Thursday 13 September 2012

BN lança uma das maiores hemerotecas digitais do mundo


observat da imprensa


HEMEROTECA DIGITAL BRASILEIRA


BIBLIOTECA NACIONAL

BN lança uma das maiores hemerotecas digitais do mundo

Por Dario Palhares em 11/09/2012 na edição 711
Reproduzido do Jornalistas&Cia nº 862, 5-11/9/2012
   
Jornalistas, pesquisadores, professores e estudantes de comunicação têm agora ao alcance do mouse milhões de páginas históricas da imprensa verde-amarela. A Biblioteca Nacional acaba de lançar oficialmente a Hemeroteca Digital Brasileira (http://migre.me/ayTh9), a HDB, que entrou na rede à mineira, sem alarde algum, no primeiro semestre. Seu acervo reúne, no momento, coleções de 652 publicações dos séculos 19 e 20, todas fora de circulação, entre as quais diversos títulos que marcaram época. Exemplos: Correio da Manhã;Correio Paulistano; as revistas Diretrizes (lançada durante o Estado Novo por Samuel Wainer) e Klaxon, principal veículo do Movimento Modernista; e o revolucionário Diário Carioca, o primeiro jornal do País a adotar o lead, o Português falado nas ruas e um manual de redação (mais informações, incluindo a íntegra do manual, podem ser obtidas em www.diariocarioca.com.br).
Ferramenta de busca
A HDB ainda terá de comer muita poeira até se aproximar dos líderes mundiais em sua seara, casos do Newspaper Archive, do Google News Archive e do British Newspapers Archive, com 120, 60 e 40 milhões de páginas escaneadas, respectivamente. Mas a novata promete dar o que falar, pois já superou o Chronicling America, da Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos, que atingiu no fim do ano passado a marca de 4 milhões. “Colocamos à disposição dos internautas, até agora, pouco mais de 5 milhões de páginas. O próximo passo será ampliar essa oferta para 10 milhões até março de 2013, dotando a Biblioteca Nacional de um dos maiores acervos digitalizados de publicações extintas de todo o mundo”, informa Angela Monteiro Bettencourt, coordenadora da Biblioteca Nacional Digital e uma das principais artífices do desenvolvimento da Hemeroteca Digital Brasileira. “A ideia é que o nosso portal reúna o maior número possível de coleções digitalizadas de jornais e revistas existentes no País. Vamos procurar parcerias.”
O projeto decolou no primeiro semestre do ano passado com o aporte de R$ 6 milhões pelo Ministério da Ciência e Tecnologia e a Financiadora de Estudos e Projetos, a Finep. Os recursos bancaram a aquisição de um armazenador (storage) de 500 terabytes e dois scanners de última geração, capazes de processar 25 mil imagens microfilmadas por dia. A seguir, teve início a digitalização dos microfilmes, a cargo da Docpro, que presenteou a contratante com uma ferramenta de busca. “Apesar de toda a tecnologia de que dispomos, parte do trabalho tem de ser feita à mão, para garantir total qualidade. É o caso das capturas de imagens coloridas, que chegam a 500 diariamente”, assinala Angela.
Até o fim da manhã de sexta-feira (31/8), os campeões de audiência da HDB eram o Almanak Administrativo, Mercantil e Industrial do Rio de Janeiro (1844-1889), com 151.827 acessos, o Correio da Manhã (1901-1974), com 125.475 acessos (nos períodos de 1950 a 59 e 1960 a 69), o Diário do Rio de Janeiro (1821-1878), com 52.800 (1821-1858) e O Paiz (1884-1930), com 52.060 (1910-1919). Nos próximos meses, com a incorporação de cerca de 300 títulos ao cardápio, o quarteto ganhará um concorrente de peso na preferência dos plugados. Trata-se do Jornal do Brasil, que liberou a reprodução de seus exemplares sem custo algum. De início, serão digitalizadas as edições entre janeiro de 1950 e setembro de 2010, quando o JB trocou as bancas de vez pela web.
Milhões de imagens
“O Jornal do Brasil já tem parte da sua coleção disponível no Google News, mas o resultado deixou a desejar, pois, além de faltarem vários números, não é possível salvar imagens e o portal não dispõe de ferramenta de busca. Vamos suprir essas deficiências”, adianta a coordenadora da Biblioteca Nacional Digital, que enaltece a generosidade dos detentores do tradicional título. “Esperamos que o exemplo do JB faça escola.”
Em meados da década, os jornais e revistas pertencentes à Biblioteca Nacional serão transferidos do centenário prédio na avenida Rio Branco, no coração da Cinelândia carioca, para a Rodrigues Alves, na zona portuária do Rio de Janeiro. Lá, a nova Hemeroteca Brasileira, “mãe” da HDB, ganhará sede própria num antigo silo que será repaginado – a um custo de R$ 17,9 milhões, bancados pelo BNDES – para abrigar, entre outros itens, os 17 quilômetros de estantes onde são guardados os periódicos do acervo. A megacoleção inclui 30 milhões de imagens estampadas em 30 mil rolos de microfilmes, das quais “só” 10 milhões serão digitalizadas até março. O processamento dos dois terços restantes dependerá de patrocinadores. “Temos condições de digitalizar, tranquilamente, oito milhões de imagens por ano”, avisa Angela aos possíveis interessados.
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[Dario Palhares é jornalista]

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