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Estudo de especialistas da ONU mostra que planeta ainda pode reverter previsões sombrias de catástrofes naturais. Para isso, emissões de gás do efeito estufa precisam ser reduzidas a no mínimo 40% até 2050.
A reportagem é de Deutsche Welle, publicada por Carta Capital, 14-04-2014.
Apesar de todos os esforços globais para tentar reduzir a emissão de CO2 prejudicial ao clima, a liberação de gases causadores do efeito estufa teve maior aumento entre os anos 2000 e 2010 do que em qualquer outra década anterior, desde 1970.
O balanço consta do terceiro relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, sigla em inglês), publicado neste domingo (13/04) em Berlim. O documento, elaborado por 195 cientistas nos últimos quatro anos, vinha sendo discutido desde o início da semana passada por representantes de vários governos nas Nações Unidas, reunidos na capital alemã.
Apesar da perspectiva sombria, o relatório intitulado Mitigação da mudança climática traz esperança de que a situação pode mudar. Segundo seus autores, só será possível limitar os drásticos efeitos de catástrofes naturais – como inundações e secas – se os países conseguirem manter o aumento anual da temperatura do planeta em até 2 graus Celsius.
Mas para tal, os autores do estudo apontam a necessidade de se estabelecer um conjunto de medidas políticas e técnicas. “A mensagem científica é clara: a fim de evitar danos perigosos ao sistema climático, as coisas não podem continuar como estão”, explica o cientista alemão Ottmar Edenhofer.
O relatório divulgado agora é a terceira parte de um levantamento sobre mudanças climáticas. A primeira parte foi publicada em 2013 em Estocolmo, Suécia; a segunda, há poucas semanas em Yokohama, Japão.
Menos CO2 até 2050
Os especialistas do clima apontam que a meta dos 2 graus Celsius só poderá ser alcançada se as taxas de emissão de gases-estufa caírem entre 40% e 70% até 2050. Para garantir o futuro das próximas gerações, as emissões de CO2 e similares terá que ser praticamente nula, até o fim deste século.
No entanto, ressaltam, não basta diminuir a liberação de gases no meio ambiente. Para se chegar à ambiciosa meta deredução das mudanças climáticas, Edenhofer e seus colegas Ramón Pichs-Madruga, de Cuba, e Youba Sokona, do Mali, consideram ser essencial ter uma atmosfera completamente livre de CO2.
O trio de cientistas não tem dúvidas de que a comunidade internacional precisa ser ágil em aplicar uma série de medidas a fim de limitar o aquecimento anual em apenas 2 graus Celsius. Por isso é fundamental cumprir a meta básica inicial de estabilizar a concentração dos gases responsáveis pelo efeito estufa na atmosfera. Para conseguir isso, é necessárioreduzir as emissões em todos os setores, seja na geração e consumo de energia, na produção de bens de consumo, alimentação, meios de transporte ou moradia.
Cooperação internacional
Os cientistas enxergam um grande potencial no desenvolvimento da eficiência energética e reflorestamento. Para eles, a adoção de tecnologias menos poluentes oferece uma grande chance de diminuir os custos que seriam empregados para minimizar as mudanças climáticas.
Um melhor uso da terra é outro componente-chave desta equação. Desmatamento em menor escala e maiores áreas de reflorestamento podem, na avaliação dos especialistas, não apenas estancar a emissão de CO2 como até reverter o risco atual. Segundo o relatório do IPCC, o reflorestamento orientado pode até mesmo eliminar os gases-estufa da atmosfera.
Os cientistas afirmam que o uso de biomassa e o armazenamento subterrâneo de CO2 podem surtir o mesmo efeito, mas alertam sobre os riscos que essas técnicas acarretam. Assim, o objetivo principal deve ser buscar maneiras de desatrelar o crescimento econômico da necessidade de emitir gases poluentes, ressalta Sokona no relatório. Edenhofercomplementa: “A chave para reduzir o aquecimento global está no trabalho de cooperação internacional.”
“Este relatório é muito claro sobre o fato de estarmos perante uma questão de vontade mundial, e não de capacidade”, afirmou o secretário americano de Estado, John Kerry, num comunicado em que comenta o relatório do IPCC.
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