INAU- INSTITUTO NACIONAL DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA EM ÁREAS ÚMIDAS
LABORATÓRIO 5: EDUCAÇÃO, SOCIOECONOMIA E PRÁTICAS CULTURAIS
PROJETO 5: CIÊNCIA E CULTURA NA REINVENÇÃO EDUCOMUNICATIVA
Subprojeto 5.3: Avaliação Ecossistêmica do Milênio
MITOLOGIA PANTANEIRA
Relatório de pesquisa de campo
15 e 18 de março de 2012
São Pedro de Joselândia (SPJ) - MT.
Sonia Palma
Michèle Sato
Adriana Werneck
Sonia Palma: águas de São Pedro de Joselândia
No Pantanal não se
pode passar régua
sobre muito quando chove.
Régua é existidura de limites e o Pantanal não tem limites.
Aqui, bonito é desnecessário,
Beleza e glória das coisas o olho que põe.
Manoel de Barros
Iniciamos esse relato de pesquisa considerando a rica experiência da pesquisa, desde o início da viagem até chegar ao nosso destino, São Pedro de Joselândia. A equipe do GPEA, composta nessa viagem por 14 pesquisadores, fez o percurso de barco por entre as águas do Rio Cuiabá, deslizando nos espelhos e borbulhas pantaneiras.
Sonia Palma: GPEA (Helmi, Mimi, Gi e Soninha)
Sonia Palma: GPEA (Iaiá, Rosana, Elô, Fátima e Lushi)
Sonia Palma: GPEA (Bambam, Frica, Aitana e Lui)
O Tanka é um estilo de poesia japonesa cuja proposta original é ser escrita por duas pessoas, mas, inovando a proposta, Michèle Sato propõe no percurso das águas, entre rios e riachos, entre cheiros e texturas, um Tanka escrito a várias mãos.
Sonia Palma: Livro "mitos das águas" e as poesias construídas na trajetória aquática de um grupo pesquisador sociopoético
Fazendo uma analogia ao Tanka, a sintonia do grupo fica ainda mais evidente quando as pesquisas individuais dão espaço para primeiramente um levantamento “a várias mãos” do censo socioeconômico da localidade de São Pedro de Joselândia, objeto de pesquisa da Prof.ª Giseli Dalla Nora, que se deu nos dias 16 e 17.03. Visitamos várias casas e muitas se distanciavam, umas das outras, por campos de pastos, o que fazia da pesquisa um momento de reconhecimento de grande parte da comunidade pantaneira de São Pedro de Joselândia.
Sonia Palma: GPEA - Lui, Cacá, Fá, Aitana e Iaiá
Para nossas pesquisas individuais ( Michèle, Sonia e Adriana), que tem como objetivo geral uma sistematização das narrativas sobre mitos e “seres encantados” do Pantanal, entrevistamos alguns moradores e pudemos coletar alguns “causos”, principalmente com o Sr. Joaquim Santana Rodrigues e a D. Juraci, moradores de São Pedro de Joselândia.
Sonia Palma: Seu Joaquim
Os causos do lobisomem e do bicho d’água (minhocão) e da mula-sem-cabeça são os mais presentes nas narrativas dos moradores e, segundo eles, esses foram comuns de se ver na comunidade.
Segundo o Sr. Joaquim “há mais olhos n’água do que na terra. Os encantos são tudo na água.”
Sonia Palma: riozinho
Ainda de acordo com relato do Sr. Joaquim, “o lobisomem é um bicho parecido com um porco; os cotovelos encontram com o chão e as mãos batem na orelha”.
Houve relato também, com menor incidência, de aparição de uma luz declarada por D. Juraci como “disco voador”. D. Juraci ainda nos relatou que é no “campinho” que grande parte das aparições aconteceu. “Esse campo tem história!”, nos relata a moradora.
Sonia Palma: o campinho
As narrações míticas dos moradores de São Pedro de Joselândia demonstram que a comunidade conserva os resquícios de sua memória longínqua. Segundo Cavalcanti (1997)[1], tais narrações são:
“´[...] de um conhecimento universal essencial, e são, ao mesmo tempo, uma tentativa de elaboração e compreensão do mistério das origens do cosmo, da vida e do seu processo evolutivo. O mito é, assim, um dos caminhos que nos trazem a possibilidade de religação com as fontes mais antigas deste conhecimento esquecido.”
[1] CAVALCANTI, Raíssa. Mitos da Água: as imagens da alma no seu caminho evolutivo. São Paulo: Cultrix, 1997
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