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Tuesday, 24 May 2022

Climate change made South Asian heatwave 30 times more likely

https://www.nature.com/articles/d41586-022-01444-1?utm_source=Nature+Briefing&utm_campaign=b24a82d262-briefing-dy-20220524&utm_medium=email&utm_term=0_c9dfd39373-b24a82d262-45273766

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Climate change made South Asian heatwave 30 times more likely

A man sprays water from a hose to cool down a group of children in India

In India, 70% of the country has been affected by this year’s record-breaking heatwave.Credit: Debarchan Chatterjee/NurPhoto/Getty

Human-induced climate change made the deadly heatwave that gripped India and Pakistan in March and April 30 times more likely, according to a rapid analysis of the event. Temperatures began rising earlier than usual in March, shattering records and claiming at least 90 lives. The prolonged heat has yet to subside.

“High temperatures are common in India and Pakistan, but what made this unusual was that it started so early and lasted so long,” said co-author Krishna AchutaRao, a climate scientist at the Indian Institute of Technology in New Delhi, in a press release. “We know this will happen more often as temperatures rise and we need to be better prepared for it,” AchutaRao said.

To quantify the role of climate change in the extreme heatwave, a global team of researchers from the World Weather Attribution (WWA) initiative used the average daily maximum temperatures across northwestern India and southeastern Pakistan between March and April to characterize the heatwave. They then compared the possibility of such an event occurring in today’s climate compared with the climate in pre-industrial times, using a combination of climate models and observation data going back to 1979 in Pakistan and 1951 in India.

The team found that climate change increased the probability of the heatwave occurring to once in every 100 years; the odds of such an event would have been once every 3,000 years in pre-industrial times, says Zeke Hausfather, a climate scientist and researcher at Berkeley Earth, a non-profit organization in California that focuses on climate change and analysis of global temperatures. The researchers also show that the event was around 1 ºC warmer than it would have been in a pre-industrial climate.

Climate clincher

“This study is really well done. It follows in the footsteps of a lot of excellent work that the WWA has done,” says Hausfather. “It shows an unambiguous role of climate change in making extreme heat events like this worse.”

In India, March’s temperatures were consistently 3–8 ºC above average, reaching highs of 44 ºC — the highest they’ve been since records began 122 years ago. Pakistan reported temperatures that exceeded 49 ºC in some regions. The heatwave was coupled with below-average rainfall in the region. Pakistan received 62% less rainfall than usual for March, and India 71% less. Although the lack of rain added to heating from the land’s surface, it also reduced the humidity of the heatwave — potentially decreasing health impacts, says Hausfather.

As global warming continues, intense heatwaves will become more common. If the planet stays on track to warm an extra 2 ºC above pre-industrial levels, the report estimates that similar heatwaves would become another 2–20 times more likely than in 2022 — and 0.5–1.5 ºC hotter. The authors add that the short period of observations limits the type of statistical analyses that is possible, and that their results are probably conservative.

Temperature trends

The WWA analysis follows closely on the heels of a study from the UK Met Office, which investigated the chances of temperatures in the region breaking a record set in 2010. It found that the probability increased from once in every 312 years to once in every 3.1 years, owing to climate change. The study estimates that this will increase to once every 1.15 years by the end of the century.

The extreme heat is particularly devastating to people who work outside — such as farmers, construction workers and street vendors. India has also reported a 10–35% decline in crop yields in some parts of the country. Notably, wheat yields dipped low enough to force the country to rescind its plans to boost its wheat exports to bolster supplies affected by the war in Ukraine.

“We had extreme events prior to climate change,” adds Hausfather. “But climate change pushes the bounds of just how bad those weather events can be.”

doi: https://doi.org/10.1038/d41586-022-01444-1

Monday, 19 October 2020

O aquecimento global pode esquentar o Brasil em até seis graus nas próximas décadas

 http://www.ihu.unisinos.br/603855-o-aquecimento-global-pode-esquentar-o-brasil-em-ate-seis-graus-nas-proximas-decadas

O aquecimento global pode esquentar o Brasil em até seis graus nas próximas décadas

aquecimento global é um dos principais assuntos entre os países para o futuro da humanidade. Com o aumento da população, a emissão de carbono e, principalmente, da poluição causada pelos humanos, os efeitos catastróficos de um futuro não tão distante já afetam o clima, causam um aumento nas catástrofes naturais e o derretimento das geleiras árticas, que podem desencadear um aumento progressivo dos mares e uma situação irreversível no mundo para as próximas décadas.

A reportagem é de André Martins, estagiário do Curso de Jornalismo da Unisinos.

ONU, por exemplo, criou a Agenda 2030 com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, uma coleção de 17 metas globais para colocar o planeta em um caminho mais sustentável. Alguns países europeus já discutem e analisam com preocupação a situação da Amazônia, por exemplo, a maior floresta do mundo e vítima de ataques brutais vindos de grileiros e agricultores, além de terem assinado o Acordo de Paris para que os países reduzam a emissão de gases estufa a partir de 2020.

Para analisar as razões do aquecimento global e a situação na qual nos encontramos, o Prof. Dr. Carlos Nobre ministrou, nesta quinta-feira, 15-10-2020, a palestra “Urgência Climática e os Riscos para o Brasil”, organizada pelo Instituto Humanitas Unisinos – IHU, transmitida via Microsoft Teams e Youtube.

Nobre abordou em sua palestra os fatores que determinaram o aceleramento do aquecimento global; o principal deles é a grande quantidade de emissão de gás carbono na atmosfera. Com o crescimento da população, o aumento dos transportes e outras atividades, a emissão de gás carbono cresceu significativamente, causando assim, o aquecimento da terra e comprometendo o sistema global futuro, já que a defesa existente na atmosfera do planeta para os raios solares está enfraquecendo. “Infelizmente a atmosfera não consegue se livrar de todo esse gás carbônico e o principal fator para essa crescente é a queima de combustíveis fosseis. Nós estamos causando um cenário que a terra não via há milhões de anos, antes mesmo da vida no planeta”, afirma.

Os últimos 16 anos no mundo foram de crescente na temperatura. Segundo Nobre, esses foram os anos mais quentes da história, o que evidencia a clara mudança climática, com aquecimentos dos oceanos e os encolhimentos dos mantos de gelo. “2020 bateu o recorde de temperatura e o índice é que irá aumentar mais ainda”, afirma. No Brasil, a temperatura aumentou 1,5 graus desde 1850. Com o aquecimento, veio também a crescente nas catástrofes naturais, que aumentaram 3 vezes mais desde os anos 1980, chegando à casa de 1000 desastres por ano no Brasil.

As regiões brasileiras serão afetadas de maneira desordenada e alguns locais já sentem a falta de chuva, como o Nordeste, que passa cada vez mais tempo em um clima seco e quente. Nesse século, a região já permaneceu sete anos consecutivos com dias sem chuva, o tempo mais longo da história. Em outras regiões, como no Sul, as chuvas virão cada vez mais fortes, com os ciclones bombas, que ocorrem com mais frequência e intensidade. “Estamos seguindo uma trajetória que é o pior cenário projetado para o aumento das temperaturas e infelizmente estamos muito próximos de um caminho com forte calor e desastres naturais. No final do século, poderemos ter um aumento de até seis graus no Brasil, se tornando um país quase fervendo”, explica.

Com o derretimento das geleiras e o aumento da temperatura dos mares, o nível do mar está crescendo ano após ano e isso preocupa Nobre. “O derretimento pode levar séculos até milênios, mas essa transformação é irreversível”, alerta. Os oceanos estão crescendo de forma acelerada, mais até que o programado. Isso pode afetar a vida de pessoas que moram perto de praias e locais próximos aos mares. O prognóstico é que até 2100 algumas cidades ficarão à deriva no mar. “Até 2300 restaria pouquíssimas geleiras e isso faria com que o nível do mar aumentasse alguns metros”, afirma.

Nobre alerta também para os biomas brasileiros e os prognósticos com o aquecimento global acelerado. A caatinga poderá sumir em 2100, com o forte calor e a seca severa. O bioma poderá deixar de existir, virando apenas um grande deserto de intenso calor. A Amazônia poderá se transformar numa savana e estamos muito próximos ao ponto de a floresta não conseguir reverter esse cenário. Nobre já concedeu uma entrevista à IHU On-Line mostrando alternativas para frear o desmatamento da Amazônia e desenvolveu um robusto modelo econômico sustentável para a floresta, com base nos recursos locais existentes. “Frear o desmatamento requer uma política pública de desmatamento zero. É possível, sim, o Brasil continuar a ser uma potência na produção de alimentos utilizando os cerca de 270 milhões de hectares já em atividade agropecuária e silvicultura”, reitera.

Nobre concluiu sua palestra falando sobre alguns pontos que precisam ocorrer para evitar um cenário apocalítico no futuro. Além de diminuir a emissão de carbono pela metade em algumas décadas, o Brasil precisará manter um cenário de protagonismo no enfrentamento do aquecimento global e acelerar políticas e práticas ambiciosas para que até 2030 esteja em acordo com as metas da Agenda da ONU. “Precisamos acelerar políticas de adaptação em todos os setores; estamos muito atrasados. Nós temos que mudar esse quadro e ser muito mais proativos nessa implementação da sustentabilidade. O Brasil precisa ter isso para termos futuras gerações e só conseguiremos isso com a educação”, assegura.

Para dar sequência a este importante debate, o Instituto Humanitas Unisinos - IHU continuará com o ciclo de debates Emergência climática: ecologia integral e o cuidado da nossa casa comum. Na próxima palestra, o convidado é o Prof. Dr. Andrea Fumagalli, da Università di Pavia - Itália, que no dia, 21-10-2020, tratará sobre a renda básica universal. Novos modelos econômicos, de proteção social e de reapropriação do comum. Para participar, acesse o canal do YouTube do IHU ou assista pela plataforma Microsoft teams.

 

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Thursday, 6 December 2018

Exclusivo: Parte do solo do ártico não está mais congelando — nem mesmo no inverno


https://www.nationalgeographicbrasil.com/meio-ambiente/2018/08/permafrost-cratera-batagaika-exclusivo-solo-russia-artico-congelando-inverno-neve?fbclid=IwAR1SUhQxZOSRHVYHY_R7ZK_T1Qlos0JOHqoHMiHTxtyBNYYXJGULY1sTyJ4

Exclusivo: Parte do solo do ártico não está mais congelando — nem mesmo no inverno

Novos dados de dois pontos do Ártico sugerem que algumas camadas da superfície não estão mais congelando. Se isso continuar, os gases-estufa do permafrost podem acelerar as mudanças climáticas. Terça-feira, 28 Agosto


O chão afunda em Duvanny Yar, um megadesmoronamento de permafrost ao longo do rio Kolyma no norte da Sibéria. Novos estudos sugerem que parte da terra no Alasca Ártico e na Rússia nem sequer congelam mais. Este local de constantes deslizamentos móveis, causados pela erosão e acelerados pelo aumento das temperaturas, é um local importante de pesquisa para os cientistas, que o utilizam para monitorar o que acontece quando começa o derretimento em uma região rica em carbono congelada há séculos.
CHERSKIY, RúSSIA Nikita Zimov fazia um trabalho de campo ecológico com seus alunos no norte da Sibéria quando se deparou com um indício perturbador: ele observou que a terra congelada pode estar derretendo bem mais rápido que o esperado.
Zimov, tal como seu pai, Sergey Zimov, passou anos dirigindo uma estação de pesquisa que monitora as mudanças climáticas no extremo oriente russo que enfrenta um vertiginoso aquecimento. Quando os alunos examinaram o solo e coletaram amostras de solo em meio a colinas cobertas de musgos e florestas de pinheiros lariços perto de sua casa, a cerca de 320 quilômetros ao norte do Círculo Ártico, Nikita Zimov suspeitou que havia algo errado.
Sergey Zimov mede os níveis de permafrost com as netas perto da Estação de Ciências do Nordeste que fundou em Cherskiy, na Rússia, ao longo do rio Kolyma. A aproximadamente uma hora de distância fica o experimento científico de grande porte de Zimov, o Parque do Pleistoceno, que ele dirige com seu filho, Nikita Zimov. Os dois acreditam que, ao recriar o ecossistema da era do Pleistoceno, antes dominada por savanas e grandes mamíferos, poderão atrasar o derretimento do permafrost.
Em abril, ele enviou uma equipe munida com brocas pesadas para verificar. O solo foi perfurado poucos metros e foi encontrada uma lama espessa e lodosa. Zimov disse que era impossível. Cherskiy, seu vilarejo de 3 mil pessoas ao longo do rio Kolyma, é um dos pontos mais frios da Terra. Mesmo no fim da primavera, o solo abaixo da superfície deveria estar totalmente congelado.
Só que, naquele ano, não estava.
A cada inverno no Ártico, os primeiros poucos centímetros ou metros de solo e material rico em plantas congelam antes de derreter novamente no verão. Embaixo dessa camada ativa de solo que se estende por dezenas de metros, existe uma terra constantemente congelada chamada de permafrost, que, em alguns lugares, permaneceu congelada por milênios.
Contudo, em uma região onde as temperaturas podem chegar a 40 graus Celsius negativos, a família Zimov afirma que este ano uma precipitação extraordinariamente elevada agiu como um cobertor, aprisionando o excesso de calor no solo. Eles encontraram trechos com mais de 70 centímetros de profundidade, solos que normalmente congelam antes do Natal, que permaneceram úmidos e lodosos durante todo o inverno. Foi a primeira vez que se soube que o solo que isola o permafrost profundo do Ártico simplesmente não congelou no inverno.
Polígonos formados pelo congelamento e derretimento anuais de gelo em formato de cunha logo abaixo da superfície da Terra ficam visíveis de cima perto da Estação de Ciências do Nordeste em Cherskiy, na Rússia.
"Isso é realmente estarrecedor", afirmou Max Holmes, cientista do Ártico do Centro de Pesquisas Woods Hole localizado em Massachusetts.
A descoberta nunca foi verificada ou publicada por outros pesquisadores e representa dados limitados de um local em um determinado ano. No entanto, aparentemente, as medidas feitas por outro cientista próximo e um cientista a um oceano de distância confirmam os achados dos Zimovs, alguns especialistas do Ártico estão ponderando sobre uma questão perturbadora: O degelo do permafrost pode começar décadas antes do que muitas pessoas esperam em algumas das regiões mais frias e mais ricas em carbono do Ártico, emitindo gases-estufa aprisionados que podem acelerar as mudanças climáticas causadas pelo homem?
Nikita Zimov faz bolhas de metano em um lago que é possível que esteja aumentando devido ao derretimento do solo.
Três dos últimos quatro anos foram registrados como os mais quentes da Terra, estando 2018 previsto para ser o quarto. E os polos estão efetivamente aquecendo bem mais rápido, com áreas a quase 500 quilômetros ao norte do Círculo Ártico na Noruega passando de 30 graus Celsius em julho deste ano. Se quantidades significativas de permafrost começarem a derreter cedo, isso só vai piorar as coisas.
"Isto é importante", afirma Ted Schuur, especialista em permafrost da Universidade do Norte do Arizona. "No mundo do permafrost, este é um marco significativo de uma tendência perturbadora, como o carbono na atmosfera chegar a 400 partes por milhão”.
A grama Foxtail, as flores fireweed (Chamaenerion angustifolium) e flores de algodão são abundantes em Cherskiy, na Rússia, durante o verão. A cidade é totalmente construída sobre o permafrost. Os prédios são construídos sobre estacas de concreto com o encanamento acima do solo para levar em consideração mudanças na topografia conforme o permafrost derrete.

Extrapolando o limite

Quase um quarto da massa da Terra do hemisfério norte encontra-se acima do permafrost. Mais que o dobro do carbono encontrado na atmosfera está aprisionado neste solo e vegetação congelados.
Conforme a queima de combustíveis fósseis aquece a Terra, esse solo derrete, permitindo que micróbios consumam a matéria orgânica enterrada e emitam dióxido de carbono e o metano de vida mais curta, que é 25 vezes mais potente que um gás-estufa como o CO2.
As temperaturas do permafrost ao longo do Ártico vêm aumentando pelo menos desde os anos 1970 - tanto que o degelo localizado em pequena escala já está ocorrendo em diversos lugares. Entretanto, grande parte dessa terra congelada ainda está isolada por uma camada ativa de solo congelando e derretendo acima dela.
A grama da tundra mostra a umidade do derretimento perto de onde o rio Kolyma desagua no oceano Ártico.
Agora estão aparecendo sinais de que o congelamento anual pode mudar rapidamente.
A quase 20 quilômetros rio abaixo do local onde a família Zimov iniciou sua perfuração, Mathias Goeckede, do Instituto de Biogeoquímica Max Planck da Alemanha, passa, a cada verão, semanas atravessando calçadões em ruínas sobre o solo esponjoso da Sibéria. Ele monitora a troca de carbono entre a Terra e a atmosfera.
Medições do local estudado por ele indicam que a profundidade de neve lá quase dobrou em cinco anos. Quando o excesso de chuva cobre totalmente o solo, o calor abaixo da superfície não consegue se dissipar durante o inverno. Dados de uma perfuração do local de Goeckede parecem identificar esse fenômeno: em abril, as temperaturas a pouco mais de 30 centímetros abaixo do solo no local aumentaram pouco mais de 5 graus Celsius no mesmo período de cinco anos.
A Cratera Batagaika na cidade de Batagay, na Rússia, é conhecida como a "cratera do inferno" ou o "portal para o submundo.” Com mais de 90 metros de profundidade e mais de 800 metros de comprimento, a depressão é uma das maiores do mundo. Cientistas acreditam que ela começou a se formar nos anos 1960, quando o permafrost sob a área começou a derreter após o desmatamento das florestas vizinhas.
"Este é apenas um local e são apenas cinco anos, então isso deve ser considerado somente um estudo de caso”, conta Goeckede. "Mas se você pressupor que é uma tendência ou que possa continuar assim, então é alarmante”.
A milhares de quilômetros de distância, Vladimir Romanovsky encontrou algo parecido. Romanovsky, especialista em permafrost da Universidade do Alasca, Fairbanks, administra um dos locais mais extensos de monitoramento de permafrost da América do Norte, com registros detalhados datando de 25 anos e, em alguns casos, mais tempo ainda.
"Em todos os anos anteriores a 2014, o congelamento completo da camada ativa ocorria em meados de janeiro", explicou ele. "A partir de 2014, a data de congelamento mudou para o fim de fevereiro e até março."
Contudo, neste inverno, Fairbanks também passou por nevascas extremamente intensas e pela primeira vez foi registrada que a camada ativa em dois dos locais examinados por Romanovsky nem sequer congelaram.
"Esse é um limiar muito importante", acrescentou ele.
O permafrost pode ser visto ao longo do perímetro da cratera Batagaika.

Motivos para o ceticismo

Claro, o tempo no Ártico é notoriamente variável. Alguns anos de nevascas em algumas regiões podem rapidamente abrir caminho para um longo período de anos frios e secos.
Alguns cientistas também estão divididos sobre o trabalho dos Zimovs, que não é tão rigoroso quanto muitos pesquisadores ocidentais estão acostumados. Os achados dos Zimovs não possuem dados de temperatura, nem podem indicar registros de longo prazo. Muitos dos locais que eles examinaram também foram perturbados por atividade humana ou animais não nativos, o que deixa o solo mais suscetível ao aquecimento.
"Fazer buracos em diversos lugares dificilmente é rigor científico", conta Matt Sturm, especialista em neve da Universidade do Alasca, Fairbanks.
Charles Koven, especialista em permafrost do Laboratório Nacional Lawrence Berkeley, vê motivos para o ceticismo e mais pesquisa. "Não sei o que pensar sem saber mais sobre o histórico desses lugares”, diz ele. “Por outro lado, não queremos ignorar sinais de aviso, se existirem."
O cientista Sergey Zimov contempla o oceano Ártico em uma estação de pesquisa a pouco mais de 100 quilômetros de sua casa em Cherskiy, na Rússia. Zimov usa a haste metálica em sua mão para testar rapidamente a profundidade do solo congelado.
Além disso, comparado a Romanovsky e Goeckede, que são pesquisadores comedidos e metódicos, Sergey Zimov é quase um filósofo catastrófico, propenso a previsões pessimistas e grandes gestos. Ele e seu filho são responsáveis pelo Parque do Pleistoceno, uma região no território deles da Sibéria com grandes mamíferos importados, de bisões a iaques e cavalos. Faz parte de um experimento que imita o ecossistema de estepes do mamute que desapareceu há 12 mil anos com a finalidade de observar a resposta do permafrost.
Ao mesmo tempo, Sergey Zimov também foi um dos primeiros cientistas do mundo a demonstrar que a Sibéria contém reservas enormes do permafrost especialmente rico em carbono. E ele trabalha em Cherskiy há mais de 40 anos, sendo altamente respeitado por muitos pesquisadores.
“Ele conhece esse ambiente tão bem que raramente erra," destaca Katey Walter Anthony, professor associado da Universidade do Alasca, Fairbanks, que estuda metano nos lagos do Ártico. "Se ele acreditar que um processo é importante, é porque tem valor”.
Frost lines the walls of an ice cellar in Cherskiy, Russia. Residents have dug ice cellars, or freezers, into the permafrost for thousands of years. Recently, some people have observed cellars flooding due to permafrost thaw.
Romanovsky também conhece os Zimovs e afirma que, embora desejasse que o trabalho deles tivesse dados de temperatura, verificar a profundidade de congelamento é uma boa abordagem. "Ainda é um método convincente", explica Romanovsky. "Para mim, só quer dizer que não é 100 por cento."
Também não está clara a extensão geográfica representada pelos achados de Romanovsky e dos Zimovs. Trata-se de uma pequena amostra.
Contudo, para Romanovsky seus locais de estudos foram escolhidos por representarem razoavelmente o Alasca central.
"Então presumimos que o congelamento não ocorreu neste inverno em áreas grandes como o interior do Alasca", diz ele.
Até mesmo cientistas incomodados com a limitação de dados afirmam que a possibilidade de algo tão fundamental mudar tão rapidamente os faz parar para refletir.
"É preocupante", conta Sue Natali, especialista em permafrost, também do Centro Woods Hole, que observou uma camada ativa não voltar a congelar recentemente durante uma viagem de pesquisa à região Yukon do Alasca. "Quando notamos coisas acontecendo que nunca ocorreram durante a vida dos cientistas que as estudam, isso é inquietante”.
A maior parte do permafrost permanece congelada. Mas outras partes, nas regiões do norte da Sibéria e vários outros pontos do Ártico, estão sob risco de derreter mais rápido do que o esperado, ameaçando liberar grandes quantidades de dióxido de carbono e metano.

Um ciclo em aceleração

Há muito em jogo. Se a camada ativa de uma região parar de congelar constantemente, as consequências podem ser imediatas. Uma vez descongelados, os micróbios do solo presentes na camada ativa são capazes de decompor a matéria orgânica e liberar gases-estufa durante o ano todo, não somente no verão, o que expõe o permafrost que está por baixo a mais calor, de forma que essa camada também pode começar a derreter e liberar gases.
Em solos ricos em gelo, como os da Sibéria, o chão pode afundar, o que pode causar desmoronamento de estradas e construções e fazer os porões frigoríficos de gelo natural entrarem em colapso. Tais depressões também alteram a paisagem formando canais e vales onde a neve pode acumular, deixando o solo mais quente no inverno. Esses canais podem se encher com chuva e neve derretida, formando novos pântanos e lagos de tundras, ambos emitem grandes quantidades de metano.
E a movimentação de toda essa água, acima e abaixo do solo, pode transportar grandes quantidades de calor, acelerando o degelo. O colapso do permafrost pode começar a se autoalimentar, liberando mais gases-estufa, que por sua vez, aumenta o aquecimento.
A Cratera Batagaika é um dos poucos lugares onde é possível ver uma parede de permafrost — e se está derretendo — de perto. Os cientistas estudam na área indícios da mudança climática no Ártico e como ela pode afetar o resto do planeta.
Ninguém espera que o permafrost emita todo o seu carbono armazenado de uma só vez. A maioria dos modelos sugere que apenas de 10 a 20 por cento no máximo escapariam inclusive em cenários de altas emissões humanas.
Porém, mais de uma dezena de cientistas do clima do Ártico contatados pela National Geographic concordam que os dados da camada ativa deste ano ressaltam as limitações dos modelos do clima global. Os sofisticados programas de computador que preveem cenários climáticos futuros geralmente usados por tomadores de decisões de governos simplesmente não conseguem captar alterações importantes no permafrost.
"Ao fazer essas simulações, há uma série de processos que os modelos não incluem - processos que multiplicam a transferência de calor", afirma Daniel Fortier, professor associado de geografia da Universidade de Montreal. "Creio que é possível afirmar que os acontecimentos estão mais rápidos do que esperávamos."
Por exemplo, cientistas sabem há muito tempo que a perda de bancos de gelo e as temperaturas mais altas, provocam, com o tempo, o aumento de neve no Ártico, algo que os modelos são capazes de absorver. Contudo, essas mesmas simulações são muito menos confiáveis na tentativa de monitorar mudanças progressivas nos tipos de solo, vegetação de superfície, derretimento do gelo e fluxo de água proveniente do aumento das temperaturas e de toda essa neve, todos esses fatores podem acelerar consideravelmente o derretimento do permafrost.
"Os modelos não conseguem processar essas mudanças ambientais e todos os processos que podem levar a uma mudança rápida", afirma David Lawrence, criador de modelos de permafrost do Centro Nacional de Pesquisa Atmosférica de Boulder. "E vai demorar muito tempo antes que consigam."
Quando algumas mudanças forem detectadas, uma transição expressiva poderá já estar acontecendo, conta ele. Isso significa que a população e os políticos podem não perceber os riscos reais.
"A maioria dos modelos prevê grandes emissões de carbono só depois de 2100", afirma Walter Anthony. Esse pode ser o caso. Mas também é possível, afirma, que "isso possa acontecer, na realidade, durante a vida dos meus filhos, ou a minha".

Friday, 21 September 2018

Aquecimento eleva risco de desertificação no Nordeste

https://sustentabilidade.estadao.com.br/noticias/geral,aquecimento-eleva-risco-de-desertificacao-no-nordeste,70002510467


Aquecimento eleva risco de desertificação no Nordeste

Áreas ameaçadas de sofrer com seca extrema podem alcançar metade da região se temperatura do planeta subir 4°C, aponta estudo

Giovana Girardi, O Estado de S.Paulo
20 Setembro 2018 | 07h00
SÃO PAULO - Os sete anos consecutivos de seca no Nordeste do País são um recorde desde que o volume de chuvas na região começou a ser medido, em 1850. Cerca de 1.100 municípios foram afetados, atingindo mais de 20 milhões de pessoas. Inédito nos registros históricos, esse cenário pode se tornar cada vez mais comum no futuro se não for possível conter o aquecimento global.
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Comunidade recupera nascente no alto sertão de Sergipe; lama foi retirada e agora minam 145 litros de água/hora Foto: PAULO DE ARAÚJO/MMA
O alerta será feito nesta quinta-feira, 20, por um grupo de pesquisadores brasileiros, liderado por José Marengo, do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), que estimou os impactos das mudanças climáticas no Nordeste até o final do século. 
Num pior cenário, em que o mundo não consiga cumprir o Acordo de Paris – que estabelece esforços de todos os países para conter o aumento da temperatura a menos de 2°C até o final do século –, e o aquecimento passe de 4°C, pode ocorrer uma tendência acentuada de aridização da região.
Com o clima mais quente, a área em condições de seca extrema pode alcançar metade da região. “No pior ano de seca do período recente, em 2012, a área que ficou em condição de seca extrema foi de cerca de 2%. Até o final do século, em um cenário de 4°C, 51% poderiam ser afetados por essas secas extremas”, disse ao Estado o climatologista Carlos Nobre, um dos autores do estudo.
Nesse processo, regiões hoje cobertas por vegetação típica do Cerrado, como se observa em parte do Maranhão, do Piauí e da Bahia, podem se tornar Caatinga. E até mesmo áreas de Mata Atlântica poderiam se transformar em semiáridas. De acordo com os autores, secas hoje consideradas intensas seriam a norma já na segunda metade do século. “Se não tivermos sucesso com o Acordo de Paris, podemos ver uma expansão da região semiárida, com alguns locais sujeitos a secas muita intensas”, complementa Nobre.
Os dados do trabalho, que ainda não foi publicado, serão apresentados em evento no Ministério do Meio Ambiente que vai reativar a Comissão Nacional de Combate à Desertificação, responsável por promover a Política Nacional de Combate à Desertificação.
A pesquisa avalia ainda os impactos sobre o processo de desertificação, que já ocorre na região independentemente das mudanças climáticas, e tem a ver com a retirada da vegetação nativa – a Caatinga. Sem ela, o solo fica exposto e sujeito a erosões quando vem a chuva. 
“Isso tira a camada superior e resta somente um solo rico em metais. E aí pode chover o quanto for, que a vegetação não volta. Com as mudanças climáticas, essas condições para a desertificação podem aumentar”, diz o pesquisador.
“Nossas pesquisas ainda não conseguem dizer se esses sete anos secos consecutivos, três deles com secas severas (2012, 2013 e 2016), teriam ocorrido se o planeta não estivesse aquecendo. Não conseguimos fazer essa atribuição de causa. Se a probabilidade de ocorrência seria menor”, pondera Nobre. 
“Mas mesmo não tendo essa resposta, vermos a sete anos com chuvas abaixo da média é o que vamos ver no clima do futuro. É o que podemos esperar se o Acordo de Paris não for cumprido.”

Recuperação

Para o combate do processo de desertificação, o ministério deu início no começo do ano a um projeto de implementação das chamadas Unidades de Recuperação de Áreas Degradadas (Urads). Os resultados também serão apresentados nesta quinta.
“Antes das mudanças climáticas, vamos acabar expulsos daqui por causa da degradação do solo. Os efeitos da desertificação já são deletérios”, comenta Valdemar Rodrigues, diretor do Departamento de Desenvolvimento Rural Sustentável e de Combate à Desertificação do MMA.
Pensando nisso, ele elaborou um plano, executado em parceria com ONGs locais,de recuperar a vegetação e nascentes, criar mecanismos de adaptação e oferecer uma alternativa econômica para as comunidades que vivem em áreas em vias de desertificação. De acordo com a pasta, 15% do território nacional, onde vivem 37 milhões de pessoas, enfrenta esse fenômeno. 
Segundo Rodrigues, hoje há 12 Urads em andamentos em seis Estados (MA, PI, CE, PE, BA e SE). Cada uma envolve 30 famílias. Até o momento foram investidos R$ 4,5 milhões. 
O projeto inicial foi feito no Sergipe. No assentamento Florestan Fernandes, em Canindé de São Francisco, no alto sertão do Estado, por exemplo, os moradores conseguiram recuperar uma nascente. 
Toda a lama que passou a entupir a nascente ao longo dos anos de erosão foi retirada e hoje minam do local 145 litros de água por hora. “Estamos rompendo a dependência de carro-pipa”, diz Rodrigues.
Para evitar que o assoreamento ocorra novamente, os moradores constroem barragens e cordões de pedra ao redor das nascentes. Assim, impedem que o barro e outros detritos sejam carregados com a chuva.
Paralelamente, foram adotadas ações de melhorias sociais – como a construção de cisternas, fogões ecológicos e fossas sépticas – e das práticas agrícolas, com a implementação de integração lavoura-pecuária-floresta. A desertificação é em boa parte resultado de atividades inadequadas, que não conservam o solo ou a água. 
“Na Caatinga, quando se perde o solo, é praticamente impossível de recuperar. Então criamos as condições para a vegetação renascer e recuperar esse solo”, afirma.
Segundo ele, o plano é trabalhar para que a Presidência edite um decreto até o final do ano com um plano para, até 2030, implantar 10 mil Urads no Nordeste.

Saturday, 4 June 2016

The Temperature Spiral Has an Update. It’s Not Pretty.

http://www.climatecentral.org/news/temperature-spiral-update-20399

The Temperature Spiral Has an Update. It’s Not Pretty.

The temperature spiral that took the world by storm has an update. If you think the heat is on in our current climate, you ain’t seen nothing yet.
To recap, University of Reading climate scientist Ed Hawkins wrecked the internet a few weeks ago with a revolutionary new way to look at global temperatures. Using a circular graph of every year’s monthly temperatures and animating it, Hawkins’ image showed planetary heat spiraling closer to the 2°C threshold in a way no bar or line graph could do.
An update to the famous temperature spiral using future climate projections
Credit: Jay Alder/USGS
His tweet with the original graphic has been shared 15,000 times and it’s been dubbed the most compelling climate visualization ever made (sorry, landmarked Keeling Curve). The spiral’s popularity can be attributed in part to its hypnotic nature and the visceral way it shows the present predicament of climate change.
Hawkins’ graphic hints at the temperature spiral to come, but now a new addition brings what the future holds into stark relief.
“Like a lot of people, I found Ed Hawkins' temperature animation very compelling because it details observed warming from 1850 to present in a novel way,” U.S. Geological Survey scientist Jay Alder said. “His graphic sets the context for looking at projections from climate models.”
So Alder used climate projections and stretched the spiral to its logical conclusion in 2100 when most climate model projections end. Using our current carbon emissions trends, it shows that things could get out of hand pretty quickly.
The world has been on the edge of the 1.5°C threshold — the amount of warming above pre-industrial levels that could sink many small island states permanently — this winter and early spring thanks to climate change and a strong El Niño. If the world continues on its current carbon emissions trend, it could essentially pass that threshold permanently in about a decade.
The 2°C threshold — a planetary “safe” threshold enshrined in the Paris Agreement — will likely be in the rearview mirror by the early 2040s as temperatures spiral ever higher. By 2100, every month is projected to be 5°C (9°F) warmer than it was compared to pre-industrial levels.
It’d be a world vastly different than today with sea levels up to 3 feet higher (and possibly more if Antarctica’s ice goes into meltdown), rapidly shrinking glaciers and highly acidic oceans. Those changes would have very real consequences for coastal cities, water resources and ecosystems across the planet.
Of course, Alder’s super spiral is only one possible future for the planet. Last year’s Paris Agreement could be a turning point where nations start to rein in their carbon pollution. While temperatures would likely still spiral higher because of warming that's already locked in, cutting carbon emissions now will at least make the spiral more manageable.