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Qual é a relação da destruição das florestas com a produção de carne?...
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Ao longo da história, em culturas que abrangem nosso mundo, as florestas inspiraram algumas de nossas maiores acontecimentos. Elas foram o cenário perfeito para contos de admiração, maravilha, mistério e, às vezes, medo. No entanto, conforme você lê esse texto, uma história tão chocante quanto qualquer obra de ficção está se desenrolando. As florestas do mundo, como a poderosa Amazônia, estão caindo, sendo cortadas e queimadas por empresas monstruosas que alimentam um dos maiores vícios da humanidade: o consumo de carne.
Muitos acordaram para a ameaça do desmatamento que nossas florestas enfrentaram no ano passado. O mundo gritou quando os incêndios ocorreram na Amazônia e a fumaça pode ser vista em outros estados do Brasil. Mas a ligação entre as motosserras e o incêndio criminoso que causou essa destruição e a carne que comemos continua menos conhecida. É um conto de terror com consequências mais assustadoras do que qualquer uma das histórias de Halloween que você ouvirá na próxima semana. Em seu cerne está um fato importante: a carne é o maior impulsionador do desmatamento em todo o mundo. É essa grave ameaça que exploramos na animação "Tem um monstro na minha cozinha", uma colaboração feita com o Greenpeace.
Não poderia ser mais oportuno. Enquanto a Amazônia queima mais uma vez este ano - e nossos olhos também estão voltados para ver as chamas no Pantanal - é hora de destacar o que as empresas de carne estão fazendo pelas florestas do mundo. Essas empresas, os fazendeiros e madeireiros estão promovendo o desmatamento em um ritmo alarmante. Isso tudo é para produzir carne ou cultivar soja para alimentar bilhões de animais como as galinhas e os porcos da Europa, que acabam nos corredores de supermercados. A quantidade de terra que eles precisam é enorme. Para se ter uma noção, 83% das terras agrícolas do mundo são usadas para carne e laticínios. Muitas vezes, na busca por essa terra, as gigantescas empresas de carne são auxiliadas e estimuladas por governos.
Minha própria nação, o Brasil, é um excelente exemplo. Aqui, o presidente Bolsonaro atropelou proteções sociais e ambientais vitais, despojando-as para ajudar a abrir florestas como a Amazônia e o Pantanal para empresas privadas. Esses governos parecem estar mesmo muito felizes em ver os ganhos de curto prazo causando danos de longo prazo à saúde de nossas florestas e de nosso planeta.
E aqui está o ponto principal. A saúde de nossas florestas, do planeta que nos sustenta e a nossa saúde como humanos estão intimamente ligadas. As florestas armazenam e absorvem bilhões de toneladas de carbono e, portanto, só venceremos o pesadelo da crise climática se as florestas do mundo e a vida selvagem que elas sustentam forem capazes de prosperar. Mesmo assim, fogueiras acesas em lugares como a Amazônia a serviço da carne industrial estão ajudando a levar algumas de nossas florestas mais importantes a um ponto sem recuperação. Isso afetará a todos nós, a humanidade não pode prosperar em um mundo devastado pela crise do clima. Mas os mais afetados, como sempre, são os mais vulneráveis, caso das comunidades indígenas, os guardiões da floresta em nosso mundo. De geração após geração, eles chamaram muitas das grandes florestas do mundo de lar, mas agora estão vendo sua casa ser arrebatada com consequências violentas, às vezes fatais.
Os povos indígenas também compartilham florestas com uma grande variedade de vida selvagem, desde plantas e insetos únicos até felinos poderosos como onças-pintadas. Destruir seu mundo natural claramente ameaça sua existência, contribuindo enormemente para a crise global da natureza. E, ao falhar em deter o desmatamento, a indústria da carne está abrindo a humanidade para ameaças sombrias que se escondem nas profundezas das florestas, os riscos de novos e perigosos vírus de origem animal capazes de se espalhar por todo o mundo.
Esta é realmente uma história de terror, mas as ações que tomarmos agora definirão para onde a história vai a seguir. Devemos apoiar também organizações indigenistas como a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) para que sua luta e suas vozes sejam ouvidas. Podemos nos unir para dizer aos nossos supermercados e lojas de fast food que abandonem as gigantescas empresas de carne e substituam grande parte da carne que vendem por uma ampla gama de alternativas vegetais mais saudáveis.
E em casa, podemos enfrentar o monstro em nossa cozinha trocando um pouco dessa carne por mais frutas, vegetais, leguminosas e nozes. Com essas ações e muito mais, podemos começar a lutar contra as gigantescas empresas de carne que estão destruindo nossas florestas. Podemos pedir aos governos que realmente priorizem a proteção de nosso mundo natural e apoiem uma transição justa para um sistema alimentar melhor, verdadeiramente sustentável e equitativo. A história de nossas florestas pode ser angustiante, mas é uma história cujo final ainda está para ser escrito.
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