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“Não sou fotógrafa sou ativista visual” – Zanele Muholi
Caçula de 5 filhos, nascida em 1972 em Umlazi e filha de mãe empregada doméstica durante todo o Apartheid, Zanele Muholi é artista sul-africana que usa o seu ativismo visual culturalmente, economicamente, socialmente, e sexualmente como resistência para as mulheres marginalizadas na construção de um novo olhar, significativo, com o objetivo de abrir espaços e desafiar o silêncio da sociedade.
As fotografias de Zanele Muholi mostram seu compromisso em reparar as injustiças sociais enfrentadas pela pessoas LGBTI, a grave desconexão na África do Sul pós-Apartheid entre a igualdade promovida pela Constituição de 1996 e a atual intolerância e violência direcionadas aos indivíduos LGBTI. Sua primeira exposição “Sexualidade visual: apenas metade da foto” mostrada em 2004 pela Galeria de Arte de Joanesburgo, apresentava fotografias de sobreviventes de estupro e crimes de ódio. Penetrando conscientemente espaços que antes eram vistos como impossíveis, foi a primeira mulher negra a se apresentar no Stedelijk Museum em Amsterdã, expôs também no Brooklyn Museum e no Autograph em Londres.
Seu trabalho oferece um documento cheio de simbolismos que desafiam uma postura estereotipada do retrato tradicional. Alegria, curiosidade, orgulho, amor, frustração, desencantamento, ironia, compaixão, dor, opressão, coragem, ela cria/constrói um arquivo visual que a auto-representa, como uma das comunidades mais vulneráveis e historicamente marginalizadas, ela registra uma intervenção brutal do cotidiano não para vitimizar mas para unir igualmente a todos da África do Sul. “Marcando, mapeando e preservando uma comunidade invisível para a posteridade”, ela diz.
Desde 2012 trabalha no projeto Somnyama Ngonyama (Salve a Leoa Negra), que são auto-retratos onde ela utiliza a própria pele para criticar os clichês sobre as mulheres negras, usando a sua arte e sua grande confiança estética para transmitir suas mensagens de inclusão e revolução.
“Estou fervendo por dentro. Como qualquer outro grande homem eu quero ser contado na história. Eu quero produzir essa história. Eu quero basicamente dizer quem sou eu” – Zanele Muholi.
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