DESIGUALDADE SOCIAL
Livro expõe em que grupos sociais pandemia tem efeitos mais graves
Publicação mostra de que maneira a desigualdade social impacta na letalidade do vírus.
Da Redação
Reprodução
Livro Os condenados da pandemia. Ed. Sustentável, 2020.
Um livro lançado esta semana pelo Grupo Pesquisador em Educação Ambiental, Comunicação e Arte (GPEA), da Universidade Federal de Mato Grosso, traz um alerta sobre quais grupos sociais estão mais vulneráveis à pandemia causada pelo novo coronavírus. Na publicação intitulada “Os condenados pela pandemia”, o grupo de 29 pesquisadores mostra como a Covid-19 tem sido mais letal entre os mais pobres.
O livro, publicado pela Editora Sustentável, e disponível gratuitamente para download, ao elencar 22 grupos sociais em situação de maior vulnerabilidade, denuncia a existência de um falso discurso de “democracia do coronavírus”, que afirma que a doença atingiria a todos, sem distinção de classes. Os pesquisadores defendem que não há coincidência na relação entre a letalidade do vírus e o poder aquisitivo dos indivíduos.
No capítulo de introdução da obra, a professora Michèle Sato, que é também quem ilustra a publicação, reflete como o atual sistema econômico cria ‘abismos socioeconômicos’ capazes de escolher quem tem mais chances de sobreviver ao vírus. Para a pesquisadora, a falta de atendimento médico, disposição de leitos, acesso dos remédios e ausência da formação educativa, estão entre os elementos que intensificam o perigo da pandemia para determinados grupos.
“Temos ciência de que a Covid-19 (CoronaVírus Disease) é consequência das ações capitalistas, que destruíram a natureza e libertaram vírus que viviam em seus hospedeiros. Não é o coronavírus, nem o morcego ferradura e nem o pangolim que são os vilões desta pandemia, mas a interferência humana na natureza, destruindo ambientes, comercializando animais de forma cruel e libertando os vírus para além de seus hospedeiros diretos ou intermediários”, afirma Sato.
O livro mostra como os índices de mortes são maiores nos subúrbios brasileiros. Nesse contexto, grupos identitários como ciganos, indígenas, quilombolas, negras e negros, LGBT, migrantes, pessoas em situação de rua, moradores da periferia e favelas e Pessoas com Deficiência (PcD), tendem, por questões sociais, a ocupar um grande grupo de risco no cenário pandêmico.
GPEA
O grupo trabalha em parceria com cinco países e 17 entidades governamentais e não governamentais, sendo que as universidades representam a maioria do Brasil, México, Cuba, Portugal e Espanha. Juntos, as instituições compõem a Rede Internacional de Pesquisa em Justiça Climática e Educação Ambiental (REAJA), com financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq - 2014-16) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Mato Grosso (Fapemat - 2016-20).
1 comment:
Que maravilha poder participar da produção coletiva deste livro! Cada um com seu saber, no juntar das mãos procuramos dar visibilidade àqueles que têm sido sistematicamente condenados no sistema capitalista.
Tomara que o livro possa circular muito por aí e que ele seja lido e debatido e possa gerar novas atitudes, mais solidárias e amorosas para com a Vida de todos e todas!
Muito obrigada ao GPEA e particularmente à coordenação de Michèle Sato.
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