Saturday, 30 November 2013

BAUMAN, BOURDIEU e ELIAS (52 obras): para download [Revista Biografia]

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BAUMAN, BOURDIEU e ELIAS (52 obras): para download [Revista Biografia]

BAUMAN, BOURDIEU e ELIAS (52 obras): para download


Complementando a lista o pessoal doArquivo Kronos disponibilizou para download, via Google Drive e Torrent, uma lista inédita com 52 obras BAUMAN,BOURDIEU ELIAS.

Aproveitamos para dizer que, aos que não sabem, é necessário instalar um programa em seu computador caso queiram baixar via Torrent. O referido programa está disponível neste link:http://www.baixaki.com.br/download/utorrent.htm .

Ao instalá-lo, atente-se para não clicar em sidebar e em outros programas desnecessários que podem deixar sua máquina lenta. Se já tiverem o programa é só clicarem em "Get This Torrent" lá no site do Pirate Bay. Outra opção é baixar pelo Google Drive, sem precisar de programas, só que mais demorado, apenas uma obra de cada vez.

Clique nos links abaixo e terão acesso aos arquivos:

Boa leitura!

Google Drive: 

https://drive.google.com/folderview?id=0B4UG_F2QeFUlZEhiQnJWYWI0Qkk&usp=sharing
uTorrent: 


BAUMAN, Z. A arte da vida
BAUMAN, Z. A fragilidade dos laços humanos
 
BAUMAN, Z. Amor Líqüido
BAUMAN, Z. A liberdade
BAUMAN, Z. A sociedade individualizada
BAUMAN, Z. Capitalismo parasitário
BAUMAN, Z. Comunidade
BAUMAN, Z. Confiança e medo na cidade
BAUMAN, Z. Em busca da política
BAUMAN, Z. Ensaios Sobre o Conceito de Cultura
BAUMAN, Z. Ética pós-moderna
BAUMAN, Z. Et al. O Papel da Cultura nas Ciências Sociais
BAUMAN, Z. Globalização e as consequências humanas
BAUMAN, Z. Identidade - entrevista a Benedetto Vecchi
BAUMAN, Z. La Cultura como Praxis
BAUMAN, Z. La sociedad sitiada (em espanhol)
BAUMAN, Z. Legisladores e Intérpretes
BAUMAN, Z. Medo Líquido
BAUMAN, Z. Modernidade e Ambivalência
BAUMAN, Z. Modernidade Líquida
BAUMAN, Z. Modernidade e Holocausto
BAUMAN, Z. O mal-estar da pós-modernidade
BAUMAN, Z. Por uma Sociologia Crítica
BAUMAN, Z. Tempos líquidos
BAUMAN, Z. Vida a crédito
BAUMAN, Z. Vida Para Consumo
BAUMAN; MAY. Aprendendo a pensar com a sociologia

 
BOURDIEU, P. A Dominação Masculina
BOURDIEU, P. A ilusão biográfica
BOURDIEU, P. As regras da arte
BOURDIEU, P. Coisas Ditas
BOURDIEU, P. Escritos da educação
BOURDIEU, P. Homo Academicus
BOURDIEU, P. Lições da Aula
BOURDIEU, P. Meditações Pascalianas
BOURDIEU, P. O poder simbólico
BOURDIEU, P. Os Usos Sociais da Ciência
BOURDIEU, P. Para uma Sociologia da Ciência
BOURDIEU, P. Questões de Sociologia
BOURDIEU, P. Razões Práticas - Sobre a Teoria da Ação
BOURDIEU, P. Sociologia

 
ELIAS, N. A Condição Humana
ELIAS, N. A peregrinação de Watteau à Ilha do Amor
ELIAS, N. A sociedade de corte
ELIAS, N. A sociedade dos indivíduos
ELIAS, N. O processo civilizador, vol. I: uma história dos costumes
ELIAS, N. O processo civilizador, vol. II: formação do estado e civilização
ELIAS, N. Os alemães
ELIAS, N. Sobre o tempo
ELIAS, N. Teoria Simbólica

 
 


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História Geral da África – 10 volumes – Unesco [Revista Biografia]

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História Geral da África – 10 volumes – Unesco [Revista Biografia]

História Geral da África – 10 volumes – Unesco 

Publicada em oito volumes, a coleção História Geral da África está agora também disponível em português. A edição completa da coleção já foi publicada em árabe, inglês e francês; e sua versão condensada está editada em inglês, francês e em várias outras línguas, incluindo hausa, peul e swahili.

Um dos projetos editoriais mais importantes da UNESCO nos últimos trinta anos, a coleção História Geral da África é um grande marco no processo de reconhecimento do patrimônio cultural da África, pois ela permite compreender o desenvolvimento histórico dos povos africanos e sua relação com outras civilizações a partir de uma visão panorâmica, diacrônica e objetiva, obtida de dentro do continente. A coleção foi produzida por mais de 350 especialistas das mais variadas áreas do conhecimento, sob a direção de um Comitê Científico Internacional formado por 39 intelectuais, dos quais dois terços eram africanos.

Brasília: UNESCO, Secad/MEC, UFSCar, 2010. 

História Geral da África – 10 volumes – Unesco 

ISBN: 978-85-7652-123-5 

Volume II: África Antiga (PDF, 11.5 Mb)
ISBN: 978-85-7652-124-2 

Volume III: África do século VII ao XI (PDF, 9.6 Mb)
ISBN: 978-85-7652-125-9 

Volume IV: África do século XII ao XVI (PDF, 9.3 Mb)
ISBN: 978-85-7652-126-6 

Volume V: África do século XVI ao XVIII (PDF, 18.2 Mb)
ISBN: 978-85-7652-127-3 

Volume VI: África do século XIX à década de 1880 (PDF, 10.3 Mb)
ISBN: 978-85-7652-129-7 

Volume VIII: África desde 1935 (9.9 Mb)
ISBN: 978-85-7652-130-3 

Revista Biografia

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Saturday, 23 November 2013

Universidade, entre agroecologia e agronegócio

OP
http://outraspalavras.net/destaques/universidade-entre-agroecologia-e-agronegocio/


Universidade, entre agroecologia e agronegócio

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Qual deveria ser o papel do ensino superior de Agricultura, num mundo que enfrenta fome e crise socioambiental planetária?
Por Luciana Jacob | Fotografia: Jorge Luiz Campos
Como instituição social que é, a universidade expressa a estrutura e o modo de funcionamento da sociedade, em suas atividades de ensino, pesquisa e extensão e em sua gestão. Assim, tal qual a sociedade, a universidade é constituída não só por diferentes visões de mundo, como principalmente por visões conflitantes: a produção de conhecimento e sua incorporação nos currículos universitários são processos atravessados por relações de poder.
A articulação dos conhecimentos existentes com o sistema econômico vigente orienta a formação de profissionais para as demandas explícitas do mercado. Isto fica evidente nas formas curriculares, na escolha de quais conhecimentos devem fazer parte da formação e tornar-se objetos de pesquisa e, principalmente, nas ausências que denunciam o descaso legado a projetos contra-hegemônicos. As atividades universitárias foram atingidas por forças que amplificaram sua condição de dependência à globalização neoliberal, afastando-se das demandas sociais necessárias para um projeto democrático de país. Elas têm se aproximado do mundo empresarial, relegando a segundo plano o interesse público.
Social e historicamente construídos, os saberes produzidos pela universidade são eleitos por determinados grupos sociais como legítimos, credíveis e merecedores de serem reproduzidos a determinados grupos sociais.
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Que saberes e grupos sociais são incluídos e quais são excluídos da universidade e, em decorrência, quais divisões sociais são produzidas e reforçadas? Qual o significado da ausência de determinados saberes na universidade? É um silêncio genuíno ou fruto de um silenciamento, ou seja, de uma imposição epistemológica?
A degradação ambiental, o risco de colapso ecológico e o avanço da desigualdade e da pobreza são sinais muito graves da crise do mundo globalizado. Na agricultura, assistimos à perda da soberania alimentar, à fome, à violência no campo, à perda de diversidade genética e dos solos, ao avanço da concentração de terras, ao desmatamento, ao envenenamento por agrotóxicos. Paralelamente, temos assistido a uma ofensiva aterradora de setores conservadores do Congresso Nacional sobre os direitos fundamentais de indígenas, contra o Código Florestal e a Lei de Biossegurança. Presenciamos a aprovação indiscriminada de transgênicos, sem os estudos necessários e a devida responsabilidade social e científica.
De modo predominante, a universidade contribui para a manutenção do paradigma hegemônico, formando pessoas aptas a lhe dar continuidade e produzir conhecimento que alimenta e fortalece seus preceitos. Na área de Ciências Agrárias, as atividades acadêmicas geralmente se articulam em torno do paradigma do agronegócio como cânone de desenvolvimento do país. E, como sabemos, a razão que permeia o agronegócio tem como características o capitalismo e a globalização neoliberal; a total dependência de insumos finitos e externos ao sistema agrícola; a simplificação genética; a concentração de terras e riquezas; entre outros – aspectos completamente avessos à sustentabilidade socioambiental.
A organização das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD) divulgou recentemente o Relatório de 2013 sobre Comércio e Meio Ambiente, intitulado “Acorde antes que seja tarde demais: torne a agricultura verdadeiramente sustentável agora para a segurança alimentar em um clima em mudança” (em tradução livre do inglês). O relatório, para além de alertar sobre os danos do paradigma hegemônico de produção agrícola, aponta a adoção da agroecologia como fundamental para evitar o agravamento da crise socioambiental e prováveis crises alimentares futuras – exatamente o oposto do que vem sendo desenvolvido pela grande parte das universidades brasileiras.
A construção de uma racionalidade ambiental para o enfrentamento destes problemas – em oposição à racionalidade econômica – exige a elaboração de novos saberes e, principalmente, a participação dos grupos historicamente silenciados e que mais sofrem as consequências nefastas da crise da modernidade na construção destes saberes. No espaço da universidade, isto implica a internalização das discussões socioambientais nas atividades de ensino e pesquisa, a abertura do diálogo com outras formas de saber e o repensar do papel da extensão universitária na perspectiva que Boaventura de Sousa Santos chama de ecologia de saberes.
Assento esta ideia em três pressupostos. A abundância de conhecimento no mundo é muito superior ao o conhecimento disponível em um currículo de determinada área. Além disso, a escolha de quais conhecimentos são legítimos e válidos é feita pelos grupos sociais dominantes e que assim o são pois historicamente oprimiram os grupos sociais hoje excluídos. Por fim, esta relação de poder guarda em si a força da hierarquização: os saberes que não passam nesse crivo são considerados alternativos, lendas, crenças, locais, ou seja, são descredibilizados.
Como avançar na construção de conhecimento socioambiental destinado à transformação social, quando a cultura e os saberes de camponeses e camponesas foram marginalizados e deslegitimados? Como dissolver o muro que tem separado a universidade das lutas sociais de modo geral e, especificamente, da agroecologia e soberania alimentar?
Proponho três alternativas que, se não completas e definitivas, se configuram como desafios para estas transformações.
Primeiro: mudanças nas prioridades da universidade – o que, como e para quem pesquisar e ensinar – não se operam de forma desconectada das estruturas sociais. Embora possa ser espaço de resistência, questionamento e promoção de transformação social, a universidade é sobretudo reprodutora de paradigmas mais amplos e funciona de acordo com dinâmicas sociais que por vezes a transcendem. Assim, não há possibilidade de se construir conhecimento contra-hegemônico de forma descolada dos grupos que mais sofrem as violências do conhecimento hegemônico nem à revelia de outros setores da sociedade. Há a necessidade de se avançar para uma ecologia de saberes que, segundo Boaventura, é o confrontamento da monocultura do saber e do rigor científico pela identificação de outros saberes e de outros critérios de rigor que operam credivelmente em práticas sociais.
O segundo é que as mudanças não podem ser implementadas apenas por alguns, mas é pela força de alguns poucos que elas ganharão projeção institucional. Sua promoção faz sentido em contextos específicos, com lutas conectadas com a história de cada instituição, apesar de fortalecerem e serem fortalecidas por lutas mais amplas, de outros grupos sociais, de outros lugares, de outros movimentos, de outras escalas e outras identidades culturais – ou seja, inserida em uma globalização contra-hegemônica.
O terceiro é que não há possibilidade de se pensar a inclusão de saberes socioambientais na universidade sem que isto seja tratado em termos epistemológicos e metodológicos. Epistemológicos porque promover o debate sobre sustentabilidade na universidade requer uma ecologia de saberes que luta contra a injustiça cognitiva. E metodológicos, uma vez que a inserção deste saber, pela sua própria complexidade, está imbricado também no questionamento crítico acerca dos métodos e estruturas em que se pauta atualmente o ensino superior.

Por que deixamos Varsóvia

OP
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Por que deixamos Varsóvia

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Ao retirarem-se das negociações climáticas, movimentos por justiça global mandaram recado: não aceitaremos mais farsas. E voltaremos mais fortes
Por Jamie Henn, da YesMagazine | Tradução: Inês Castilho
Estou sentado em um espaço de convergência no centro de Varsóvia, a um quilômetro e meio do Estádio Nacional, onde, nas duas últimas semanas, negociadores do mundo inteiro foram incapazes de conseguir qualquer progresso na última rodada da Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas.
Cai a noite, e a maioria dos ativistas que estão aqui quase enlouqueceram nas últimas semanas de negociação, mas a sala ainda vibra de energia. A meu lado, Evelyn Araripe, ativista e jornalista do grupo brasileiro Viração, rememora os acontecimentos do dia. Do outro lado da sala, um grupo de jovens do Friends of the Earth (Amigos da Terra) planeja suas próximas atividades. No andar de baixo, as pessoas conspiram sobre os vídeos e entrevistas que pretendem fazer amanhã.
Aqui é onde está acontecendo o verdadeiro enfrentamento das mudanças climáticas: um prédio velho, meio caído, perto da principal rua comercial de Varsóvia. Nosso cenário não tem a ordem das estéreis salas plenárias da Conferência das Partes 19, mas é repleta de criatividade e determinação.
Especialmente agora. Faz apenas algumas horas que grande parte das organizações da sociedade civil abandonou a COP19, para protestar contra a falta de progresso nas conversações. Em particular, contra as manobras dos grandes poluidores, tais como Austrália e Japão, para abandonar seu compromisso de cortar emissões de CO²; a falta de financiamento para os países em desenvolvimento; e o domínio exercido pelas corporações sobre um processo supostamente criado para representar as vozes dos povos do mundo.
Nosso anfitrião, o governo polonês, não apenas permitiu que corporações patrocinadoras estampassem seus logos por todo lado, nas salas onde ocorreu o encontro, mas chegou ao ponto de se aliar à Associação Mundial de Carvão para sediar uma grande cúpula sobre o combustível, lado a lado com as negociações sobre o clima. É o equivalente a montar uma feira de armamentos junto com uma conferência mundial de paz – o que gerouprotestos, naturalmente.
De modo que hoje, com camisetas onde se lê “Polluters Talk, We Walk“ (Quando os poluidores Falam, nós saímos), algumas das maiores organizações ambientais – Greenpeace, Oxfam, Friends of the Earth, 350.org etc.— uniram-se a grupos como ActionAid, redes de trabalhadores como Confederação Internacional de Sindicatos, movimentos do Sul Global como Aliança Pan-Africana pela Justiça Climática e jovens de todo o mundo, para deixar a conferência.
Foi uma condenação a essas conversas em particular, não a todo o processo da ONU. Atrás, em nossas camisetas, pode-se ler “Volveremos”, em espanhol – mais fortes e poderosos que nunca. Não abandonamos nossa esperança nas negociações climáticas da ONU, mas essas reuniões eram uma farsa, e sabemos que elas não vão construir um processo relevante até que digamos basta à indústria de combustíveis fósseis e acabemos com seu domínio sobre nossos governos e economias.
A amplitude e o alcance da paralisação de hoje foram um acontecimento sem precedentes no processo da ONU. Grupos isolados já abandonaram as negociações climáticas, no passado (perdi a conta de quantas vezes grupos como Friends of the Earth ou 350.orgmarcharam, protestaram ou foram expulsos de reuniões). Mas nunca antes tantos grupos, de ONGs gigantes como a World Wildlife Federation (Federação Mundial para a Vida Selvagem) a movimentos sociais de todo o Sul Global marcharam juntos com uma só voz. A ação de hoje foi pequena – o abandono de uma conferência –, mas significou outro nível de unidade no movimento climático global.
Depois de deixar as conversações, centenas de nós viemos para o espaço de convergência partilhar nossas percepções sobre o dia e nos comprometer com o duro trabalho que temos pela frente. Estamos exigindo um bocado dos nossos líderes políticos: financiamento de verdade, forte redução das emissões, novos mecanismos para lidar com as perdas e os prejuízos causados pelas mudanças climáticas. Precisamos também exigir muito de nós mesmos: outro nível de colaboração, vontade de correr riscos, e foco na mobilização de um movimento poderoso nas capitais mundo afora.
Sabemos que não estamos sós. Já estão chegando, neste momento, as fotos das vigíliasWe Stand With You (Estamos Com Vocês), que acontecem em todo o mundo para honrar as vítimas do Tufão Haiyan e demandar ação imediata contra o aquecimento global.
Esta é a sétima vez que venho a uma conferência climática anual da ONU, e é difícil não haver uma depressão em massa com todo o processo. O progresso é lento, as coisas desmoronam. E apesar disso, este ano há algo diferente no ar.
Pela primeira vez, parece que realmente sabemos quem são os inimigos. É a indústria de combustíveis fósseis – e estamos começando a ir atrás deles seriamente, fazendo de campanhas de desinvestimento à obstrução de dutos.
Lutar contra as mudanças climáticas é difícil, mas, sentado em salas como esta, cercado por ativistas de todo o mundo que estão empenhando seus corações e vidas nesta luta, é difícil não se sentir otimista. Com sempre diz Bill McKibben, não tenho certeza de que vamos ganhar, mas vamos provocar uma briga infernal.

roda de chimarrão: arte e educação ambiental

roda de chimarrão: arte e educação ambiental
com Alfredo Martin, FURG & Michèle Sato, UFMT

29/11/13 - 15h
educação ambiental da FURG
Rio Grande, RS


charge: Wagner Passos 
(que defende seu mestrado em cartum e humor gráfico na educação ambiental)


COP19: EUA apoiam calendário para acordo climático global

o eco
http://www.oeco.org.br/guardian-environment-network/27788-cop19-eua-apoiam-calendario-para-acordo-climatico-global?utm_source=newsletter_102&utm_medium=email&utm_campaign=leia-em-o-eco

Artigos da rede que reúne os melhores sites ambientais do mundo, selecionados pelo diário inglês The Guardian.

COP19: EUA apoiam calendário para acordo climático global
Fiona Harvey* - 22/11/13

COP19-in-Warsaw-Todd-Ster-007Todd Stern, enviado especial dos Estados Unidos para a Mudança Climática. Foto: Zhang Fan
Os EUA jogou o seu peso para apoiar o impulso de criação de um calendário claro para um acordo global sobre a mudança climática, um movimento que pode ajudar a romper o impasse nas negociações das Nações Unidas em Varsóvia.
Um cronograma claro que estabeleça quando os países devam tornar públicas as suas metas sobre as emissões de gases de efeito estufa, e como essas metas poderão ser avaliadas por outros participantes, é um grande ponto de atrito nestas horas finais das negociações.
Muitos países veem esse programa como essencial para garantir que um acordo global possa ser assinado em Paris, no final de 2015, que é o objetivo das atuais negociações. Entretanto, à medida que as negociações entraram nas horas finais nesta sexta-feira, ainda não havia consenso sobre a questão.
Todd Stern, enviado especial dos EUA para mudanças climáticas, disse aos jornalistas que os EUA queriam deixar acertado um calendário, e que os países devem procurar definir metas nacionais o mais tardar no primeiro trimestre de 2015, o que coincide com o período que os EUA pretendem apresentar suas novas metas.
Segundo Stern, "O novo projeto [texto sobre esta parte das negociações] é em nosso julgamento uma melhoria em relação ao anterior, embora ainda não faça tudo o que precisa fazer. Poderia haver uma linguagem com indicação mais forte de um cronograma eficaz para avançar, para dar maior clareza sobre qual compromisso inicial deve ser abraçado... para que todos da imprensa, dos thinktanks, da sociedade civil possam rever e analisar o processo. Ainda há coisas que nós e outros países estamos tentando colocar [no texto] na medida em que ele vai sendo fechado. Mas já é um passo à frente".
Ele descreveu a posição dos EUA: "Nós nos inclinamos a acertar compromissos no primeiro trimestre de 2015 – não é uma posição rígida, mas uma regra de bolso".
Connie Hedegaard, enviada para o clima da União Europeia, disse que havia uma crescente "tração" para chegar a tal resultado, e que os principais países desenvolvidos e em desenvolvimento apoiavam esta meta. "Países construtivos de todos os continentes, incluindo os EUA, agora lutam conosco por uma abordagem gradual para Paris [que envolva as duas etapas de definição e avaliação de metas nacionais]. Isso inclui a lição de casa: acertar bem antes de Paris os compromissos pretendidos, para realizar um debate informado sobre os esforços gerais".
A União Europeia considera que sair de Varsóvia sem um programa de trabalho claro permitirá aos países menos entusiasmados com um acordo global adiar a definição e avaliação das metas nacionais. Esse atraso pode inviabilizar um acordo, e uma falha em chegar a um acordo sólido em Paris seria um desastre para o longo prazo das negociações da ONU.
A China é o maior país que se opõe a tal acordo. O governo chinês resiste há muito tempo qualquer coisa que cheire a supervisão internacional das suas metas de emissões domésticas. Outros países pensam da mesma maneira e também se opõem, incluindo Índia e Venezuela. Alguns deles têm um histórico de obstruir as negociações.
Ao longo da quinzena de duração das negociações desta COP19, outra vertente avançou para um possível acordo. Foi a questão altamente controversa das "perdas e danos", a qual garantiria ajuda aos países em desenvolvimento atingidos pelos efeitos de desastres climáticos.
Alguns países em desenvolvimento insistem na criação de uma nova instituição para coletar e administrar esses fundos. Stern disse que os EUA estão dispostos a aceitar "um mecanismo, um arranjo, uma entidade", mas ele deixou claro que isto deveria acontecer dentro dos acordos existentes para ajudar os países pobres a se adaptarem aos efeitos das mudanças climáticas.
Isso é muito diferente da "compensação" que alguns países em desenvolvimento estão insistindo em receber dos países ricos, por causa dos efeitos de suas emissões. Entretanto, os governos dos países desenvolvidos não querem admitir responsabilidade legal pelas mudanças climáticas, em parte porque as emissões dos países emergentes estão ultrapassando rapidamente as emissões dos países já industrializados.
Os países em desenvolvimento podem aceitar esta barganha, uma vez que lhes permitiria receber fundos quando ocorre uma catástrofe, embora o valor continue desconhecido.
Ed Davey, secretário de energia e clima do Reino Unido, disse que estava esperançoso em alcançar um acordo: "Eu acho que nós vamos ser capazes de conciliar esses pontos de vista".
Em outra área das negociações, um acordo foi forjado para a "medição, notificação e verificação" das emissões. Este tem sido um problema duradouro, pois países em desenvolvimento, incluindo a China, têm sido cautelosos em aceitar algo que poderia ser interpretado como o controle internacional sobre as suas emissões domésticas. No entanto, eles receberam garantias de que sua soberania não será ameaçada por tal monitoramento. Um mecanismo semelhante também foi acordado para o futuro do Redd, um esquema de redução de emissões decorrentes de desmatamento e degradação florestal.
Houve progresso também sobre a conturbada questão de financiar países pobres para que se movam em direção a uma economia mais verde e se adaptem às mudanças climáticas. Nações vulneráveis receberam promessas de 100 bilhões de dólares por ano em financiamentos até 2020. Embora alguns insistam que os recursos devam vir dos governos dos países desenvolvidos, a maioria aceita que uma grande proporção possa vir do setor privado. Um novo "Fundo Climático Verde" está previsto para começar a operar no próximo ano para canalizar recursos para as áreas onde eles são necessários.
O secretário do Reino Unido, Ed Davey, disse que a questão-chave a ser debatida nos próximos dois anos é como contabilizar a contribuição do setor privado. Ele argumentou que o dinheiro público utilizado como capital semente, empréstimos, ou outra forma de alavancagem para incentivar o investimento privado, deve ser contabilizado no total de 100 bilhões de dólares. A OCDE já trabalha em métodos para aplicar esta contabilidade.
Como as negociações prometem entrar noite adentro, muitos participantes estavam afirmando que houve progresso. Davey disse: "Nós não viemos para Varsóvia com a expectativa de assinar um tratado. Nós esperávamos fazer avanços modestos sobre os blocos de construção, as fundações, as porcas e parafusos [de um novo acordo global], e estamos no caminho certo para alcançar este objetivo".

*Esse artigo é publicado em parceria com a Guardian Environment Network, da qual ((o))eco faz parte. A versão original (em inglês) foi publicada no site do Guardian. Tradução de Eduardo Pegurier


Friday, 22 November 2013

Dilemas da opção energética

carta maior
http://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Economia/Dilemas-da-opcao-energetica/7/29603

22/11/2013 - Copyleft

Dilemas da opção energética

A luta contra irregularidades eventualmente cometidas em projetos como Belo Monte não deve passar pela negação de usinas hidroelétricas. Por Jaciara Itaim


Jaciara Itaim
Jaciara Itaim
O desastre ocorrido em março de 2011 com a usina nuclear de Fukushima no Japão recolocou no centro do debate internacional a questão das alternativas para geração de energia em nosso planeta. Passados mais de 2 anos e meio da catástrofe, ainda se fazem sentir os efeitos provocados sobre a população próxima e distante do local da tragédia, bem como sobre o meio ambiente de uma forma generalizada. Radiação em níveis de letalidade, contaminação das águas e da atmosfera, enfim são inúmeras as conseqüências que terminaram por colocar em xeque, mais uma vez, a adoção desse modelo energético.
 
Esse foi o primeiro acidente de grande expressão do milênio, mas já havia sido precedido de uma série de outros de proporções também significativas nas últimas décadas. Foram casos como o de Three Mile Stone (1979, nos Estados Unidos), o de Chernobyl (1986, na antiga União Soviética) e também o nosso, aqui de Goiânia (conhecido como Césio 137, em 1987). Apesar de todas as advertências feitas pelos especialistas, pelos movimentos sociais e pela própria Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), pouco foi sendo implementado pelos países no sentido de se promover uma mudança de rota.
 
Mudanças no nuclear após Fukushima
 
Causa estranheza tamanha passividade no trato de fonte tão perigosa para o futuro do planeta. Na verdade, tal lentidão só reforça a idéia de que as alternativas energéticas são definidas em razão dos interesses econômicos, militares e geopolíticos envolvidos com as opções apresentadas a cada momento. Não bastam estudos e evidências de natureza técnica a embasar uma ou outra hipótese. As decisões são tomadas na esfera da política, a partir do jogo de pressão dos interesses envolvidos.
 
O recurso generalizado e o desenvolvimento da tecnologia nuclear guardam relação íntima com a questão militar, mas essa opção também foi uma tentativa de resposta dos países europeus para escapar da dependência do petróleo importado e da antiga matriz da energia movida a carvão. Assim, a usina atômica era sempre apresentada como uma “solução racional” para um modelo que se revelasse independente dos combustíveis fósseis e adaptado para países que não contassem com as facilidades naturais da hidroeletricidade. As imagens e os rastros da hecatombe de Hiroshima e Nagasaki tampouco foram suficientes para demover a opção adotada por boa parte dos países europeus.
 
O poder dos grandes conglomerados petrolíferos no mundo reside na importância que esse importante combustível fóssil exerce ainda em nossos tempos. A matriz energética norte-americana é bastante dependente do óleo e os interesses econômicos da economia ligada a esse complexo têm retardado ao máximo a transição para um modelo que seja menos comprometedor do aquecimento global. A única variável que conseguiu promover algum tipo de mudança foi a elevação dessa matéria-prima estratégica, levada a cabo de tempos em tempos pela articulação das empresas e governos em torno da OPEP. Sob tais condições de elevação de custos da energia, são lançadas experiências como os combustíveis derivados da agricultura e agora, mais recentemente, a opção pelo gás de xisto.
 
O impacto de Fukushima foi de tal ordem que importantes países adeptos do nuclear estão começando a rever tal estratégia. A começar pelo próprio Japão e alguns países europeus liderados pela Alemanha, parece ter início um movimento de busca de recursos alternativos para manter tais sociedades em movimento. Porém, as economias que mais crescem nos tempos atuais ainda não alcançaram tal patamar de sofisticação para colocar em marcha sua matriz energética. A China, por exemplo, mal começa a se afastar do padrão mais comum do século XIX e já inicia a substituição do carvão como combustível pelo uso do petróleo e pela hidroeletricidade. Não por acaso, está localizada naquele país a maior usina desse tipo do mundo, a gigantesca Barragem 3 Gargantas.
 
Fontes alternativas: energia limpa e sustentável
 
Aos poucos começam a surgir outros meios de geração de energia, como a derivada de biomassa, a solar, a eólica, a das marés, entre outras. O problema é que tais novidades ainda não contam com capacidade e volume para gerar a quantidade de energia para manter o mundo em movimento, tal como atualmente ocorre. E muito menos para o processo crescente de incorporação de bilhões de indivíduos que ainda se encontram à margem de padrões mínimos de qualidade de vida civilizada. Os países e suas populações exigem atendimento à demanda reprimida de acesso e bens básicos de consumo e de energia no curto prazo.
 
Ora, frente a esse quadro de dificuldades enfrentadas pelos países em todos os continentes, a situação do Brasil pode até ser considerada “confortável”. Afinal, contamos com uma rede de rios que nos assegura - com bastante folga, inclusive - uma das fontes de energia renovável mais limpa e sustentável que se conhece. É claro que a tecnologia contemporânea deveria estar ao alcance de se construírem usinas hidroelétricas com menor comprometimento ambiental. Porém, é preciso ficar claro que alguma fonte de energia sempre será necessária para assegurar o desenvolvimento social e econômico em nossas terras. Não há discurso que se sustente para um projeto desenvolvimentista de sociedade sem que sejam apresentadas as fontes energéticas para viabilizar sua consolidação.
 
Desenvolvimento social e econômico requer mais energia
 
A questão é sensível e polêmica. Mas não existe caminho que consiga promover essa necessária inclusão em termos globais e que implique, ao mesmo tempo, a redução do consumo de energia. A idéia da economia do “decrescimento” ou da estagnação pode até ser válida para países que já alcançaram um padrão de desenvolvimento e infraestrutura para a maioria de suas populações. Em sociedades que já conhecem um padrão do tipo “Estado do bem estar”, onde a taxa de inclusão é bastante elevada, talvez seja até razoável se permitir esse tipo de iniciativa. Mas esses casos representam uma parcela ínfima da população carente no mundo contemporâneo.
 
Uma coisa é buscarmos padrões de produção e consumo que não sejam repetição do passado, onde a regra tem sido sempre a busca do lucro no curto prazo e nenhuma preocupação com a sustentabilidade em sentido amplo. O modelo é baseado no desperdício de matéria-prima e de energia, na obsolescência programada, no estímulo a consumismo desenfreado e irresponsável, entre outros fatores que beiram a irracionalidade. Porém, um elemento no debate é inelutável: não dá para contornar o fato de que as necessidades globais de energia tendem a aumentar ao longo das próximas décadas.
 
O sistema brasileiro está chegando ao seu limite de capacidade de geração de energia. Assim, quando se propõe a retomada da trilha do crescimento econômico é necessário também apresentar os mecanismos para suprir as carências e preencher os gargalos em termos de infraestrutura. E a questão energética está dentre as mais emergenciais. Se não queremos a retomada do projeto nuclear e tampouco o crescimento da participação das termoelétricas, o caminho passa pela continuidade das hidroelétricas e pela incorporação crescente de tecnologias alternativas, a exemplo da energia eólica, das marés e solar. Isso significa que a luta contra as injustiças e as irregularidades eventualmente cometidas em projetos, como parece ser o caso de Belo Monte, não deve ser confundida com a negação da usina hidroelétrica como fonte necessária para o suprimento de energia no atual estado das artes do setor.
 
Mudanças macro e micro: exemplo do chuveiro elétrico
 
Ao mesmo tempo, há inúmeras soluções e alternativas a serem implementadas para equalização do balanço entre fontes e usos de energia em nosso País. O consumo residencial responde por quase 27% do total da energia despendida. Isso significa que os programas de racionalização e de minimização de gasto de energia devem mirar também o consumo industrial e comercial. Mas ainda há espaços importantes para redução do uso associado ao desperdício, como bem ficou provado à época do nada saudoso apagão, quando as campanhas públicas tiveram o efeito positivo de mostrar que havia “gordura a queimar”.
 
Um ponto mais do que evidente - e incompreensivelmente pouco tocado - é relativo à utilização do chuveiro elétrico para aquecimento da água para banho da população. Trata-se de um dos mais irracionais e ineficientes sistemas de uso de energia para aquecimento de água. De alguma forma, uma jabuticaba energética. Mais de 90% das residências brasileiras se utilizam desse modelo, aparentemente “inofensivo”. No entanto, ele é um dos responsáveis pela necessidade de super-dimensionamento do modelo global de oferta de energia elétrica, apenas para atender ao pico de uso do banho, entre 18hs e 21hs. O uso do chuveiro representa 23% do total do consumo residencial – ou seja, quase 6% do total de energia elétrica do País.
 
Ora, para mudar esse hábito cultural existem alternativas sólidas do ponto de vista tecnológico e viáveis em termos econômicos. Trata-se do uso das placas solares no plano residencial, modelo com eficiência mais do que comprovada onde ele tem sido instalado. Basta um engajamento do diversos níveis de governo nesse projeto de substituição do chuveiro elétrico para que se tenha um efeito expressivo - e quase imediato - na redução do consumo de eletricidade.
 
Enfim, parece claro que a questão energética é também uma das dimensões de políticas públicas em que se mesclam algumas medidas de caráter micro com outras de natureza macro. A configuração das diferentes fontes de energia para a arquitetura de nossa matriz do futuro exige medidas a serem tomadas no curto prazo, com resultados que serão sendo alcançados ao longo do tempo. E isso vai desde a simples mudança de hábitos sociais e culturais, até o necessário investimento pesado em inovação, ciência e tecnologia.
 
* Jaciara Itaim é economista e militante por um mundo mais justo em termos sociais e econômicos.