Saturday, 28 September 2019

Como Greta Thunberg se tornou alvo de uma campanha de desinformação nas redes

https://aosfatos.org/noticias/como-greta-thunberg-se-tornou-alvo-de-uma-campanha-de-desinformacao-nas-redes/?utm_source=aosfatos&utm_campaign=97388870d7-newsletter_created_on_2019-09-26+12%3A49%3A01&utm_medium=email&utm_term=0_b221809dd3-97388870d7-214397677




Como Greta Thunberg se tornou alvo de uma campanha de desinformação nas redes

Por Amanda Ribeiro
27 de setembro de 2019, 13h50

Bastaram pouco mais de quatro minutos de discurso na Cúpula de Ação Climática da ONU na segunda-feira (23) para que a ativista ambiental sueca Greta Thunberg, 16, virasse alvo de uma campanha difamatória nas redes sociais calcada em desinformação. Desde a sua fala nas Nações Unidas, ganharam visibilidade posts enganosos que afirmam ser ela neta do bilionário húngaro George Soros, que seus pais são satanistas e anarquistas e que seu penteado de tranças seria a repetição de uma estratégia nazista para convencer o público.
Publicadas em diversas línguas, as postagens identificadas e analisadas por Aos Fatos já reuniam ao menos 42 mil compartilhamentos no Facebook nesta sexta-feira (27). Grande parte das peças de desinformação disseminadas agora por perfis brasileiros foram importadas de sites e páginas do Facebook dos Estados Unidos e da França ligados à direita e a temas conservadores.
No Brasil, essas informações falsas, inclusive, transbordaram os limites da internet, tendo sido reproduzidas em comentários de políticos e comunicadores, como o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), o deputado estadual pelo PSL de São Paulo Frederico D’Avila, o colunista Rodrigo Constantino, o apresentador da Band Luis Ernesto Lacombe e o jornalista potiguar Gustavo Negreiros. Os ataques em série motivaram até uma reação nas redes, por meio da hashtag #desculpagreta, que ganhou fôlego no Twitter nesta quinta.
Em resposta aos ataques, Greta publicou na quarta (25) um texto no Facebook em que diz não entender porque “adultos escolhem gastar seu tempo ameaçando adolescentes e crianças por promoverem a ciência, quando poderiam fazer algo de bom”.
Abaixo, Aos Fatos destrincha os cinco principais eixos de desinformações contra Greta Thunberg que surgiram nos últimos dias nas redes sociais — e fora delas.

1. George Soros
Greta Thunberg não é neta do bilionário húngaro George Soros nem há indícios ou provas de que ela seja financiada pela ONG dele, a Open Society Foundation. Ainda assim, estas foram as duas informações falsas mais disseminadas sobre ativista nas redes sociais desde o discurso dela na Cúpula do Clima da ONU.
Os posts que afirmam o falso grau de parentesco, já checado por Aos Fatos, têm sido acompanhados de uma montagem na qual a ativista aparece ao lado do investidor. Na foto original, postada por Greta em sua conta no Twitter, é Al Gore, ex-vice-presidente dos Estados Unidos e também ativista pelo clima, quem está ao lado da adolescente. Os avôs de Greta são, na verdade, Olof Thunberg, do lado paterno, e Lars Ernman, do materno.


A associação de personalidades e defensores de causas progressistas a Soros é um argumento frequente entre conservadores, pois a sua fundação, de fato, costuma fazer doações para projetos voltados a direitos humanos e meio ambiente. Porém, esse não é o caso de Greta: Aos Fatos não encontrou o nome dela nem do movimento Fridays For Future entre os beneficiados pelos recursos da organização.
No Twitter, a Open Society Foundation negou que financie as atividades de Greta ou que Soros seja seu avô.
A falsa associação de Greta à Open Foundation tem sido feita usando a ativista alemã Luisa-Marie Neubauer, de 23 anos, que é embaixadora da ONG ONE e que, como a sueca, também se dedica à causa ambiental. A ONE tem a Open Foundation entre os seus doadores, mas não só: a lista conta com dezenas de corporações, como a Coca-Cola, o Bank of America, a Apple e a Beats. Desta forma, é falso afirmar que a ONG pertença a Soros.
Foi o que fez, por exemplo, o deputado federal e filho do presidente Jair Bolsonaro, Eduardo Bolsonaro em post no Twitter (4.000 compartilhamentos nesta sexta-feira, 27).
Na televisão, o apresentador da Band Luís Ernesto Lacombe foi além. Ao comentar que não "comprava” o discurso da ativista, ele disse: “essa é uma menina bancada por uma fundação do George Soros, né? One Foundation. Eu realmente, por enquanto, não compro".
Em fevereiro deste ano, Greta publicou texto em sua página no Facebook para desmentir rumores de que seria financiada por instituições ou influenciada por adultos. “Muitas pessoas amam espalhar rumores dizendo que existem pessoas ‘por trás de mim’ ou que estou sendo ‘paga’ ou ‘usada’ pelo que estou fazendo. Mas não há ninguém ‘por trás’ de mim exceto eu mesma. (...) Não faço parte de nenhuma organização. Às vezes apoio e coopero com ONGs que trabalham com o clima e o meio ambiente. Mas sou absolutamente independente e só represento a mim mesma”.
Como o Fridays For Future não é uma ONG, não é possível saber quais as fontes de financiamento do movimento. Apontado como motivo de enriquecimento da ativista, o livro “Our house in on fire” (nossa casa está em chamas), escrito pela família, tem seus lucros doados a instituições de caridade. É importante ressaltar também que a mãe de Greta, Malena Ernman, é uma conhecida cantora de ópera em seu país, o que significa que a família tem fonte de renda própria.
Outra fonte de críticas e boatos é o barco utilizado por Greta para se deslocar do Reino Unido aos Estados Unidos para o discurso na Cúpula do Clima da ONU. O iate Malizia II, que ofereceu uma carona a Greta e seu pai sem cobrança de custos, pertence ao príncipe Pierre Casiraghi, de Mônaco, e ao velejador Boris Herrmann, seu parceiro de corridas.

2. Transtornos
O fato de Greta Thunberg ser diagnosticada com Síndrome de Asperger, mutismo seletivo e Transtorno Obsessivo-Compulsivo também é usado de forma distorcida para desacreditar a ativista e a sua família. Aos Fatos identificou publicações com mais de 6.000 compartilhamentos no Facebook que afirmam, de maneira falsa, que a causa de sua condição seria o consumo de drogas exagerado por parte de seus pais.
Greta foi diagnosticada há cerca de quatro anos com a Síndrome de Asperger, uma condição do TEA (Transtorno de Espectro Autista). De acordo com o psicólogo especialista em Asperger Tony Attwood, portadores dessa condição têm um modo de pensar próprio, mas não deficiente. “A pessoa com Síndrome de Asperger pode perceber erros que não são aparentes aos outros, dada a considerável atenção a detalhes, ao invés de terem um olhar panorâmico sobre uma situação. A pessoa é geralmente conhecida por ser direta, falando o que lhe vem à cabeça, sendo honesta e determinada e tendo um forte senso de justiça”, afirma Attwood em seu site.
Não há uma causa exata para o TEA, mas pesquisas tendem a associar a condição principalmente a questões genéticas. Alguns fatores ambientais também podem estar envolvidos, mas ainda não está determinado precisamente quais seriam possíveis gatilhos para o desenvolvimento da condição. A Autism Speaks, organização americana de apoio a autistas, cita alguns dos que já foram apontados por cientistas: pais com idade avançada, complicações na gravidez (como nascimento prematuro ou gravidez de gêmeos) e gestações muito próximas (menos de um ano entre uma gravidez e a outra).
Em nota, Ana Maria Mello, superintendente da AMA (Associação de Amigos do Autista) afirmou que a exposição a agentes químicos já foi apontado como uma das possíveis causas do TEA, mas que não há nenhuma comprovação científica. Além disso, ela diz que não é possível atestar qual a “causa do autismo de alguém”.
Diferente do que afirmam as postagens que atacam Greta, portanto, a sua condição não poderia ter sido causada pelo consumo de drogas por parte de seus pais, Svante Thunberg e Malena Ernman. Aos Fatos também não encontrou indício de que algum dos dois seja usuários de entorpecentes. Em uma entrevista em 2014, Malena inclusive diz nunca ter consumido drogas.
Fora do Brasil, comentários a respeito da condição de Greta já extrapolaram as redes sociais e chegaram a textos de colunistas e falas de comentaristas de televisão. Em julho, em texto que criticava uma viagem da ativista em um iate movido a energia solar, o colunista do Australian News Corp Andrew Bolt a chamou de “estranha” e “profundamente perturbada”. Aos comentários, Greta respondeu que considera sua condição “um superpoder”.
Na última terça (24), foi a vez do comentarista político americano Michael Knowles, que a caracterizou como “doente mental” em um programa ao vivo da Fox News. A emissora pediu desculpas e afirmou que não pretende mais chamar Knowles para participar de programas.
No Brasil, Rodrigo Constantino seguiu o mesmo caminho e, em comentário durante o programa 3 em 1, na rádio Jovem Pan, afirmou que Greta era “retardada” e tinha “síndrome do autismo”. Em postagem no Facebook, ele também associou a condição da ativista a uma doença mental que, segundo ele, tem sido explorada para fins políticos por sua família e pela esquerda. O post reúne pouco mais de 2.000 interações entre comentários, compartilhamentos e reações.
Em resposta ao Aos Fatos, Constantino negou ter chamado, em discussão na rádio, Greta de "retardada" por conta de sua condição, mas "retardada no tema" em que milita, o meio ambiente. Ele também refutou ter se referido à condição de autismo ao afirmar em sua coluna que a adolescente sueca era doente mental: "questionei no texto se ela tinha outra coisa, como bipolaridade, pois tinha traços agressivos, e já teve depressão no passado, segundo a própria mãe".

3. Família
Informações falsas sobre os pais de Greta Thunberg também compõem a campanha difamatória contra a ativista nas redes sociais. Um texto compartilhado ao menos 2.000 vezes no Facebook e disseminado como corrente no WhatsApp traz uma série de afirmações infundadas, como a de que o pai dela seria um cientista social gay que abandonou a mãe para morar com o namorado na Alemanha.
O conteúdo enganoso afirma ainda que a mãe de Greta seria lésbica e satanista e dá aulas sobre aborto para adolescentes. As afirmações foram desmentidas por Aos Fatos.
Casados desde 2004, Malena Ernman e Svante Thunberg não se separaram e vivem com as duas filhas Greta e Beata, em Estocolmo, na Suécia. Ele é ator e produtor, ela, cantora de ópera.
A profissão e a renda dos pais de Greta, aliás, é outro enfoque bastante popular nas peças de desinformação. Há denúncias de que os dois teriam abandonado suas carreiras para viver da fama da menina, que estariam ricos e que o ativismo seria oportunista. As postagens, que circulam inicialmente em perfis portugueses na rede social, também passaram a ser compartilhadas no Brasil.
Uma delas apresenta duas fotos de Svante Thunberg e Malena Ernman para sugerir que os dois teriam enriquecido depois do ativismo da filha. Como mostra o Polígrafo, no entanto, a ordem temporal das imagens está trocada. A primeira, na qual o casal aparece com roupas mais simples, foi tirada em agosto de 2018 para matéria no jornal sueco Dagens Nheter. A segunda, que mostra o casal com trajes elegantes, retrata os dois no Polar Music Prize, em 2012.
Diferente do que afirmam postagens que chegam a cerca de mil compartilhamentos, os pais de Greta não abandonaram suas carreiras para viver da fama da filha. Segundo Malena, reconhecida cantora lírica da Suécia, ela deixou a carreira internacional ao ser conscientizada pela filha do grande impacto ambiental causado pelos voos de avião que a levavam para os shows. Ernman, no entanto, segue atuando na Suécia, enquanto apoia as ações da filha no combate às mudanças climáticas.
Greta também foi a causa de uma série de outras mudanças na vida dos pais, que se tornaram veganos e escreveram um livro de memórias sobre o início dos anos ativistas da primogênita.
Antifascista. Outra desinformação que vem sendo compartilhada em redes brasileiras, americanas e suecas, por exemplo, liga a adolescente e seus pais ao movimento Antifa, que agrega membros da esquerda e da extrema-esquerda e considera a violência, a destruição de patrimônio e o enfrentamento físico como táticas válidas de protesto, a chamada “ação direta”.
Nos Estados Unidos, os Antifa não estão listados como grupo terrorista pelo FBI (Federal Bureau of Intelligence), diferentemente do que afirmam usuários nas redes. Existem, no entanto, pressões do Congresso americano para que isso ocorra.
O vínculo entre a família e o movimento, explorado em posts no Facebook com ao menos 7.600 compartilhamentos, foi estabelecido após Greta postar uma foto no Twitter no dia 25 de julho trajando uma camisa com os dizeres “Antifascist All Stars”.
A partir daí, montagens dela e de seus pais com a mesma camiseta passaram a ser compartilhadas nas redes sociais. A origem das imagens que mostrariam Svante e Malena não pôde ser comprovada por Aos Fatos. Já a foto de Greta foi tirada durante as gravações de uma colaboração com a banda 1975, que usou um de seus discursos em uma música.
Depois de receber uma série de críticas nas redes, a ativista deletou a imagem e publicou um pedido de desculpas dizendo que não imaginava que a camiseta pudesse ser associada a grupos de esquerda violentos.
“Ontem postei uma foto usando uma camiseta emprestada que diz que sou contra o fascismo. Essa camiseta aparentemente pode ser relacionada a um movimento violento. Eu não apoio qualquer forma de violência e, para evitar mal-entendidos, apaguei o post. E, é claro, sou contra o fascismo”, diz ela na publicação.
A mãe de Greta também publicou em suas redes no mesmo dia uma postagem em que se desculpava pela camiseta. “Foi emprestada por mim a camiseta que a Greta estava usando. Ela está disponível para compra em vários sites na internet com textos diferentes. Não tinha ideia de que iriam associá-la a movimentos violentos, então nós nos distanciamos disso. Para evitar problemas, ela deletou a imagem.”
De fato, é possível encontrar a camiseta, que usa o logo do tênis All Star, da marca americana Converse, com uma série de outros textos na estampa. Tal imagem não é a mesma que serve como logo do movimento Antifa, caracterizado por duas bandeiras, uma vermelha e uma preta, tremulando.
A adolescente também já afirmou que se opõe ao fascismo e que não tem nenhuma intenção de se associar a qualquer tipo de movimento político. Em entrevista à CBS, inclusive, disse que “você pode se rebelar de diversas maneiras. Desobediência civil é se rebelar. Desde que isso seja de forma pacífica, claro”.

4. Nazismo
A comparação da aparência de Greta Thunberg, que geralmente se apresenta em público com o cabelo penteado em tranças, com crianças retratadas em propagandas nazistas na Alemanha nas décadas de 1930 e 1940 também tem sido frequente entre os ataques à adolescente nas redes.
A primeira postagem do tipo encontrada por Aos Fatos é de 22 de setembro, um dia antes do discurso de Greta na ONU, e foi publicada na conta oficial do Twitter do comentarista político e escritor conservador indo-americano Dinesh D’Souza. Ele apresenta uma montagem que compara Greta a uma criança loira de tranças que aparece segurando uma bandeira nazista em uma arte que serviu como propaganda ao movimento.
No texto, o comentarista afirma que “crianças — notadamente meninas brancas e nórdicas com tranças e bochechas rosadas — foram muito usadas na propaganda nazista. Uma técnica antiga de Goebbels! Parece que hoje a esquerda progressista está ainda aprendendo o jogo de uma esquerda antiga dos anos 1930”.
D’Souza usa um argumento falacioso recorrentemente compartilhado por grupos conservadores de associar o nazismo à esquerda. Com isso, afirma que Greta seria uma espécie de propaganda reciclada da Alemanha nazista pelos atuais progressistas.
A ligação entre o movimento alemão e a esquerda começou a ser ventilada no Brasil no início dos anos 2000 por Olavo de Carvalho, com a justificativa de que o termo “socialista” constava no nome oficial do Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães. O argumento já foi apresentado pelos ministros das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e pelo do Meio Ambiente, Ricardo Salles.
No entanto, o nazismo é reconhecidamente um movimento radical de direita, segundo definição do próprio Museu do Holocausto, em Israel. Em entrevista ao veículo alemão Deutsche Welle, o historiador da Universidade de Aarhus Wulf Kansteiner, autor do livro In pursuit of German memory (Em busca da memória alemã), explicou que os nazistas não seguiam políticas de esquerda: “ao contrário, propagavam valores da extrema direita, um extremo nacionalismo, um extremo antissemitismo e um extremo racismo. Nenhum especialista sério considera hoje o nazismo de alguma forma um fenômeno de esquerda".
Apesar de já ter sido amplamente desmentida, a falsa relação entre o partido e a esquerda também foi usada no Brasil para criticar Greta. Provavelmente inspirados pelo comentários de D’Souza, publicações do deputado estadual de São Paulo Frederico D’Avila (PSL) e do responsável pelo site de direita Terça LivreAllan dos Santos, replicaram o argumento falacioso.

5. Privilégios
A última entre as principais estratégias utilizadas em peças de desinformação contra Greta nas redes tem sido o uso de montagens que supostamente exporiam a contradição entre os discursos da ativista e suas ações concretas. Em fala na ONU, a jovem disse que os líderes mundiais “roubaram meus sonhos e minha infância com suas palavras vazias, e eu ainda sou uma das que teve sorte. Pessoas estão sofrendo. Pessoas estão morrendo”.
A imagem mais disseminada — que chegou a ser compartilhada no Twitter pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) mostra Greta comendo dentro do que parece ser uma cabine de trem enquanto crianças negras a observam do lado de fora. Criticado pela publicação da montagem, o deputado federal respondeu a um usuário indicando ter conhecimento de que o conteúdo era falso e que aquilo seria uma piada.
O conteúdo, que foi checado por Aos Fatos, é flagrantemente falso. A montagem é uma combinação de duas imagens. A primeira, postada nas redes no dia 22 de janeiro deste ano pela própria Greta, mostra a adolescente tomando café da manhã em uma viagem de trem à Dinamarca. Já a segunda, tirada em 2007 por Stephanie Hancock, da Reuters, retrata crianças africanas que vivem nas florestas próximas à vila de Bodouli, na República Centro-Africana.
Colaborou Luiz Fernando Menezes.
Referências:
1. The Guardian (Fontes 12 e 3)
2. Época
3. Uol (Fontes 1 e 2)
4. Buzzfeed
5. Aos Fatos (Fontes 1234 e 5)
6. Open Society Foundation
7. German American Conference
8. ONE Campaign
9. Tony Attwood
10. Research Autism
11. Autism Speaks
12. Revopera
13. Polígrafo
14. Dagens Nheter
15. Alison Chapman Design
16. Classical MPR
17. No Fly Climate SCI
18. Democracy Now
19. FBI
20. Congresso dos EUA
21. CBS
22. BBC Brasil
23. Museu do Holocausto
24. Deutsche Welle
25. Reuters

No comments: