de CARLOS RODRIGUES BRANDÃO
GENTE AMIGA DE PERTO E DE LONGE,
Não morri de novo (pelo menos por agora).
Dois dias antes de retomar minhas viagens e meus encontros vivenciais, viajando ao Rio Grande do Sul, descobri que tenho uma leucemia mieloide aguda.
Estive por quase um mês internado em um hospital sob tratamento intensivo. Estou em casa agora, em absoluto “estado de repouso, isolamento e tratamento": quimioterapia, antibióticos e outras medicinas. Será um tratamento intensivo ao longo de vários meses.
De outra parte, depois de décadas de uma vida peregrina, entre trilhas, mares e montanhas e encontros (foram infinitos ao longo de sete décadas) tudo indica que serei agora uma forçada “pessoa caseira”. Por agora todas as atividades, mesmo virtuais, estarão suspensas.
Fora os vários medicamentos e a quimioterapia (suave), tenho tomado transfusões de sangue. Desde este fato novo em minha vida, quando penso que agora sobrevivo às custas do sangue de pessoas que nem de longe conheço, reforço a velha e querida crença de que entre o sangue e os gestos da vida, nós dependemos uns dos outros bem mais do que podemos imaginar.
A morte, velha visitante desde o meu acidente em 1957, veio uma vez mais dialogar comigo se não estaria na hora de eu partir com ela. Pela quinta vez conversamos afetuosamente sobre este delicado assunto. Pela quinta vez ela se foi sozinha.
Já tão acostumado a superar acidentes graves e enfermidades-limite, uma vez mais sinto em mim mais esperança e energia do que pesar e medo.
A quem de perto e de longe me tem ajudado nestes dias, a minha gratidão.
Abraço vocês com carinho.
Carlos
No comments:
Post a Comment