Friday, 16 December 2011

2/8 REL.2011 introdução

INTRODUÇÃO


Diversos centros de ciências, museus, eventos, revistas ou seções em jornais, além de todo aparato na Internet como blog, site, listas de discussão ou meios de informação científica circulam cotidianamente num volume de informação absurdamente alto, entretanto a ciência ainda não conseguiu se popularizar na sociedade. Segundo Moura (2011), a última Conferência Mundial de Jornalismo Científico, em Qatar 2011, reuniu 786 jornalistas de 81 países e embora a quantidade de jornalismo científico tenha aumentando, ainda é pequena a audiência das notícias científicas. Um estudo realizado em São Paulo por Carlos Vogt (MOURA, 2011), revela que embora a população tenha admiração pelos jornalistas e pelos cientistas, a maioria (76% da população paulista) ainda não lê notícia científica.

Gerenciamos três blogs, o primeiro ligado ao Fórum de Direitos Humanos e da Terra (FDHT)[1], com conteúdo principalmente de Mato Grosso, relacionados aos processos de direitos humanos; o segundo pela Rede Mato-Grossense de Educação (REMTEA)[2], abarcando essencialmente as atividades da rede e algumas notícias de meio ambiente; e um terceiro pelo projeto “Ciência e cultura na reinvenção educomunicativa”[3], ligado ao Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Áreas Úmidas (INAU). Embora possa parecer um exemplo pueril, as estatísticas do Google também dão provas que a ciência não tem audiência. Os 3 blogs têm criação em meses diferentes, mas todos no primeiro semestre do ano de 2011. Enquanto o blog dos direitos humanos dispara na frente com cerca de 50 acessos diários (14.331 acessos, criado no final de junho de 2011); a REMTEA diminui para 12 acessos diários (2.480 acessos, criado em janeiro de 2011); e finalmente o blog do projeto científico que registra aproximadamente 3 visitas diárias (1.122 acessos, criado em abril de 2011)[4] [figura 1].

Segundo Vogt (2010)[5], a expressão “cultura científica” tem três sentidos possíveis: a cultura DA, PELA e PARA a ciência. Numa espiral de possibilidades, é uma produção da ciência (pelos cientistas); a educação científica nos níveis profissionalizantes (cientistas, professores e estudantes de graduação e pós-graduação); a popularização das ciências aos níveis mais fundamentais (cientistas, professores, estudantes de todos os níveis, administradores de museus, centros ou estações de ciências); e finalmente a divulgação científica para toda sociedade (com acréscimo dos jornalistas).


Figura 1: audiência nos acessos de 3 blogs diferentes, criados em 2011



O mundo está cheio de fontes e recursos científicos, mas a sociedade ainda não incorporou a cultura científica. O Grupo Pesquisador em Educação Ambiental, Comunicação e Arte (GPEA) parte da hipótese de que a ciência não possui audiência, e necessita inovar em seus métodos para que a ciência seja conhecida pela sociedade. Ancorados na premissa de Vogt, mas ampliando os cenários, partimos do pressuposto de que há um quadrante de interação entre ciência, educação, comunicação e arte, e que há que se sublinhar o papel da sociedade, para além dos tradicionais protagonistas das ciências. Em outras palavras, compreendemos que a cultura científica necessita da AUDIÊNCIA científica, em seus quatro pilares da educomunicação [figura 2]:
(I)   Produção e publicação das ciências (cientistas);
(II)         Educação científica em todos os níveis (cientistas, professores e estudantes);
(III)       Divulgação científica (cientistas, professores, estudantes, jornalistas, administradores de museus, centros ou laboratórios);
(IV)       Audiência científica (cientistas, professores, estudantes, jornalistas, administradores de museus, centros ou laboratórios COLETIVAMENTE COM A SOCIEDADE, sendo esta a principal protagonista).



Figura 2: Audiência científica pela educomunicação 
(Modificado de Vogt, 2010)




A inovação da educomunicação faz emergir o último quadrante, que além de cientistas, professores, jornalistas ou administradores de museus, é a sociedade que necessita absorver a informação científica e devolvê-la à sua maneira. Neste contexto, a educomunicação pressupõe uma intervenção que consiga divulgar a informação científica, promover o processo educativo da aprendizagem científica, incitar a intervenção participativa e finalmente construir a audiência científica contextualizada nos âmbitos biorregionais.

No caso específico do projeto 5.2, embora a planície pantaneira seja considerada de forma mais plena, nosso lócus de ação se dá em São Pedro de Joselândia, comunidade que muitas vezes tem seus moradores inábeis em grafar ou ler o mundo das palavras escritas. Neste contexto, a arte tem papel essencial em promover a audiência científica por meio do teatro, desenhos, mapas mentais, pinturas, artesanatos, danças, música ou cadernos pedagógicos produzidos pela e junto com a comunidade. Assim, um segundo objetivo do projeto 5.2 é aliar ciência com poesia amalgamada pela educação ambiental.

Para tal audiência científica, 3 subprojetos se aliam em temáticas específicas, dando um conjunto do território e identidades; dos conflitos existentes e dos meios de resistência; das leis e dos desejos de melhoria de vida; da labuta do trabalho e as relações com o artesanato; das relações de gênero e do imaginário mitológico; e finalmente das festas, das canoas, de violas de cochos e tantas outras expressões culturais que formam o mosaico da educação ambiental pantaneira.

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