ROSANA MANFRINATE
Dentro do espaço de água, luz e flores o grupo pesquisador em Educação Ambiental comunicação e arte GPEA/UFMT, coordenado pela professora Michèle Sato e associado ao Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Áreas Úmidas – INAU, seguiu para mais uma etapa do projeto de pesquisa de campo, em São Pedro de Joselândia abrangendo a pesquisa em várias frentes dada à multiplicidade de áreas de formação e interesse dos pesquisadores.
Figura 1: entrada de SPJ
Foto: Rosana Manfrinate
Sendo que o objetivo específico da minha pesquisa se inscreve em conhecer o mosaico das identidades das mulheres pantaneiras e seus trabalhos, compreendendo como o papel feminino frente a essas atividades pode contribuir em forma de processo educativo, dentro dos princípios da Educação Ambiental, para a emancipação política e social pautado no diálogo e valorização dos saberes locais, da diversidade biológica, cultural e histórica, pois acreditamos que,
a natureza nunca pode ser separada
daquele que a percebe, ela nunca pode existir efetivamente em si, pois suas
articulações são as mesmas de nossa existência, ela se estabelece no fim de um
olhar ou término de uma exploração sensorial que a investe de humanidade (SATO,
p.26, 2003).
Como método dessa pesquisa de campo foi utilizado entrevistas com as mulheres da comunidade, assim partimos andando pelas ruas de terra que por vezes estava amolecida e pegajosa pela presença da água e por outras vezes sufocante e ressequida pela presença do sol. Visitando as mulheres que seriam entrevistadas, de uma forma um pouco parecido com visitas de comadres, entretanto com o aguçamento de um detetive.
Parte das entrevistas deveria responder sobre o histórico de vida da mulher em Joselândia, por isso as entrevistas com as mais idosas foram muito importantes, pois, elas representaram a memória coletiva (BOSI 2003) da gênese feminina na comunidade, que no pensamento bachelardiano corresponde à “água”, principio de tudo, da constituição original do conhecimento da vivência no território de Joselândia que é também significativamente imersa nesse elemento boa parte do ano. E assim podemos partilhar a experiências de vida que salta aos olhos de quem viu secas e cheias no pantanal por mais de 80 anos.
Figura 2: as 3 marias
Foto: Giseli Nora
A casa das três Marias: Dona Maria Conceição 84 anos, Sua filha Maria de Lourdes 52 anos e a bisneta Maria Eduarda de 10 anos.
Dona Maria.Catarina da Silva Santos Festeira e Presidente do Grupos de Siriri e Cururu de Joselandia
Nas entrevistas as principais informações foram sobre a dificuldade de trabalho das mulheres na comunidade, pois se trata de um lugar onde as atividades com a roça e o gado são muito fortes e esse é um espaço masculino, obrigando assim as mulheres a procurarem outras cidades (Poconé ou Cuiabá) para trabalhar, as que ficam exercem trabalhos como “ajudante” do marido na roça, ou algumas na escola, posto de saúde. Existem também aquelas que fazem algum tipo de trabalho para vender: como doces, redes e cochonilhos (tipo de suporte para celas de cavalo).
Figura 4: Zimare Auxiliadora da Silva
Foto: Rosana Manfrinate
Tecelão apresentando seu fuso e o fio de algodão com que tece seus trabalhos.
As mulheres ainda exercem suas funções extras na comunidade, como a de rezadeiras, visitas aos doentes e a função importante que é de cozinheira nas festas de santo. A mulher em joselandia necessita de mais visibilidade tanto na sua atuação política quanto econômica, entretanto todas entrevistadas garantem que aos poucos elas estão conseguindo uma atuação maior, galgando espaços que antes não lhes eram permitido.
Parte das entrevistas deveria responder sobre o histórico de vida da mulher em Joselândia, por isso as entrevistas com as mais idosas foram muito importantes, pois, elas representaram a memória coletiva (BOSI 2003) da gênese feminina na comunidade, que no pensamento bachelardiano corresponde à “água”, principio de tudo, da constituição original do conhecimento da vivência no território de Joselândia que é também significativamente imersa nesse elemento boa parte do ano. E assim podemos partilhar a experiências de vida que salta aos olhos de quem viu secas e cheias no pantanal por mais de 80 anos.
Figura 2: as 3 marias
Foto: Giseli Nora
A casa das três Marias: Dona Maria Conceição 84 anos, Sua filha Maria de Lourdes 52 anos e a bisneta Maria Eduarda de 10 anos.
Outra parte das entrevistas concentrou-se nas mulheres mais jovens e suas atividades do dia a dia, suas obrigações para com a família e a comunidade, seus trabalhos, e como vão ao longo de sua caminhada, driblando problemas, construindo saberes essenciais à vida e que se integram ao mundo de seca e cheia de Joselândia, pois,
As entrevistas também tiveram o intuito de compreender o alcance das políticas públicas para mulheres em Joselândia, em que situação se encontra a autonomia tanto econômica como política, qual a perspectiva e realidade do trabalho feminino e sua interação com o ambiente em que elas vivem.
Figura 3 Dona Maria.
Foto: Rosana Manfrinate
Essas mulheres partilham concepções com
as comunidades às quais pertencem, nas quais os seres humanos e animais, em
correlação com espíritos da natureza e o dito meio ambiente, não estão
separados, nem separados da vida social, nem tampouco são reduzidos à condição
de suporte, ou se prestam a ser matéria-prima para a vida humana, mas fazem
parte desta (TORNQUIST, LISBOA e MONTESYMA, 2010. p.65).
Figura 3 Dona Maria.
Foto: Rosana Manfrinate
Dona Maria.Catarina da Silva Santos Festeira e Presidente do Grupos de Siriri e Cururu de Joselandia
Nas entrevistas as principais informações foram sobre a dificuldade de trabalho das mulheres na comunidade, pois se trata de um lugar onde as atividades com a roça e o gado são muito fortes e esse é um espaço masculino, obrigando assim as mulheres a procurarem outras cidades (Poconé ou Cuiabá) para trabalhar, as que ficam exercem trabalhos como “ajudante” do marido na roça, ou algumas na escola, posto de saúde. Existem também aquelas que fazem algum tipo de trabalho para vender: como doces, redes e cochonilhos (tipo de suporte para celas de cavalo).
Figura 4: Zimare Auxiliadora da Silva
Foto: Rosana Manfrinate
Tecelão apresentando seu fuso e o fio de algodão com que tece seus trabalhos.
As mulheres ainda exercem suas funções extras na comunidade, como a de rezadeiras, visitas aos doentes e a função importante que é de cozinheira nas festas de santo. A mulher em joselandia necessita de mais visibilidade tanto na sua atuação política quanto econômica, entretanto todas entrevistadas garantem que aos poucos elas estão conseguindo uma atuação maior, galgando espaços que antes não lhes eram permitido.
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1 comment:
ros
tenho enorme orgulho em aprender junto com vc.
adorei o relato! vc é super pesquisadora <3
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