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Wednesday, 3 February 2016

Red Latina de Humedales REDALES

o GPEA como referência na rede latina de áreas úmidas
https://plus.google.com/u/0/collection/cjguKB

 
ARTÍCULOS COMPILADOS GPEA - Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE)// Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).
Grupo Pesquisador em Educação Ambiental, Comunicação e Arte
Gerasimov: letter eater ARTIGOS [ART 47] MANFRINATE, Rosana; SATO, Michèle. Os trabalhos das mulheres pantaneiras e a avaliação ecossistêmica do milênio na ressignificação por meio da educação ambiental. Revista E...
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michèle sato (mimi)'s profile photo
 
viva la red!

Saturday, 22 March 2014

Dia Mundial das Áreas Úmidas

wwf
http://www.wwf.org.br/informacoes/noticias_meio_ambiente_e_natureza/?37702/Dia-Mundial-das-reas-midas


Dia Mundial das Áreas Úmidas

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02 Fevereiro 2014  |  4 Comments
Por Bruno Moraes
Neste domingo, 2/2, é comemorado o Dia Mundial das Áreas Úmidas e o WWF-Brasil não poderia deixar a data passar em branco. Afinal, o País abriga a maior área úmida continental do planeta, o Pantanal (juntamente com a Bolívia e o Paraguai), onde projetos de conservação são desenvolvidos desde 1998. Nesse ano, convidamos você a conhecer um pouco mais sobre esse bioma e a se familiarizar com o nosso trabalho na região com dois lançamentos: o vídeo "Ciclo das Águas do Pantanal" e a publicação em formato digital "Movimento pelas Águas do Rio Cabaçal: cuidando das cabeceiras do Pantanal".

Para quem não sabe, todo ano repete-se o ciclo das inundações no Pantanal, proporcionando a renovação da fauna e da flora. O equilíbrio ecológico do bioma depende do movimento constante do subir e baixar das águas que começa em novembro, com a alta dos rios que provoca as enchentes na planície. Porém, em maio, as chuvas param e as águas baixam. Trata-se de um lugar único, mas frágil. Qualquer alteração nesse ciclo hidrológico pode comprometer toda a sua rica biodiversidade.

"Sem dúvida, o Pantanal é um ecossistema inteiramente dependente do ciclo hidrológico. Nesse sentido, é crucial garantir a continuidade desse ciclo que começa com as águas que nascem na parte alta da Bacia do Alto Paraguai e descem para a planície alagada do Pantanal. Essas áreas altas são hoje o foco de grandes transformações, não só relacionadas às atividades agrícolas e pecuárias, mas também pela implementação das grandes obras de infraestrutura, como as barragens para a geração de energia", destaca o coordenador do Programa Cerrado-Pantanal do WWF-Brasil, Julio Cesar Sampaio.

O vídeo produzido pelo WWF-Brasil apresenta justamente esse cenário de cheias e baixas, com ênfase na importância do ciclo das Águas do Pantanal e como ele está diretamente ligado à preservação da rica biodiversidade desse bioma. Assista abaixo:



Já a publicação Movimento pelas Águas do Rio Cabaçal, fruto da parceria WWF-Brasil e HSBC, apresenta uma experiência de conservação e recuperação de nascentes do Pantanal. Situado numa zona de transição entre o planalto e planície da Bacia do Alto Paraguai, a cidade Reserva do Cabaçal (que dá nome ao rio) compõe a chamada "caixa d´água" do Pantanal, pois abriga grande parte de nascentes dos rios que formam o Pantanal.

Um trabalho de mobilização e conscientização do WWF-Brasil foi iniciado em 2009 na região devido ao estado de degradação de nascentes e uma áreas de fundamental importância para o Pantanal. A intenção é que essa experiência piloto ajude outros munícipios em todo o País.

"Acreditamos que recuperar áreas degradadas em nascentes é possível. Exige tempo e recursos humanos e financeiros, mas os resultados obtidos para evitar processos de degradação como os que ocorreram em Reserva do Cabaçal nos animam. Precisamos evitar cada vez mais que os recursos hídricos sejam comprometidos, colaborando assim para uma melhoria na qualidade de vida da população não só do Pantanal, mas também em outras regiões", afirma Glauco Kimura, coordenador do Programa Água para a Vida do WWF-Brasil.

Clique no link ao lado (no canto superior direito) para ler e fazer o download da publicação em PDF.

O Pantanal

Foi reconhecido em 2000 como Reserva da Biosfera. Essas reservas, declaradas pela Unesco, são instrumentos de gestão e manejo sustentável integrados que permanecem sob a jurisdição dos países nos quais estão localizadas. Juntamente com o bioma Cerrado, o Pantanal é reconhecido como uma área prioritária para a conservação da natureza pelo WWF-Brasil, com ações desenvolvidas por meio do Programa Cerrado-Pantanal e do Programa Água para a Vida.

O que são áreas úmidas?

Áreas úmidas é um conceito criado para denominar o conjunto de áreas alagáveis, como lagos, manguezais e pântanos: ecossistemas complexos e variados. Essas áreas. Por outro lado, são frágeis e dependem da água para a sua sobrevivência e das espécies que nelas habitam.

Qual a importância das áreas úmidas para o planeta?
- São ambientalmente ricas;
- Importantes para a manutenção da biodiversidade;
- Abrigam uma grande variedade de espécies endêmicas e prestam importantes serviços ambientais;
- Têm papel fundamental no ciclo hidrológico, ampliando a capacidade de retenção de água da região onde se localizam;
- Fornecimento de água para uso pelos seres humanos;

Wednesday, 5 February 2014

Sítios Ramsar Brasileiros vistos do espaço

o eco
http://www.oeco.org.br/geonoticias/27975-sitios-ramsar-brasileiros-vistos-do-espaco


Jornalismo feito com imagens de satélite e ferramentas geoweb

Sítios Ramsar Brasileiros vistos do espaço
Paulo André Vieira - 02/02/14

A Convenção de Ramsar é um tratado intergovernamental que estabelece marcos para ações nacionais e internacionais para a conservação e o uso racional de zonas úmidas e de seus recursos naturais. Recentemente o Parque Nacional do Cabo Orange entrou para a lista de unidades de conservação brasileiras que são reconhecidas como sítios Ramsar, e hoje o Brasil tem 12 zonas úmidas incluídas na lista.
Abaixo você pode ver lindas imagens de satélite de alguns de nossos sítios Ramsar. São unidades de conservação de todos os tipos, desde Parques Nacionais e Estaduais até Reservas Particulares do Patrimônio Natural. Aprecie as imagens e lembre-se que elas tem um papel fundamental na manutenção a biodiversidade e para a regulação do clima.

Parque Nacional do Cabo Orange
Parque Nacional do Cabo Orange
Parque Nacional da Lagoa do Peixe
Parque Nacional da Lagoa do Peixe
Reserva de desenvolvimento Sustentável Mamirauá
Reserva de desenvolvimento Sustentável Mamirauá
Parque Nacional do Araguaia
Parque Nacional do Araguaia
Parque Nacional do Pantanal Mato-Grossense
Parque Nacional do Pantanal Mato-Grossense
Área de proteção Ambiental das Reentrâncias Maranhenses
Área de proteção Ambiental das Reentrâncias Maranhenses
Parque Estadual do Rio Doce
Parque Estadual do Rio Doce
Reserva Particular do Patrimônio Natural SESC Pantanal
Reserva Particular do Patrimônio Natural SESC Pantanal


O que é um Sítio Ramsar

o eco

http://www.oeco.org.br/dicionario-ambiental/27976-o-que-e-um-sitio-ramsar

Conceitos que você precisa saber para entender as notícias sobre o meio ambiente.

O que é um Sítio Ramsar
((o))eco - 02/02/14

 DSC00788-Acervo-PNCOCrédito: Acervo PNCO
Lista de Zonas Úmidas de Importância Internacional (ou, Lista de Ramsar) é o instrumento adotado pelaConvenção Ramsar - tratado intergovernamental aprovado em encontro realizado na cidade iraniana de Ramsar -, para atingir o seu objetivo de promover a cooperação entre países na conservação e no uso racional das zonas úmidas no mundo. Ao aderir à Convenção, os países signatários devem designar ao menos uma zona úmida de seus territórios para ser integrada à Lista que, uma vez aprovada por um corpo técnico especializado, receberá o título de Sítio Ramsar.
As zonas úmidas reconhecidas como sítios Ramsar se beneficiam de prioridade no acesso à cooperação técnica internacional e apoio financeiro para promover projetos que visem a sua proteção e a utilização sustentável dos seus recursos naturais, favorecendo a implantação, em tais áreas, de um modelo de desenvolvimento que proporcione qualidade de vida aos seus habitantes.
Zonas Úmidas
O conceito de zona úmida considera toda extensão de pântanos, charcos e turfas, ou superfícies cobertas de água, de regime natural ou artificial, permanentes ou temporárias, contendo água parada ou corrente, doce, salobra ou salgada. Abrange, inclusive, represas, lagos e açudes e áreas marinhas com profundidade de até seis metros, em situação de maré baixa.
Elas fornecem serviços ecológicos fundamentais -- atendem necessidades de água e alimentação -- para as espécies de fauna e flora e para o bem-estar de populações humanas, rurais e urbanas. Além de regular o regime hídrico de vastas regiões, funcionam como fonte de biodiversidade em todos os níveis. Também cumprem um papel vital no processo de adaptação e mitigação das mudanças climáticas, já que muitos desses ambientes são grandes reservatórios de carbono. O colapso dos serviços prestados por estas zonas pode resultar em desastres ambientais com elevados custos em termos econômicos e, mais importantes, humanos.
A Convenção
Em 02 de fevereiro de 1971, na cidade de Ramsar, Irã, foi aprovado o texto da Convenção sobre Zonas Úmidas de Importância Internacional, que viria a ser conhecida simplesmente como Convenção de Ramsar. Resultado de encontros que já vinham ao redor do mundo há cerca de oito anos, a Convenção foi ratificada pelas 18 das nações participantes do evento e entrou em vigor em dezembro de 1975.
Convenção Ramsar é um tratado intergovernamental está fundamentado no reconhecimento, pelos signatários, da importância ecológica e do valor social, econômico, cultural, científico e recreativo das zonas úmidas.
A adesão ao tratado exige que o país signatário designe ao menos uma zona úmida de seu território para ser integrado à Lista de Ramsar, que a partir de então será reconhecido como um sítio Ramsar. Além disso, o país se compromete ao uso sustentável das suas zonas úmidas através do planejamento territorial, desenvolvimento de políticas e legislação, ações de gestão e educação das suas populações. Comprometem-se, também, a designar novas áreas e a cooperar internacionalmente na preservação de zonas úmidas transfronteiriças, na proteção de sistemas de zonas úmidas partilhados, na preservação de espécies comuns e em projetos de desenvolvimento que possam afetar estas zonas.
Em contrapartida, esta adesão confere ao Sítio Ramsar acesso a benefícios que podem ser de natureza financeira e/ou relacionados à assessoria técnica para o desenho de ações orientadas à sua proteção. Ao mesmo tempo, o título também confere às áreas úmidas prioridade na implementação de políticas governamentais e reconhecimento público, tanto no âmbito nacional quanto por parte da comunidade internacional, o que contribui para fortalecer sua proteção.
Hoje são 168 as nações signatárias do tratado, incluindo o Brasil que assinou o tratado em setembro de 1993. O país, desde então, contribui para lista com 12 zonas úmidas, cuja extensão total é de 6.568.359 hectares, e coincidem com Unidades de Conservação brasileiras. Está, aliás, é uma diretriz adotada pelo país na indicação de zonas úmidas: como correspondem a unidades de conservação, recebem cobertura extra por já estarem protegidas pelo Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC).

Thursday, 12 December 2013

Parque Nacional do Cabo Orange é declarado Sítio Ramsar

o eco
http://www.oeco.org.br/salada-verde/27824-parque-nacional-do-cabo-orange-e-declarado-sitio-ramsar


Parque Nacional do Cabo Orange é declarado Sítio Ramsar
((o))eco - 10/12/13

mangues-cabo-orangeMangues do Parque Nacional do Cabo Orange. Foto: Arquivo
O Parque Nacional do Cabo Orange é o mais novo sítio RAMSAR no Brasil, status concedido pelo Comitê Nacional de Zonas Úmidas (CNZU).
A busca do Parque Nacional do Cabo Orange pela designação de sítio RAMSAR tem um pouco mais de uma década e percorreu um minucioso processo burocrático. Em 2002, a equipe liderada pelo analista ambiental Ricardo Motta Pires concluiu que o Cabo Orange tinha características ecológicas para perseguir esse status.
A primeira movimentação oficial foi em 2004, quando a gestão da unidade apresentou o Parque como possível área úmida de importância. "Mas fomos abraçados por muitas outras demandas e fomos deixando para depois", disse Pires, que hoje é o gestor da UC. "Foi no início do ano de 2011 que retomamos o processo. No total, ele levou uns 2 anos e meio".
A denominação de sítio RAMSAR obriga que estas áreas recebam prioridade para implementar políticas públicas, tanto do governo nacional quanto de instituições internacionais.
"Pretendemos 'contaminar' os moradores do entorno do Parque Nacional do Cabo Orange com o orgulho que estamos sentindo", disse Pires. A população, como ele diz, não sabe o que um sítio RAMSAR, mas precisa saber a impor. "Não diria que o PNCO foi transformado em sítio RAMSAR. Ele apenas passou a ser reconhecido oficialmente como tal".
Clique para ampliar.
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Criado em 1980, o Parque Nacional do Cabo Orange está localizado no extremo norte do Brasil, entre os municípios de Oiapoque e Calçoene, no Amapá (AP). Tem área de 619 mil hectares, boa parte voltada para o mar. Ele possui ecossistemas terrestres, mangues e uma faixa marítima de 10 km, por onde deságuam no Oceano Atlântico os rios Cassioporé, Uacá e afluentes.
Com a inclusão do parque na lista, o Brasil passa a abrigar 12 zonas úmidas, num total de 6,5 milhões de hectares.
Convenção de Ramsar foi firmada no Irã, na cidade de Ramsar, em 1971. Entrou em vigo em 1975 e foi ratificada pelo Brasil em 1996. A sua intenção é proteger as áreas úmidas em torno do mundo.
Veja a lista dos 12 sítios Ramsar do Brasil (fonte: ICMBio)
  1. Área de Proteção Ambiental das Reentrâncias Maranhenses (MA)
  2. Parque Nacional do Araguaia (TO)
  3. Parque Nacional da Lagoa do Peixe (RS)
  4. Parque Nacional do Pantanal Mato-Grossense (MT)
  5. Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (AM)
  6. Área de Proteção Ambiental da Baixada Maranhense (MA)
  7. Parque Estadual Marinho do Parcel de Manuel Luiz (MA)
  8. Reserva Particular do Patrimônio Natural SESC Pantanal (MT)
  9. Reserva Particular do Patrimônio Natural da Fazenda Rio Negro (MS)
  10. Parque Nacional Marinho dos Abrolhos (BA)
  11. Parque Estadual do Rio Doce (MG)
  12. Parque Nacional do Cabo Orange (AP)


Thursday, 5 December 2013

Projeto INAU da UFMT obtém padrão de excelência

ufmt
http://www.ufmt.br/ufmt/site/noticia/visualizar/14177/Cuiaba

Projeto INAU da UFMT obtém padrão de excelência

Publicado em Notícias | 05/12/2013

O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), órgão vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, classificou como “ótima” a avaliação global do programa INCT Áreas Úmidas (INAU), coordenado pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e voltado para o desenvolvimento de pesquisas em Áreas Úmidas (AUs) do Brasil, produção e transferência de conhecimento e tecnologias para governos, setor empresarial e sociedade. As avaliações dos projetos vinculados ao INCT foram feitas por cientistas de projeção internacional indicados pelo CNPq. Pela sua qualidade, o programa INAU obteve recursos da ordem de R$ 8,8 milhões, valor expressivo em termos de financiamento de pesquisas.
O INCT Áreas Úmidas é coordenado pelo professor doutor Wolfgang Johannes Junk e tem como vice-coordenador o professor doutor Paulo Teixeira, secretário de Relações Internacionais da UFMT.
“Este INCT é um exemplo de desenvolvimento de pesquisa articulada a todas as oportunidades do mercado científico. Através de contatos e colaborações internacionais aproveitou os benefícios de programas como o Ciência sem Fronteiras e trouxe muitos pesquisadores e recursos, que certamente auxiliaram na formação de pessoal, que foi expressiva. Uma visão internacional da coordenação trouxe um avanço aos critérios para ação do Ramsar [tratado internacional para conservação e uso racional das áreas úmidas]. Reuniões internacionais foram realizadas, e finalmente as ações se estenderam à população através de capacitação local em vários níveis. O Pantanal precisava muito de um INCT como este, que se destacou pela eficiência”, pontua o relatório nas considerações finais.
No quesito “qualidade e padrão competitivo internacional”, o conceito obtido foi “excelente”, o mesmo acontecendo quando o aspecto analisado foi se as pesquisas desenvolvidas e os resultados obtidos pelas instituições envolvidas no projeto contribuíram para o fortalecimento da rede de pesquisa e a potencialização de descobertas na sua área de atuação.
O relatório, apresentado durante o II Seminário de Acompanhamento e Avaliação dos INCT realizado pelo CNPq, aponta ainda como destaques a contribuição para o avanço tecnológico e do conhecimento em níveis nacional e internacional, a formação de uma rede de especialistas em pesquisas em AUs, a cooperação com outras instituições de pesquisa do Brasil e do exterior, a formação de recursos humanos, inclusive com potencial para aproveitamento em ambiente empresarial e implementação de políticas públicas e serviços.
Também foi destacada a transferência de conhecimento à sociedade, com a utilização de uma estratégica eficiente de difusão científica, utilizando-se de diversos veículos de comunicação (revistas, jornais, TV e sites), atingindo, ainda, públicos do ensino básico e profissionalizante, por meio de cursos e produção de materiais educomunicacionais e livretos didáticos.
O relatório reconhece a contribuição do INCT Áreas Úmidas (INAU) “no incremento substancial nos padrões de excelência e produtividade da Ciência, Tecnologia e Inovação brasileira e em sua inserção mais competitiva e integrada no cenário internacional.
Classificação de Áreas Úmidas, sons do Pantanal e bioinseticida
Entre as ações realizadas, destacam-se o delineamento de Áreas Úmidas (AUs) e classificação de habitats no Pantanal e nos rios Araguaia, Paraná e Guaporé.
Esse trabalho dá as bases científicas para a elaboração de políticas públicas visando a conservação e o uso sustentável de áreas úmidas, como o Pantanal, e poderá em muito contribuir para o aperfeiçoamento do Projeto de Lei do Pantanal (PLS 750/2011), de autoria do senador Blairo Maggi (MT), que se encontra em tramitação no Senado Federal e institui uma política de conservação e uso sustentável da maior planície alagável do planeta.
Duas pesquisas realizadas pelo programa na região pantaneira são destacadas pela originalidade e alcance social e ambiental, com potencial de futuro patenteamento.
Foi desenvolvido um sistema bioacústico (hardware e software) para produção de um banco de dados com sons de diferentes tipos de animais que habitam o pantanal (pássaros, sapos, morcegos, rãs, insetos etc.), que permitirá a realização de um levantamento qualitativo e quantitativo das populações dessas espécies durante o dia e a noite. Os resultados desta pesquisa poderão vir a subsidiar políticas públicas voltadas para o ecoturismo e a preservação do pantanal.
Também estão sendo realizadas pesquisas visando o desenvolvimento de um bioinseticida contra o Aedes aegipty, mosquito transmissor da dengue, doença que atinge expressivo contingente de brasileiros.
O INAU Pantanal também tem se voltado para a preservação da cultura da região e a sustentabilidade socioambiental de populações pantaneiras, propondo e realizando ações direcionadas a essas comunidades.
Palestra
No próximo dia 09 (segunda-feira), o professor doutor Wolfgang Johannes Junk, coordenador do INAU, vai proferir a palestra “Identificação e Classificação de Áreas Úmidas Brasileiras: Bases Científicas para uma Política Nacional”, na sede do Instituto Nacional de Pesquisas do Pantanal (INPP), no campus de Cuiabá da UFMT.
A palestra terá como público alvo pesquisadores, políticos, tomadores de decisões, gestores e técnicos governamentais e estudantes. Não há necessidade de se inscrever para assistir à palestra.

Tuesday, 3 December 2013

Envolver em vez de se “des-envolver”

IHU
http://www.ihuonline.unisinos.br/index.php?option=com_content&view=article&id=5288&secao=433

Envolver em vez de se “des-envolver”

Michèle Sato, professora e pesquisadora, aposta na educação ambiental e na relação com as populações ribeirinhas para garantir um meio ambiente equilibrado

Por: Ricardo Machado | Colaborou: Leonardo Maltchik

Professora e líder do Grupo Pesquisador em Educação Ambiental, Comunicação e Arte – GPEA, Michèle Sato aborda a Educação Ambiental junto às populações das áreas úmidas, ressaltando que historicamente esses grupos respeitam o ritmo e a dinâmica ecológica. Entretanto, os povos ribeirinhos são os mais vulneráveis às mudanças climáticas ocasionadas pelo efeito estufa, pois isso gera impactos diretos na vida das populações. “É preciso debater mais a noção de ‘des-envolvimento’ e toda a noção de progresso que realmente deixa de envolver a sociedade e o ambiente, focando apenas na economia. O desenvolvimento sustentável, ainda que ostente uma face ambiental, continua sendo o velho capitalismo, agora maquiado de um novo chavão que é repetido sem reflexão crítica, como se fosse a única verdade das diversas identidades pulsantes no mundo. Para além do desenvolvimento, estamos precisando de mais envolvimento”, avalia Michèle Sato, em entrevista por e-mail àIHU On-Line.
Quanto à biodiversidade, a pesquisadora aponta que as áreas úmidas pantaneiras são ricas em biodiversidade aquática, no entanto diversas degradações ameaçam esses locais. “O uso exagerado de agrotóxico, por exemplo, pode contaminar os lençóis freáticos ou nascentes de água, pondo em risco não apenas o local, mas toda a complexidade global, uma vez que o ambiente não enxerga a fronteira cartográfica inventada pelos humanos”. O papel da educação ambiental, neste contexto, é “trazer o diálogo socioambiental, aliando cultura e natureza neste campo pedagógico capaz de fazer emergir a educação como mola propulsora das transformações socioambientais”, pondera. 
Michèle Sato possui licenciatura em Biologia pela Universidade de Santo Amaro - Unisa, mestrado em Filosofia pela University of East Anglia, doutorado em Ciências na Universidade Federal de São Carlos - Ufscar e pós-doutorado em Educação pela Université du Québec à Montréal. É docente associada ao Programa de Pós-Graduação em Educação na Universidade Federal de Mato Grosso - UFMT e líder do Grupo Pesquisador em Educação Ambiental, Comunicação e Arte - GPEA, além de colaboradora em várias outras universidades nacionais e estrangeiras. Colabora nas comissões editoriais de diversos periódicos e é articuladora de diversas redes potencialmente ambientais. Possui várias experiências nacionais e internacionais e é membro do Fórum de Direitos Humanos e da Terra de Mato Grosso.
Confira a entrevista. 

IHU On-Line – Como podemos pensar a relação entre o humano e as áreas úmidas da Amazônia e do Pantanal, seu uso e o desenvolvimento das comunidades no contexto histórico?
Michèle Sato – Historicamente, as populações das áreas úmidas possuem uma intrínseca ligação da cultura com a natureza, onde as expressões humanas se conjugam com o ritmo e a dinâmica ecológica. Há um vasto mundo de signos, crenças e mitologia emanado de uma epistemologia ambiental. Em outras palavras, há um saber chamado “tradicional” que, como as ciências, busca responder aos fenômenos naturais e culturais, tirando sustento, acumulando experiências, gerando movimentos de sobrevivência e ainda revelando a subjetividade como elemento pedagógico de geração a geração, como religião, fé, mitos, “causos e assombrações” na construção da felicidade local.

IHU On-Line – Como as comunidades ribeirinhas na Amazônia e no Pantanal convivem com seu hábitat alagadiço? Como fica a questão da preservação ambiental?
Michèle Sato - Há vários estudos técnicos sobre as populações ribeirinhas, com foco na mitigação ecológica , expressões etnográficas, condições geográficas ou situações sociológicas. Cada qual verá as populações vivendo nestes locais de acordo com seus olhares e teorias. Mas creio que todos são unânimes em denunciar as bruscas mudanças ambientais que afetam a cultura desta gente de maneira muito injusta. No caso da mudança climática, por exemplo, não se trata de enfatizar o mercado de carbono  ou evocar a tendenciosa economia verde , mas sobretudo tentar compreender de que maneira estes povos vulneráveis podem sobreviver no enfrentamento da mudança do clima. E, na medida do possível, atuar junto com eles para que uma pedagogia ambiental possa alicerçar os modos de vida. 

IHU On-Line – Que especificidades têm o uso humano nas áreas úmidas para outros tipos de biomas?
Michèle Sato – Há várias diferenças entre estes mundos secos e úmidos, e os próprios locais chamados úmidos também vivem a época da secura. Há uma dinâmica ecológica diferenciada em cada região, demarcada pelas espécies vegetais e animais, pelo clima ou por diversos outros fatores de distinção entre uma área e outra. Por isso, é de vital importância que as políticas públicas consigam enxergar a regionalidade de cada território, ao invés de homogeneizar todas como se fossem iguais. O conceito de áreas úmidas surgiu oficialmente em 1971, durante a Convenção de Ramsar , cidade do Irã que sediou o evento para o debate internacional das áreas úmidas. Há uma comissão internacional de Ramsar com os principais especialistas mundiais, e este ano foi criado um braço chamado “Cultura”, que dá pistas notáveis de como é importante considerar o humano nos processos de proteção ambiental. Esta rede cultural veio da necessidade de alertar os cientistas de que não é mais possível fazer estudos fragmentados das áreas úmidas sem considerar as relações humanas que delas fazem parte.

IHU On-Line – Quais os principais riscos da interferência humana nas áreas alagadas?
Michèle Sato – As áreas úmidas são frequentemente consideradas zonas de transição de um ecossistema para outro. Os cientistas têm chamado estas áreas de “ecótono” , que é bastante rico do ponto de vista ecológico, já que agrega elementos de duas paisagens, na mistura das vidas de um ecossistema e outro. Simultaneamente, é também o local de maior estresse energético, gerando competições, adaptações e processos de resiliência, isto é, de que maneira uma espécie se adapta ao território. São áreas ricas em biodiversidade aquática, na exuberância da paisagem que a água traz. Mas há várias degradações que ameaçam estas áreas: o uso exagerado de agrotóxico, por exemplo, pode contaminar os lençóis freáticos ou nascentes de água, pondo em risco não apenas o local, mas toda a complexidade global, uma vez que o ambiente não enxerga a fronteira cartográfica inventada pelos humanos. A interconectividade do ambiente é ameaçada com ações humanas que provocam a violência socioambiental, já que um impacto ambiental traz consequências sociais drásticas. Assim, é importante ressaltar que toda vez que temos um impacto ambiental, as consequências recaem sobre os grupos sociais vulneráveis, sem condições de defesa.

IHU On-Line – Qual o papel da educação ambiental neste contexto? Em que medida ela se torna um fator fundamental para a preservação ambiental?
Michèle Sato – Em primeiro lugar, potencializar a educação ambiental em seu caráter político, não meramente comportamental ou intuitivo. Claro que são dimensões interessantes, mas ousar processos que promovam mudanças é mais emergencial. Neste contexto, trazer o diálogo socioambiental, aliando cultura e natureza neste campo pedagógico capaz de fazer emergir a educação como mola propulsora das transformações socioambientais. Retirar o caráter ingênuo da educação implica dizer que ela pode debater a problemática dos resíduos sólidos inscrita numa dimensão do consumo, dos modelos de desenvolvimento e das orientações econômicas que geram os resíduos. Neste contexto, será impossível promover a educação ambiental apenas por meio da coleta seletiva ou de oficinas de reutilização do lixo, mas, principalmente, haverá um debate sobre as injustiças e desigualdades que promovem a geração de resíduos. 

IHU On-Line – Considerando uma perspectiva mais focada nas áreas úmidas, de que maneira a educação pode ajudar no convívio mais harmônico das comunidades próximas às áreas alagadas com a biodiversidade local?
Michèle Sato – Especificamente no caso das águas, as populações ribeirinhas sabem conviver bem com a natureza. Historicamente sempre houve um equilíbrio entre as ações humanas destes grupos sociais mais vulneráveis e a natureza. O que desequilibra e traz danos ambientais não são as populações, senão o capital disfarçado de sustentabilidade: o agronegócio, a usina hidrelétrica, a indústria madeireira ou outro setor mercadológico que promove o trabalho escravo e prejudica o ambiente. A educação ambiental, neste contexto, tem o papel dos ensinamentos de Paulo Freire : aprendemos a mapear os opressores e lutamos contra as forças negativas à nossa libertação. Não promovemos uma educação só de ensinamentos, senão de diálogos. Não mais uma educação ambiental ingênua de abraçar árvores, mas também aquela política, de ter coragem de assumir a não neutralidade educativa e aprender coletivamente contra quem fazemos, pensamos e sentimos a educação ambiental.

IHU On-Line – Em que medida os danos causados ao meio ambiente surgem do desconhecimento de que tais práticas são prejudiciais? Como avançar nesse processo?
Michèle Sato – De minha experiência pessoal, muito se conhece sobre danos e prejuízos ambientais. O que não se conhece ainda é como frear a ganância de lucrar, minimizando os lucros para maximizar os bens socioambientais. Creio que novas alternativas econômicas podem ser possíveis, como a economia solidária, popular ou alternativa a este capitalismo tardio que avassala a natureza, a cultura e a dignidade humana. É preciso debater mais a noção de “des-envolvimento” e toda noção de progresso que realmente deixa de envolver a sociedade e o ambiente, focando apenas na economia. O desenvolvimento sustentável, ainda que ostente uma face ambiental, continua sendo o velho capitalismo, agora maquiado de um novo chavão que é repetido sem reflexão crítica, como se fosse a única verdade das diversas identidades pulsantes no mundo. Para além do desenvolvimento, estamos precisando de mais envolvimento.

IHU On-Line – Quais são os desafios postos à educação ambiental? Como interagem os saberes acadêmicos e das comunidades de regiões alagadas?
Michèle Sato – Na Universidade Federal de Mato Grosso, o Grupo Pesquisador em Educação Ambiental, Comunicação e Arte  vem aliando pesquisa acadêmica com militância política, abraçando a produção científica nas malhas da educação popular. Tornamo-nos sujeitos de pesquisa junto com os comunitários, dialogando saberes, tecendo redes de debates e buscando, junto com eles, construir as políticas públicas que possam garantir dignidade de vida. Temos promovido formação, fórum de debate e produzido alguns materiais educativos que levam a assinatura dos comunitários junto conosco. Longe de ser prescritivo e fechado como as cartilhas, produzimos materiais no substrato da sabedoria deles, aliando escola e comunidade. São aprendizagens coletivas emanadas de muitos diálogos éticos entre os mundos acadêmicos e populares. 

IHU On-Line – De que maneira a questão da educação ambiental, especificamente no que se refere à questão das áreas úmidas, pode se tornar uma pauta pública de destaque na agenda nacional? Por que ela deveria ser debatida amplamente?
Michèle Sato – Há várias maneiras de se compreender o que seja educação ambiental. O que percebo é a magnitude política dos diálogos de saberes que vazam do controle das ciências e incidem no conhecimento que as comunidades possuem sobre o mundo. Nesta envergadura, a educação ambiental deixa de ser uma prática ingênua e reveste-se de uma dimensão transformadora. Reinventa a paixão, faz a transgressão contra os sistemas de regras rígidas e tenta promover a justiça socioambiental. Considera o ambiente e a sociedade humana entrelaçados, sem hierarquizar um polo. Rompendo com este dilema do antropocentrismo ou do biocentrismo, cria uma horizontalidade de potencial de vida, num ciclo permanente de aprendizagens.

IHU On-Line – Deseja acrescentar algo?
Michèle Sato – Na primeira vez que fui ao Pantanal típico de áreas alagadas, atravessei o local com barco, num território úmido de barro, água e esbanjamento líquido que inundava não apenas meus pés, mas também a alma. Junto com cinco homens do Pantanal de São Pedro de Joselândia, fomos observar a feitura de uma canoa, desde a escolha da árvore até a feitura final. Manoel de Barros  jorrava em suas palavras a imensidão da água daquele lugar. Descobrimos, assim, que a canoa não seria meramente um objeto de mobilidade, mas também da arte, na legítima expressão identitária da cultura pantaneira. Alguns meses se seguiram e, no novo reencontro do local, os corixos  que ali serviam de impulso das canoas estavam totalmente secos, transformados em ruas empoeiradas, e outros meios de transporte esparramavam-se na comunidade. Em cada casa visitada, um santuário católico se misturava no labirinto cotidiano de uma gente sofrida que carece de políticas públicas mais fortalecidas, mas que jamais perde sua fé na vida. Entre os seres encantados que habitam as águas e os sonhos da educação ambiental, há muito para se dialogar saberes, ensinando e aprendendo juntamente com as comunidades na travessia da educação popular. É inútil insistir somente nas ciências. A poesia emanada daquele lugar é um convite para se pensar, fazer e, sobretudo, sentir a vida transbordante do Pantanal.

O equilíbrio ambiental que vem das áreas úmidas

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O equilíbrio ambiental que vem das áreas úmidas

O professor e pesquisador Wolfgang Junk aponta que todos os tipos de áreas úmidas são de grande importância e deveriam ter alta prioridade política em todos os países

Por: Ricardo Machado | Colaborou: Leonardo Maltchik

A história da civilização humana está diretamente ligada às áreas úmidas, tendo diferentes impactos conforme as regiões do planeta. “Nas áreas temperadas e frias, as Áreas Úmidas - AUs eram de interesse para caçadores e pescadores, porque eram ricas em animais. Além disso, serviram como refúgios para minorias populacionais humanas e, em épocas mais recentes, para fugitivos políticos e criminosos”, afirma Wolfgang J. Junk, em entrevista concedida por e-mail à IHU On-Line. Atualmente, estima-se que a preservação das áreas úmidas é uma das formas mais econômicas de proteção das populações às enchentes, sobretudo das regiões metropolitanas, considerando os investimentos necessários de contenções para evitar inundações nas cidades. “Ambientalistas e dirigentes de países da Europa e dos EUA já concluíram que restaurar parte das AUs perdidas será mais barato do que investir cada vez mais na proteção contra grandes enchentes”, aponta.
Um problema de ordem social bastante atual é a questão da privatização das áreas públicas, como lembra o professor Wolfang Junk. “A garantia de acesso das populações ribeirinhas à água limpa em leitos de rios protegidos pela vegetação natural deveria ser um direito público, e não um luxo em pousadas cujo ingresso somente pode se dar pagando altas taxas. O direito das populações tradicionais vivendo nestas áreas, que é o de manejar seus recursos naturais com métodos sustentáveis, deveria ter prioridade sobre os sistemas destrutivos do agronegócio”, destaca. 
Wolfgang Junk é graduado em Zoologia, Botânica, Química, Oceanografia e Limnologia pela Universidade de Bonn, UNI-BONN, Alemanha, e doutor em Zoologia, Botânica, Química, Oceanografia e Limnologia pela Universität Kiel (Christian-Albrechts), UK, Alemanha. Atualmente é coordenador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Áreas Úmidas - INAU.
A entrevista foi enviada por e-mail ao professor Wolfgang J. Junk, que respondeu as questões juntamente com os pesquisadores Catia Nunes da Cunha e Paulo Teixeira de Sousa Jr., do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Áreas Úmidas – INAU e da Universidade Federal do Mato Grosso - UFMT; Maria Teresa Fernandez Piedade, Jochen Schoengard e Florian Wittmann, do Grupo Ecologia, Monitoramento e Uso Sustentável de Áreas Úmidas – MAUA, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA. Mesmo a entrevista tendo sido respondida pelo grupo, com intuito de facilitar a compreensão do leitor, colocamos abaixo apenas o nome do professor Wolfang Junk. 
Esta entrevista foi publicada no sítio do Instituto Humanitas Unisinos, em 29-07-2013. 
Confira a entrevista.

IHU On-Line – Que ecossistemas podem ser definidos como áreas úmidas?
Wolfgang Junk - Foi elaborada por um grupo de peritos do Brasil inteiro a seguinte definição para Áreas Úmidas (AUs) brasileiras: Áreas Úmidas são ecossistemas na interface entre ambientes terrestres e aquáticos, continentais ou costeiros, naturais ou artificiais, permanentemente ou periodicamente inundados por águas rasas ou com solos encharcados, doces, salobras ou salgadas, com comunidades de plantas e animais adaptadas à sua dinâmica hídrica.

IHU On-Line – Que importância as áreas alagadas têm para o equilíbrio ecológico e ambiental?
Wolfgang Junk - O Brasil é um país com uma sazonalidade hídrica bem explícita. As áreas alagáveis absorvem o excesso das chuvas durante a época chuvosa ou durante períodos de chuvas torrenciais e devolvem parte deste excesso para a atmosfera, para o lençol freático e para os riachos e rios conectados. Assim, as áreas alagáveis têm “efeito esponja” na paisagem. A destruição destas áreas resulta em inundações e secas catastróficas como foi demonstrado, por exemplo, em 2012 durante as grandes enchentes em Minas Gerais, com muitas mortes e grandes danos materiais.

IHU On-Line – Por que é importante, como o senhor propõe, pensarmos a realidade das áreas úmidas como planícies alagáveis, e não retratos específicos de momentos de seca ou inundação?
Wolfgang Junk - Áreas alagáveis são sistemas ecológicos específicos, que representam todo o ciclo hidrológico, anual e multianual, e não somente as fases extremas de seca e cheia. Plantas e animais que vivem nestes ecossistemas estão adaptados a estas condições, como também as populações humanas tradicionais vivendo dentro ou nas margens destas áreas. Olhar para as áreas alagáveis apenas durante a seca iria levar, por exemplo, agricultores a plantar lavouras, ou a população em geral a construir casas e estradas em áreas que alagam durante as cheias. Isto implicaria em perdas de colheitas e propriedades. Para não perder a colheita e o patrimônio na enchente, a construção de diques de contenção e outras medidas seriam demandadas do poder público para proteção. Como consequência, as inundações rio abaixo seriam mais intensas, porque falta espaço para estocar a água extra, que não mais seria absorvida pelas áreas alagáveis após estas serem ocupadas. Isso iria criar danos rio abaixo e exigiria outras construções de proteção contra as enchentes, com gastos da ordem de milhões do patrimônio público.
Por outro lado, durante a cheia, a área alagável passa a impressão de que tem água demais. Em consequência disso, poder-se-ia propor o desenvolvimento de sistemas para remoção de grandes quantidades de água para outras áreas. Entretanto, se subitamente vier um ano excepcionalmente seco, a água disponível será insuficiente. Neste momento, a ação anterior de retirada demasiada da água se fará sentir e custará a integridade do ecossistema, resultando, por exemplo, na mortandade grande de organismos aquáticos e na deterioração da qualidade da água para o consumo humano.

IHU On-Line – Historicamente, como as áreas úmidas corresponderam a sistemas importantes na construção da cultura humana?
Wolfgang Junk - Áreas úmidas tiveram impactos diferentes na cultura humana dependendo de sua posição geográfica. Nas áreas temperadas e frias, as AUs eram de interesse para caçadores e pescadores, porque eram ricas em animais. Além disso, serviram como refúgios para minorias populacionais humanas e, em épocas mais recentes, para fugitivos políticos e criminosos. Para a agropecuária, as inundações pouco previsíveis criaram riscos muito grandes. Por isso, os moradores tinham que investir em sistemas de proteção que eram muito caros, e somente hoje o homem dispõe de tecnologias para promover este tipo de proteção em grande escala. Porém, os custos econômicos e ecológicos são exorbitantes, de maneira que ambientalistas e dirigentes de países da Europa e dos EUA já concluíram que restaurar parte das AUs perdidas será mais barato do que investir cada vez mais na proteção contra grandes enchentes.
Nos trópicos  e subtrópicos , as inundações eram previsíveis, e as populações adaptaram os métodos de cultivo ao ritmo das enchentes e secas. As AUs eram muito férteis e as safras grandes deixaram tempo suficiente para as populações humanas investirem em artes, tecnologias novas, medicina, etc., formando ricos centros culturais. No Rio Nilo  há uma régua feita na era faraônica para medir o nível da água. Se o nível do Rio Nilo não atingisse uma marca mínima, os agricultores eram isentos de pagar taxas, porque uma inundação fraca significava uma colheita fraca. O faraó e os sacerdotes sabiam da existência de épocas plurianuais de inundações fracas e estocavam alimentos para os famosos “períodos das vacas magras”, mencionados no velho testamento. Períodos maiores de secas grandes, porém, criaram problemas muito sérios, levando até ao colapso destas culturas.

IHU On-Line – Atualmente, quais são as áreas úmidas mais importantes no planeta? Por quê?
Wolfgang Junk - As grandes turfeiras  (regiões alagadiças com vegetais em decomposição) do hemisfério Norte são importantíssimas para o clima global, porque estocam grandes quantidades de matéria orgânica que, ao se decomporem, vão entrando na forma de CO2 e metano na atmosfera, o que aumentará bastante o efeito estufa, contribuindo para as mudanças climáticas globais.
As grandes AUs famosas, como, por exemplo, o Pantanal Mato-Grossense e as AUs Amazônicas no Brasil, os Everglades  na Flórida, o Delta do Okawango  na África, o Delta dos Rios Ganges  e Bramaputra  (os Sunderbans) na Índia e as AUs no norte da Austrália (Parque Nacional do Kakadu ), chamam a atenção do público e servem como faróis, por causa da beleza paisagística e da riqueza da vida silvestre. Porém, no ciclo hidrológico, as matas ripárias ao longo dos pequenos rios são de suma importância para tamponar o fluxo da água e garantir sua qualidade, evitando a entrada de sedimentos, nutrientes, agrotóxicos, etc.; os sistemas costeiros são insubstituíveis para a proteção das costas, para a pesca e para o conjunto de seres vivos marinhos, e se somamos a importância das pequenas AUs dispersas na paisagem para a manutenção da biodiversidade, podemos constatar que seu valor é extremamente alto. Em outras palavras: todos os tipos de AUs são de alta importância, e seu manejo sustentável e sua proteção deveriam ter alta prioridade política em todos os países.

IHU On-Line – Como é feito o trabalho do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Áreas Úmidas?
Wolfgang Junk - O Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Áreas Úmidas — INCT Áreas Úmidas — é um instituto virtual, ou seja, composto com vários núcleos de pesquisa. É, sobretudo, uma rede de cientistas e institutos de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, que aprovaram, em 2008, proposta junto ao CNPq para estudar as quatro AUs grandes desses dois estados: Pantanal Mato-Grossense, Rio Araguaia, inclusive Ilha do Bananal , Rio Guaporé e Rio Paraná. Entretanto, observa-se que (1) as AUs do Guaporé e do Paraná estendem-se também para os estados de Rondônia e Paraná, e que (2) uma abordagem em nível nacional era necessária para responder aos grandes problemas políticos conectados às AUs. Por isso, a abordagem foi ampliada e uma rede foi formada, que incluiu cientistas líderes em AUs de todo o Brasil. O resultado mais recente é um documento sobre as AUs brasileiras, que se encontra nos sítios www.cppantanal.org.br e www.inau.org.br. Uma versão científica em inglês de autoria de todos os participantes está no prelo para a revista científica Aquatic Conservation: Marine and Freshwater Ecosystems. Pretende-se intensificar a cooperação entre os membros da rede ampliada.

IHU On-Line – Qual o papel do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA no que se refere às pesquisas sobre áreas úmidas?
Wolfgang Junk - Podemos considerar o INPA o berçário dos estudos sobre AUs interiores do Brasil, porque os primeiros trabalhos, que visaram estabelecer o papel dos rios com suas AUs no contexto da paisagem, foram realizados nos anos 1950 pelo professor Harald Sioli em cooperação com o INPA. Nos anos 1960, colaboradores e alunos do professor Sioli continuaram estes estudos por meio de um convênio entre a Sociedade Max-Planck, representada pelo Instituto de Limnologia em Ploen, Alemanha, e o INPA. Eles formaram uma escola, que continua estes estudos na Amazônia pelo grupo Ecologia, Monitoramento e uso Sustentável de Áreas Úmidas - MAUA, liderado pela professora Maitê Piedade. Participantes deste grupo publicaram inúmeros trabalhos sobre as AUs amazônicas e cooperam agora intensivamente com pesquisadores do INAU. Além dos pesquisadores do grupo MAUA existem também outros pesquisadores do INPA que trabalham nas AUs Amazônicas.

IHU On-Line – As pesquisas sobre as áreas úmidas realizadas pelo INAU buscam fazer um mapeamento com vistas às políticas públicas. Que políticas seriam estas e como elas impactariam na vida das pessoas?
Wolfgang Junk - As AUs brasileiras são consideradas por muitos políticos como áreas sem valor, que deveriam ser inseridas na cadeia produtiva tradicional da agropecuária. Outras são usadas como lugares para despejar detritos sólidos industriais, de mineração, de construção civil e de esgotos, para depois serem aterrados e usados na construção de estradas e casas. O INAU elaborou, em cooperação com peritos do Brasil inteiro, parâmetros para o delineamento das AUs brasileiras, considerando as condições hidrológicas específicas do País. Estes parâmetros questionam, por exemplo, o conteúdo do novo código florestal , que determina as áreas a serem protegidas ao longo dos rios e riachos a partir do nível mínimo da água, enquanto os nossos parâmetros exigem a proteção a partir do nível máximo, como era definido no Código Florestal antigo.
O novo código deixa a maior parte das AUs desprotegidas, com consequências desastrosas para o ciclo hidrológico, a qualidade da água, a biodiversidade e, a médio e longo prazo, a qualidade de vida das populações ribeirinhas. O mapeamento e a classificação das AUs em nível nacional vai possibilitar a elaboração de estratégias para seu manejo sustentável. A garantia de acesso das populações ribeirinhas à água limpa em leitos de rios protegidos pela vegetação natural deveria ser um direito público e não um luxo em pousadas cujo ingresso somente pode se dar pagando altas taxas. O mesmo vale para as grandes AUs brasileiras. O direito das populações tradicionais vivendo nestas áreas, que é o de manejar seus recursos naturais com métodos sustentáveis, deveria ter prioridade sobre os sistemas destrutivos do agronegócio.

IHU On-Line – Do ponto de vista biológico, o que as áreas úmidas representam em termos de biodiversidade de plantas e animais? Qual a importância da preservação?
Wolfgang Junk - Estudos no mundo inteiro mostram que a biodiversidade em AUs por área é proporcionalmente maior de que em outros ecossistemas, porque elas são colonizadas por espécies de plantas e animais aquáticos, terrestres e palustres (espécies de pântano). Muitas espécies são endêmicas, ou seja, ocorrem somente em AUs. Além disso, as grandes AUs são usadas como paradeiros de aves migratórias durante a suas migrações Norte/Sul e vice-versa, ou como paradeiros de espécies migratórias durante o inverno dos hemisférios Norte e Sul. O mesmo acontece com muitas espécies de peixes marítimos, que usam os mangues para desova e berçário, bem como na piracema dos peixes nos grandes rios. Por isso, o interesse da comunidade internacional na proteção destas áreas é grande, o que está sendo regulamentado pela Convenção de Ramsar , da qual o Brasil é signatário desde 1993.

IHU On-Line – De que maneira a construção de usinas hidrelétricas, por exemplo, impacta no equilíbrio do ecossistema de áreas que são naturalmente alagadas e de áreas que eram secas e se tornaram alagadas?
Wolfgang Junk - A construção de represas hidrelétricas significa um impacto severo ao respectivo rio e às suas AUs laterais, porque a barragem interrompe a conectividade longitudinal do rio, interrompendo as rotas migratórias dos animais aquáticos, interferindo nos fluxos de água, de sedimentos e de nutrientes dissolvidos. O pulso natural na área da represa e rio abaixo é alterado de acordo com as demandas de energia e não acompanha mais os ciclos naturais, o que tem impactos severos para as plantas e animais associados a esses ambientes. Estudos de muitos anos no Núcleo de Pesquisas em Limnologia, Ictiologia e Aquicultura – Nupelia, em Maringá, comprovaram que as populações de peixes migratórios colapsam e mudam a composição da ictiofauna  (conjunto e espécies de peixes que vivem em uma região biogeográfica), como também aquela do fito  e zooplâncton . Os impactos para a vegetação superior das AUs são bem visíveis pela mortalidade das florestas alagáveis dentro e abaixo das represas.
Ninguém pode negar a necessidade econômica e ecológica do aproveitamento da hidroenergia, mas é necessário um planejamento em médio e longo prazo para o aproveitamento deste recurso. Isto é fundamental, porque os custos ecológicos podem ser tão altos que ultrapassam, de longe, o valor econômico da energia gerada.
Nem todas as represas hidrelétricas consideradas tecnicamente viáveis pelos engenheiros deveriam ser construídas, por causa dos seus altos custos para o meio ambiente e para os moradores a serem deslocados e por causa da baixa quantidade da energia gerada. A represa de Balbina , no Rio Uatumã, no estado do Amazonas, é um exemplo de uma obra faraônica, que inundou 2,3 mil quilômetros quadrados de floresta, não satisfez as demandas energéticas de Manaus e criou outros efeitos ambientais negativos, como, por exemplo, a liberação de grandes quantidades de metano.

IHU On-Line – Quais são os principais desafios postos à questão das áreas úmidas no planeta?
Wolfgang Junk - Esta pergunta é difícil de responder, porque a situação das AUs nas diversas regiões do planeta é diferente. Na Rússia, por exemplo, o governo não tem qualquer cuidado com as áreas úmidas, porque o país é imenso, suas AUs são pequenas e a população é também pequena. Na China, a destruição das AUs está muito avançada e continua em ritmo acelerado, porém, os chineses alegam que a área de AUs artificiais está aumentando, porque AUs naturais são convertidas em áreas de plantios de arroz.
Nos EUA, em vários países europeus e na Austrália, a época da grande destruição das AUs já passou, e grandes esforços estão sendo feitos para proteger e recuperar aquelas ainda existentes, porque as perdas econômicas com a destruição das AUs são muito grandes. A África tem grandes AUs colonizadas por populações tradicionais, com métodos de uso bem adaptados. Porém, a entrada de capital estrangeiro começa a forçar o desenvolvimento agrário “moderno”, a custo do meio ambiente e das populações tradicionais. O subcontinente indiano (Índia e Bangladesh) sofre com uma superpopulação e um desenvolvimento industrial desenfreado, que exercem uma pressão brutal sobre as AUs ainda existentes.
Na América do Sul, que é rica em AUs em estágio ainda natural ou pouco perturbado, falta uma política específica que trate do manejo sustentável e da proteção dessas áreas. Os governos ainda não reconhecem os valores econômicos, ecológicos e sociais de suas AUs e ainda não aprenderam a lição, de que os custos para a recuperação de AUs degradadas são muito mais altos do que aqueles necessários para mantê-las intactas.

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