Saturday 9 November 2013

MOENDO GENTE

MOENDO GENTE
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visite o site para visualizar as principais fontes criminosas!


A investigação

Quem trabalha em um frigorífico se depara diariamente com uma série de riscos que a maior parte das pessoas sequer imagina. Exposição constante a facas, serras e outros instrumentos cortantes; realização de movimentos repetitivos que podem gerar graves lesões e doenças; pressão psicológica para dar conta do alucinado ritmo de produção; jornadas exaustivas até mesmo aos sábados; ambiente asfixiante e, obviamente, frio – muito frio.
No Brasil, os danos à saúde gerados no abate e no processamento de carnes destoam da média dos demais segmentos econômicos. São elevados os índices de traumatismos, tendinites, queimaduras e até mesmo de transtornos mentais. Para enfrentar tais problemas, é urgente reprojetar tarefas, introduzir pausas e, em alguns casos, diminuir o ritmo das linhas de produção. Medidas que, no entanto, esbarram em resistências de indústrias do setor.
Em 2012, a ONG Repórter Brasil investigou a fundo as condições impostas aos funcionários dos três maiores frigoríficos brasileiros: Brasil Foods (BRF), JBS e Marfrig. O resultado, apresentado nessa reportagem digital, mostra exemplos típicos da realidade descrita acima. São dezenas de unidades industriais condenadas na Justiça, interditadas, multadas ou processadas por graves problemas na organização do trabalho (mais detalhes no mapa da home page).
Essas três empresas comandam o vertiginoso crescimento de uma indústria nacional que, nos últimos anos, invadiu restaurantes e supermercados em todos os continentes. Contaminando, dessa forma, milhões de refeições mundo afora com o indigesto cotidiano de trabalho na indústria brasileira da carne.
Por isso mesmo, também foram investigados os elos que ligam BRF, JBS e Marfrig às maiores redes mundiais de fast-food e aos dez maiores varejistas globais com atuação no setor alimentício*. As informações aqui apresentadas, baseadas em relacionamentos comerciais identificados nos anos de 2011 e 2012, mostram como tais empresas distribuem a carne brasileira em dezenas de países. Em alguns casos, importando peças bovinas, suínas e de aves diretamente do Brasil. Em outros, vendendo produtos de subsidiárias internacionais dos três frigoríficos – que, por sua vez, processam matéria-prima oriunda de abatedouros brasileiros. Além disso, foram mapeados outros fabricantes de alimentos, importadores de proteína animal da BRF, JBS e Marfrig, e que têm seus itens vendidos por grandes redes de supermercados.
A reportagem também mostra clientes de empresas europeias, asiáticas e norte-americanas adquiridas em anos recentes pelos três gigantes brasileiros da carne, mas que não necessariamente utilizam carne do Brasil em suas linhas de produção. Um alerta importante, em tempos de crescente globalização dessa indústria, para mostrar como os parceiros comerciais dos grupos BRF, JBS e Marfrig, independentemente da origem do produto, podem estar financiando uma rede de negócios associada ao adoecimento e à incapacidade de milhares de trabalhadores.
Os frigoríficos, varejistas e redes de fast food citados foram convidados a se pronunciar sobre os problemas encontrados. A reportagem traz o posicionamento daqueles que quiseram se manifestar.
Moendo Gente dá continuidade à pesquisa da Repórter Brasil iniciada para a realização do premiado documentário “Carne Osso – O Trabalho em Frigoríficos“, vencedor de festivais dentro e fora do país.
*“Os Poderosos do Varejo Global”, 15ª Edição (Deloitte, 2012)
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Os problemas

Estatísticas oficiais, avaliações de especialistas e de autoridades competentes mostram que trabalhar em frigorífico é, comprovadamente, uma atividade de risco.
Nesta seção, você irá encontrar matérias que ajudam a compreender o mosaico de problemas de saúde e de organização do trabalho encontrados neste que é um dos principais setores do agronegócio nacional – responsável por mais de 750 mil empregos diretos e que, em 2011, exportou US$ 15,64 bilhões.
Leia as matérias a seguir:

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Os frigoríficos

Conheça as empresas:
Brasil Foods, JBS e Marfrig são os três principais vencedores de uma indústria que, nos últimos dez anos, literalmente ganhou o mundo. O Brasil tornou-se, nesse período, o maior exportador global de frango e carne bovina. E ainda almeja voos mais altos. Até 2020, segundo a expectativa do governo federal, mais de 45% desses dois mercados devem ser abocanhados pelos produtos “made in Brazil”.
Para alcançar tais resultados, o país viu praticamente dobrar, desde 2001, a quantidade de animais abatidos pela sua indústria frigorífica. Temos hoje o quinto maior contingente planetário de pessoas (194 milhões), mas, ainda assim, os homens são menos abundantes no território nacional do que os bois e as vacas (209 milhões de cabeças), e apenas uma fração da população total de frangos (superior a um bilhão).
Para estar hoje em mais de 150 países, a carne brasileira beneficia-se da recente formação de multinacionais verde-amarelas encabeçadas pelos três grupos frigoríficos citados (todos eles entre os 20 maiores exportadores do Brasil). Apesar de graves problemas trabalhistas em suas fábricas, essas empresas se valem de parcerias internacionais com gigantes do varejo e da indústria alimentícia. Além, é claro, de crucial apoio financeiro do Estado.
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Na rede

O programa Escravo, nem pensar!, da ONG Repórter Brasil, lançou em março de 2013 o caderno temático “Moendo gente – A situação do trabalho nos frigoríficos”, voltado para educadores que queiram abordar o tema em atividades na escola ou com outros públicos.
Clique aqui para abrir o caderno.
Veja o trailer do documentário “Carne Osso – O Trabalho em Frigoríficos” (Repórter Brasil, 2011):
Acesse o site do documentário:
http://reporterbrasil.org.br/carneosso/
Conheça outros trabalhos da Repórter Brasil sobre impactos socioambientais associados à atividade frigorífica:
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Expediente

Moendo Gente é uma realização da Repórter Brasil
Coordenação Geral: Leonardo Sakamoto
Edição de texto: Daniel Santini e Maurício Hashizume
Pesquisa e reportagem: André Campos e Carlos Juliano Barros
Assistência de pesquisa: Marcelo Ayala
Edição de vídeo: Anali Dupré
Interface web e plataforma de mapas: Casa de Cultura Digital
Coordenação web: Andre Deak e Felipe Lavignatti (Scarlett)
Design e Programação: Miguel Peixe e Luíza Peixe (Cardume)
Agradecimentos: Maria Paola de Salvo e Thiago Guimarães
Contato - Repórter BrasilRua Bruxelas, 169, Sumaré, São Paulo-SP, CEP 01259-020
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