http://www.oeco.com.br/adriano-gambarini-lista/25328-taiama-terra-das-oncas
Taiamã, Terra das Onças.
05 de Outubro de 2011
Nesta semana, Adriano Gambarini acompanha a expedição à Estação Ecológica de Taiamã, no Mato Grosso. Ele conta aqui o dia-a-dia dos pesquisadores e o monitoramento das onças pintadas.
DIA 02
A madrugada novamente foi nossa companheira de trabalho. Como a Esec Taiamã é uma ilha, logo cedo navegamos pelo Rio Paraguai em busca de lugares para instalar os laços; esta metodologia de captura requer um cuidado extremo, pois os lugares escolhidos devem ter condições específicas. Buscamos os chamados ‘trilheiros’, caminhos no mato onde é possível encontrar vestígios de que as onças caminham com freqüência. Além disso, a área deve ser relativamente limpa de arvores e galhos, porque no momento em que a onça é capturada pelo laço, normalmente ela tenta a todo custo escapar, e qualquer árvore ou galho em que ela possa se apoiar para tracionar, contra a resistência do laço, pode ser um fator contra nossos propósitos. Frederico Gemésio e Rogério Cunha ficaram responsáveis pela instalação dos laços, contando ainda com a ajuda imprescindível de Daniel Kantek e Selma Onuma, analistas ambientais da Esec Taiamã e parceiros do Cenap nesta campanha.
Só um ‘parenteses’ de angústia de campo, e aqueles que realmente se embrenham neste mundão sem fim sabe do que estou falando: nunca entendi para que servem as mutucas...é insano o convívio com estes insetos, que insistem em conhecer nossos braços, pescoços e rostos tão de perto, ‘beijando-os’ compulsivamente! Eta bichinho insaciável!
Só um ‘parenteses’ de angústia de campo, e aqueles que realmente se embrenham neste mundão sem fim sabe do que estou falando: nunca entendi para que servem as mutucas...é insano o convívio com estes insetos, que insistem em conhecer nossos braços, pescoços e rostos tão de perto, ‘beijando-os’ compulsivamente! Eta bichinho insaciável!
Em resumo, o trabalho consiste em enfiar 4 longos vergalhões de ferro no solo, que prendem o cabo de aço e o “gatilho” que ativa o laço. A instalação dos aparatos não é de todo complicado, e sim camuflar o ambiente. Convenhamos que as onças são animais ‘velhacos’, do contrario não seriam o maior predador de nossas terras brasilis. Qualquer mínimo cheiro diferente ou mudança no ambiente podem ser suficientes para ela mudar sua rotina e seus caminhos. Os pesquisadores que trabalham com esta técnica de captura contam experiências em que a onça simplesmente pula o laço, deixando rastros antes e depois da armadilha...rastros de frustração, devo acrescentar.
Os laços serão checados a cada seis horas, com a contenção da ansiedade que começa a dominar a equipe. Finalizo este texto à meia noite de quarta-feira, com uma triste notícia: o fogo que fotografei ontem invadiu as terras desta Unidade de Conservação, numa triste realidade brasileira. Me pergunto, pra que botar fogo na própria terra, e pior, compartilhar com vizinhos que não querem aquele fogo? Infelizmente, estas pessoas que usufruem desta infeliz cultura das queimadas, certamente não buscam conhecimento em sites como ((o))eco.
Os laços serão checados a cada seis horas, com a contenção da ansiedade que começa a dominar a equipe. Finalizo este texto à meia noite de quarta-feira, com uma triste notícia: o fogo que fotografei ontem invadiu as terras desta Unidade de Conservação, numa triste realidade brasileira. Me pergunto, pra que botar fogo na própria terra, e pior, compartilhar com vizinhos que não querem aquele fogo? Infelizmente, estas pessoas que usufruem desta infeliz cultura das queimadas, certamente não buscam conhecimento em sites como ((o))eco.
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DIA 01
A viagem é longa. Começa na madrugada paulista, seguindo de avião até Cuiabá, onde uma caminhonete da equipe da Estação Ecológica de Taiamã nos espera. Seguimos sudoeste, sentido Cáceres, durante duas horas e meia de viagem no conforto do asfalto para então sermos absorvidos em mais duas horas pela poeira da terra seca do cerrado. Chegamos às margens do Rio Paraguai e daí navegamos rio abaixo numa voadeira de alumínio, onde um motor de popa se esganiça para carregar o pesado equipamento. Chegamos na base da Estação, recebidos sem pudor por uma nuvem de mutucas. Mas dizem por ai que a vida é benevolente para os persistentes (ou seria para os loucos?)
A viagem é longa. Começa na madrugada paulista, seguindo de avião até Cuiabá, onde uma caminhonete da equipe da Estação Ecológica de Taiamã nos espera. Seguimos sudoeste, sentido Cáceres, durante duas horas e meia de viagem no conforto do asfalto para então sermos absorvidos em mais duas horas pela poeira da terra seca do cerrado. Chegamos às margens do Rio Paraguai e daí navegamos rio abaixo numa voadeira de alumínio, onde um motor de popa se esganiça para carregar o pesado equipamento. Chegamos na base da Estação, recebidos sem pudor por uma nuvem de mutucas. Mas dizem por ai que a vida é benevolente para os persistentes (ou seria para os loucos?)
Os limites da ESEC Taimã. Clique para navegar View Taiamã in a larger map |
Enfim, estes são os primeiros momentos desta expedição que pretendo compartilhar com vocês ao longo da semana. Estou documentando a primeira campanha de captura de onça-pintada na Estação Ecológica de Taiamã e entorno, no Mato Grosso, organizado pelo Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Carnívoros (CENAP/ICMBio). A intenção primordial desta expedição é a captura de onças-pintadas e colocação de radio-colar com GPS, e desta forma dar início a um estudo mais aprofundado sobre o comportamento e área de vida das espécimes que vivem na região.
Conhecidas pelo massificado turismo de pesca, as redondezas da Esec Taiamã ficaram ‘famosas’ nos últimos anos e passaram a receber grande número de visitantes pela facilidade de se observar onças descansando calmamente nos barrancos às margens do Rio Paraguai. Contudo, nada vem de graça quando a ganância predomina nas intenções humanas, e muitos guias de pesca começaram a perigosa atividade de ceva (alimentação artificial).
Conhecidas pelo massificado turismo de pesca, as redondezas da Esec Taiamã ficaram ‘famosas’ nos últimos anos e passaram a receber grande número de visitantes pela facilidade de se observar onças descansando calmamente nos barrancos às margens do Rio Paraguai. Contudo, nada vem de graça quando a ganância predomina nas intenções humanas, e muitos guias de pesca começaram a perigosa atividade de ceva (alimentação artificial).
Entretanto, onça não é um animal ‘cevável’, e apesar de algumas delas já terem sido observadas pelos analistas ambientais da Esec, com comportamento condicionado à comida fácil, estamos lidando com o maior felino das Américas. Esta perigosa combinação já culminou em tragédias, quando dois acidentes com ataque de onças a humanos ocorreu nos últimos três anos. E é justamente isto que os técnicos do CENAP querem evitar, tentando buscar respostas algumas perguntas. Qual será a tendência comportamental das onças se a ceva e o turismo de observação aumentarem ainda mais? Quais medidas de normatização da atividade turística de observação serão necessárias para um turismo seguro, tanto para a comunidade local como para as onças?
Ao longo da semana compartilharei o maior numero de informações possíveis, alem de uma inevitável adrenalina na atividade que estamos prestes a iniciar. Afinal, capturar onça-pintada envolve riscos e muita, muita concentração nos métodos adotados. E a metodologia usada será da instalação de laços escondidos no foliço das matas. E a montagem destes laços, feitos com cabos de aço, é o que pode ser visto na seqüência de fotos a seguir.
Para finalizar, compartilho a ‘atriz principal’ de todo este aparato de equipamentos e atividades: uma onça fotografada em 2010, em minha primeira viagem à Taiamã. Espero que vocês gostem, divulguem, compartilhem!
Para finalizar, compartilho a ‘atriz principal’ de todo este aparato de equipamentos e atividades: uma onça fotografada em 2010, em minha primeira viagem à Taiamã. Espero que vocês gostem, divulguem, compartilhem!
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