Monday 23 June 2014

Acesso à água potável e saneamento ainda é desafio em várias partes do mundo

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Acesso à água potável e saneamento ainda é desafio em várias partes do mundo

Natasha Pitts
Adital
O acesso à água limpa e a uma rede de esgoto é um direito humano essencial, reconhecido pela Organização das Nações Unidas (ONU) como o caminho para que se possa ter uma vida digna e chegar a todos os outros direitos humanos. Mesmo assim, milhares de pessoas ainda têm esses direitos negados.
Estima-se que 1,8 bilhão de pessoas ao redor do mundo não tenham acesso à água limpa e 2,5 bilhões não tenham acesso a qualquer tipo de saneamento; 1,1 bilhão seguem defecando ao ar livre. Os números, apesar de serem altos, podem ainda ser subestimados, pois milhares de pessoas que vivem em assentamentos precários não são contabilizadas.
Para que essa realidade se transforme é necessário mais empenho dos Estados em assegurar recursos financeiros, capacitação e transferência de tecnologia para que todos os seus habitantes tenham direito a dispor de água suficiente, saudável, aceitável e fisicamente acessível para seu uso pessoal e doméstico, como determina o Comitê de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais das Nações Unidas.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), cada pessoa necessita em média de 50 a 100 litros de água por dia para satisfazer suas necessidades mais básicas. Quando esse direito é desrespeitado, são grandes os impactos na saúde. Hoje, calcula-se que a perda anual por carência de acesso a saneamento é de 260 bilhões de dólares; por outro lado, cada dólar investido em água e saneamento em regiões em desenvolvimento gera um retorno que gira entre 5 e 28 dólares por pessoa.
Com o crescimento da população mundial e as constantes mudanças climáticas, a disponibilidade de água potável fica cada vez mais comprometida. Além disso, as extrações de água triplicaram nos últimos 50 anos e se estima que a demanda mundial de água para a produção de alimentos deve duplicar até 2050. Com isso, os esforços de Estados e organizações também precisam se intensificar.
A relatora especial das Nações Unidas sobre o Direito Humano à Água e Saneamento, Catarina de Albuquerque, pede que, em tempos de estabilidade, os Estados possam garantir financiamento para o funcionamento e manutenção de sistemas que não se deteriorem facilmente. O pedido se fundamenta no fato de que avarias na infraestrutura, rápida urbanização e manutenção insuficiente causam perdas anuais estimadas entre 250 e 500 milhões de metros cúbicos de água.
Nos últimos 20 anos, mais de 180 mil bombas manuais instaladas em diversos pontos da África Subsaariana, por exemplo, foram danificadas após pouco tempo de uso, deixando mais de 70 milhões de pessoas sem acesso à água e tornando improdutivo o investimento de cerca de 1,5 bilhão de dólares.
Alguns países já apresentaram avanços. No Brasil, a população sem saneamento básico caiu pela metade. Nos anos de 1990 a 2012, a taxa de residências ligadas à rede coletora de esgoto passou de 53% para 77%. No que diz respeito ao acesso à água, a cifra passou de 70% para 85,5% no mesmo período. Muitas outras nações ainda precisam se empenhar para que a meta da ONU de reduzir a proporção da população sem acesso à água potável e saneamento seja reduzida no mundo.
Com informações da Fundação Avina.

Natasha Pitts

Jornalista da Adital

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