Friday, 22 February 2013

gilberto wataramy sobre o outro gilberto carvalho e os índios

gilberto wataramy
sobre o outro gilberto carvalho e os índios


---------- Forwarded message ----------
From: Giba Wataramy <wataramy@gmail.com>
Date: 2013/2/22
Subject: [FDHT_MT] Fwd: Gilberto Carvalho tem diálogo tenso com índios contrários à usina de Teles Pires (O Globo, 22/2, Economia)


Apegando-se em migalhas como o Bolsa Família e supostos avanços desde o governo Lula, muitos ainda insistem em tapar os olhos e ouvidos ao Rolo Compressor (ou Tratorzão) do governo federal. Muitos ex-aliados (???) que foram para dentro do governo assumiram um discurso que, em tempos passados, ouviriamos de qualquer membro da suposta direita - aprendi que para saber qual é a direita, com a qual escrevo, devemos saber qual é a esquerda. Como está difícil saber o que é esquerda... - e ainda hoje ouvimos da boca de ruralistas, empresários etc. Desenvolvimentismo puro! Colonialista até os fios dos cabelos, arrotando uma pseudo democracia representativa que representa uns poucos que, com base na exploração alheia, conseguiram alçar os três poderes.
Já estive com Gilberto Carvalho, quando ele usando meu nome em vão (confundiu quem fez a pergunta e eu havia feito outra), ficou nervoso pela intervenção de pessoas dos movimentos populares. Naquela ocasião ela diz com, praticamente, as mesmas palavras, referindo-se a Belo Monte: não tem jeito, TEMOS QUE FAZER! O BRASIL PRECISA!
No discurso de Carvalho o pensamento e a "coerencia"  do atual governo: vocês tem duas opções, aceitam serem tratorados, e aí ganham umas migalhinhas, ou não aceitam e vamos tratorar mesmo assim, só que sem migalhinhas.
Em tempos remotos trocava-se espelhinhos por toras de pau-brasil, hoje troca-se a vida de diversas comunidades, seus valores, sua cultura, seu futuro enfim por energia. Esta mesma energia que alimentará as mineradoras que exploram hoje "rios" de minérios para a exportação e que, ainda no desejo (e nas manobras de surdina), querem explorar o que restar dos territórios indígenas para as mesmas explorações de minérios que irão para a China, EUA e sei lá mais para onde.
O pior é ver que, para que os povos indígenas aceitem as migalhas, os direitos constitucionais à educação, saúde, proteção de territórios viraram compensações. Dessa forma oferecem o que é de direito sob a forma de benefícios ou beneces. O feliz 'empreendedor', com as chaves dos cofres do BNDES, paga aos impactados, em troca das crateras das hidrelétricas, das torres de alta tensão ou buracos das minerações uma escolinha, um carrinho velho, uns barquinhos a motor, um postinho de saúde e tudo estará resolvido. Se não tiver, faz-se um cadastro nas aldeias, coloca-se todo mundo no Bolsa Família e qualquer indígenas enriquecido pelos R$ 70,00 poderá, sem problemas, deixar de comer o peixe que pescava no rio - que não terá mais, pois a hidrelétrica fez sumirem - e comprar um franguinho congelado no mercado mais próximo. Ou, em vez de comer uma boa farinha de mandioca, um beiju, - pois não terá espaço para roças - come e dá aos seus filhos as sadáveis e nutritivas bolachas enriquecidas com ferro e lecitina de SOJA.
 
Bom, boa leitura...
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Gilberto Carvalho tem diálogo tenso com índios contrários à usina de Teles Pires

O ministro recebeu reclamação dos índios, que se recusavam a entrar no Palácio do Planalto

Catarina Alencastro
André de Souza
BRASÍLIA - A rixa entre o governo e índios em torno da construção de hidrelétricas ganhou um novo ingrediente nesta quinta-feira, quando o secretário-geral da Presidência, ministro Gilberto Carvalho, foi obrigado a descer de seu gabinete no Palácio do Planalto para acalmar os ânimos de um grupo de índios das tribos Munduruku e Kayabi, que protestavam contra a construção da hidrelétrica Teles Pires, no norte do Mato Grosso.
Os índios vieram trazer uma lista de reivindicações à Presidência e se recusavam a entrar no Palácio. O GLOBO testemunhou o diálogo entre Gilberto Carvalho e um integrante da tribo Munduruku. O debate aconteceu na divisa entre a entrada do Planalto e o lado de fora:
— Vocês tem duas opções: uma delas é inteligente: é dizer ok, nós vamos acompanhar, vamos exigir direitos nossos, vamos exigir preservação disso e disso e benefícios para nós. A outra é dizer não. Isso vai virar, infelizmente, uma coisa muito triste, e vai prejudicar muito a todos, ao governo, mas também a vocês. A hidrelétrica a gente não faz porque a gente quer, (mas) porque o país precisa — explicava Gilberto.
— A natureza também o país precisa — respondeu o representante da tribo, insistindo para que o interlocutor da presidente Dilma assinasse o recebimento da reivindicação deles.
— Eu assino. O que eu tô querendo dizer pra vocês é olho no olho. Eu não quero enganar. Nós vamos fazer tudo dentro da lei, nós vamos fazer as oitivas, vamos fazer as audiências — ponderou Gilberto Carvalho.
— Tem que olhar o nosso lado também — pediu o índio.
— Tamo (sic) olhando — afirmou o ministro.
— Nós viemos na casa de vocês... — insistiu o índio.
— A casa é de todo mundo do Brasil — observou Gilberto.
— Mas nossa área é nossa vida. E se a gente quebrar tudo aqui? — ameaçou o índio.
Neste momento, Gilberto, tenso, começou a andar em direção à mesa de recepção do Planalto, para assinar o documento:
— Eu vou receber (o documento). Eu vou pedir a vocês que subam lá, ouvir meu compromisso e levar meu compromisso. Eu vou assinar.
Depois de assinar a pauta, Gilberto volta e insiste mais uma vez para que os índios subam ao seu gabinete para ouvir a posição do governo:
— Eu já assinei. Mas sobe lá para ouvir. Aqui é a casa do povo.
— Se for pra falar de hidrelétrica, a gente não vai — manteve o índio.
— Ninguém vai falar de hidrelétrica, não. Ninguém vai enganar vocês. Eu não engano ninguém, eu falo as coisas com clareza, esta é a minha preocupação. Vocês já foram enganados muito tempo, séculos — prometeu o ministro.
— Nós vamos subir, você ler o documento (deles), vai assumir o compromisso e em nenhum momento vai falar de hidrelétrica — sugeriu o índio.
— Tá bom. A casa é de vocês — encerrou Gilberto.
— Eu não vou dormir aqui, não. Aqui não é a minha casa, não — retrucou o índio, que finalmente resolveu acompanhar o ministro e seus assessores rumo ao gabinete.
Os índios munduruku e kayabi vivem na região da divisa entre os estados do Mato Grosso e Pará, onde está sendo construída a usina hidrelétrica de Teles Pires. O clima na região é tenso e já resultou até mesmo na morte de um índio mundukuru, em novembro do ano passado. Ele perdeu a vida em confronto com a Polícia Federal (PF).
Notícia publicada em 21/02/13 - 20h10Atualizada em 21/02/13 - 20h58Impressa em 22/02/13 - 14h00


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