-cria-o-fusca-eletrico
Ess é o Thomas, um fusca que não fala, de verdade. Fotos: divulgação
Essa Itamar Franco perdeu por pouco. O ex-presidente, falecido em julho desse ano, vibraria ao ver o seu querido Fusca repaginado para o século 21 na forma de um modelo 100% elétrico. O feito é de um grupo de engenheiros e estudantes de engenharia ligados a Universidade Tecnológica Federal do Paraná, em Londrina, que chamou o modelo de Thomas.

A ideia se originou na década de 1980, quando o, hoje, empresário Jilo Yamazaki produziu um veículo elétrico como trabalho de conclusão do seu curso de engenharia. No início de 2011, com a ajuda de estudantes da Federal do Paraná, sua alma mater, Yamazaki partiu para a realização do sonho de construir com tecnologia de fácil acesso um novo veículo desse tipo. E pela praticidade, durabilidade e afeto que sempre teve dos brasileiros escolheu um Fusca para encarnar o projeto.

Equipe jovem, mecânica nova... Mas ainda precisa sujar as mãos
Em sete meses o Fusca Elétrico ficou pronto. Seu motor original de 1600 cc, refrigerado a ar, foi aposentado e trocado por um motor de corrente alternada de 15 cv nominal movido por 25 baterias de chumbo ácido. “Temos consciência de que existem outros tipos de bateria de mais rendimento, porém isso aumentaria o custo do projeto. Mantê-lo baixo era um dos nossos objetivos”, diz Yamazaki. O veículo consegue alcançar 60 km/hora e a essa velocidade tem cerca de uma hora de autonomia. É o suficiente para a rotina de quem mora na cidade. Seus criadores calculam o custo do quilômetro rodado em sete centavos de real, uma bagatela. Para não falar da vantagem de não poluir o ar ou fazer barulho.

Para quem achar que o projeto nasceu velho, lembre-se que foi o desenho do Fusca a primeira inspiração dos carros esporte Porsche, como o modelo 911, que foi atualizado através das décadas e continua não só à venda como mantém seu status de objeto de desejo dos aficionados.

A orgulhosa equipe que produziu Thomas, o EcoFusca, toda oriunda da Federal do Paraná, em Londrina
De qualquer forma, o Fusca elétrico prova que ninguém aguenta mais a lentidão com que as novas tecnologias de carros híbridos e elétricos chegam no Brasil. Do começo da produção até ter o carro rodando solto pelas ruas de Londrina foram apenas sete meses.

Então, se você for a Londrina, parar no sinal vermelho, e vir ao seu lado um Fusca que, em vez de trepidar e fazer um barulho borbulhante, for absolutamente silencioso, não se surpreenda. Apenas se encante.

Assista a um video sobre o projeto



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Morte e vida do automóvel elétrico

Curitiba testa táxi elétrico

Sunday 23 October 2011

O MUNDO EM QUE VIVEMOS

FONTE: fapesp
http://www.revistapesquisa.fapesp.br/?art=71762&bd=2&pg=1&lg=


DE OLHO NO CÉU
Em que mundo vivemos?
A descoberta da expansão acelerada do Universo, premiada com o Nobel de Física, tem impacto profundo em nossa relação com o Cosmos
© RAIO X: NASA/CXC/U.TEXAS/S. PARK ET AL, ROSAT; INFRAVERMELHO: 2MASS/UMASS/IPAC-CALTECH/NASA/NSF
Supernovas ajudam a medir a velocidade da expansão do Universo
O prêmio Nobel de Física de 2011 foi dado a três pesquisadores (Saul Perlmutter, Adam G. Riess e Brian P. Schmidt) que descobriram que a expansão do Universo tem se acelerado nos últimos bilhões de anos. Essa descoberta tem um profundo impacto não só para a física e a cosmologia, como também para nossa relação com o Cosmos. Jamais havia passado pela cabeça de alguém, nem mesmo pela dos três pesquisadores que ganharam o Nobel, que isso poderia acontecer. A razão era simples: se lançamos uma sonda espacial com velocidade maior do que 11 Km/s, que é a velocidade de escape da superfície da Terra (energia de movimento maior que a energia gravitacional), ela se afasta com velocidade uniforme. Se a velocidade for um pouco menor, a sonda vai se desacelerando e volta a cair na Terra. Ela só consegue acelerar se tiver combustível para gerar uma força capaz de vencer a atração gravitacional. Para o Universo, também se pensava que só existiam essas duas possibilidades: expansão uniforme eterna ou desaceleração seguida de colapso (Big Crunch). A descoberta da aceleração da expansão do Universo por meio da observação de estrelas supernovas distantes implica na existência de uma “força” contrária à da gravidade e mais forte que ela. Essa espécie de “gravidade negativa” é a componente dominante do Universo (73%) e é chamada de energia escura.
Na década de 1930, Fritz Zwicky já havia descoberto outro problema cosmológico grave: a matéria escura. Ela não absorve nem emite luz, tem gravidade atrativa como a nossa e não é composta de átomos. Os físicos nunca se incomodaram muito com a matéria escura, embora ela seja seis vezes mais importante que a nossa matéria e componha 23% do Universo. Diferentemente da energia escura, existem esperanças de detectar partículas de matéria escura no grande acelerador de partículas LHC (que fica no Centro Europeu de Pesquisas Nucleares, em Genebra, Suíça) num futuro próximo.
Tudo o que costumávamos chamar de Universo – as galáxias, com suas estrelas, planetas e nuvens de gases, a antimatéria (formas diferentes de matéria bariônica) – representa, na verdade, somente 4% do Universo. É desconcertante para a física, que empreendeu tantos esforços para criar suas duas grandes teorias (a Relatividade Geral e a Mecânica Quântica), só poder aplicar essas teorias a 4% do Universo.
O problema da energia escura, entretanto, não parece ter solução no médio prazo. Ela parece estar ligada a uma propriedade de campo, que abrange o espaço-tempo como um todo. Uma alternativa inquietante para o futuro é que a aceleração não pare. Se isso continuar acontecendo, essa força vencerá gradativamente os sistemas ligados pelas forças gravitacional, elétrica e até nuclear. Primeiro, ela desmancharia os grupos de galáxias, depois espalharia suas estrelas pelo espaço, arrancaria os planetas de suas órbitas e sugaria os gases para fora das estrelas. Depois, atingiria os átomos, evaporando a eletrosfera e, finalmente, arrancaria os prótons e nêutrons dos núcleos atômicos. Seria o “Big Rip” (Grande Estraçalhamento), em que o Universo terminaria como uma nuvem amorfa de partículas.
Existem outras possibilidades, inclusive a de que essa fase seja superada por outra, que não é o caso de discutir aqui. Essa alternativa já aconteceu antes. Por exemplo, logo após o Big Bang, quando o Universo tinha 1 milionésimo de bilionésimo de bilionésimo de bilionésimo de segundo, ele sofreu uma expansão acelerada análoga à atual, mas muito mais rápida: a era da inflação.  A fase seguinte, que durou 400 mil anos, foi dominada pela luz. Quando o Universo expandiu o suficiente, a luz perdeu seu domínio e a matéria passou a dominar, arrebanhando os gases em forma de estrelas e galáxias. Com a diminuição da densidade da matéria, a gravidade foi perdendo terreno até que, uns 12 bilhões de anos depois, a energia escura tomou as rédeas da expansão. O Universo é mutante e suas fases são dominadas por entidades que, por escaparem ao nosso cotidiano, são difíceis de imaginar.
Mais do que explicar a cosmologia, quero chamar a atenção do leitor para a pergunta: em que mundo vivemos? Todos os povos da Terra têm seus mitos de origem, que explicam a concretude de suas vidas: recursos naturais, costumes, técnicas, as estações do ano, os astros. A imagem de mundo lhes dá uma identidade tão profunda que frequentemente leva a fundamentalismos. Os mundos dos outros povos estão errados e são ameaçadores. Por isso, devem ser eliminados.  Nós vivemos num mundo científico e tecnológico e muitos acreditam que não somos mais afetados por uma ou outra cosmovisão.
Quando Copérnico colocou a Terra na órbita do Sol, fez a morte entrar no céu. Explico: no sistema geocêntrico só a Terra era feita de matéria como a nossa, sujeita à morte. O espaço supralunar tinha qualidades superiores à do mundo terrestre. O sistema heliocêntrico abriu a possibilidade de reconhecer que somos feitos da mesma matéria que os astros. Com isso, o imaginário humano ganhou um profundo senso de intimidade cósmica. Isso teve um papel importante para as ciências naturais que se desenvolveram nos séculos seguintes. No século XX, a astrofísica demonstrou que somos poeira de estrelas! Nossos átomos são os mesmos que os das incontáveis galáxias com suas incontáveis estrelas e planetas e cometas... Agora, tudo isso se reduziu a 4% do que existe. Embora continuemos sendo poeira de estrelas e íntimos delas, perdemos a intimidade com o Todo. Para o público leigo, a situação é confusa. É difícil saber o que está em vigor e o que muda. Na verdade, a cosmovisão do cidadão comum mistura Big Bang, Adão e Eva, criação do mundo e evolução das espécies. Agora vai ter mais um item na prateleira mental que se chama energia escura e o mundo vai continuar desconexo como sempre foi.
Para os cientistas, estamos vivendo uma época excitante. As revoluções científicas acontecem em escala de décadas, não mais de séculos. Não temos que invejar os tempos copernicanos. Uma descoberta como a da energia escura abre novos horizontes e atrai novos talentos. Queremos ver jovens aventureiros manuseando a geração de telescópios extremamente grandes (ELTs) que na próxima década esclarecerão a natureza da energia escura e trarão à tona quem sabe que novidades desconcertantes.

Friday 21 October 2011

desenho coletivo - set2011

Desenho coletivo

Secura, poeira, calor... ainda assim, bom humor e esperança. Sempre.



AUTORES 

Aitana 
André 
Bambam 
Cacá 
Iaiá 
Ima 
Jão 
Lui 
Lushi 
Mimi 

São Pedro de Joselândia 
Setembro 2011

desenho coletivo abril 2011

Um desenho coletivo

VAZANTE: primavera pantaneira, quando o azul de Monet vai cedndo ao amarelo de Van Gogh




AUTORES

Herman 
Imara 
João 
Kelly 
Lika 
Luigi 
Lushi 
Michellinha 
Mimi 
Péricles 
Regina 
Rosana 
Tuka

abril 2011
São Pedro de Joselândia

Thursday 20 October 2011

mimi - relato de pesquisa

NARRATIVA DE CAMPO 

Michèle Sato 

São Pedro de Joselândia
Setembro de 2011
Com: Imara, Lúcia, Aitana, André, Camila, Iara, João, Luigi e Péricles

Registro iconográfico (autoria da mimi): https://picasaweb.google.com/116550716501288513582/Set_2011?authkey=Gv1sRgCMHf7sOM8bHCbQ



Saímos com o carro da UFMT e com o carro da Lushi, ecologicamente perfeito: 5 pessoas em cada carro na estrada de asfalto que liga Cuiabá com Poconé (Porto Cercado) onde deixamos o carro no estacionamento do SESC. Um barco nos conduziu até a metade do caminho pelas águas pantaneiras e depois uma longa estrada de terra desenhava seus pneus nas poeiras da estrada que chegava à pousada do Pica-Pau.



Uma festa de Cosme e Damião era o preparativo daquela sexta feira, num calor quase insuportável das ruas empoeiradas, que na época das águas tornam-se corixos e navegam canoas... e sonhos! O saci pererê passou no Pantanal de Joselândia e deixou um rodamoinho de poeira, confira no vídeo!!!

http://www.youtube.com/watch?v=pcZ2ezwZzMc

Uma reinvenção do cotidiano (Certeau) possibilita algumas criações nos quintais pantaneiros. Poucas flores sustentam a paisagem, mas são também belas nesta estética pantaneira. 


Os enfeites foram coordenados pela Imara e todos ajudaram a decorar a festa, nas bandeirolas com inúmeros jeitos, formas, cores e decorações de papéis de seda, jornais velhos, revistas e até papel de presente! Também o altar e os enfeites centrais da festa de Cosme e Damião.


A dança do siriri foi maravilhosa, destacando a Cacá, Iaiá e Aitana, pela graciosidade das danças, simpatia e presença marcante na festa de dois dias (sábado e domingo). Doces, salgados, o gado na cena torturante desta ecologista que desde então, não come vermelha!


No caminho de volta, um presente da fauna pantaneira, entre jacarés (muitos jacarés!), um martim pescador, ariranha, lagartos, e tantos peixes que me inspiraram nos desenhos rabiscados, meio apressados e sem muito jeito. 





MITOLOGIA

Entrevistado: seu Joaquim, que afirma que o minhocão de Chacororé se move para os rios de Joselândia!

Metodologia: Surracionalismo (Bachelard, 1936): “Para pensar, quantas coisas é necessário inicialmente desaprender”, entre o imaginário surrealista e o direito de sonhar.

CAUSO 1: DEUS
Deus controla tudo, mas os humanos estão agindo fora dos mandamentos, roubando, matando, destruindo a natureza. Deus não consegue mais controlar os humanos, por isso eles destroem a natureza deste jeito. Mas os encantados ajudam Deus a proteger um pouco a natureza.



CAUSO 2: O ENCANTANDO E O PORCO

Em Barão de Melgaço, tinha um poço muito grande. Um homem matou um porco e jogou a cabeça neste poço. De tarde, a cabeça estava na tábua que o homem cortou o porco! O homem jogou a cabeça de novo no poço e o bicho ficou bravo!

No outro dia, a cabeça apareceu na porta da casa do homem, que saiu correndo gritando por socorro. No instante seguinte, ouviu-se um estrondo e a casa desabou! O homem fez a casa noutro lugar, mas nunca mais jogou nada no poço, cuidando da limpeza das águas.


CAUSO 3: OS OLHOS DA ÁGUA

Os encantados gostam de rios, mas na seca vivem também em poços, derrubam barrancos e mudam as coisas de lugar. Possuem força sobrenatural! Uma moça morava na beira do rio e um encantado “chupou” a moça para dentro da água. Depois de dois dias ela reapareceu na água, mas já era uma encantada. E na água que eles retiram a energia, e por isso a água tem mais olho e ouvido do que a terra. 



código florestal

fonte: RETS
http://www.rets.org.br/?q=node/1330


SBPC e ABC propõem ao Senado mudanças no projeto de reforma do Código Florestal

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A SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência) e a ABC (Academia Brasileira de Ciências) encaminharam aos senadores, na terça-feira (11/10), um documento com propostas de mudança para o PLC (Projeto de Lei da Câmara) Nº 30/2011, que tramita no Senado e desfigura o Código Florestal, abrindo caminho para a ampliação do desmatamento no País.

As duas instituições afirmam que os senadores precisam "corrigir os equívocos verificados na votação da matéria", aprovada pela Câmara em maio. A CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado referendou o projeto no dia 21/9 sem avaliar seus aspectos constitucionais, razão de ser do colegiado. O PLC passará por mais três comissões antes de chegar ao plenário.

O documento apresentado agora complementa o livro lançado em abril pelas duas associações. A publicação avaliava que a proposta de mudança do Código Florestal, então em tramitação na Câmara, carecia de base científica (veja o livro). A novidade é que agora os cientistas debruçaram-se sobre os principais problemas do texto em tramitação no Senado e apontam soluções para cada um deles.

"Nosso primeiro trabalho foi mais de cunho científico, mostrando como a ciência poderia colaborar. Mas nas vezes em que fomos ao Congresso, nos cobraram propostas concretas. Esse documento tem esse objetivo", explica o professor José Antônio Aleixo, coordenador do grupo de trabalho sobre Código Florestal da SBPC e da ABC.

Proteção para APPs

Ao contrário do relatório do senador Luiz Henrique (PMDB-SC), o documento da SBPC e da ABC defende, entre outros pontos, que ?todas as Áreas de Preservação Permanente (APP) de beira de cursos d?água devem ter sua vegetação preservada e naquelas em que essa vegetação foi degradada elas devem ser integralmente restauradas? (leia a íntegra do documento).

O texto afirma que a delimitação dessas APPs precisa ser feita de acordo com a lei vigente, ou seja, desde o leito maior do curso de água, medido na época da cheia. O relatório vindo da Câmara prevê que essa medição seja feita a partir do leito médio, o que significa na prática uma redução linear de todas as APPs de beira de rio, independente da largura que a nova legislação venha a adotar para essas áreas.

O documento da SBPC e ABC critica ainda a compensação de RL (Reserva Legal) dentro do mesmo bioma prevista no relatório. De acordo com o texto vindo da Câmara, um produtor rural que não tenha RL poderia compensá-la em locais distantes, até em outros estados, pagando por "áreas que não têm equivalência nem em termos de composição e estrutura, nem de função" ecológica. Os cientistas defendem que a compensação seja feita dentro do mesmo ecossistema ou, se no mesmo bioma, em áreas prioritárias para conservação que tenham a mesma importância ambiental daquelas que estão sendo compensadas.

Logo em seu primeiro tópico, o texto das duas organizações científicas desmistifica o argumento dos defensores do novo Código Florestal de que a lei vigente impede a expansão da produção agrícola. Segundo SBPC e ABC, o principal obstáculo a essa expansão é a ausência de uma política agrícola capaz de garantir assistência técnica, preços, insumos, estoques reguladores, armazenamento e infraestrutura - e não a legislação ambiental.

Todas as propostas estão referenciadas em trabalhos científicos. Além dos presidentes das duas instituições, assinam o texto cientistas renomados nacional e internacionalmente, como Carlos Nobre, secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do MCT (Ministério de Ciência e Tecnologia); Tatiana Deane de Abreu Sá, pesquisadora e ex-diretora da Embrapa; e Maria Manuela Carneiro da Cunha, professora emérita da Universidade de Chicago.

Juízes pela Democracia também pede rejeição de reforma do Código

A AJD (Associação dos Juízes para a Democracia) divulgou uma nota pública em que pede a rejeição do PLC nº 30/2011, considerando-o inconstitucional. O texto pede que os argumentos elencados pela SBPC e a ABC sejam discutidos pelos senadores e que seja dado um prazo para a elaboração de pesquisas que possam embasar um novo Código Florestal (leia aqui).

Contatos

Acadêmica Agência de Comunicação: (11) 5549-1863, (11) 5081-5237 e (11) 9912-8331 ouimprensa@sbpcnet.org.br

Fonte: Sociambiental

relato péricles


PESQUISA DE CAMPO

PÉRICLES E. ALBERNAZ VANDONI

Este relatório refere-se à pesquisa realizada na comunidade de São Pedro de Joselândia no município de Barão de Melgaço, MT nos dias 23 a 26 de Setembro de 2011.

Foram feitas entrevistas com as mulheres da Associação Comunitária, e com micro produtores rurais. Eles são gentis, matam as vacas, caçam e fazem canoas.

 (foto: mimi)

As mulheres cozinham como donas de casa, os homens caçam e as mulheres assam. As mulheres não agüentam fazer o que os homens fazem, elas são fracas, e os homens também não agüentariam fazer o que as mulheres fazem, nem por um dia. Os homens vendem a carne e são produtores de milho, alface, tomate, repolho e banana, tudo que a gente come aqui.
Nos caminhos tinham marcas de patas de galinha, cavalos e boi.
As flores eram estranhas, diferentes, coisas que a gente não vê por aqui.


(foto: mimi)

Tinham muitos passarinhos, muitos com a cabeça vermelha, muitos mesmos.
Participamos também da Festa de São Cosme e Damião. As caminhonetes levavam os mais velhos, e os adolescentes iam na carroceria. 
Todos ajudam a fazer flores, bandeirolas, cabanas.

Escolhemos os lugares para enfeitar.

(foto: mimi)

Em uma das cabanas tinha biscoitos, muitos doces, que nem me lembro o nome, tinha também pão caseiro salgado puro sem nada dentro, foi o que eu mais gostei.
Eles dançaram siriri. Todos em família, muitas crianças,
tinha um menininho que parecia um índio, oito primos, a família era muito grande.

No altar tinham 03 velas. No final da festa fomos para a pousada.


(foto: mimi)

somos ET!

fonte: sbpc
http://www.sbpcpe.org/index.php?dt=2011_10_20&pagina=noticias&id=06946


SOMOS ETs
Fonte: Antônio Carlos Pavão (*)
Viemos de fora, somos extraterrestres! Porque somos água. Nosso corpo é constituído por mais de 50% de água. Um bebê tem cerca de 80% de água e conforme envelhece, perde água, mas sempre mais da metade do corpo ainda é de água. De onde veio esta água? Dos cometas, que num passado muito distante colidiram com nosso planeta, segundo a teoria mais aceita atualmente. Cometas são objetos extraterrestres, que circulavam e ainda circulam por todo o cosmos. Quando a Terra foi formada há uns 4,5 bilhões de anos, tudo era muito quente e toda a água existente se evaporou. Quando a temperatura baixou a Terra continuou sendo bombardeada por inúmeros objetos celestes, como asteróides, grandes rochas dispersas pelo espaço, e também por cometas, que são constituídos basicamente por água. É por isso que quando um cometa passa perto só Sol, sua água evapora devido ao calor, formando aquela atraente e característica cauda. 

Foi assim que a Terra ganhou água, fonte de toda a vida. No Espaço Ciência, o museu de ciência de Pernambuco, tem um experimento onde o visitante sobe numa plataforma e vê um tubo se encher de água, com a mesma quantidade que ele tem no corpo. É impressionante ver como somos água. Esta é apenas uma das atrações que diversas instituições de ensino e pesquisa de Pernambuco oferecem ao público nesta Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, cuja abertura será neste domingo 16/10 às 16h no Alto da Sé em Olinda e termina em Porto de Galinhas no domingo 23/10. São centenas de atividades promovidas por dezenas de instituições (http://semanact.mct.gov.br/index.php/content/view/4756.html). Criada por decreto do presidente Lula em 2004, quando o governador Eduardo Campos dirigia o Ministério de Ciência e Tecnologia, a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia deste ano oferece mais de sete mil atividades para a popularização da ciência. 

Com o tema “Mudanças climáticas, desastres naturais e prevenção de riscos”, procura esclarecer a população sobre a importância de se apropriar de conceitos de ciência e tecnologia para o pleno exercício da cidadania. Sim, somos Ets, mas este agora é nosso mundo. É este que precisamos transformar, apoiados na ciência, para garantir uma vida saudável para todos. Participar da Semana Nacional de Ciência é se somar nesta luta. Então, Ets deste planeta, venham todos para o prazer de conhecer e explorar a ciência.

(*) Antonio Carlos Pavão, Diretor do Espaço Ciência e coordenador da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia em Pernambuco.

Wednesday 19 October 2011

Primeiro contato com São Pedro - Viagem Pibic de 2011!

Visita a São Pedro de Joselândia – 23 a 26 de Setembro.


André Manfrinate. (Foto de Michèle Sato, 2011).

Viajando pela primeira vez com o grupo GPEA, fui para o distrito de Joselândia, mais especificamente para a comunidade de São Pedro, na região do Pantanal Matogrossense.

Jacaré (Foto de Michèle Sato, 2011).

Em primeira impressão, pelo trajeto percorrido, percebi a dificuldade que se tem ao acesso à comunidade (rodovia, barco e estrada de chão) em meio à estação da seca do Pantanal. Passamos também por outras comunidades pertencentes ao distrito de Joselândia, tendo um número pequeno de casas, todas muito simples.


Preparativos da Festa de São Cosme e Damião (Foto de Michèle Sato, 2011).

A simplicidade (conceito relativo, a comparação se dá à vida nas cidades metropolitanas) também é presente em São Pedro, com exceção às igrejas muito bem construídas, seja a católica como a protestante. Temos indicativos do forte fervor religioso da população (ao catolicismo), não se vê outras manifestações religiosas, de crenças outras que não a cristã. Viemos a presenciar a festa de São Cosme e Damião, uma das inúmeras festas religiosas da comunidade, sempre realizadas cada vez por uma família. Na busca de conhecer o preparo à festa, conhecemos a família de Dona Maria, que carinhosamente recebeu os pesquisadores, e assim tive o primeiro contato com os habitantes da região.


Altar de D. Maria (Foto de Michèle Sato, 2011).

Em primeira vista, D. Maria tinha uma casa simples de zona rural, de chão batido, paredes de cimento na frente, e ao fundo alguns cômodos, como a cozinha, feitos de madeira e palha. Não há gás ou fogão elétrico, assim é utilizado o forno à lenha. Existem muitos animais no lugar (cães, porcos, pássaros...) e crianças, que transitam descalças, algumas com feridas nos pés, porém, muito felizes nas brincadeiras e preparativos da festa.

Conheci um menino que lá estava, todavia não era da família de D. Maria. Ele me contou sobre a escola da região, revelando satisfação, porém, evidenciando a dificuldade em chegar até o local, uma vez que o ônibus escolar do governo estadual, necessário às crianças como condução, por vezes apresenta problemas, e assim os alunos devem ir a pé. Outro problema que o pequeno habitante de São Pedro revela é a falta de remédios no único posto de saúde da comunidade (não existe hospital), que só possui um enfermeiro, e um médico que visita uma vez ao mês a região. Quando se acidentou, machucando seriamente o pé, por pouco não precisou amputá-lo; o menino através de ajuda foi levado até a metrópole, sem medicação, assim sentido dores, até operar no pronto socorro de Várzea Grande. Apesar dos problemas, ele se sente bem na comunidade, e adora as festas.

Ainda no preparativo da festa, juntamente à professora Michèle conversei com algumas mulheres, que revelavam satisfação à comunidade, enxergando como problemas apenas a falta de umidade. Nesse aspecto, a professora me revelou que eu deveria basear nas entrevistas o público masculino. Por uma divisão de trabalhos, as mulheres vinham a ter pouca participação em atividades mais ligadas à sociedade, ambiente e política, tendo mais ligação ao trabalho doméstico; alguns homens, como Seu Jânio, canoeiro, viriam a me apresentar uma visão mais crítica, como falarei mais adiante.

Contudo, na conversa, descobrimos também que devido a poucos recursos que dispõem, as famílias são obrigadas a se utilizar de arvores da região ao invés da compra de ripas, por exemplo, na construção das casas. Têm, porém, medo de uma fiscalização, assim, as madeiras são pegas ao escondido, segundo relatam as mulheres.

Com outros moradores, soube que a energia elétrica veio à região entre quatro e seis anos atrás, assim como a televisão. Enfrentavam problemas antes disso, a exemplo das crianças que se queimavam com as lamparinas.

Na festa, encontrei o Sr. Paiva, que tem a função de Juiz de Paz da comunidade. Pelo que estabelece a constituição, sobre o entendimento de juiz de paz:

A União, no Distrito Federal e nos Territórios, e os Estados criarão:

- Justiça de paz, remunerada, composta de cidadãos eleitos pelo voto direto, universal e secreto, com mandato de quatro anos e competência para, na forma da lei, celebrar casamentos, verificar, de ofício ou em face de impugnação apresentada, o processo de habilitação e exercer atribuições conciliatórias, sem caráter jurisdicional, além de outras previstas na legislação. (Art. 98. Inciso II; CRFB)

Em verdade, o que se encontra no Brasil é que o artigo é esquecido, as eleições não existem e os juízes de paz vêm a cumprir exigências que transcendem à sua competência. Não sendo diferente em São Pedro, conforme fala Seu Paiva. Ele vem a ser a autoridade máxima na comunidade, trabalhando sempre com a mediação, a conversa, uma vez que é muito respeitado pela população local. Herdou a função de seu pai, e encara dificuldades como a falta de policiamento e segurança, com os conflitos em que não tem alçada para resolver.

Muito sábio, ele expressa claramente: ama São Pedro, e não a trocaria por qualquer outro lugar para viver. Infelizmente, traz também à tona problemas que enfrenta em sua terra natal. Como exemplo já citado da saúde precária, falta de médicos, remédios, entre outros... Um grande obstáculo para ele reside na dificuldade de acesso à comunidade, a estrada não pavimentada e a falta de estrutura. Poucos foram as autoridades que pisaram no solo de São Pedro, a exemplo de Blairo Maggi. O ex-governador esteve por lá duas vezes, e conversou com Seu Paiva, prometendo grandes mudanças, que em realidade não ocorreram. Outros parlamentares já apareceram no local em época eleitoral, como candidatos, mas assim que o pleito se deu, não retornaram.

Outro grave problema se dá com a condução das pessoas de uma cidade para outra, e à comunidade. São obrigados a ir à boleia dos caminhões, em péssimas condições, ainda mais com o medo da fiscalização da polícia nas rodovias. Entretanto, não existem alternativas à prática, mesmo com o medo, a incerteza e insegurança, é a forma que os habitantes de lá têm para se locomover.

De fato, nota-se assim o isolamento que se impõe ao lugar. E são árduos meios para que a situação cesse. O problema é de infraestrutura, e a população não tem meios para sair e cobrar, trazer ações. Sem a cobrança, as medidas não vêm, completando o ciclo vicioso. É interessante notar esse ponto, uma vez que na criação da lei estadual nº 8.830, era apontada (criticava-se) a falta de participação popular, como das comunidades tradicionais. Mas se faz a questão: Como pode o governo cobrar a participação uma vez que vem a dificultá-la, através do isolamento de todo um povo, sem investimentos às políticas públicas? Durante o diálogo, conversamos acerca das leis que vigoram a respeito das comunidades tradicionais, e Seu Paiva revelou não conhecer bem tal conteúdo, sendo esta a realidade de toda a comunidade, afinal, com tão pouco acesso físico, as informações também custam a chegar.

Sendo também professor na única escola do lugar, entende como importante que a informação chegue até o povo, o conhecimento da lei, dos direitos. Por agora, o que chega ainda são as novelas da globo.

Jânio, um dos mestres canoeiros, expressa que pela idade de São Pedro, as políticas públicas são muito lentas. As coisas acontecem numa velocidade que não condiz com as novas necessidades do povo. Isso se deve, para ele, pela falta do interesse da comunidade em buscar seus direitos. Mas também entende que ainda é cedo, as mudanças parecem vir, a exemplo das crianças que agora vêm a estudar na capital. Assim como Seu Paiva, mestre Jânio aponta como o principal problema de Joselândia a dificuldade de se deslocar, as estradas e os meios de condução. Ambos demonstraram interesse na divulgação das leis na região, através de cordéis, para serem entregues até a próxima visita a São Pedro.

Embora tendo apresentado tantos problemas de ordem social, a visita à Joselândia me trouxe muita paz e calma, traduziu um encanto próprio, seja na cultura, nas festas, belezas naturais, na autenticidade e simpatia de seu povo. Seria insensível notarem-se apenas problemas, com diversas formas belas, seja no sorriso das crianças, seja na dança do siriri. Por mais sérias problemáticas que os envolve, é um povo forte, único, que em sua simplicidade, traz um brilho no olhar próprio, sincero, iluminando o mundo que os cerca.


ANdré Luiz Manfrinate

Orientadora: Prof.ª Dr.ª Michèle Sato

GPEA - UFMT