Tuesday 28 September 2021

Projeções climáticas revelam uma Terra bastante estranha aos humanos em 2500

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Projeções climáticas revelam uma Terra bastante estranha aos humanos em 2500

Por Wyllian Torres | Editado por Patrícia Gnipper | 27 de Setembro de 2021 às 14h05

Desde a década de 1990, cientistas de todo o mundo se reúnem para avaliar o quanto foi feito por parte dos países para cumprirem as metas climáticas estabelecidas pelo Acordo de Paris, que limita o aquecimento global em 2 °C até o fim deste século, em relação aos níveis pré-industriais. Agora, um estudo conduzido pela McGill University apresenta o cenário mundial para além do ano 2100, revelando uma Terra estranha aos humanos de hoje.

O Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), publicado no início de agosto deste ano, aponta que o limite de 1,5 °C de aumento na temperatura média global, em relação ao período pré-industrial, será atingido em 2030 — uma década mais cedo do que anteriormente previsto. Já a avaliação mais recente da ONU, o Nationally Determined Contributions, adverte que as atuais promessas governamentais garantem um aquecimento perigoso de 2,7 °C até 2100.

(Imagem: Reprodução/NASA)

Um mundo aquecido assim significa uma maior ocorrência de incêndios, desastres ambientais como secas, inundações e ondas de calor e frio sem precedentes. Tudo isto provocará uma profunda mudança nos ecossistemas terrestres e aquáticos. Para Christopher Lyon, pesquisador da McGill University e principal autor do artigo, as atuais projeções climáticas de longo prazo não estão sendo consideradas nas decisões ambientais de hoje.

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Como será a Terra no próximo século

Qualquer pessoa que nascer hoje, terá 70 anos em 2100 e, por isso, Lyon e seus colegas buscaram visualizar o mundo que os aguarda lá no futuro. Os pesquisadores executaram projeções de modelos climáticos globais com base nas Vias de Concentração Representativa (RCP, na sigla em inglês), que avalia a concentração de gases de efeitos estufa ao longo do tempo.

(Imagem: Reprodução/Chistropher Lyon et al.)

As projeções, conforme explicou Lyon, modelaram cenários de mitigação baixo (RCP6.0), médio (RCP4.5) e alto (RCP2.6) — este último corresponde à meta do Acordo de Paris — até o ano 2500. Além disso, os pesquisadores modelaram a distribuição da vegetação, estresse por calor e condições de crescimento para as principais plantações, para entender quais desafios as crianças de hoje e seus descendentes poderão enfrentar no próximo século.

Os pesquisadores descobriram que as temperaturas médias globais continuarão a subir depois de 2100. Com isso, a vegetação e as melhores áreas de cultivo migrarão para o polos. Já locais com uma longa história de biodiversidade e cultura, como a Bacia Amazônica, podem se tornar ambientes estéreis. O estresse provado pelo calor será fatal para os humanos em regiões tropicais e, mesmo em cenários de alta mitigação, os níveis dos oceanos continuarão a subir.

Um planeta diferente em 2500

Com o objetivo de retratar o mundo em um cenário de baixa mitigação e aumento da temperatura média global, os pesquisadores usaram suas projeções e uma série de relatório climáticos e produziram algumas concepções artísticas. Nelas, os autores mostram os anos de 2020 e 2500 em três grandes paisagens regionais: a Amazônia, o centro-oeste dos EUA e o subcontinente indiano.

Centro-oeste dos EUA

À esquerda, o Meio-oeste dos EUA atualmente. À esquerda, a mesma região em 2500, adaptada a um clima subtropical quente e úmido (Imagem: Reprodução/Christopher Lyon el al.)

Amazônia

À esquerda, a atual região amazônica. À direita, a mesma área em 2500, revelando uma paisagem árida, com baixo nível de umidade e declínio da vegetação (Imagem: Reprodução/Christopher Lyon el al.)

Subcontinente indiano

À esquerda, o subcontinente indiano nos dias atuais, enquanto, à direita, a mesma região em 2500, com adaptações tecnológicas para enfrentamento do calor (Imagem: Reprodução/Christopher Lyon el al.)

A pesquisa foi publicada no dia 24 de setembro deste ano, na revista Global Change Biology.

Fonte: The Conversation

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