Saturday, 29 August 2015

Educação Ambiental e a descolonização do pensamento - Martha Tristão (UFES)

Martha Tristão (UFES) - GT 22 - Educação Ambiental
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Educação Ambiental e a descolonização do pensamento
A pretensão deste trabalho é problematizar o impacto que a dominação epistemológica e cultural, que não finda com o período colonialista, causa à Educação Ambiental. No primeiro momento, será realizada uma breve genealogia dos termos pós-colonialização, colonialidade e descolonização, com embasamento conceitual e teórico sobre a colonialidade/modernidade e, suas consequentes relações dicotômicas, com ênfase na relação dicotômica cultura/natureza e, em um segundo momento, as contribuições, as implicações da descolonização do pensamento como um dos desafios que a Educação Ambiental enfrenta na contemporaneidade (por que esse pensamento ajuda a produzir o campo da EA?). Em um terceiro momento, exploramos as formas de resistências, as experiências com culturas que fazem usos de práticas sustentáveis para garantir seus modos de vida e desenvolvem formas de se relacionar com a natureza cultura. Essa última parte será atravessada pela correlação entre o lugar, as culturas e as produções narrativas dos sujeitos/comunidades/escolas.
Textos para leitura:

Saturday, 15 August 2015

Sobre silêncios e sua comunicação

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http://outraspalavras.net/destaques/sobre-silencios-e-sua-comunicacao/

Sobre silêncios e sua comunicação

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Associado de forma banal à ausência da fala, o silêncio é contudo presença plena de significações: uma força complexa, que questiona a própria linguagem em seu uso social
Por Marina Lara de Moraes Pinheiro | Imagem: Letícia Freire
Este trabalho propõe explorarmos os significados observáveis dos silêncios presentes em nossas vidas pessoais e sociais. Busca provocar a reflexão diante do que entende-se por silêncio e porque ele é tão complexo, ainda que tão presente. Sugere uma maior atenção e observação aos silêncios, suas nuances e sua importância para uma melhor leitura do mundo e compreensão da comunicação e da linguagem humana. Pois, como sinalizado por Francis Wolff, um dos filósofos que embasam a construção desse trabalho, “Toda ausência é também presença, enquanto signo, como a ausência do amado cantada pela alma do poeta”. (Wolff, O silêncio é a ausência de quê?, 2013)
O silêncio é, comumente, associado à ausência da fala. Ao senso comum, enquanto a fala é presença de comunicação clara e óbvia, o silêncio é compreendido à falta da fala, a falta da linguagem — ou à pausa. Essa compreensão, porém, não poderia estar mais distante da realidade. O silêncio possui um significado em si mesmo, uma significação própria e múltipla que pode querer dizer algo pelo próprio comunicador, ou, ainda, pelo ouvinte (que ora interpreta o silêncio, ora cala-se para ouvir o que é dito). É frágil, pois não é código estabelecido. É poderoso também justamente por ser independente de tais códigos.
Neste artigo, buscarei explorar os significados possíveis do silêncio, para estabelecer que à leitura do mundo não basta observar os signos, mas também o que os antecede. O que são os signos da linguagem senão uma das maneiras de organizar um pensamento, um sentimento, uma intenção? Tudo isso antecede o próprio código. Já está presente no silêncio. Para tanto, usei como fonte de pesquisa artigos produzidos para o ciclo de conferências Mutações — O silêncio e a prosa do mundo, concebido e realizado pelo Centro de Estudos Artepensamento em 2013 e organizado em livro por Adauto Novaes.
Acredito ser importante para o estudo da linguística buscarmos compreender o que é dito além dos códigos. Além disso, convidar o leitor a refletir se o silêncio não pode ser estudado como código cultural inerente à linguagem. Retirar o silêncio do papel de ausência da fala me parece primordial para melhor compreendermos os sinais do mundo. O silêncio fala, partamos desse pressuposto. Ele nos fala quando vem de nós e nos fala ao interpretarmos o outro, o que seria a sombra dessa significação.
Pensemos primeiramente na própria fala. Um diálogo compõe-se de um falante e um ouvinte. O ouvinte é, então, o sujeito silencioso. Mas seu ouvir não é passivo naturalmente. O ouvinte reage dentro de si e exterioriza através da linguagem corporal ou da linguagem falada (reforçando aqui que a escolha da não utilização de um código corporal ou de fala pré-estabelecido não deixa de fazer parte do próprio código). Além disso, no próprio falante existe a cadência da fala, composta de som e silêncio para estabelecer-se um ritmo (ritmo que, pela combinação dos dois elementos, torna-se informação também). Portanto, em um diálogo, situação onde a fala se faz óbvia, já podemos observar algumas importâncias silenciosas: o desejado silêncio ouvinte, o possível silêncio responsivo, e o silêncio que estabelece ritmo. Não é besteira então observar logo que o silêncio é algo que interfere, até agora, em nossas expectativas enquanto falantes, em nossas possibilidades expressivas e no nosso controle de intenções.
Antes de continuar explorando as possibilidades dos silêncios, gostaria de pedir atenção ao silêncio “puro”. Ele existe? As imagens que nos vêm à cabeça são do silêncio da natureza, do deserto, do fundo do mar. Mas em nenhum desses lugares o que há é silêncio absoluto. Em qualquer espaço, o mais silencioso possível, haverá algum ruído, ainda que seja dos nossos próprios batimentos cardíacos. E é por meio dessa imagem que afirmo que o silêncio tem sempre significação enquanto for compreendido como significativo. A partir do momento que estamos imersos no silêncio, e quanto mais imergimos, melhor escutamos a nós mesmos. Entramos aí em um beco sem saída, por assim dizer. Ainda que exista o silêncio puro, jamais seremos capazes de adentrá-lo. E, assim, para nós, não faz sentido definir o silêncio como algo ausente de sentido. Pois nós, enquanto agentes do mundo, sempre ouviremos alguma coisa, ruídos ou pensamentos. Cabe a nós então, enquanto intérpretes da vida, saber o que fazer com isso.
TEXTO-MEIO
Não à toa a habilidade da meditação faz-se tão difundida e desejada no mundo de hoje: um mundo viciado em perceber o silêncio (ou a não-fala) como ausência, fica doente sem saber transitar pelas possibilidades do silêncio enquanto significante. A negação do silêncio pode então ser muito verborrágica. E podemos observá-la diariamente nas redes sociais. Diante dessa observação, aliás, torna-se bastante irônica, curiosa e significativa a criação do the quiet place project, um website que te convida a ficar quieto de tempo em tempo e fez sucesso justamente através do facebook. Conectar-se ao silêncio é uma necessidade ainda inconsciente para muitas pessoas, porém já observável em grande parte dos usuários dessas redes. Essa reflexão é colocada logo na apresentação do livro resultante do ciclo de conferências Mutações — O silêncio e a prosa do mundo, por Danilo Santos de Miranda (2013):
“Em contínua transformação e aperfeiçoamento, as tecnologias propiciam a interação, quiçá o reencontro entre pessoas face a distâncias infligidas pelo tempo e pelo espaço. Porém, não permite ao ser humano experimentar o silêncio. […] Imune ao silêncio, o homem ignora a calma e investe-se de urgências, eximindo-se de interrogá-las.”
Ao mesmo tempo que nos falta observar o silêncio, não podemos no entanto sugerir que falta silêncio no mundo, pois ele é tudo que existe antes de qualquer som. E, embora seja necessário, ele pode adquirir sentidos devastadores e inclusive violentos. Devemos observar o silêncio que remete à prudência, à cautela, ao respeito, tanto quanto o silêncio que censura, rejeita e provoca. Há o silêncio que se faz por não ter o que dizer, o silêncio que se faz por não saber como dizer e ainda aquele que se recusa a dizer. Francis Wolff, filósofo francês, ilustra bem várias das possibilidades do silêncio em uma passagem de seu artigo “O silêncio é ausência de quê?”:
“Há quem afirme que o silêncio é signo de virtude, por exemplo a virtude exigível do eterno feminino (a mulher deveria ser discreta, contida, reservada), ou ainda a virtude dos humildes ou dos habilidosos (os que sabem conter sua língua), pode-se opor que o silêncio é também sintoma de um vício de caráter (é o caladão, o taciturno, o retraído, o introvertido, o segredista, o dissimulado, o sorrateiro, o velhaco…).”
Há quem afirme que o silêncio é signo de sabedoria (o sábio é recolhido, ele reflete em silêncio e só fala com conhecimento de causa), pode-se retorquir que ele é signo de loucura (é a angústia, o abatimento, o autismo, o sofrimento profundo dos grandes melancólicos).
É o silêncio signo de um espírito meditativo, a condição do recolhimento, o resultado de um pensamento interior tão rico que se abstém de toda formulação exterior? Ou o resultado de um espírito vazio, de um pensamento infecundo, estéril, incapaz de produzir qualquer expressão que seja?
É o silêncio signo de uma sensibilidade muito forte (“ele está aturdido diante de tantas desgraças”, “ela emudeceu de horror”) ou, ao contrário, é signo de uma total insensibilidade (“ele é surdo aos gritos de dor”, “ela nada tem a dizer a esse respeito”)?
É o silêncio manifestação de força? De fato, o tirano ordena laconicamente, abstém-se de falar, comanda o mundo com um olhar, impõe-se a todos com um sinal. É o silêncio, ao contrário, uma manifestação de impotência? De fato, o escravo está condenado ao silêncio, o prisioneiro é obrigado a se calar.
A partir dessas infinitas significações, é bem compreensível que o silêncio deixe a maior parte das pessoas confusas e, por isso, em estado de negação ao silêncio. Podemos dizer, “se o silêncio é aquilo que é difícil de compreender, preencho-me de palavras”. Mas esse pensamento nada verdadeiramente nos contribui quando surge apenas para preencher um suposto vazio, e podemos até buscar uma analogia com a fé fanática. A fé, enquanto sentimento ou crença genuína, aberta, é também libertação — por representar um caminho possível, escolhido na liberdade subjetiva do ser, com bifurcações e ruas paralelas. Já a fé fanática não é a escolha de nenhum caminho, porém a certeza dele. Diante das dúvidas e das questões do mundo, define-se uma verdade única e se segue tentando levar quem está ao redor.
Longe de sugerir que a palavra deveria se calar para o silêncio, gostaria de sugerir o reconhecimento do silêncio inclusive entre as palavras. Isto é, mesmo dentro da minha fé escolhida, percebo que as dúvidas existem e jamais serão absolutamente respondidas, ainda que eu deseje levar minha vida de acordo a determinada crença (ou não). O silêncio existe, ainda que nos confunda e é tão significativo e importante quanto a palavra, porém ele não possui uma gramática, um acordo de normas. Acostumados com o código (os signos linguísticos), tratamos dele como coisa absoluta e preferível ao “nada” (no caso, o silêncio), sem perceber que assim o próprio código, sem “alguma coisa”, pode também ser nada.
E então, o que define ausência e presença? O que tem e não tem significação? Para responder a essas perguntas, temos que levantar antes uma outra. De onde vem a palavra, o código linguístico, senão do silêncio? Se concordarmos nisso, podemos dizer então que o significado sempre antecede o código? A fala não dá sentido a nada e pode nada dizer, se não houver antes de si o seu significado. Portanto, se quisermos ir mais longe, podemos inclusive ousar dizer que a ausência de significado está no código, que é então mera representação, e não no silêncio. Invertemos assim o entendimento comum do silêncio como falta e o transformamos em casa primeira de toda significação.
O silêncio pode ser preenchido de significação por diversos meios. Ao comunicador, o silêncio consciente e ativo pode ter um objetivo claro. Ao ouvinte, cabe ao silêncio a interpretação das intenções compreendidas. Lidamos aí com luz e sombra, talvez? O silêncio tem poder significativo quando utilizado com um fim comunicativo. Mas mesmo quando não, o silêncio pode sobreviver a partir da interpretação do outro. E ainda, essa comunicacão pode se dar com interpretações diferentes e simultâneas. Levando-nos de volta a pensar na negação do silêncio, ou do medo da ausência. Não seria essa sensação de ausência confundida com a incompreensão da presença?
O silêncio, portanto, nunca é apenas ausência de som, ausência física de som, é sempre também presença de sentido, presença humana de sentido. Mas, como só se manifesta fisicamente pelo vazio e pela ausência, ele pode significar tudo — e o seu contrário — , como bem sabem todos os pacientes estendidos no divã e que espreitam, ansiosos, o sentido de suas próprias palavras no silêncio ambíguo do psicanalista.
“O silêncio é ora morte, ora vida, ora vício, ora virtude, ora imposto, ora escolhido.” (Wolff, idem)
Podemos observar na literatura a representação desse silêncio que se basta, que é comunicação humana para além do codificável. Por exemplo:
“Estava claro que a associação deles ultrapassara o estágio em que a manifestação de um interesse, de um lado e de outro, exigia uma prova verbal. Quase nada lhes era necessário, nem sequer se buscarem com os olhos: ela não tinha necessidade de olhar seu amigo para acompanhar o que ele dizia — podia olhar os espaços longínquos que ele mesmo contemplava, e era ao acompanhá-lo até lá que ela o compreendia.” (Henry James, O Protesto, 1911.)
Podemos compreender que a comunicação, nesse caso, se faz pelo silêncio e é intensificada, significada por ele. No silêncio é possível encontrar significações intensas de cumplicidade e de compreensão. Podemos dizer que a comunicação das emoções, portanto, pode explorar o silêncio com muita propriedade. Enquanto para as questões de negociações, de acordos e de representações, um conjunto de signos tende a facilitar a troca. Mas, em ambos casos, o silêncio e a linguagem podem estar presentes e intercalados. O interessante é justamente a vastidão de possibilidades que podemos experimentar para comunicar o que queremos. E observar também toda quantidade de coisas que comunicamos e interpretamos para além da compreensão do código. O que acontece quando percebemos o silêncio como parte da comunicação? Reconhecemos a comunicação e a linguagem humana sempre presentes em nossas vidas. Nos libertamos, aos poucos, da exigência da fala (sem que isso se torne uma negação da mesma). Nos conectamos com o significado antes de lidar com a significação proposta pelo código. O código, qualquer que seja, nos serve como ferramenta, não como próprio significante.
Entender a importância do silêncio e buscar observar suas significações nos possibilita, assim, compreender melhor a própria palavra e nos distanciar do conjunto de regras e expectativas aprisionadoras da própria linguagem. David Lapoujade, em seu artigo “O inaudível — uma política do silêncio”, explora a sua visão de que a linguagem também não deixa de ser uma forma de prisão, a partir do momento que nos faz automaticamente endividados, devedores ou negociadores, num jogo de expectativas o qual adentramos quase obrigatoriamente desde a infância.
Além disso, vivemos um tempo que luta contra o silêncio, um tempo em que nunca falamos tanto e nunca fomos tão estimulados a falar. O resgate do silêncio pode então significar uma contestação — uma tentativa de sair desse sistema estabelecido e buscar as significações anteriores. Dar voz (literal ou não) a essas significações. Algo como “enquanto me pedem falar para continuamente, dou a eles a eloquência do meu silêncio”. Fazer falar o silêncio, nesse caso, é não limitar a significação a qualquer código, é não fazer promessa.
Ao silêncio, cabem variadas reflexões. Não nos cabe, acredito, dissecá-lo em pedaços simplesmente. Talvez por ser tão plural, é fácil perceber que se queremos defini-lo ou limitá-lo acabamos adentrando uma contradição difícil de ser explorada. Porém, negar-se esse caminho seria viver na sombra do mesmo problema. O que tentei propor, portanto, nessa breve exploração pelo tema, é que enxerguemos o silêncio como presença. Que possamos transitar pelo silêncio que faz parte da nossa linguagem, daquele que a antecede e mesmo daquele absoluto que só existe em nós enquanto conceito. Ao reconhecer as significações do silêncio e sua multiplicidade, relativizamos o poder do código, nos possibilitando um caminho mais amplo e menos limitado.
“Ora, esse silêncio não é algo fora da linguagem ou uma não linguagem: é como uma contralinguagem. É uma força que contesta a própria linguagem em seu uso social.” (David Lapoujade, O inaudível — uma política do silêncio, 2013)
Bibliografia
Textos selecionados da coleção Mutações — O silêncio e a prosa do mundo. Organizado por Adauto Novaes, 2013:
• MIRANDA, Danilo. Danilo Santos de Miranda: Apresentação, 2013.
• NOVAES, Adauto. Adauto Novaes: Treze notas sobre O Silêncio e a Prosa do Mundo, 2013.
• WOLFF, Francis. Francis Wolff: O silêncio é a ausência de quê?, 2013.
• LAPOUJADE, David. David Lapoujade: O inaudível — Uma política do silêncio, 2013.
• BIGNOTTO, Newton. Newton Bignotto: As formas do silêncio, 2013.
Referências
• JAMES, Henry. Henry James. O Protesto, 1911.
• The Quiet Place Project. <http://thequietplaceproject.com/>

Festa da Banana celebra cultura agroecológica em comunidade quilombola do MT

fase
http://fase.org.br/pt/informe-se/noticias/festa-da-banana-celebra-cultura-agroecologica-em-comunidade-quilombola-em-mt/


Notícias

20/07/2015MATO GROSSO

Festa da Banana celebra cultura agroecológica em comunidade quilombola do MT

A 7ª Festa da Banana contou com a presença de cerca de 600 pessoas e foi realizada na Comunidade Negra Rural Quilombola da Mutuca, que está se tornando uma referência na prática agroecológica


Andrés Pasquis ¹
“A banana não é só alimento ou medicina. A Festa da Banana é cultural”, exclamou Laura Ferreira da Silva, presidenta da Associação da Comunidade Negra Rural do Quilombo Ribeirão da Mutuca – Acorquirim, durante a abertura da 7ª Festa da Banana, realizada no dia 4 de julho, na comunidade Ribeirão da Mutuca do município de Nossa Livramento, situada a aproximadamente 32 quilômetros de Cuiabá (MT).
A 7ª Festa da Banana reuniu cerca de 600 pessoas. (Foto: GIAS/Flicker)
A 7ª Festa da Banana reuniu cerca de 600 pessoas. (Foto: GIAS/Flickr)
Ribeirão da Mutuca, que faz parte do complexo Mata Cavalo, composto por mais cinco comunidades quilombolas, foi o palco de palestras sobre a agroecologia, feira de artesanato, culinária regional, música e dança, espantando o frio do dia com caldo de banana verde preparado ao fogo de lenha, licor de banana e os movimentos frenéticos do siriri, rasqueado cuiabano e lambadão.
A festa foi criada em 2008 com o intuito de valorizar a produção e a cultura afro-brasileira que sustenta as cerca de 120 famílias da comunidade. O cultivo da banana e de muitos outros alimentos é feito de forma tradicional e livre de agrotóxicos, seguindo os princípios da agroecologia.
“Nossos ancestrais já trabalhavam desse jeito, com muito esforço, variedade de sementes e sem veneno, sem nem saber que isso era agroecologia. Essa tradição foi passando de geração em geração e, hoje, é uma referência para muitos”, explicou Laura.
No entanto, por trás dos doces, balas e tortas de banana, por trás da melodia do cururu e por trás da animação dos participantes, a situação não foi e não é ainda tão simples. No passado, o garimpo assolou a região e pressionou seus habitantes, deixando marcas profundas neles como na terra. “Faz dez anos que o garimpo acabou, mas lacunas enormes no nosso solo ainda nos lembram dessa época”, lamenta a organizadora da festa.
Comunidade é referência cultural e agroecológica. (Foto: GIAS/ Flicker)
Comunidade é referência cultural e agroecológica. (Foto: GIAS/ Flicker)
Porém, essa tranquilidade está novamente ameaçada pelo avanço do agronegócio e mais especificamente pela chegada da soja em Poconé, município a cerca de 75 quilômetros da comunidade.
Lucienio da Silva Miranda, técnico agrícola da Empresa Mato-Grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural – Empaer, confirma que a sojicultora avança com rapidez e que, com a fragilidade da situação fundiária do complexo Mata Cavalo, o futuro parece ameaçador. “Nós, técnicos da Empaer que já conhecemos e fazemos parte desta comunidade há anos, gostaríamos muito que o governo regularizasse a situação destas terras, que pertencem aos habitantes da Mutuca, o que facilitaria também o acesso deles a crédito e financiamentos”, cobrou o técnico.
Laura Ferreira comenta que, anos atrás, um laudo antropológico realizado por Maria de Lourdes Bandeira, professora da Universidade Federal do Mato Grosso – UFMT e membro do Conselho dos Direitos da Mulher, qualificou a região como uma área remanescente de quilombos a ser preservada.
“Sempre lutamos e lutaremos por defender nossa cultura, nossas tradições e esta terra, onde nossos ancestrais foram enterrados há mais de duzentos anos. Foi assim que, na época do garimpo, procuramos os direitos humanos e acabamos conhecendo a Comissão Pastoral da Terra (CPT), que nos convidou, através de eventos e feiras, a fazer parte do Grupo de Intercâmbio em Agroecologia (Gias)”, revelou Laura.
Fran Paula, da FASE, durante o evento. (Foto: GIAS/Flicker)
Fran Paula, do programa da FASE no MT , durante o evento. (Foto: GIAS/Flickr)
Fran Paula de Castro, técnica do programa da FASE em Mato Grosso, uma das organizações que compõem o Gias, ressaltou que é uma honra poder contar com a experiência agroecológica que a Arcoquirim oferece ao estado de Mato Grosso. “Uma referência forte desta comunidade é a luta que vem levando há anos, inclusive pelo resgate e preservação de suas sementes, como o milho crioulo. Por isso eles têm que perseverar esse trabalho tão reconhecido”, disse.
A 7ª Festa da Banana contou com a presença de cerca de 600 pessoas e a Comunidade Negra Rural Quilombola da Mutuca está se tornando uma referência estadual de prática agroecológica e tradição quilombola. “Para nós, a semente é importantíssima. Ela é tradição, é vida!”, finalizou Laura.
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Monday, 10 August 2015

UFMT oferece mestrado e doutorado em Educação 2016


Publicado em Notícias | 07/08/2015
O Programa de Pós-graduação em Educação (PPGE) da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), câmpus de Cuiabá, oferece 46 vagas para o mestrado em Educação, distribuídas nas seguintes linhas de pesquisa: Culturas Escolares e Linguagens; Educação em Ciências e Educação Matemática; Organização Escolar, Formação e Práticas Pedagógicas; Cultura, Memória e Teorias em Educação; Movimentos Sociais, Política e Educação Popular. Outras 19 vagas são para o doutorado em Educação nas linhas de pesquisa: Movimentos Sociais, Política e Educação Popular; Cultura, Memória e Teorias em Educação; Organização Escolar, Formação e Práticas Pedagógicas.
As inscrições poderão ser feitas no período de 1º a 14 de outubro. Será cobrada uma taxa de R$164,27. Os interessados deverão procurar a secretaria do PPGE, no Instituto de Educação (IE), sala 69, câmpus de Cuiabá, das 8h às 11h e das 14h às 17h, munidos com os seguintes documentos: para mestrado - fotocópias do diploma de graduação, do histórico escolar e da documentação pessoal, curriculum vitae conforme modelo Lattes/CNPq, memorial crítico e anteprojeto de pesquisa; e para doutorado - fotocópias dos diplomas de graduação e de mestrado, do histórico escolar do mestrado e da documentação pessoal, cópia impressa da dissertação de mestrado, curriculum vitae conforme modelo Lattes/CNPq, memorial crítico e projeto de pesquisa. O resultado das inscrições deferidas será divulgado no dia 23 de outubro.
O processo de seleção será realizado por meio de prova escrita (dia 3 de novembro) e arguição (30 de novembro a 4 de dezembro). O resultado final será divulgado no dia 16 de dezembro. Os candidatos selecionados deverão efetivar a matrícula no período de 15 a 19 de fevereiro de 2016. O início das aulas está previsto para o dia 1º de março de 2016.
Outras informações podem ser obtidas pelo telefone (65) 3615 8431 ou na página eletrônica do programa(www.ufmt.br/ppge).
Confira aqui a íntegra do edital.

Wednesday, 5 August 2015

The Art of Biophilia: Extraordinary Mosaics Incorporating Earth’s Most Colorful Creatures

http://www.brainpickings.org/2015/07/06/biophilia-christopher-marley/


The Art of Biophilia: Extraordinary Mosaics Incorporating Earth’s Most Colorful Creatures

by 
A mesmerizing celebration of “the passionate love of life and of all that is alive.”
In his 1973BOOK The Anatomy of Human Destructiveness, psychologist and philosopher Erich Fromm popularized the word biophilia as a term for a positive psychological state of being. Literally translated as “love of life,” it is more vibrantly captured in Fromm’s own translation as “the passionate love of life and of all that is alive… the wish to further growth, whether in a person, a plant, an idea, or a social group.” Many decades later, the great Mary Oliver — whose poetry is among humanity’s highest celebrations of biophilia — would come to call this feeling the “sudden awareness of the citizenry of all things within one world.”
That passionate love of aliveness and that exulted awareness of the citizenry of all beings is what artist, designer, and photographer Christopher Marleycaptures in Biophilia (public library) — an exquisite collection of his artwork incorporating various life-forms, from insects to reptiles to marine creatures. A modern-day Ernst Haeckel of photographic art, Marley painstakingly arranges his specimens into mesmerizing patterns and stages them for individual portraits that reveal the dazzling grandeur of these humble creatures, from butterflies that would’ve made Nabokov proud to fish that outshine the greatest natural history illustrations.
Chrysina Prism (France, Costa Rica, Indonesia, Honduras, Australia, Tanzania, Borneo)
Cerulean Butterflies (Peru, Argentina, Brazil, Irian, Sulawesi, France)
Urchin Spheres (Thailand, Philippines, United States, Mexico)
Tropical Fish Mosaic (Worldwide)
Marley, a self-described “chronically afflicted biophiliac,” writes:
It is our biophilia that causes us to find so much beauty and satisfaction in nature. We do not love nature because it is beautiful; we find beauty in nature because we are a part of it, and it is a part of us.
[…]
It is a symbiotic relationship. The more we grow in understanding and appreciation of the natural world and the more we invest in it, the greater the peace, satisfaction, and joy we receive from our association in return, just as we involuntarily develop love for those people we truly understand and serve. As with all ordained goodness, the more we give, the more we receive.
That goodness permeates Marley’s work. After growing up in a family of hunters, he developed an aversion to killing any creature — even an insect — and spent years developing ethical, sustainable ways of collecting and preserving the specimens he uses in his artwork, working with a worldwide network of researchers, citizen scientists, and institutions.
Aesthetica Sphere (Worldwide species)
A century and a half after Emerson contemplated how beauty bewitches the human spirit, asserting that “the secret of ugliness consists not in irregularity, but in being uninteresting,” Marley makes infinitely interesting — or, rather, illuminates the inherent interestingness of — various species with which we share our shimmering world but which we, blinded by the momentum of our prejudices and phobias, ordinarily consider ugly or unremarkable. He uses beauty — “the form under which the intellect prefers to study the world,” per Emerson — as a tool of translation, shifting our frame of reference from one of antipathy or apprehension to one of appreciation and even affection.
Marley writes:
I have found that when my subjects are meticulously composed, it makes the translation more intelligible for the public at large, just as random music notes, once properly orchestrated, can enter the heart and sway it almost against our volition. Once an appreciation for the aesthetics of insects is born, it is amazing how quickly old prejudiced and stereotypes fall away. When people begin to see beauty where they had previously known only a mundane, distasteful, or even frightening world of arcane organisms, positive changes in their perceptions of arthropods as a whole are sure to follow.
[…]
If the work I do provides no other benefit than to kindle a new appreciation of insects (and any other creatures that evoke trepidation in the human heart), that is enough for me. It is the primary reason why I do what I do: because it brings people — myself and others — joy.
The joy his work brings is of the most colorful, ebullient kind — the kind that emanates an exuberant celebration of biodiversity and an invitation for us to belong to this world more fully, calling to mind Mary Oliver’s unforgettable verse“I know, you never intended to be in this world. / But you’re in it all the same. / So why not get started immediately. / I mean, belonging to it. / There is so much to admire, to weep over.”
Fulgens Prism (Malaysia, Indonesia, Thailand, Japan)
Urchin Spheres Mosaic (Philippines, Thailand, Mexico, United States)
Feather Mosaic (Worldwide)
Cretaceous Ammonite Study (Madagascar)
Green Tree Python (Australia)
Preserved Octopus (Atlantic Ocean)
Elegans Prism (Thailand, Indonesia, Cameroon, Malaysia)
Complement Biophilia with Susan Middleton’s breathtaking photographs of marine invertebrates, then revisit the curious cultural history of thinking with animals.