Avifauna e serviços ecossistêmicos: saberes dos moradores da região de Joselândia, Barão de Melgaço, MT
Relatório de Campo 01/2012
Samuel Borges de Oliveira Júnior
As árvores não lhe são estranhas, sabendo o nome e para que utilizar cada uma delas. Os animais também fazem parte do seu cotidiano, sejam eles aves, mamíferos ou peixes. Os peixes são importantes para ele, pois gosta de pescar e fica ansioso quando se aproxima o dia da pescaria. E como é bom deliciar um pacu frito ou ensopado em sua casa.
Nessa área, as aves são nossas companheiras constantes, desde pequenos passarinhos até o grande tuiuiú, que chama atenção quando passa sobrevoando a área. Como o assunto de interesse da pesquisa é sobre as aves logo começo a perguntar o nome das espécies que passam pela gente. A grande maioria está na ponta da língua de seu João. Socós, siquiras, garças, pixuítas, amassa-barros, beija-flores, gaviões, araçaris, entre outras, são algumas das aves que frequentam essa região onde estávamos.
Depois de falarmos sobre os nomes, começo a perguntar para que “servem” (eles usam muito a palavra “servir” para indicar o uso das espécies na região), ou seja, quais são os serviços ecossistêmicos relacionados à avifauna local. A primeira “utilidade” diz respeito às espécies utilizadas como complemento alimentar (serviço ecossistêmico de Provisão). Entre essas espécies temos jacus, mutuns, arancuãs, inhambus. Mas, segundo seu João, quase já não caçam mais essas aves na região. Poucas pessoas ainda fazem essa prática.
Mutuns- Crax fasciolata (Foto: Samuel Borges)
Cural –Amazona aestiva (Foto: Samuel Borges)
Casa do Seu João (Foto: Samuel Borges)
Recanto do pesquisador (Foto: Samuel Borges)
Esse foi o primeiro relatório de campo da pesquisa realizada na região de Joselândia, no nosso magnífico pantanal mato-grossense. A riqueza e a beleza da avifauna pantaneira e dos saberes locais dos moradores sobre as aves e sobre a região onde moram demonstram a importância da conservação do pantanal e das comunidades que estão inseridas no bioma. Essa deve ser nossa causa de luta. Não devemos apenas pesquisar as comunidades e depois nos isolarmos. Temos que ajudar a conservar essa diversidade das espécies e dos saberes presentes nessa região.
Cuiabá, 14 de maio de 2012.
1 comment:
ficou bom o relato samu!!! parabéns e grata! eu só aumentei as fotos, que tb ficaram mto lindas.
beijos
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