Durante o período de 05 a 08 de abril/2012, tive a oportunidade de participar de uma viagem para o distrito de São Pedro de Joselândia, pertencente ao município de Barão de Melgaço situado na Microrregião Alto Pantanal ao sul do Estado do Mato Grosso, com o Grupo Educação Ambiental Comunicação e Arte GPEA/UFMT, coordenado pela professora Michèle Sato. Este grupo era composto por pesquisadores da UFMT, pesquisadores mirins e representantes da Secretaria Estadual de Educação do Mato Grosso.
Foto: Muita água na “estrada”. Sr. Joaquim
falou que poderia ter em torno de 2,5m de água.
Rita Lourenço
Foto: Algumas comunidades. Acho que estamos
chegando...
Rita Lourenço
Nestes dias, acompanhei entrevistas que os pesquisadores fizeram aos moradores da comunidade, fiquei ouvindo suas histórias, experiências e causos, ao mesmo tempo em que observava a leveza na condução das entrevistas.
Foto: Michèle Sato com os pesquisadores
mirins entrevistando jovens da comunidade.
Rita Lourenço
Tivemos uma reunião na Escola Estadual Maria Silvina de Moura que contou com a participação de toda equipe da viagem, professores e técnicos da escola para discutir alguns temas, como: formação continuada, oficinas de Educação Ambiental e a conferência Estadual de Meio Ambiente -Vamos Cuidar do Brasil - Escolas Sustentável. Durante a reunião ouvir alguns relatos que me deixaram sensibilizada, percebi que os educadores ali presentes tinham compromisso com a educação, fato demonstrado na declaração de uma professora que hospedava estudantes na sua casa porque estas moravam distantes da escola. Distancia esta, entre a casa e a escola de 6 a 7 km, tendo que vencer desafios às vezes “com a lama" outras vezes "com a poeira" ou ainda "com a água que chega até o joelho".
Foto: Crianças utilizando a canoa como meio de
transporte
Rita Lourenço
Fiquei imaginando a forma como estes estudantes chegam cansados à escola. Nas minhas reflexões, lembrei-me de estudantes do sertão nordestino, alguns deles andam quilômetros sob um sol escaldante para chegar a escola, muitos desistem de estudar e vão cuidar das pequenas plantações da família.
As regiões podem ser distantes, diferentes nos ecossistemas, cultura e tradições, mas as dificuldades apontadas pelos educadores na maioria das vezes são as mesmos, apenas mudam de endereço...
Outro aspecto que chamou a minha atenção, que percebo que não acontece apenas no rural, mas, também, no urbano ou quem sabe na maioria das escolas públicas, é a ausência da família no processo educativo, conforme depoimento de uma professora "a família não acompanha as dificuldades e desenvolvimento do filho". Precisamos refletir um pouco mais sobre este aspecto para que a escola não seja apenas um espaço para professores e estudantes, mas também para a comunidade, a qual a família também faz parte.
Como diz Morin (2011) na obra Os sete saberes necessários à educação do futuro,
São necessárias novas práticas pedagógicas para uma
educação transformadora que esteja centrada na condição humana, no
desenvolvimento da compreensão, da sensibilidade e da ética, na diversidade
cultural, na pluralidade de indivíduos, e que privilegie a construção de um
conhecimento de natureza transdisciplinar, envolvendo as relações
individuo-sociedade-natureza (MORIN, 2011, p.13).
Esta vivencia para mim foi uma grande oportunidade não só de conhecer a realidade pantaneira como, também, conhecer o trabalho de campo dos pesquisadores do GPEA nos seus diferentes interesses e formação. É apaixonante o compromisso do GPEA não só com a pesquisa acadêmica, mas também, com a região, pois, ao mesmo tempo em que investe no campo epistemológico preocupa-se com os valores humanos, a cultura local e a ética, acreditando, como Paulo Freire, na esperança da construção de uma sociedade justa e igualitária, pois um outro mundo é possível.
Foto: canoa pantaneira
Rita Lourenço
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1 comment:
gostei muito das fotos, olhar sensível...
o txt é interessante, de uma nordestina no meio de tanta água...
beijos e parabéns pelo relato!
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