Monday 16 September 2019

As fazedoras de saberes


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“As fazedoras de saberes”


Lançamento do livro As fazedoras de saberes: Diálogos das Mulheres Quilombolas do Mutuca com a Educação Ambiental, Gênero e Justiça Climática em Mutuca, Livramento, MT será neste sábado, 10.
A comunidade quilombola Ribeirão do Mutuca, na zona rural de Nossa Senhora do Livramento, situada às margens da Rodovia MT 060, entrada à direita no km 26, no sentido Poconé – tem histórias de resistências e nos encanta com sua cultura e saberes da vida. Herdeira de tradições tão ricas ao povo mato-grossense como a dança do congo, comemoram com inúmeras festas comunitárias o ano inteiro as dádivas da natureza e da vida, envolvendo pessoas nos municípios de Livramento, Poconé, Várzea Grande e Cuiabá.
A energia de sua gente contagia sobremaneira todo o viver cuiabano, contribuindo para a formação de nosso modo de ser, viver e sentir nesta terra.
Na comunidade Mutuca habitam 130 famílias e sua produção da agricultura familiar abastece muitos locais, entrelaçando diversos os pratos culinários dos municípios lindeiros com seu modo ancestral de cultivar e de viver neste lugar.
Comunidade assim tão arraigada à terra e a seus valores nos dão a esperanças de que há modos de ser e de viver em que é possível sentir a vida sem desconectar totalmente da natureza, nos alertando que não podendo ignorá-la de sua força sobre nós. Contudo, nestes tempos de crise climática, tais povos e comunidades precisam conhecer mais informações que os órgãos de pesquisa estão produzindo sobre o tema e se preparem para mais este enfrentamento com o cuidado que elas já têm com a vida e com planeta.
Diante deste contexto, durante o ano de 2016, duas pesquisadoras do Grupo Pesquisador em Educação Ambiental, Comunicação e Arte, do Instituto de Educação, da Universidade Federal de Mato Grosso (GPEA/UFMT), em plena fase de pesquisa no doutorado e tendo o quilombo como local de suas reflexões, apresentaram à Diretoria da Associação da Comunidade Negra Rural do Quilombo Ribeirão do Mutuca – Acorquirim, em sua sede no quilombo de Mutuca, em Nossa Senhora do Livramento, uma proposta de curso de extensão de Educação Ambiental e Justiça Climática para as mulheres do quilombo, tendo em vista às mudanças climáticas em curso no Planeta, já alertado pelos mais importantes órgãos de pesquisas mundiais sobre o assunto.
De imediato e atenta a esta questão, a diretora Laura Silva aceitou a proposta do curso com a recomendação que o resultado desse processo pedagógico se transformasse em um livro publicado.
Desafio aceito pelo GPEA, a proposta foi apresentada e aprovada pela UFMT como curso de extensão, sendo realizado todos aos sábados entre os meses de agosto a outubro de 2016 no barracão da Acorquirim, em Mutuca. Os temas da formação versaram sobre os saberes das mulheres quilombolas e como elas podem utilizá-los para o fortalecimento de suas identidades, tendo em vista o enfrentamento às mudanças climáticas em curso. Traz também seus conhecimentos sobre o cuidado com a terra, a casa, as plantas, as crianças, a família e a comunidade. O livro discorre do que elas relataram durante o curso e o que elas decidiram que deveriam constar como seus saberes quilombolas. Daí resulta que elas participantes do curso são autoras do livro, uma parceria com as pesquisadoras do GPEA/UFMT.
As mulheres foram escolhidas porque é o grupo social mais vulnerável aos efeitos drásticos do colapso climático uma vez que delas dependem todo o cuidado da casa, das crianças e dos idosos e estão quase sempre com renda econômica mais baixa que os homens, sofrendo com os efeitos de uma sociedade patriarcal e machista, enfrentando violências de várias formas. Mulher negra quilombola, portanto, devem estar preparadas para o colapso climático pois são elas que sofrerão as maiores consequências deste acontecimento.
O livro As fazedoras de saberes: Diálogos das Mulheres Quilombolas do Mutuca com a Educação Ambiental, Gênero e Justiça Climática traz a beleza de que foram os encontros pedagógicos, tornando as 32 mulheres quilombolas autoras do mesmos e os membros do GPEA como autoras e organizadoras do livro.
Neste sábado, dia 10/08, no barracão da ACORQUIRIM, às 9h, as autoras mulheres quilombolas receberão um exemplar do livro que elas escreveram, assim também como as demais autoras do GPEA, e comemoram este importante trabalho que agora está disponível e acessível para qualquer pessoa que quiserem conhecer mais sobre elas.
Mais Informações:
Profa. Giseli Dalla-Nora – GPEA/UFMT: (65) 9-9977-0742
Profa. Laura Silva -ACORQUIRIM: (65) 9-9330-0589

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