Sunday 31 March 2019

Bem-vindos ao novo normal, em que Brasil batiza tempestades



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Bem-vindos ao novo normal, em que Brasil batiza tempestades

Tormenta Iba, que começa a se afastar de BA e ES, é a primeiro ciclone tropical nomeado desde 2010 no Brasil; Marinha passou a dar nomes após furacão Catarina


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DO OC – Até que Iba não foi tão feia. A tempestade tropical formada no fim de semana (cujo nome é o sufixo para “feio” em tupi) causou mau tempo e ondas de mais de 2 metros e meio na Bahia e no Espírito Santo, mas manteve-se a distância segura do litoral, a 260 quilômetros da cidade capixaba de Linhares. Nesta segunda-feira (25), o monstro de 185 quilômetros de diâmetro e ventos de até 101 km/h começou a migrar para o sul, rumo ao Rio de Janeiro, onde encontrará águas mais frias e perderá força.
Se não causou maiores estragos em terra, porém, Iba chama atenção por sua raridade: é o primeiro ciclone tropical registrado em águas brasileiras em nove anos. E uma das raras tempestades fortes o suficiente para merecer um nome próprio.
Ciclones tropicais são tempestades causadas por água muito quente na superfície do oceano. O calor faz a água evaporar e o ar úmido subir. No alto, formam-se nuvens, que são alimentadas por mais vapor até começarem a girar e formar um “olho”. Quando seus ventos atingem mais de 63 nós (116 km/h) eles passam a ser chamados de furacões (no Atlântico), tufões (na Ásia) ou – um nome que mais confunde do que ajuda, já que vale para designar muita coisa – ciclones (na Austrália e no leste da África, como o ciclone Idai, que matou quase 500 pessoas em Moçambique na semana passada).
É comum no Brasil a formação de ciclones extratropicais, tempestades menos violentas e de estrutura diferente da dos furacões. Mas o país está fora da rota global de furacões, que abarca a região do Caribe e sul dos EUA, o Sudeste Asiático, o sudeste africano e a Oceania. Ou estava, até 2004. Naquele ano, o furacão Catarina tocou terra na região Sul, matou 13 pessoas e deixou 27 mil desabrigados. Foi o primeiro furacão registrado no Atlântico Sul. Em 2010, outro ciclone tropical, Anita, se formou, com ventos de 85 km/h – mais fracos que os de Iba.
Em 2004, como agora, o oceano estava anormalmente quente. Segundo o meteorologista Marcos Viana, do Grupo de Previsão do Tempo do CPTEC/Inpe, o mar na região em que Iba se formou está 2oC mais quente que o esperado para este período do ano. A temperatura do mar na época do Catarina tinha alteração dessa mesma ordem.
Após o Catarina, a Marinha do Brasil passou a tomar uma série de medidas para aprimorar a previsão e o acompanhamento dessas grandes tempestades. Em 2011, o Brasil passou a fazer uma coisa que os países sujeitos a furacões fazem: batizar seus ciclones.
Desde a década de 1950 os ciclones tropicais recebem nomes próprios. A tradição começou nos Estados Unidos, que precisam lidar sazonalmente com furacões. O sistema anterior, que dava um código à tempestade de acordo com suas coordenadas geográficas, era confuso demais, então o Centro Nacional de Furacões passou a usar nomes de gente – inicialmente de mulheres, como ocorre com os navios e, a partir dos anos 1970, também de homens. As listas têm sempre 21 nomes. Na eventualidade de mais de 21 tempestades nomeadas num ano, letras gregas são acrescentadas.
As tempestades são batizadas sempre que seus ventos ultrapassam 34 nós (63 km/h) e elas ganham a forma espiralada característica. Em 2018, 16 tempestades no Atlântico ganharam nomes (de Alberto a Oscar). Na temporada de 2017, uma das mais intensas da história, foram 17 tempestades batizadas, incluindo as catastróficas Harvey, Irma e Maria. Nomes de furacões mortíferos são excluídos para sempre das listas. Os outros se repetem.
No Brasil, o critério para batizar uma tempestade é o mesmo: ventos de mais de 63 km/h. A Marinha, a Aeronáutica, o Inpe e o Instituto Nacional de Meteorologia elaboraram uma lista com 15 nomes, todos indígenas. A lista se repete depois que se esgotar.
Segundo o DHN (Departamento de Hidrografia e Navegação) da Marinha, desde a criação da lista o Brasil já teve seis tempestades batizadas – todas elas ciclones subtropicais: Arani (2011), Bapo (2015), Cari (2015), Deni (2016), Eçaí (2016) e Guará (2017). Iba é o primeiro ciclone tropical nomeado segundo a nova regra.
Embora com a mudança climática seja esperado que o aquecimento do mar produza novos ciclones tropicais – e eventualmente furacões – no Brasil, não é possível saber se essas supertormentas já estão ficando mais comuns: segundo a Marinha, as boias oceanográficas existentes hoje servem para a previsão do tempo e não para estudos climatológicos. Além disso, há poucas séries longas de dados. Pelo andar das tempestades, será preciso fazer esse monitoramento. Algo difícil de imaginar hoje num país que tem ministros de Estado que negam o aquecimento global.
* Atualizado às 6h para corrigir informação de que Iba foi o primeiro ciclone tropical em 15 anos; o correto é nove anos.

"Anistia" para migrantes grávidas que derem filhos para adoção choca espanhóis


https://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Pelo-Mundo/-Anistia-para-migrantes-gravidas-que-derem-filhos-para-adocao-choca-espanhois/6/43619

"Anistia" para migrantes grávidas que derem filhos para adoção choca espanhóis

Pela proposta do Partido Popular, migrantes grávidas poderiam ter situação regularizada no país se aceitassem entregar filhos para adoção


20/03/2019 14:47
 
Uma proposta de lei do partido conservador espanhol tem provocado intenso debate na campanha das eleições legislativas antecipadas de 28 de abril na Espanha. Migrantes que chegassem ao país grávidas poderiam ter sua situação regularizada, se aceitarem entregar seus bebês para adoção.

A medida, muito criticada por ONGs e pelos principais partidos, demonstra a tendência de um aumento das propostas extremistas, derivadas do crescimento do Vox, o partido de extrema direita espanhol.

A proposta faz parte do projeto de lei de apoio à maternidade que o Partido Popular (PP) apresentou ao Congresso. Ela determina uma espécie de anistia às mulheres grávidas que entrem de forma ilegal na Espanha e decidam dar seus filhos para adoção a cidadãos espanhóis. Dessa forma, o governo garantiria que elas não receberiam uma carta de expulsão, um protocolo aplicado atualmente na União Europeia (UE) a maiores de idade que entrem de forma ilegal, sem poder receber o status de refugiado e cujos países tenham acordos de repatriação com o bloco. Essa anistia, no entanto, valeria durante o período de gestação, o que significa que essas mulheres não estariam imunes a uma outra expulsão do país após darem à luz.

Reação contrária foi generalizada

A proposta gerou reações imediatas de todos os setores da sociedade espanhola e até do próprio Partido Popular. A principal delas veio por parte do governo, atualmente comandado pelo Partido Socialista. A vice-presidente, Carmen Calvo, acusou o PP de querer tratar a maternidade como mercadoria. A ministra de Saúde, Maria Luisa Carcedo, chamou a medida de um “retrocesso no túnel do tempo”.

O Podemos, o partido de extrema esquerda espanhol, disse se tratar de um ataque à democracia, enquanto a prefeita de Barcelona, Ada Colau, da mesma sigla, chamou o PP de “fascista” e “classista” em sua intenção. ONGs também criticaram duramente a proposta dos conservadores e querem levá-la aos tribunais caso seja aprovada. A Fundação Mulheres acusou os autores de quererem se aproveitar da pobreza dessas imigrantes.

A proposta ainda não foi discutida no Parlamento, mas já se espera que ela seja vetada. O Ministério de Interior afirmou que, no mínimo, sua aprovação seria desnecessária do ponto de vista legal, já que a Constituição Espanhola estabelece proteção a mulheres grávidas que entrem de maneira ilegal no país, sem vinculá-la à adoção. A questão inquietante é que a medida mostrou como os partidos na Espanha estão tendendo a propor medidas extremistas, de um lado e de outro, nesta campanha eleitoral. Isso acontece em função do crescimento do Vox, o partido de extrema direita.

Disputa por votos dos ultraconservadores

A ascensão rápida do Vox tem levado os partidos a pelo menos declararem posturas mais extremas, o que é uma tendência atual na Europa e no mundo. O Vox, vale lembrar, é um partido novo e o primeiro de extrema direita a conseguir entrar em um Parlamento na Espanha desde o fim da ditatura militar do país, na década de 1980.

Em janeiro, a sigla conquistou 10% dos votos nas eleições da Andaluzia, a maior região da Espanha. Com isso, ganhou assentos no Parlamento local e, principalmente, passou a integrar o governo regional. O Vox concluiu um pacto com o Partido Popular e com o Cidadãos, de centro-direita, e juntos formaram um governo.

Agora, as principais pesquisas apontam uma grande possibilidade de que esse cenário se repita no governo central espanhol. A Espanha vai às urnas no dia 28 de abril para eleger seu novo chefe de governo. O atual, o socialista Pedro Sánchez, convocou eleições antecipadas após não conseguir aprovar sua proposta de orçamento no Congresso espanhol, onde não tem maioria.

Dentro do PP, essa radicalização veio pela escolha de seu novo líder. Pablo Casado, um político jovem, é apontado por membros do partido com um dos integrantes mais à direita da sigla conservadora, e várias declarações suas e dos Cidadãos vêm fazendo eco às propostas do Vox.

Rota migratória

Essa escalada na retórica xenófoba ocorre em um momento particular da crise migratória na Europa. A Andaluzia tornou-se, no ano passado, a região que mais recebeu imigrantes irregulares, devido à sua proximidade com a África. Em 2018, a Espanha bateu o recorde, entre os países da União Europeia, de entrada de pessoas de forma irregular pelo mar Mediterrâneo. Cerca de 65.400 migrantes entraram dessa maneira em território espanhol, segundo a Acnur, a agência para refugiados da Organização das Nações Unidas.

Esse número ultrapassou as entradas na Grécia (50.500) e na Itália (23.400), países que receberam o grande fluxo migratório do bloco europeu nos últimos três anos. Mas agora a rota pelo Marrocos, com a travessia para a Espanha, passou a ser a mais utilizada por migrantes africanos, sírios e do sudeste asiático, segundo a Acnur.

A rota pela Grécia foi praticamente eliminada, após o acordo concluído entre a União Europeia e a Turquia de devolução a esse país de todas as pessoas que entrassem em território grego pelas travessias de barcos de forma ilegal. Já o governo italiano vem apertando os controles migratórios e, segundo denúncias de ONGs, delegando à guarda costeira da Líbia o resgate e a devolução a esse país de pessoas que tentam chegar à Itália. A rota para a Espanha tornou-se, portanto, o foco das novas migrações e, claro, da campanha eleitoral.

*Publicado originalmente em RFI - Radio France Internationale

A história não pode ser apagada ou reescrita. Lembrar que houve ditadura valoriza as conquistas de hoje

https://brasil.elpais.com/brasil/2019/03/30/opinion/1553972319_896574.html

A história não pode ser apagada ou reescrita. Lembrar que houve ditadura valoriza as conquistas de hoje

O regime militar merece ser recordado, mas não pelos motivos errados. Reconhecer o passado enaltece conquistas sociais, como o próprio combate à corrupção


Prédio histórico da UFPR, em Curitiba, cenário de uma série de manifestações plurais.
Prédio histórico da UFPR, em Curitiba, cenário de uma série de manifestações plurais.
A história de um país não pode ser apagada, sequer reescrita: é inegável que o Brasil experimentou longo período de restrição de direitos fundamentais e de repressão violenta e sistemática à dissidência política e aos movimentos sociais. Esse período merece ser recordado, mas não pelos motivos errados e, sim, como forma de valorização das conquistas sociais, especialmente aquelas consagradas pela Constituição Federal de 1988.
Foi a denominada “Constituição Cidadã” que consagrou um conjunto de garantias, direitos fundamentais e princípios que a sociedade hoje sequer imagina viver sem, como a dignidade da pessoa humana, a liberdade de expressão, de imprensa e de associação, o pluralismo político, a cidadania e a separação entre os três poderes da República.
O estado democrático de direito instituído em 1988 e gradualmente fortalecido ao longo de mais de 30 anos, aliado a diversos outros fatores de ordem social, proporcionou um amadurecimento institucional que possibilitou o desenvolvimento de um trabalho harmônico de um conjunto de instituições de fiscalização e controle no combate à corrupção. Como reflexo dessas atividades, a corrupção chegou a ser considerada a principal preocupação dos brasileiros, sendo reputada como maior problema nacional, em pesquisa divulgada em 2017, pelo Latinobarômetro.
O aumento da percepção da corrupção no Brasil nos últimos anos, período de intensas atividades realizadas pelos órgãos de persecução criminal, foi demonstrado também pela Transparência Internacional e revela claramente que, não por obra do acaso, o avanço do combate à corrupção somente foi possível graças à existência de um ambiente democrático, com respeito às liberdades individuais, com instituições funcionando de forma legítima e regular e com uma imprensa livre para investigar e noticiar à sociedade os fatos apurados.
Ao lado disso, a independência do Ministério Público e do Poder Judiciário, garantida não apenas formalmente, mas em fatos concretos, como a escolha do procurador-geral a partir de lista tríplice elaborada pelo próprio Ministério Público e a autonomia orçamentária do órgão, bem como a independência de atuação limitada apenas pela Constituição e pelas leis, constituíram parte do conjunto democrático que impulsionou o combate à corrupção no Brasil.
Esse desenvolvimento progressivo do combate à corrupção foi viabilizado, ainda, por diversas criações e alterações legislativas supervenientes à Constituição Federal de 1988, como a Lei de Improbidade Administrativa (1992), a Lei de Acesso à Informação (2011), a Lei das Organizações Criminosas (2013), a Lei Anticorrupção (2013) e a alteração da Lei de Lavagem de Dinheiro em 2012, demonstrando a relevância da atuação de todos os três poderes da República, com respeito aos princípios constitucionais da separação e da independência entre eles, e a delimitação do sistema de freios e contrapesos, também para a luta contra a corrupção e impunidade.
A verdade é que o trabalho de combate à corrupção, longe de se encerrar com o processo e julgamento dos responsáveis pelos crimes de corrupção, reflete direta e indiretamente na construção de um país melhor, mais justo e igualitário, onde a lei tenha a mesma validade para todos e prevaleça o respeito às instituições democraticamente constituídas, às garantias e liberdades constitucionalmente asseguradas e ao pluralismo de ideias.
Jerusa Burmann Viecili é procuradora da República e integrante da Força-Tarefa da Operação Lava Jato, em Curitiba.

Após estreia na Dinamarca, espetáculo “EntreNãoLugares” chega no Sesc Arsenal


http://www.sescmatogrosso.com.br/hotsite/agendasemanal/index.php/2019/03/21/apos-estreia-na-dinamarca-espetaculo-entrenaolugares-chega-no-sesc-arsenal/

Após estreia na Dinamarca, espetáculo “EntreNãoLugares” chega no Sesc Arsenal

O teatro do Sesc Arsenal se prepara para receber um espetáculo de projeção internacional, o “EntreNãoLugares”. Com co-produção da Cia Pessoal de Teatro e do Nordisk Teaterlaboratorium a peça chega ao Brasil após estrear no Festival NTL, feito na Dinamarca. Nos dias 30 e 31 de março, às 20h, o público vai poder acompanhar a encenação protagonizada pelas atrizes Juliana Capilé e Tatiana Horevicht.

Em uma narrativa que utiliza trechos de diversas obras literárias, o espetáculo leva ao espectador uma série de histórias que surgem de uma caixa cheia de livros encontrada pelas personagens principais da história. Em sua essência as “catadoras de papel” recriam relatos sobre migrações e viagens que misturam ficção e realidade. Entre os autores utilizados estão, Robert Graves, Zélia Gattai, Clarice Lispector, além de algumas músicas brasileiras.
Sendo o único espetáculo brasileiro no Festival dinamarquês, a produção conta ainda com a história da mãe de uma das atrizes, Tatiana, que saiu da Paraíba e viajou com sua família até o Paraná carregando uma caixa de madeira cheia de livros didáticos.




Os ingressos para o espetáculo serão vendidos na bilheteria da unidade, uma hora antes de cada sessão. Os preços variam entre R$ 20,00 inteira, R$10 reais meia e R$7,50 para trabalhador do comércio e seus dependentes.

O TEATRO COMO PONTE ENTRE DOIS PAÍSES
A relação da Cia Pessoal de Teatro com a Dinamarca começou em 2016, quando as atrizes Juliana Capilé e Tatiana Horevicht viajaram até a sede do Odin Teatret, um dos principais grupos dinamarqueses, para uma incursão que variava entre um mês a três meses de duração, realizando trabalhos com a diretora Julia Verley.

É nessa perspectiva que Juliana e Tatiana foram convidadas, dentre um grupo limitado de artistas, a residir no Nordisk Teaterlaboratorium para trabalhar em seus projetos de pesquisa. Com isso, a Cia Pessoal de Teatro foi aceita como grupo residente em 2017 e realizou intervenções no centro de acolhimento de refugiados, conhecido como Asyl Center, além do Centro de Imigração de Holstebro.

Ao passo que o grupo realizava suas intervenções, nascia o espetáculo “EntreNãoLugares” e fortalecia a criação de uma rede de artistas do mundo inteiro conectados pelo teatro laboratório.

Além das atrizes, participaram da construção do espetáculo na Dinamarca a bailarina Elka Victorino,  que já se apresentou nos palcos do Sesc Arsenal com o espetáculo “Para Menores” e o fotógrafo mato-grossense Fred Gustavo, que convidado pela organização registou todo o Festival.

Saindo da capital de Mato Grosso e viajando até Holstebro, o grupo Cia Pessoal de Teatro
volta a sua terra natal após anos de estudos entre um país e outro. Com apresentações nos dias 30 e 31 o público cuiabano vai poder acompanhar o desenrolar dessa história no palco do Teatro da unidade Arsenal.

Bruno Latour: “O sentimento de perder o mundo, agora, é coletivo”

https://brasil.elpais.com/brasil/2019/03/29/internacional/1553888812_652680.html
ENTREVISTA

Bruno Latour: “O sentimento de perder o mundo, agora, é coletivo”

Em seu último livro, o influente pensador francês descreve um planeta onde a mudança climática altera tudo

O prestigiado ensaísta francês, na semana passada, em seu apartamento de Paris.
O prestigiado ensaísta francês, na semana passada, em seu apartamento de Paris.

Bruno Latour (Beaune, 1947) é um dos filósofos franceses mais influentes da atualidade. Acaba de publicar Down to Earth. Politics in the New Climatic Regime (Com os pés no chão. Política no novo regime climático, em tradução livre). O livro faz um diagnóstico sobre um mundo onde tudo é perturbado pela mudança climática e permite compreender fenômenos que vão das desigualdades até a globalização, passando pela ascensão do populismo. A obra também é um pedido de ação e um manifesto europeísta. E, finalmente, uma síntese do pensamento de um precursor de disciplinas como a sociologia da ciência sobre os fatos e a verdade.
PERGUNTA. O senhor contou que uma vez, sobrevoando a baía de Baffin numa viagem ao Canadá, viveu um momento revelador ao ver como o gelo retrocedia. O que aconteceu?
RESPOSTA. Olhando pela janela, percebi que a placa de gelo, por sua forma, resumia o problema que vivemos. Ao estar no avião eu já não assistia a um espetáculo, mas o estava modificando, pois o CO2 que a aeronave emite influi na placa de gelo. Antes, esse espetáculo – o da placa de gelo vista do avião – teria tido um caráter sublime. Agora é complicado senti-lo assim. Se te dizem que você é responsável pelo que vê, o sentimento é diferente, é uma forma de angústia.

P. Essa é a vertigem da qual fala no livro?
R. Antes, a angústia que a natureza nos causava vinha do fato de que éramos pequenos demais, e a natureza era imensa. Agora temos o mesmo tamanho, influímos em como a Terra se comporta. E é desorientador, por exemplo, para os jovens que se manifestam [contra a mudança climática]. Da extrema esquerda à extrema direita, todas as posições políticas estão marcadas pela angústia.

P. No caso dos coletes amarelos ou dos eleitores de Trump, a angústia é mais econômica que ambiental, não?
R. É como se o solo do país onde estou já não me fosse favorável. Não é ecológica no sentido da natureza, mas é do território. O problema é esse sentimento de perder o mundo. Já existia antes, mas eram os artistas, os poetas, que o sentiam. Agora é um sentimento coletivo.

P. Segundo o senhor, uma elite, ante essa situação, diz: “Vamos embora”. Abandona o barco.
R. Comparemos isso com as reações fascistas dos anos trinta. Há semelhanças, uma espécie de retirada nacional, étnica. Mas naquela época eram projetos de desenvolvimento.

P. Desenvolvimento em que sentido?
R. Era uma loucura, mas era um projeto de civilização. Agora estamos diante de um projeto para desfazer os vínculos, abandonar as construções. A reação mais extraordinária de Donald Trump consiste em dizer: “Nós não temos problemas de mudança climática; é algo que ocorre na casa de vocês, não na nossa.” Ele considera que o continente americano não está sujeito aos mesmos problemas climáticos que a Europa ou a China. Isso é uma novidade.

P. Mas Trump é uma exceção, não? O Acordo de Paris para combater a mudança climática foi firmado pelos Governos do mundo todo, o que poderíamos chamar de elites.
R. Essa ideia de abandonar as obrigações é compartilhada agora também pelo Brasil, e consiste em dizer: “Vamos embora.” Essa é a versão Trump, mas existe outra variante high tech que diz: “Nós também vamos, mas rumo a um futuro tecnófilo extremo.” É o projeto californiano, pós-humano, Marte, a inteligência artificial, os robôs. O interessante é que agora existem pessoas que vivem em planetas diferentes.
“Todas as posições políticas estão marcadas pela angústia”

P. E outras, diz o senhor, que fogem para o âmbito local.
R. Sim, a reação dos que se sentem abandonados pelos que vão embora para Marte é regressar ao Estado-nação como o imaginam, um Estado-nação imaginado, uma ficção. O exemplo é o Brexit. Ao contrário dos fascismos, não há um retorno a uma conquista territorial, e sim a um Estado-nação vazio de todo sentido prático. Então alguns vão para Marte, outros regressam ao planeta nacional, que também é abstrato, e no meio estamos os infelizes que pensamos que, em um momento ou outro, será preciso aterrissar: reconciliar a economia, o direito, a identidade com o mundo real do qual dependemos.

P. Aonde regressar exatamente?
R. Ao [plano] terrestre. Pode parecer estranho: por que aterrissar se já estamos na Terra? Mas os europeus, os ocidentais, temos vivido numa Terra muito utópica. Imaginávamos que ela se desenvolveria ad infinitum, sem limites. Mas o sonho de que o planeta se modernizaria indefinidamente nunca foi verificado, não tinha fundamento material. Desde o século XIX, com o carvão e o petróleo, a economia havia se tornado infinita. E há uma angústia geral por esse desajuste.

P. Diante disso, pode haver uma ideia compartilhada da verdade?
R. As pessoas se queixam das fake news e da pós-verdade, mas isso não significa que sejamos menos capazes de raciocinar. Para conseguir manter um respeito pelos meios de comunicação, a ciência, as instituições, a autoridade, deve haver um mundo compartilhado. É um tema que estudei no passado. Para que os fatos científicos sejam aceitos, é preciso um mundo de instituições respeitadas. Por exemplo, sobre as vacinas se diz: “Estas pessoas ficaram loucas, estão contra as vacinas.” Mas não é um problema cognitivo, de informação. Os que são contra não serão convencidos com um novo artigo na revista The Lancet. Essas pessoas dizem: “É este mundo contra este outro mundo, e tudo o que se diz no mundo de vocês é falso.”

P. Os fatos não existem independentemente desses mundos?
R. É preciso sustentar os fatos, não vivem sozinhos. Um fato é só um cordeiro frente aos lobos.

P. Quem são os lobos?
R. Os que devoram os fatos. Um fato deve estar instalado numa paisagem, sustentado pelos costumes de pensamento. São necessários instrumentos e instituições. As vacinas são o exemplo de um fato que precisa de uma vida pública. Se eu sair pela rua com uma seringa tentando vacinar as pessoas, serei considerado um criminoso. Se a vida pública é deteriorada por pessoas que consideram que – não importa o que você disser – este não é o mundo delas, os fatos não servem para nada.

P. Mas nesse caso há um fato: as vacinas são úteis, não importa se os outros acreditam ou não.
R. No meu mundo e no dos leitores do EL PAÍS, sim. Mas nem todo mundo lê o seu jornal, nem tem um doutorado, nem confia nas instituições médicas, nem vive num país onde o Ministério da Saúde apoia as vacinas. É preciso muita coisa para sustentar os fatos.

P. Os dois mundos valem o mesmo?
R. Não, mas estão em guerra. É um problema geopolítico. Antes, eram problemas de valores ou ideologia, mas num tabuleiro estável. Agora, não. O mapa está em discussão. “Na América não há problema climático, isso é falso”, diz Trump.

P. Qual é a solução?
R. Se aterrissarmos no terrestre, poderíamos começar a definir um mundo comum. Então já não poderíamos nos permitir dizer que não há mudança climática, que os problemas de saúde não nos dizem respeito, que a reprodução das abelhas não é nosso problema. Voltaríamos a discutir entre civilizados.

Saturday 30 March 2019

Nota: Um dia, 21 anos de ditadura

http://psol50.org.br/nota-um-dia-21-anos-de-ditadura/

Nota: Um dia, 21 anos de ditadura

No dia 1º. de abril de 1964, tropas amotinadas do Exército Brasileiro depõem o presidente constitucional e democraticamente eleito do Brasil, João Goulart. O cargo presidencial foi declarado vago pelo Congresso Nacional ainda em presença do legítimo presidente em território Nacional.

Iniciava-se um regime autoritário que suprimiu liberdades e direitos civis e políticos, massacrou a oposição, perseguiu, sequestrou, torturou, matou e desapareceu com os corpos de militantes da resistência democrática.

Tal como hoje em que as liberdades democráticas estão sob ataque, o golpe militar contou com apoio da coalizão de todos os setores conservadores e reacionários do país.
Soube-se, anos depois, do papel absolutamente decisivo do imperialismo estadunidense, de lideranças políticas, empresariais, midiáticas e eclesiásticas que concorreram para que os setores militares que tomaram a frente do novo regime chegassem a essa intervenção militar que durou mais de 21 anos de autoritarismo.

Os partidos políticos abaixo signatários manifestam sua perplexidade com a desfaçatez com que o Presidente da República, Jair Bolsonaro, adota como chefe de Estado, ao arrepio da Constituição e da Lei, o discurso de louvação desse regime de exceção que marcou sua atuação como parlamentar e candidato. Repudiam a convocação pelo Presidente da República de atos de desagravo ao regime militar e aos piores algozes da democracia produzidos naquele período.

Não aceitam que qualquer instituição da República promovam o revisionismo histórico e negligenciem a verdade dos fatos que a sociedade brasileira pacientemente veio construindo nos anos de democracia que se sucederam ao regime de exceção, cujo ápice se encontra no relatório da Comissão Nacional da Verdade que concluiu seus trabalhos em 2014.

Assim, os partidos políticos que se expressam nessa nota apoiam os questionamentos formais feitos desses atos do novo Governo pelo Ministério Público Federal, no âmbito do Congresso Nacional e pela sociedade civil brasileira. Se associam aos atos convocados em todo o país pela democracia, pelo Estado Democrático de Direito, pelos Direitos Humanos e pelo Direito à Memória, à Verdade e a Justiça. Se irmanam às vítimas da ditadura, suas famílias e entidades representativas, na denúncia de seu sofrimento e na sua luta por reparação. E reafirmam seu compromisso de continuar lutando contra os retrocessos sociais, econômicos e culturais que vêm sendo impostos ao povo brasileiro e à soberania da Nação por este novo Governo, cujas condições de governar vão desabando perante a população por desatinos e provocações como as que se anunciam para o 31 de março e o 1º. de abril de 2019.

Memória, Verdade, Justiça!
Ditadura Nunca Mais
Democracia Já

Juliano Medeiros – Presidente nacional do PSOL
Carlos Luppi – Presidente nacional do PDT
Carlos Siqueira – Presidente nacional do PSB
Edmilson Costa – Secretário-geral nacional do PCB
Gleisi Hoffmann – Presidenta nacional do PT
Luciana Santos – Presidenta nacional do PCdoB

Brasília, 30 de março de 2019.

Tuesday 26 March 2019

Is this the world’s last paradise?

http://www.bbc.com/travel/story/20190319-a-journey-to-the-disappointment-islands

In 1765, an English explorer gave two islands a rather unfortunate name that has sheltered them from the world and preserved one of Earth’s last paradises.
  • By Andrew Evans
20 March 2019
Lord Byron’s grandfather was having a bad day.
Scurvy had taken down his crew on the HMS Dolphin, forcing them into their hammocks where they swayed in the sticky heat of the tropics as their ship listed slowly across the Pacific.
Eager to control the South Atlantic, the British Navy had tasked Admiral Byron with settling an island off the South American coast where ships could resupply, and then finding an alternative route to the East Indies. By the time he finally returned to England, he had set a record for circumnavigating the globe in less than two years; claimed the western Falkland Islands for the Crown; and nearly started a war between Great Britain and Spain in the process.
Byron sailed away, marking his frustration onto a new map of the world by naming these atolls the ‘Islands of Disappointment’
But after rounding the tip of South America, the explorer confronted the world’s largest body of water: the endless Pacific Ocean. After a month of empty blue horizon, a tiny island appeared. Byron noted the date (Friday 7 June 1765), and joyously described the island’s “beautiful appearance – surrounded by a beach of the finest white sand – and covered with tall trees, which… formed the most delightful groves”.
Tall coconut groves fill the interior of Tepoto, in French Polynesia (Credit: Credit: Andrew Evans)
Tall coconut groves fill the interior of Tepoto, in French Polynesia (Credit: Andrew Evans)
The naval officer watched as his crew crawled onto the deck, “gazing at this little paradise” that was green with abundant young coconuts whose vitamin-rich meat and milk could heal their bleeding gums. Alas, Byron quickly ascertained that it was impossible to land. “I could not forbear standing close round the island with the ship,” he wrote in his daily log. With the high surf and a shallow coral shoreline that dropped starkly into the bottomless blue, there was no safe anchorage.
Then there were the natives, noted Byron, who showed up on the beach brandishing 5m-long spears. The islanders set massive signal fires to warn a neighbouring island of the impromptu invaders. “The natives ran along the shore abreast of the ship, shouting and dancing,” Byron recalled, waving their long spears as a warning.
“They would kill us… if we ventured to go on shore,” wrote Byron, who attempted one more landing in a longboat before giving up. “[They] set up one of the most hideous yells I had ever heard, pointing at the same time to their spears, and poising in their hands large stones which they took up from the beach.” The British made a go at frantic diplomacy by throwing old bread at the islanders, who refused to touch the stale food but instead waded into the water and tried to swamp the longboat.
Byron backed off and instead set sail towards the larger neighbouring island, but he again failed to anchor along the ringed coral atoll. Meanwhile, natives armed with spears and clubs followed the longboat in the surf, using “threatening gestures to prevent their landing”. Byron only convinced the islanders to back off when he shot a 9lb cannonball over their heads. Less than 20 hours after arriving, Byron sailed away, marking his frustration onto a new map of the world by naming these atolls the ‘Islands of Disappointment’. The map was published following his round-the-world journey, and the moniker has stuck ever since.
Rediscovery
I laughed out loud when I first spotted the name in Byron’s sea log during a bout of insomnia, and was instantly hooked, reading line by line through the night until dawn. The name, now commonly listed as ‘Disappointment Islands’, sounded more like the title of some back-shelf Tintin comic than a real place on Earth. But the name checked out online, pointing to Napuka and Tepoto, a pair of far-flung dots in the South Pacific, etched upon the blue surface of the Tuamotu Archipelago, the largest group of coral atolls on the planet.
Peering down on Google Earth, the smaller of the two Disappointment Islands resembled a single-cell organism floating alone in the ocean. Measuring just 4 sq km, Tepoto is one of the smallest of the 118 islands and atolls that comprise French Polynesia. This green teardrop banded by sandy beach upon a deep blue ribbon is also the tiny island where Byron failed to land. Could I get there, and would I be disappointed, too?
No hotels, no restaurants, no tourist industry – it sounded like paradise to me
And yet, 254 years after Byron’s attempt, the Disappointment Islands still proved difficult to access. Flights to the larger atoll of Napuka are not even listed on Air Tahiti’s international website. I spent three weeks making cold calls before I got hold of an agent.
“You can fly to Napuka in February,” she explained in French, “but then you have to stay a full month.” And so I travelled in the better weather of May, when scheduled flights still gave me a minimum eight-day stay. Located nearly 1,000km from Tahiti’s capital, Papeete, Napuka is one of the most isolated islands in French Polynesia, and a quick stop on a larger circular air route. Once I stepped off the plane, I would have to stay.

“You should arrange a place to stay beforehand,” my friend Celeste Brash recommended. She had never been to Napuka, but as the author of Lonely Planet’s Tahiti & French Polynesia guidebook, she spoke from personal experience: “Those really remote atolls in the Tuamotus don’t really know what to do when visitors show up.”
No hotels, no restaurants, no tourist industry – it sounded like paradise to me. This was my ultimate desire as a traveller: to show up unannounced like those ailing British sailors, open to the naked fate of true exploration. I opted out of scurvy and long months at sea in favour of the 18-hour flight to Tahiti from Washington DC, measured out in cups of fresh pineapple juice poured by flight attendants wearing floral prints. After a night in Papeete, I boarded a two-hour prop plane to Napuka.
Journey
For the first hour, I watched the empty ocean far below me. The blue intensity astonished me as much as the immensity of the water. Polynesia is believed to be one of the last areas on Earth settled by humans, and that ancient people sailed across this void in narrow canoes from places like Indonesia and the Philippines seemed nearly impossible. Resting my forehead against the vibrating window, I studied the leathery surface of the mid-morning Pacific, basking in that rare moment when stark geographic truths confront you: Polynesia is more ocean than anything else.
The Disappointment Islands are part of the Tuamoto Archipelago, a chain of nearly 80 islands (Credit: Credit: Andrew Evans)
The Disappointment Islands are part of the Tuamoto Archipelago, a chain of nearly 80 islands (Credit: Andrew Evans)
Faint white rings of coral atolls appeared – les îles basses, or ‘low islands’ of the Tuamotus. We dropped in tight circles and landed on the atoll of Fakarava, where at least half the 20 passengers departed. Ten minutes later we were back in the air, hovering over an even longer stretch of blue.
Another hour passed before I recognised tiny Tepoto – alone in the ocean, single and miniscule, exactly like on my computer screen back home. The plane veered right and the larger atoll of Napuka filled my oval window view, like a turquoise boomerang encircling a long necklace of white coral islets. Right before we landed, I saw a flash of metal rooftops and green palm groves, a few dirt roads and a pointed church steeple.
As the doors opened, thick, hot air saturated the plane and I dashed across the tarmac and into the shade of the Napuka Airport – a small, open-air shelter just off the runway, stacked with luggage and cargo. It seemed as if the whole island had come to meet the plane – the first flight to land in weeks. Families rushed towards us and flung fragrant flower leis around the necks of loved ones. As the lone foreigner, I stood apart, awkwardly watching the ritual of welcome, already feeling invasive and uncomfortable. Though I had travelled 12,000km, a great divide remained. I did not belong in this scene, and everybody there knew it.
“Are you here on holiday?” a younger man asked me in French, heaving a duffle bag into the shade.
I smiled and shrugged. “Oui.” It was easier than explaining how late-night Googling and reading the diary of an 18th-Century sea captain had led me to embark on this indulgent quest.
We chatted. His name was Jack, and he and his colleague Evarii were electronic technicians from Tahiti, servicing all the tsunami warning sirens in French Polynesia. They had come to repair the siren on Tepoto, which is only accessible by boat from Napuka, and like me, they would have to stay eight days before the next flight back. But why had I come? Jack asked me. Where would I stay? Did I understand that there were no ‘services’ on Napuka?
Evarii seemed annoyed by my presence.
“Do you do this often?” he asked. “Just show up in a place without any plans?” Before I could tell him yes, in fact, this was my favourite way to travel, Jack intervened.
“I’ll talk to la mairesse. We’ll figure something out.”
The only way to Napuka is aboard an irregular two-hour prop plane from Tahiti's capital, Papeete (Credit: Credit: Andrew Evans)
The only way to Napuka is aboard an irregular two-hour prop plane from Tahiti's capital, Papeete (Credit: Andrew Evans)
As if stepping out of a Gauguin painting, a woman soon approached me with a flowing bright skirt and a wide straw hat pinned with flowers that shaded her face. Her name was Marina and as tavana (‘mayor’, in Tahitian) of the 300-person atoll, she oversees everything that happens on Napuka, including every flight that lands at the airport.
“Why did you not contact us to let us know you were coming?” tavana Marina asked me. “We have made no arrangements!” I fumbled an unconvincing response, saying that I didn’t want to be a burden.
“Do you want to visit Tepoto?” tavana Marina asked, because a boat had already been organised for the technicians. Yes, I wanted to visit Tepoto. That was Byron’s first elusive island, and aside from the once-a-month supply boat, there was no way to reach it. I jumped at the chance.
“Come with us,” said Jack, smiling. Evarii huffed.
“You know there’s no water over there!” Evarii mentioned as he looked over my meagre luggage. I knew. I had practically memorised the Wikipedia entry: ‘These islands are arid, and are not especially conducive to human habitation’. I had a few litres of water in my bag, but it was barely enough for one day, let alone a week.
“We can share,” Jack said. We drove in the back of tavana Marina’s pickup truck to the short cement dock, where a small metal skiff was hanging by steel cables from a front-loading tractor. I helped load the tiny boat with supplies, including a massive cooler of drinking water the technicians had checked as cargo from Tahiti. In a flash, the front loader dropped the skiff into the water, and two drivers jerked the outboard motors to life. The three of us hopped inside, and with a burst of engine, broke through the surf.
Arrival
Out past the reef, the sea was calm with a light swell that rapidly pushed us north-west from Napuka towards the vague horizon. Aside from the wind, the only sound was the buzzing of twin outboard motors that carried our tiny party out into the heart of the ocean. In all my travels and ocean crossings, I had never felt this vulnerable on the water. I was seated on a boat the size of a kitchen table, floating atop the bluest and emptiest part of the globe without a speck of land in sight. The fringe of palms on Napuka had disappeared behind us, and for a solid 10 minutes, the blank horizon met my gaze from every direction, blue upon blue.
And yet I felt an inherent trust towards my Polynesian crewmates. I had dropped my life into their hands and watched as they read the changing currents like road signs. Their eyes focused on the horizon and their fingers twitched the angle of the motor by half an inch, this way and that, steering us towards the invisible target of an island so tiny you could miss it and not even know.
A front-loading tractor must use steel cables to raise and lower boats into the surf (Credit: Credit: Andrew Evans)
A front-loading tractor must use steel cables to raise and lower boats into the surf (Credit: Andrew Evans)
“No GPS!” cried Evarii, shouting over the engine. He nodded to the drivers and tapped the side of his head. “They just know where to go.”
Twenty minutes and 10km later, a thin green stripe of land pushed up from the water, followed by the white coral beach against the blue-green surf. After another 20 minutes, the island came into full view: coconut palms waving left and right, just as Byron had seen so long ago.
Unlike the admiral, I landed successfully on Tepoto. In time with the rising and falling waves, I hopped onto the short dock and watched another front loader pluck the boat right out from the sea. It made perfect sense that an 18th-Century British tall ship would fail to find harbour here. The island was nothing more than a sharp and shallow reef that dropped off starkly into the dark blue depths, just as Byron had described.
“Welcome to Tepoto,” a man in his late 30s said as he shook my salty hand and introduced himself as Severo, the island’s one and only policeman and the son of tavana Marina back on Napuka. She had called to tell him that I was arriving, and now a party of islanders was coming out to greet us. At the helm was a woman wrapped in a purple muumuu who dropped a string of white Tahitian gardenias around my neck, dousing me in a honey-vanilla perfume.
Bienvenue,” she said, kissing me on both cheeks and introducing herself as Louana.
Maururu,” I replied in Tahitian. Thank you.
There is only one road on Tepoto and it's paved with crushed coral stone (Credit: Credit: Andrew Evans)
There is only one road on Tepoto and it's paved with crushed coral stone (Credit: Andrew Evans)
Louana was the tavana of Tepoto, and she led us up from the beach, past the leaning palms to the single row of pastel bungalows that lined the island’s only street, paved with crushed coral stone.
“Have you ever seen a four-headed coconut tree?” a young boy asked me in French, running alongside me.
“No, I have not,” I answered.
Have you ever seen a four-headed coconut tree?
“We have one,” an older boy piped in. “It’s a coconut tree… with four heads!”
I struggled to follow the excited rush of voices that came at me, each one a weird puzzle piece of information concerning this remarkable four-headed coconut tree – how nature made it comme ça – and how originally the trunk was split into seven heads, but those extra three broke off in a typhoon long ago. Several islanders offered to show me the arboreal wonder.
Two hours after dropping into the Disappointment Islands without water or plans, I had a place to stay with the visiting technicians in a peeling-pink shack with plywood walls and cut-out squares for windows. Red-orange curtains printed with white hibiscus flowers flapped in the breeze as I sat sweating on the bed, adjusting to the 38C heat. Not only had I landed in Tepoto, but I had been welcomed.
Tepoto
Minutes later, Severo buzzed by on his scooter with lunch cooked by his wife Tutapu: pan-fried snapper with rice, peas and coconut bread. The fish had been caught that morning and was more delicious than any I had ever eaten in a restaurant.
While we ate, Severo sussed me out. As the island policeman, his job was to keep the peace and look after the welfare of the few dozen inhabitants, he explained.

Most of the homes on Tepoto are wooden bungalows with cut-out windows (Credit: Credit: Andrew Evans)
Most of the homes on Tepoto are wooden bungalows with cut-out windows (Credit: Andrew Evans)
“It’s very tranquil here,” he said. “No real problems.” But now I had shown up and he kept looking into my eyes, as if trying to read my intentions. “I can’t remember the last time we had a visitor. Not for as long as I’ve been here – over 20 years now.”
In fact, Severo said that no-one could recall the last time a non-Polynesian had come to Tepoto – certainly not in their lifetimes. Then, he told me that what I had read on Wikipedia was wrong: there weren’t 62 residents on the island, but closer to 40 now, 13 of which were children under the age of 12.
“Young people leave,” he explained. Once they turn 12, the French government sends them to boarding school in Hao, another atoll in the Tuamotu Archipelago 390km away. For high school, teenagers go to the main island of Tahiti. Severo had grown up on Napuka and returned there after high school, then married a girl from Tepoto and moved here.
“What will you do while you’re here?” Severo asked.
“Explore,” I answered, though I had made no real plans. I had not really thought past the possibility of getting here. Now that I had actually made it, the coming days confronted me. “Wait until it’s cooler,” he advised.
Tepoto's residents are predominantly Catholic and often attend mass in the island's one church every day (Credit: Credit: Andrew Evans)
Tepoto's residents are predominantly Catholic and often attend mass in the island's one church every day. (Credit: Andrew Evans)
I dozed through the hot, humid afternoon and heard no other sounds except my own slow breathing that seemed to follow the rhythm of the whispering surf and listing palms. At 16:00, I followed the sound of a tinkling bell across the road, where most of the islanders sat on outdoor benches facing a shrine covered in garlands of flowers and chains of seashells. A musician played a guitar in one corner while the island’s nurse stood up and led the congregation in a strong and harmonious hymn.
Still singing, a woman moved to one side, offering to share her bench with me. The Catholic mass lasted a full hour, rotating through chants and readings and hymns – all in Tahitian. Afterwards, the lady explained that this was the holy week of pilgrimage when islanders gathered twice a day before the Virgin Mary, the angelic figurine at the centre of the elaborate floral decor.
“We are lucky here on Tepoto,” she said. “There is no war. No crime.” There were no real problems at all, she mused, lighting a hand-rolled cigarette. She also told me there was no running water or internet, and very limited electricity. Tepoto received its first solar panels and electric power in 1995, and a mobile phone tower within the last five years.
“Have you ever seen a four-headed coconut tree?” she asked me, point blank.
“No, I have not.”
“We have one here, maybe the only one in the world,” she said with an air of mystery before saying goodbye and returning to her bungalow to untangle a hairy pig tied by one leg to a palm tree.
Night fell fast and the stars blew me away. I gawked upwards from the empty beach as if catching the night sky for the first time, the Milky Way scrawled like a diagonal swath of pink gauze.
The bell woke me before dawn, calling believers to another Catholic mass. This time I opted out and walked to the end of the one road, past the fanning palms and out to the coral shoreline. The sun rose behind me and lit up the sea like silver. I continued southwards, walking the length of the 2.6km island and admiring the tidal pools that housed tiny worlds of maroon-speckled crabs and green fish. Blue-eyed clams lay cemented in the rust-coloured coral and seabirds soared overhead.
Massive white-stone crosses marked the cardinal points of the island, while the windward stretch of beach showed a collage of remnants that had floated in from the outside world: a whisky bottle; Chinese pharmaceuticals; a cracked CD case; a bottle of Japanese salad dressing; and a barnacled tennis shoe. I considered the long journey of the driftwood that now rested on this bit of shore. Where had it come from – Asia, the Americas or New Zealand? Tepoto was like some forgotten punctuation mark between all three.
Massive white, stone crosses mark the four cardinal points of Tepoto (Credit: Credit: Andrew Evans)
Massive white, stone crosses mark the four cardinal points of Tepoto (Credit: Andrew Evans)
In three decades of travelling, I had never encountered such a raw and solitary place. The empty beaches and silent palm groves seemed timeless, as though a mirage of Byron’s ship still hovered somewhere off in the warm, salty breeze. I had seen this island depicted on old atlases and my grandfather’s globe and had somehow transported myself here – and yet, even my own footprints seemed implausible, as if I had stepped from my own reality into some far-flung dream state.
Within days, I fell into the forced simplicity of the island: sleeping under a single cotton sheet; sipping instant coffee made using rainwater drained from the roof; eating raw clams; and then exploring every short footpath on the island. I bathed with a dipper of water from the rain barrel. Under the shade of trees and front porch roofs, I talked with the islanders and listened to their stories. At times I grew painfully thirsty, but kept silent, never asking for a drink. Yet somehow, the islanders always knew, sending their kids to gather fresh coconuts and then chopping them open and urging me to hydrate. I offered to pay and was always refused. In fact, I only handled money once, to pay Severo for my room and board.
News that a foreigner had landed and was staying in the pink bungalow near the dock drifted across the tiny island. Occasionally, a few people stopped by in the evening to say hello, offer me a tour of the island or to ask me earnest questions. “How many houses do you have you in your town?”. “Are you a Christian?”. At times when I went off to explore, I caught glimpses of watchful eyes, peering at me through the palm fronds. They knew I was under the policeman’s care but remained on alert. I reacted by living with total transparency, down to my underwear drying on the clothesline.
When it grew too warm, I swam in the ocean, the islanders watching from shore. Wearing goggles, I caught the flash of colour and life that swam beneath the waves – pastel fish whose scales matched the row of humble houses on Tepoto. Mounds of spiky coral glowed neon-like, healthy and unbroken, spared from the careless destruction of men.
Perhaps Byron’s disappointment had sheltered this place from the rest of the world, preserving it to this day. I’d seen the bleached and broken coral reefs of Bora Bora and Tahiti, where too much love has ruined the natural paradise that first put Polynesia on the tourist map. But here, halfway between the Marquesas and the main Tuamotu island groups, Tepoto has remained comparatively unblemished. I felt lucky to glimpse the vibrant and teeming underwater life, knowing that millions of tourists would visit the rest of Polynesia and never see this kind of virgin reef.
Nor would they ever see the four-headed coconut tree. After days of anticipation, I received a personal invitation from three schoolboys – Tuata, Tearoha and Sylvain – who escorted me to the mayor’s office where the technicians were finishing up their work on the tsunami warning signal.
A stumpy tractor with a wide shovel (the island’s only vehicle) had been dispatched for our adventure. Sylvain’s father André drove, while I rode inside the shovel with the technicians. In all, there were eight of us clinging to the tractor as we manoeuvred and bumped our way into the dense coconut grove at the island’s centre.
Coconuts are the only cash crop on Tepoto, and as we pushed through the forest, I noticed small piles of halved coconuts, thick with hairy husks, drying in the sun. The oily white flesh, called copra, earns a fixed rate of 140 local francs (about £1) per kilogram, and is carried away once a month aboard a supply ship. Every islander has the right to collect and sell copra for cash, but André explained that the coconut trees had begun to die. A small invasive beetle was killing them, he said, making the leaves fall off and leaving bare, toothpick trunks poking into the air.
After 20 minutes driving through the grove, the tractor stopped and the engine cut. I looked up and there it was, skinny and circumspect, barely noticeable except for the four branches that spun out from its base. The long fronds waved back in the wind.
The residents of Tepoto are incredibly proud of their four-headed coconut tree (Credit: Credit: Andrew Evans)
The residents of Tepoto are incredibly proud of their four-headed coconut tree (Credit: Andrew Evans)
“It’s the four-headed coconut tree!” Tearoha shouted like a carnival barker. I stood in awe at the oddity before us and wondered how it came to be. By now I had heard the story from nearly every human on the island, how there had been seven branches, but three had broken off in the last major typhoon. The men began to recall different storms that had flattened the forest of trees in hours, and how the old people could predict a typhoon just from watching the birds. In the past, the islanders latched themselves to coconut palms to keep from being blown away by the gale-force winds. Now they had a siren triggered automatically from hundreds of kilometres away and the stone church to protect them.
We took the long way back to the village, continuing first to the southern tip of the island. André pointed towards Napuka in the east, and standing on land instead of crouching in a boat, I could barely see it over the waves. A baby black-tipped reef shark hunted in the shallows, zipping after the schools of smaller fish.
We followed the beach around towards the pink sunset, and I caught sight of my own footprints from days before ­– the only footprints on that side of the island. Just like Byron had marked his disappointment on a map of the world, I had left my own impressions in the sand of Tepoto. Another tide and my trail would be erased and redrawn with the winding trails of seabirds and coconut crabs.
André stopped the tractor in front of his turquoise bungalow and leaned against a palm trunk. With a few swift chops of his machete, he hacked down fresh coconuts for all of us and handed me a whole litre of coconut water.
Coconuts are the only cash crop on Tepoto and are hauled away once a month on a supply ship (Credit: Credit: Andrew Evans)
Coconuts are the only cash crop on Tepoto and are hauled away once a month on a supply ship (Credit: Andrew Evans)
“We may not have water,” said André, “but we can always drink coconuts.”
That night, André, Severo and some of the other men of Tepoto gathered outside our pink house to drink beer and talk fishing. They spoke a mix of French, Tahitian and the local Tuamotuan language of Paumotu. I strained to fully understand their epic tales of catching bonito by the hundreds – the same bonito I had been served that day for lunch, raw, but with chopped onions and coconut milk.
“Here, a gift,” said Joseph, a fisherman who handed me a handmade lure that he used to catch bonito. The sharpened metal hook was decorated with a carved mother-of-pearl spinner and a wild pig’s tail. In return, I gave him my goggles.
This was a tiny solar-powered island without internet, cars or Starbucks. The technicians and I were the only outside influence, and I tried to make it count. During my last two days on Tepoto I taught Tuata and Tearoha how to play chess. The elementary school had a chessboard, but none of the children knew how to play. After hours of instruction, I had them play against one another. That night, Evarii challenged me to a game and we played into the evening. One by one, the Tahitian technician killed my pieces until only my tall white king remained, chased in circles by the black king and bishop.
“Checkmate,” Evarii said.
“No, wait,” Jack intervened in French. “C’est la nulle.” It was a draw. Neither of us had won. My plastic king was destined to wander the board aimlessly, and Evarii would never have the satisfaction of killing me. He went off to sulk in the last sunset I saw on Tepoto, when the sky lit up blue and green, then peach, rose and orange. Wood smoke scented the air and shooting stars lit the night. Jack played the ukulele, singing lovelorn Polynesian songs along with our hosts until well past midnight.
Sunsets on Tepoto light the sky in blue, green, and then peach, rose and orange (Credit: Credit: Andrew Evans)
Sunsets on Tepoto light the sky in blue, green, and then peach, rose and orange (Credit: Andrew Evans)
Napuka
The next morning, the men launched the boat into the surf, lowering it with the tractor and plopping it into the turquoise shallow at just the right moment. Severo’s in-laws came with us. From time to time, they liked to visit family on Napuka.
“You are welcome anytime,” said tavana Louana, dropping a string of polished cowrie shells around my neck.
“Yes, come stay with us again,” said Severo, adding another necklace. André and the other islanders came and added their own hand-strung necklaces. By the time I climbed into the wobbling boat, my head bowed forward with the weight of shells around my neck. Five minutes later, Tepoto was nothing more than a whisper of green on the blue ocean.
I spent three more days on Napuka, adjusting to the sudden noise and crowds of this 200-person metropolis. Severo’s mother-in-law had warned me, “On Tepoto, we don’t lock our doors, but on Napuka, we lock them.” Two hundred people were too many to trust, and unlike Tepoto, there were cars and at least three streets including the road to the airport.
Fishing on Napuka with Evarii, Jack and Marama (Credit: Credit: Andrew Evans)
Fishing on Napuka with Evarii, Jack and Marama (Credit: Andrew Evans)
Whether he was assigned or volunteered, the island’s fireman became my escort on Napuka. His name was tattooed across his muscled chest – Marama – and within an hour of landing, he had me knee-deep in the lagoon while he cracked open a live clam.
“Eat it,” he said. “You need to taste how good our clams are.”
I reached into the shell and pulled at the cool, gelatinous animal. Then I plopped it in my mouth, squishing down and biting through the salty and slimy flesh.
“More. You left the best part,” Marama said. I cleaned out the shell and then slurped the juice like an oyster. Marama beamed. Was this some kind of test?
“Most foreigners would never agree to eat a raw clam like you did,” Marama said. “But this is our culture. This is how we survive out here. You showed that you respect us.”
I did respect them, but on Tepoto, I had also been eating clams for every meal – raw, pickled, cooked and curried. I never foraged on my own; to take anything from the island would be stealing, I thought. The islanders enforced their own quotas, but shared whatever they pulled from the sea with me.
Marama told me he was on the Napuka island council that regulated the gathering of clams and coconuts. When there was no other food to be had, there would always be clams, and it was his job to maintain a sustainable population of both clams and coconuts.
Frangipani grows wild on Napuka; the smaller, star-shaped Tahitian gardenia is a symbol of Tahiti (Credit: Credit: Andrew Evans)
Frangipani grows wild on Napuka; the smaller, star-shaped Tahitian gardenia is a symbol of Tahiti (Credit: Andrew Evans)
“How did you hear about Napuka?” Marama asked me, as we walked back towards town. I told him that I had read about the islands in a very old book.
“Byron?” asked Marama with a smirk.
“Yes,” I answered. “Byron came here in 1765.”
“You know,” said Marama, “the people here are not very happy with Byron. He called us ‘The Islands of Disappointment’, right?He laughed, “I wish people knew the truth about this place. You really have to know the people to understand.”
“I know,” I said. “And now that I’ve been here, I know that Byron was wrong.”
Indeed, it seemed impossible to feel disappointed in the scene that enveloped me at that moment. The sky seemed Photoshopped with evenly-spaced clouds, and the lagoon glowed the colour of California swimming pools. Twenty metre-high coconut palms danced slowly, and I had just made a new friend who would take me fishing the next day and then swimming at his favourite beach. He would introduce me to dozens of new friends, including Maoake Tuhoe, one of the oldest men on the island, who claimed I was the first foreigner he remembers coming to Napuka since, “those Peruvians passed by in that boat.”
Upon further questioning, I discovered ‘those Peruvians’ were, in fact, a group of explorers aboard a raft led by Norwegian Thor Heyerdahl in 1947 that washed up in the Tuamotus 72 years ago.
Marama would be there on the day I left, gifting me a necklace he had strung with large, fragrant flowers and kissing me on both cheeks like a brother. And I would leave him my favourite cowboy hat, the one that kept me from getting burned in the scorching South Pacific sun. He wore it as he waved to me on the plane.
Back
It took a day of island hopping to get back to Tahiti, where I felt overwhelmed by everything: the traffic, the streetlights, the tourists and even the hot running water in my hotel bathtub. I had filled notebooks and hard drives with words and images from Napuka to Tepoto and back again, but I wanted a more professional opinion.
“The Byron story is the only recorded account we have in which the Europeans arrived, yet failed to make contact with the natives,” said Jean Kapé, who grew up on Napuka and now serves as director of Tahiti’s l’Académie Paumotu, which is dedicated to preserving the language, culture and environment of the Tuamotu Islands. I had met Kapé’s brother in Napuka, and he had connected the two of us.
Responding to Byron’s sense of disappointment, Kapé said: “If someone from somewhere else gives their opinion about a place, it’s already false, because that opinion is only based on what they know.”
Byron’s unsuccessful landing represents the ultimate missed connection – a spark of static that failed to ignite. And yet, his failure may have spared Napuka the same fate as many islands in the South Pacific.
Measuring just 4 sq km, Tepoto is one of the smallest and most remote of French Polynesia's 118 islands (Credit: Credit: Andrew Evans)
Measuring just 4 sq km, Tepoto is one of the smallest and most remote of French Polynesia's 118 islands (Credit: Andrew Evans)
“Napuka [and Tepoto] are the last places where you can witness the original vegetation of the Tuamotu islands,” Kapé said. The Paumotu language, which is only still spoken by an estimated 6,000 people, is also alive there, along with their customs – one of which is unbridled hospitality towards the rare visitors they receive from nearby islands.
“[Welcoming others] is sacred to Polynesians. It is the soul of all humanity,” Kapé said. “But too often with history, foreigners are the ones holding the pen, hence a name like ‘The Disappointment Islands.’ But even Napuka and Tepoto are just nicknames. The islands’ real names tell a much fuller story of the place you just visited.”
I cannot pretend to fully understand, or worse, attempt to convey such a beautiful and complex history
We talked for hours, Kapé and I. Over and over, he tried to explain the islands’ many Polynesian names, like Te Puka Runga, “The Tree Where the Sun Rises” (Napuka); and Te Puka Raro, “The Tree Where the Sun Sets” (Tepoto), deciphering the complex dialect and the multiple hidden meanings behind each name. It encompassed centuries of stories that stretch back to the original inhabitants and their worldview when their universe was nothing more than the two islands, the surrounding ocean and the big sun that moved overhead.
I listened carefully and took notes, but I cannot pretend to fully understand, or worse, attempt to convey such a beautiful and complex history with my own words. Rather than repeat Byron’s mistake of trying to name them from my limited understanding, I will keep silent – not from disappointment or neglect or laziness, but out of respect for this little piece of the world, unknown to so many, even in French Polynesia.
I thanked Kapé for his generous time and shook his hand. Then he gave me a lift back into the centre of Papeete, where throngs of French and American tourists dug through racks of floral print shirts and souvenir tribal tattoos.
“I forgot to ask,” Kapé said as I opened the door of his car. “On Tepoto, did they show you the four-headed coconut tree?”