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http://site.adital.com.br/site/noticia.php?boletim=1&lang=PT&cod=80242
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Brasil concentra metade dos assassinatos de ecologistas em todo o mundo
Marcela Belchior
Adital
Concentrando a metade dos registros de homicídios contra ecologistas em todo o mundo, o Brasil é considerado o país mais perigoso para quem defende o direito à terra e ao meio ambiente. A conclusão é da organização não governamental britânica Global Witness, que acaba de divulgar um relatório alertando para o aumento acentuado de assassinatos de lideranças no setor. Somente no período entre 2002 e 2013, foram registradas 448 mortes criminosas no país.
Nesse espaço de tempo, há registros de 908 mortes em 35 países, relacionadas a disputas por recursos naturais no que tange, especialmente, à exploração industrial de florestas, minas e direitos de utilização de terras. As áreas geográficas mais afetadas são América Latina e Ásia-Pacífico.
Publicado 25 anos depois do assassinato do seringueiro e ativista ambiental brasileiro Chico Mendes, o relatório da Global Witness destaca que ainda há falta de divulgação e monitoramento desses crimes. "Isto significa que o número de mortes é, provavelmente, superior aos números documentados”, enfatiza. Nesse contexto, a ONG também destaca que o índice de impunidade nos casos é elevado: não se identificam os autores dos crimes e, quando sim, somente 1% deles são condenados.
De acordo com o relatório, o número de mortes criminosas aumentou nos últimos quatro anos, com média de dois ativistas assassinados por semana. No mesmo período, somente 10 criminosos foram condenados. O ano de 2012 concentrou o maior número de crimes, registrando 145 mortes.
Depois do Brasil, a situação mais grave estaria localizada em Honduras (América Central), com 109 assassinatos, e Filipinas (Ásia), tendo 67 ecologistas sido mortos. As comunidades indígenas seriam as mais afetadas, expostas à exploração por interesses econômicos de grandes corporações. "Em muitos casos, [os índios] só têm conhecimento de um negócio contra seus interesses quando as retroescavadeiras chegam aos seus respectivos territórios e florestas”, destaca o documento. Além das mortes, o relatório evidencia que os conflitos são permeados por um conjunto de violências, tais como intimidação, ameaças, estigmatização e criminalização dos ativistas.
A Comissão Pastoral da Terra (CPT), fonte dos dados relativos ao Brasil, contesta a interpretação da Global Witness, apontando que o contexto brasileiro é um dos poucos assinalados sistematicamente no mundo, o que levaria, portanto, a concentrar mais registros. Além disso, a ONG esclarece que os números absolutos oferecidos pela CPT à Global Witness se referem a crimes praticados em conflitos no campo, referentes a questões diversas, não somente ao direito à terra ou ao meio ambiente.
Segundo o secretário da coordenação nacional da CPT, Antônio Canuto, em entrevista à Adital, em outros países latino-americanos, como Guatemala, Honduras e Colômbia, também ocorre esse tipo de assassinato com frequência. "É uma questão de alguém que esteja interessado em ver e anotar”, explica. Ele avalia que a falta de registro e divulgação acaba por refletir na impunidade dos casos. "O campo é invisível para a sociedade brasileira. Se morrer um lá, não tem repercussão”, lamenta. "Os indígenas, quilombolas, ribeirinhos ainda são vistos como empecilho para o desenvolvimento do Brasil”, avalia Canuto.
Integrante da Coordenação Nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Alexandre Conceição concorda que a falta de registro é um problema, mas destaca que a primeira demanda do setor é política. "É garantir o assentamento aos sem terra, a demarcação de terras dos indígenas e quilombolas e incentivar a agricultura sustentável; e não o governo investir tão fortemente no agronegócio, na concentração de renda. Isso é o que eleva a violência no território brasileiro”, pontuou.
Nesse espaço de tempo, há registros de 908 mortes em 35 países, relacionadas a disputas por recursos naturais no que tange, especialmente, à exploração industrial de florestas, minas e direitos de utilização de terras. As áreas geográficas mais afetadas são América Latina e Ásia-Pacífico.
Publicado 25 anos depois do assassinato do seringueiro e ativista ambiental brasileiro Chico Mendes, o relatório da Global Witness destaca que ainda há falta de divulgação e monitoramento desses crimes. "Isto significa que o número de mortes é, provavelmente, superior aos números documentados”, enfatiza. Nesse contexto, a ONG também destaca que o índice de impunidade nos casos é elevado: não se identificam os autores dos crimes e, quando sim, somente 1% deles são condenados.
De acordo com o relatório, o número de mortes criminosas aumentou nos últimos quatro anos, com média de dois ativistas assassinados por semana. No mesmo período, somente 10 criminosos foram condenados. O ano de 2012 concentrou o maior número de crimes, registrando 145 mortes.
Depois do Brasil, a situação mais grave estaria localizada em Honduras (América Central), com 109 assassinatos, e Filipinas (Ásia), tendo 67 ecologistas sido mortos. As comunidades indígenas seriam as mais afetadas, expostas à exploração por interesses econômicos de grandes corporações. "Em muitos casos, [os índios] só têm conhecimento de um negócio contra seus interesses quando as retroescavadeiras chegam aos seus respectivos territórios e florestas”, destaca o documento. Além das mortes, o relatório evidencia que os conflitos são permeados por um conjunto de violências, tais como intimidação, ameaças, estigmatização e criminalização dos ativistas.
A Comissão Pastoral da Terra (CPT), fonte dos dados relativos ao Brasil, contesta a interpretação da Global Witness, apontando que o contexto brasileiro é um dos poucos assinalados sistematicamente no mundo, o que levaria, portanto, a concentrar mais registros. Além disso, a ONG esclarece que os números absolutos oferecidos pela CPT à Global Witness se referem a crimes praticados em conflitos no campo, referentes a questões diversas, não somente ao direito à terra ou ao meio ambiente.
Segundo o secretário da coordenação nacional da CPT, Antônio Canuto, em entrevista à Adital, em outros países latino-americanos, como Guatemala, Honduras e Colômbia, também ocorre esse tipo de assassinato com frequência. "É uma questão de alguém que esteja interessado em ver e anotar”, explica. Ele avalia que a falta de registro e divulgação acaba por refletir na impunidade dos casos. "O campo é invisível para a sociedade brasileira. Se morrer um lá, não tem repercussão”, lamenta. "Os indígenas, quilombolas, ribeirinhos ainda são vistos como empecilho para o desenvolvimento do Brasil”, avalia Canuto.
Integrante da Coordenação Nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Alexandre Conceição concorda que a falta de registro é um problema, mas destaca que a primeira demanda do setor é política. "É garantir o assentamento aos sem terra, a demarcação de terras dos indígenas e quilombolas e incentivar a agricultura sustentável; e não o governo investir tão fortemente no agronegócio, na concentração de renda. Isso é o que eleva a violência no território brasileiro”, pontuou.
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