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Um dos mais importantes cenários de estudos históricos é o Carste de Lagoa Santa, em Minas Gerais. Lá, existem enormes painéis rupestres, com pinturas e gravuras datados de até 10 mil anos atrás.
Um dos principais personagens a se deparar com a arqueologia mineira foi o naturalista dinamarquês Peter Wilhelm Lund. De família abonada, chegou ao Brasil em 1825 com problemas de saúde, mas logo seus interesses científicos o fizeram "esquecer" de suas debilidades físicas, e seus intensos estudos deram à região de Lagoa Santa o título de berço da Arqueologia e Paleontologia brasileiras.
Lund se interessava pelos assuntos mais variados da história natural. Na sua época, a noção de pré-história ainda não havia surgido e a Bíblia era a referência para aqueles que fossem indagar sobre o passado remoto da humanidade. Tanto que, em camadas sedimentares consideradas antigas, qualquer vestígio animal encontrado era definido como ‘antediluvianos’.
Neste contexto, a região da Lagoa do Sumidouro foi um dos pontos mais importantes para o trabalho de Lund e seu parceiro, Peter Andreas Brandt, desenhista norueguês, cujo trabalho foi vital para retratar com precisão as descobertas de Lund.
A Gruta do Sumidouro, entre tantas estudadas pelo naturalista, ficou conhecida mundialmente pelos elementos que proporcionou para a formulação de uma teoria revolucionária. Ao encontrar esqueletos humanos misturados com grandes animais extintos, Lund notou que tais ossadas tinham sido transportadas para dentro da gruta. Comparou o grau de fossilização dos esqueletos humanos com o dos animais e percebeu uma nítida semelhança temporal. Levantou assim a hipótese de que os homens antigos haviam coexistido com esta fauna extinta, teoria ousada para a época. Apenas cerca de 20 anos depois, na metade do século 19, essa ideia começou a ser considerada.
É possível afirmar que as descobertas de Lund, apoiadas em minucioso método científico, contribuíram para reformular a história da Humanidade, abrindo caminho para a aceitação das ideias evolutivas de Darwin.
Segundo os manuscritos do dinamarquês, em um período de 9 anos, visitou mais de 800 cavernas na região central de Minas Gerais. Atribui-se a ele as primeiras interpretações detalhadas sobre os processos de formação das cavidades subterrâneas, com explicações sucintas e técnicas.
Analisando a morfologia dos crânios encontrados do chamado “Homem de Lagoa Santa”, percebeu uma nítida diferença em relação aos homens atuais, por ele definidos como "raça americana". Novos estudos confirmaram essas observações, reformando as teorias até então difundidas sobre o povoamento do continente americano.
Ainda hoje, a região de Lagoa Santa é alvo de importantes pesquisas arqueológicas, agora interessadas não apenas nos esqueletos humanos, mas na forma como eram sepultados. Escavações na Lapa do Santo revelaram um cuidado especial com o pós-morte, assunto que abordarei em outro artigo.
A Lagoa do Sumidouro está localizada no Parque Estadual do Sumidouro, criado em 1980 numa área total de 1.300 hectares. O parque protege 52 cavernas calcárias e cerca de 170 sítios arqueológicos históricos e pré-históricos, com vegetação típica de cerrado, matas ciliares e vegetação rupícola. Denominado “Parque da Memória”, está aberto à visitação e possui trilhas interpretativas. Abriga a Gruta da Lapinha, uma das mais importantes da região.
Agradecimentos: Parque Estadual do Sumidouro e Luciano Faria.
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As revelações arqueológicas da Gruta do Sumidouro
19 de Novembro de 2012
Uma caverna pode ser considerada uma universidade natural. São inúmeras as ciências associadas ou que tem nestes ambientes subterrâneos uma verdadeira biblioteca prática, um laboratório para as mais variadas pesquisas. Desde intricados estudos de química, geocronologia e evolução, a uma arqueologia high tech envolvendo modelagens e refinados processos de escavação. Um dos mais importantes cenários de estudos históricos é o Carste de Lagoa Santa, em Minas Gerais. Lá, existem enormes painéis rupestres, com pinturas e gravuras datados de até 10 mil anos atrás.
Um dos principais personagens a se deparar com a arqueologia mineira foi o naturalista dinamarquês Peter Wilhelm Lund. De família abonada, chegou ao Brasil em 1825 com problemas de saúde, mas logo seus interesses científicos o fizeram "esquecer" de suas debilidades físicas, e seus intensos estudos deram à região de Lagoa Santa o título de berço da Arqueologia e Paleontologia brasileiras.
Lund se interessava pelos assuntos mais variados da história natural. Na sua época, a noção de pré-história ainda não havia surgido e a Bíblia era a referência para aqueles que fossem indagar sobre o passado remoto da humanidade. Tanto que, em camadas sedimentares consideradas antigas, qualquer vestígio animal encontrado era definido como ‘antediluvianos’.
Neste contexto, a região da Lagoa do Sumidouro foi um dos pontos mais importantes para o trabalho de Lund e seu parceiro, Peter Andreas Brandt, desenhista norueguês, cujo trabalho foi vital para retratar com precisão as descobertas de Lund.
A Gruta do Sumidouro, entre tantas estudadas pelo naturalista, ficou conhecida mundialmente pelos elementos que proporcionou para a formulação de uma teoria revolucionária. Ao encontrar esqueletos humanos misturados com grandes animais extintos, Lund notou que tais ossadas tinham sido transportadas para dentro da gruta. Comparou o grau de fossilização dos esqueletos humanos com o dos animais e percebeu uma nítida semelhança temporal. Levantou assim a hipótese de que os homens antigos haviam coexistido com esta fauna extinta, teoria ousada para a época. Apenas cerca de 20 anos depois, na metade do século 19, essa ideia começou a ser considerada.
É possível afirmar que as descobertas de Lund, apoiadas em minucioso método científico, contribuíram para reformular a história da Humanidade, abrindo caminho para a aceitação das ideias evolutivas de Darwin.
Segundo os manuscritos do dinamarquês, em um período de 9 anos, visitou mais de 800 cavernas na região central de Minas Gerais. Atribui-se a ele as primeiras interpretações detalhadas sobre os processos de formação das cavidades subterrâneas, com explicações sucintas e técnicas.
Analisando a morfologia dos crânios encontrados do chamado “Homem de Lagoa Santa”, percebeu uma nítida diferença em relação aos homens atuais, por ele definidos como "raça americana". Novos estudos confirmaram essas observações, reformando as teorias até então difundidas sobre o povoamento do continente americano.
Ainda hoje, a região de Lagoa Santa é alvo de importantes pesquisas arqueológicas, agora interessadas não apenas nos esqueletos humanos, mas na forma como eram sepultados. Escavações na Lapa do Santo revelaram um cuidado especial com o pós-morte, assunto que abordarei em outro artigo.
A Lagoa do Sumidouro está localizada no Parque Estadual do Sumidouro, criado em 1980 numa área total de 1.300 hectares. O parque protege 52 cavernas calcárias e cerca de 170 sítios arqueológicos históricos e pré-históricos, com vegetação típica de cerrado, matas ciliares e vegetação rupícola. Denominado “Parque da Memória”, está aberto à visitação e possui trilhas interpretativas. Abriga a Gruta da Lapinha, uma das mais importantes da região.
Agradecimentos: Parque Estadual do Sumidouro e Luciano Faria.
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