http://www.oeco.com.br/reportagens/25535-em-busca-dos-macacos-perdidos?utm_source=newsletter_269&utm_medium=email&utm_campaign=hoje-em-o-eco--15-de-dezembro-de-2011
15 de Dezembro de 2011
O macaco-prego-galego (Cebus flavius) é uma espécie com distribuição restrita e extremamente ameaçada de extinção. E só há pouco tempo, sua existência foi confirmada pela ciência. Na verdade, ele já havia sido identificado no Século XVII, mas há até pouco tempo, sua existência não era considerada válida pela ciência, ou seja, não se acreditava que pudesse realmente ser definida como uma espécie. Sequer havia sido observado até o início deste século.
No Brasil existem mais de 120 espécies e subspécies de primatas. Entre elas, 47 estão em alguma lista de ameaçadas de extinção. |
Mas em 2006, a partir de um estudo conduzido pelo Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Primatas Brasileiros (CPB) do Instituto Chico Mendes, o macaco-prego-galego foi redescoberto. “O CPB redescobriu a espécie a partir de indivíduos que chegavam a centros de triagem e também em trabalhos de campo. Daí, então, fizemos uma pesquisa histórica e identificamos a espécie”, conta o coordenador do CPB, Leandro Jerusalinsky.
Como é uma espécie da Mata Atlântica, já se esperava que o macaco-prego-galego estivesse ameaçado de extinção tão logo foi confirmada a sua redescoberta. Por isto, a área de ocorrência dele foi mapeada pelo CPB. Ainda existem estudos em andamento, que buscam conhecer melhor a distribuição do animal e o estado de conservação. Há também pesquisas sobre hábitos alimentares e a organização dos grupos.
Já foram obtidas informações importantes sobre a espécie, que hoje está restrita a poucas áreas da Mata Atlântica, ao norte do Rio São Francisco. O macaco-prego-galego já ocupava uma área restrita de Mata Atlântica, a Zona da Mata Nodestina, nos estados de Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Alagoas, mas que agora está muito mais reduzida. Historicamente, esta floresta foi sendo destruída por sucessivos ciclos econômicos, principalmente o da cana-de-açúcar.
Aniversário
A redescoberta do macaco-prego-galego é uma das conquistas do CPB, criado em 2001, em João Pessoa. Em outubro completou dez anos de existência. O Centro foi criado ainda no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) e passou para o ICMBio após as mudanças sofridas em 2008.
O Centro trabalha com espécies que estão entre as mais ameaçadas e que não são objeto de ações ou pesquisa de outras instituições. A busca de informações básicas, como área de ocorrência e ameaças, são importantes para a atuação do centro, que pode propor ações para a preservação, como criação de Unidades de Conservação ou estratégias de manejo. “Desde a criação, é voltado para a pesquisa e conservação de primatas, sendo que esta pesquisa é sempre estratégica para gerar informações para espécies ameaçadas”, conta Jerusalinsky.
Guigó
Já foram obtidas informações importantes sobre a espécie, que hoje está restrita a poucas áreas da Mata Atlântica, ao norte do Rio São Francisco. O macaco-prego-galego já ocupava uma área restrita de Mata Atlântica, a Zona da Mata Nodestina, nos estados de Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Alagoas, mas que agora está muito mais reduzida. Historicamente, esta floresta foi sendo destruída por sucessivos ciclos econômicos, principalmente o da cana-de-açúcar.
Aniversário
A redescoberta do macaco-prego-galego é uma das conquistas do CPB, criado em 2001, em João Pessoa. Em outubro completou dez anos de existência. O Centro foi criado ainda no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) e passou para o ICMBio após as mudanças sofridas em 2008.
O Centro trabalha com espécies que estão entre as mais ameaçadas e que não são objeto de ações ou pesquisa de outras instituições. A busca de informações básicas, como área de ocorrência e ameaças, são importantes para a atuação do centro, que pode propor ações para a preservação, como criação de Unidades de Conservação ou estratégias de manejo. “Desde a criação, é voltado para a pesquisa e conservação de primatas, sendo que esta pesquisa é sempre estratégica para gerar informações para espécies ameaçadas”, conta Jerusalinsky.
Guigó
No Brasil existem mais de 120 espécies e subspécies de primatas. Entre elas, 47 estão em alguma lista de ameaçadas de extinção. É o caso das duas espécies de guigó (Callicebus coimbrai e Callicebus barbarabrownae), parentes do Parauacu e Uacari que ocorrem na Amazônia e que ganharam uma área protegida em Sergipe, o Refúgio da Vida Silvestre da Mata do Junco.
O que é um guigó? O guigó é maior do que um sagui e pesa cerca de 1 quilo. Ele ocorre no Recôncavo Baiano e em Sergipe, ao sul do Rio São Francisco. |
Descrito em 1999, ele é o mais recente primata descoberto na Mata Atlântica e tão logo foi descoberto entrou para listas de espécies ameaçadas. O guigó é considerado em risco na lista brasileira de espécies ameaçadas e classificado como em perigo, desde 2007, pela IUCN.
Calcula-se que tenham restado cerca de 2 mil guigós na natureza. Mas um grande esforço para o mapeamento e diagnóstico pode mudar a situação de ameaça deste primata. Entre 2004 e 2006, foram realizadas seis expedições para inventário e mapeamento de populações remanescentes das espécies.
Durante este trabalho, foram identificadas 65 populações do Callicebus coimbrai. Os estudos, realizados em colaboração coma Universidade Estadual de Sergipe e Secretaria Estadual de Meio Ambiente, buscam apresentar o habitat, hábitos alimentares e relação com outras espécies ameaçadas, como o macaco-prego-de-peito-amarelo, que ocorre na mesma área.
Outras espécies
Calcula-se que tenham restado cerca de 2 mil guigós na natureza. Mas um grande esforço para o mapeamento e diagnóstico pode mudar a situação de ameaça deste primata. Entre 2004 e 2006, foram realizadas seis expedições para inventário e mapeamento de populações remanescentes das espécies.
Durante este trabalho, foram identificadas 65 populações do Callicebus coimbrai. Os estudos, realizados em colaboração coma Universidade Estadual de Sergipe e Secretaria Estadual de Meio Ambiente, buscam apresentar o habitat, hábitos alimentares e relação com outras espécies ameaçadas, como o macaco-prego-de-peito-amarelo, que ocorre na mesma área.
Outras espécies
Guigós e macacos-pregos-galegos vivem uma situação infelizmente comum entre os primatas da Mata Atlântica. Na verdade, dois terços dos primatas que ocorrem neste bioma estão ameaçados.
Em comum todos os primatas brasileiros vivem em florestas, nas árvores, e sofrem com a caça e perda de habitat. Na Mata Atlântica, a redução da área de ocorrência é ainda mais grave, devido a este bioma ter a maior densidade populacional, de humanos, e restar menos de 10% da floresta original.
Uma das situações mais preocupantes é a do bugio ou guariba (Alouatta ululata), considerado um dos dez primatas mais ameaçados do país. Entre as oito espécies de guariba que existem no Brasil, esta é única que ocorre em uma área de transição, entre Cerrado, Caatinga, Amazônia e Mata Atlântica, em remanescentes de floresta que se estendem do Maranhão ao Ceará. O projeto Ululata, iniciado em 2004, realiza um inventário e mapeamento das áreas de ocorrência da espécie.
Desde 2005, o CPB estuda o Caiarara (Cebus kaapori), “um primata muito sensível a perturbação do meio ambiente, prejudicado até pelo corte seletivo de árvores”, nas palavras de Jerusalinsky. O caiarara está criticamente ameaçado de extinção. Na Amazônia também existem esforços com o Cepam, WCS e Universidade Federal do Amazonas (Ufam) para protejer o Sauim-de-coleira (Saguinus bicolor).
Há também preocupação com outros temas. Está sendo realizado, por exemplo, um mapeamento de espécies invasoras. “Pessoas pegam para domesticar a levam para outras regiões. Quando é pequeno, é dócil, mas adultos, quando atingem a maturidade sexual, ficam mais agressivos. Aí, soltam em qualquer lugar”, conta... Ele cita os casos de saguis, de macacos-prego, de micos de cheiro - naturais da Amazônia mas com população em Pernambuco, Salvador (BA) e Rio de Janeiro, até mesmo em unidades de conservação.
A estratégia usada pelo CBP é fazer acordos, através de Planos de Ação, para reunir várias instituições, até mesmo com interesses conflitantes, para alcançar um objetivo comum. Estes planos prevêem metas e conjuntos de ações que devem ser implatadas por todos os parceiros. “A gente sabe que o país está se desenvolvendo, sabe que tem impactos e sabe que tem interesses, então...”, afirma o coordenador.
Em comum todos os primatas brasileiros vivem em florestas, nas árvores, e sofrem com a caça e perda de habitat. Na Mata Atlântica, a redução da área de ocorrência é ainda mais grave, devido a este bioma ter a maior densidade populacional, de humanos, e restar menos de 10% da floresta original.
Uma das situações mais preocupantes é a do bugio ou guariba (Alouatta ululata), considerado um dos dez primatas mais ameaçados do país. Entre as oito espécies de guariba que existem no Brasil, esta é única que ocorre em uma área de transição, entre Cerrado, Caatinga, Amazônia e Mata Atlântica, em remanescentes de floresta que se estendem do Maranhão ao Ceará. O projeto Ululata, iniciado em 2004, realiza um inventário e mapeamento das áreas de ocorrência da espécie.
Desde 2005, o CPB estuda o Caiarara (Cebus kaapori), “um primata muito sensível a perturbação do meio ambiente, prejudicado até pelo corte seletivo de árvores”, nas palavras de Jerusalinsky. O caiarara está criticamente ameaçado de extinção. Na Amazônia também existem esforços com o Cepam, WCS e Universidade Federal do Amazonas (Ufam) para protejer o Sauim-de-coleira (Saguinus bicolor).
Há também preocupação com outros temas. Está sendo realizado, por exemplo, um mapeamento de espécies invasoras. “Pessoas pegam para domesticar a levam para outras regiões. Quando é pequeno, é dócil, mas adultos, quando atingem a maturidade sexual, ficam mais agressivos. Aí, soltam em qualquer lugar”, conta... Ele cita os casos de saguis, de macacos-prego, de micos de cheiro - naturais da Amazônia mas com população em Pernambuco, Salvador (BA) e Rio de Janeiro, até mesmo em unidades de conservação.
A estratégia usada pelo CBP é fazer acordos, através de Planos de Ação, para reunir várias instituições, até mesmo com interesses conflitantes, para alcançar um objetivo comum. Estes planos prevêem metas e conjuntos de ações que devem ser implatadas por todos os parceiros. “A gente sabe que o país está se desenvolvendo, sabe que tem impactos e sabe que tem interesses, então...”, afirma o coordenador.
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