São
Pedro de Joselândia, 23 de fevereiro de 2014.
Giseli Dalla Nora
Este relato de pesquisa se
refere à expedição de campo realizada pelo grupo Pesquisador em Educação
Ambiental, Comunicação e Arte – GPEA da Universidade Federal de Mato Grosso,
realizados nos dias 20 a 23 de fevereiro de 2014.
A comunidade de São Pedro de
Joselândia fica localizada ao sul do município de Barão de Melgaço sendo, na
época da cheia (novembro a maio) quase totalmente alagada ficando com
dificuldade de acesso ao local devido ao nível das águas. Segundo dados da
Secretaria de Planejamento do Estado de Mato Grosso – SEPLAN, o município de
Barão de Melgaço é o 4º município com menor índice de desenvolvimento Humano em
2010 (tabela 01).
O objetivo dessa atividade de
campo é compreender o modo de vida da comunidade de São Pedro de Joselândia
observando a Pegada Ecológica. O WWF-Brasil, uma organização não-governamental
que tem chamado os brasileiros a pensar na conservação da Natureza, e aponta o
conceito de Pegada Ecológica como uma tentativa de medir as “marcas”,
“pegadas”, de acordo com a forma que consumimos. (BORBA, 2007).
Nesse sentido, realizou-se
entrevistas com alunos do ensino fundamental e ensino médio sobre o consumo em
São Pedro de Joselândia. Foram entrevistados 27 alunos do Ensino Fundamental e
Ensino Médio da Escola Estadual Maria Silvina Peixoto de Moura. Destes 27, 21
alunos eram do Ensino fundamental e 06 do ensino médio. Sendo 16 meninas
entrevistadas e 11 meninos da faixa etária de 12 a 18 anos.
Durante a entrevista
perguntou-se sobre os problemas ambientais que eles conheciam na comunidade e a
maior parte das respostas se referia ao lixo, ao desmatamento, as queimadas, ou
seja, os alunos da comunidade de São Pedro de Joselândia percebem como problema
ambiental o lixo, o desmatamento e as queimadas. Problemas apontados pela
Secretaria de Estado de Meio Ambiente como os mais graves e mais recorrentes no
estado de Mato Grosso.
Quando perguntados sobre o que
eles poderiam fazer para ajudar a diminuir estes problemas ambientais vários se
prontificaram a melhorar o destino do lixo, vendo a melhor forma de
acondicionar o lixo, outros apontaram que poderia ser com campanhas de
conscientização de consumir menos, energia, produtos e carne. Além de cobrar do
poder público, ações que ajudem na preservação e conservação ambiental.
Como integrante da pesquisa o
tema das mudanças climáticas globais também esta em voga, deixando claro que o
fenômeno das mudanças climáticas esta em evidencia e atingirá a todos de
maneira direta ou indireta. Quanto ao
tema mais de18 alunos já ouviram falar em mudanças climáticas e 09 nunca
ouviram falar. Os 18 alunos que ouviram falar tiveram acesso a informação pela
televisão e também na escola.
Durante a entrevista,
perguntou-se também como é o clima de São Pedro de Joselândia e mais de 80% das
afirmações é que o clima de São Pedro de Joselândia é quente. E para outros é
fresco sendo agradável para todos. Perguntou-se
também se eles ouviram comentários se o clima de São Pedro de
Joselândia tinha mudado e a maior parte
das repostas se referia que sim, os alunos entrevistados perceberam uma mudança
no clima da comunidade. Para mais de 50% são Pedro era mais frio, e chovia mais
e o que chamou a atenção é que seis entrevistados não souberam dizer se o clima
mudou. Apontando o que Tuan nos afirma que “compreender o que as pessoas sentem
sobre espaço e lugar, considerar as diferentes maneiras de experenciar
(sensório-motora, tátil, visual, conceitual) e interpretar o espaço e lugar
como imagens de sentimentos complexos.”
(TUAN,1983. p. 7)
Quando indagou-se aos alunos
como eles imaginariam São Pedro de Joselândia se diminuísse
a água nos rios e não tivesse cheia, se faltasse agua nas casas, vários
afirmaram que seria impossível viver mas a maior parte afirmou que acabaria a
natureza e seria muito ruim e muito triste.
A pesquisa continuou caminhando
frente aos aspectos da pegada ecológica e perguntou-se aos alunos se eles
achavam que se comia muita carne em São Pedro de Joselândia e 24 dos 27
entrevistados disse que sim. E outro ponto abordado se referia a diminuição do
consumo de carne e a maior parte dos entrevistados disse poderia diminuir o
consumo de carne por causa dos problemas de saúde que o excesso de carne
provoca, poderiam aumentar o consumo de peixe, mas salientaram também que para
diminuir o consumo de carne deve-se diminuir a produção de gado, forte
atividade econômica da comunidade.
A produção de carne no estado de
Mato Grosso preocupa com consta no documento
“Mato Grosso em Número 2013” lançado pela Secretaria de Planejamento do
estado de Mato Grosso – SEPLAN.
Em 2012, o Estado foi
responsável por 16,18% do abate de bovinos do país. O aumento no número de
confinamentos, melhoria de pastagens, maiores
áreas para a agricultura e melhoria do manejo reprodutivo e alimentar são fatores
responsáveis pelo crescimento da atividade no Estado (IMEA-2013). Essas melhorias tecnológicas tem seu reflexo
no setor industrial, onde os frigoríficos
vem aumentando tanto a sua capacidade de abate como também a
industrialização e exportação da carne bovina.
Ao se deparar com esta realidade a pesquisa buscou
compreender como as mudanças climáticas são sentidas pelas populações
tradicionais através de entrevistas com os alunos e continuara a investigar tal
temática com os professores e também com os idosos.
Referências
Bibliográficas
BORBA, Mônica Pilz . Pegada
ecológica: que marcas queremos deixar no planeta? Brasília: WWF-Brasil, 2007.
SEPLAN
– Secretaria de Planejamento do Estado. Mato
Grosso em Números 2013. Edição 2013. Cuiabá. 2013.
TUAN, Yi-Fu. Espaço e Lugar: a
perspectiva da experiência. São Paulo: Difel, 1983.
TUAN, Yi-Fu. Topofilia: um estudo
da percepção, atitudes e valores do meio ambiente. São Paulo: Difel, 1980.
TUAN, Yi-Fu A Geografia
Humanística. In: CHRISTOFOLETTI, A. (Org.). Perspectivas da Geografia. São
Paulo: Difel, 1982. Cap. 7, p. 143-164.
TUAN, Yi-Fu Paisagens do medo.
São Paulo: Unesp, 2006.
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