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http://www.ufmt.br/ufmt/site/noticia/visualizar/18008/Cuiaba
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Boaventura Santos é agraciado com título de Doutor Honoris Causa
Publicado em Notícias | 04/09/2014
O Conselho Universitário (Consuni) da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) aprovou a concessão do Título de Doutor Honoris Causa para o professor e sociólogo Boaventura de Sousa Santos, da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra. A cerimônia de entrega da honraria será realizada durante sessão solene, no dia 12 de setembro, às 10 horas, no auditório do Centro Cultural, no campus de Cuiabá.
O título de doutor honoris causa é concedido a personalidades eminentes, brasileiras ou estrangeiras, que tenham contribuído de forma notável para o progresso da universidade, da região ou do país, ou que tenham se distinguido, de forma excepcional, pela sua atuação em favor das ciências, das letras ou da cultura em geral.
A homenagem ao professor Boaventura Santos foi requerida pelos coordenadores do Grupo de Pesquisa em Movimentos Sociais e Educação (GPMSE), professores Luiz Augusto Passos e Artemis Torres, devido à importância dos estudos brasileiros realizados pelo professor português, pela relevância política dos seus escritos em defesa da democracia e participação dos movimentos sociais e pelo conjunto de suas obras voltado para a dimensão da interculturalidade e do diálogo de consenso entre os setores sociais, no acesso aos bens públicos e coletivos, e cidadania.
“Além do que, temos hoje, de maneira perversa, no contexto das próprias universidades, uma nova bandeira de recuperação da hegemonia das universidades do Norte, desde os processos nos marcos celebrativos do aniversário da Universidade de Bolonha, em que grande parte delas, pleiteiam teses que desejam vincular toda produção acadêmica aos interesses imediatos do mercado, sem a devida consideração pelas raízes de um conhecimento com autonomia e independência de uma finalidade instrumental, aplicada. Os resultados das pesquisas, sob esta forma de vinculação, não estaria sequer voltados aos interesses da população e sua dimensão social, mas estaria reféns dos interesses de acumulação, que de ordinário, ferem especialmente populações empobrecidas, destroem diversidades naturais, poluem meio ambiente e tornam a vida insustentável, sobretudo dos mais expostos ao desabrigo, à fome, às violências do capital e dos Estados. Violência que destrói a solidariedade, agudizam conflitos regionais, étnicos, e rejeitam ou desapropriam formas de conhecimento advindas dos saberes populares tradicionais, de raízes indígenas, negras e dos povos da floresta, que são conquistas do gênio humano, em face dos processos criminosos de interditos aos próprios povos o acesso ao manejo tradicional como as políticas de patentes que predam o patrimônio brasileiro. Destroem formas de preservação ambiental, e de convivência biorregional e de sustentabilidade entre diferenças, no manejo da terra, das águas e do ar. Formas estas tecidas com muita luta e conflito, no Brasil e em Mato Grosso. É contra estes abusos que o professor Boaventura de Sousa Santos vem reiteradamente insistir na tarefa acadêmica de construir uma ‘Ciência com consciência’ e de repensar a Universidade do Século XXI na perspectiva de descolonização”, argumentam na justificativa para a concessão da honraria.
Para os professores Marcus Abílio Pereira, dos Departamentos de Direito e Ciências Sociais da PUC-MG, e Ernani Carvalho, do Programa de Pós-graduação em Ciência Política da UFPE e pesquisador da FACEPE/CNPq, Boaventura Santos é um dos mais influentes sociólogos de língua portuguesa da atualidade. Segundo eles, seus trabalhos podem ser enquadrados em três macroáreas: Direito e Sociedade, Filosofia ou Epistemologia das Ciências Sociais e Democracia. Atuando basicamente nestas três grandes áreas, ele se tornou referência obrigatória nas mais diferentes disciplinas das Ciências Sociais no Brasil (Direito, Educação, Serviço Social, Ciência Política, Sociologia etc.), afirmam.
No artigo científico “Boaventura de Sousa Santos: por uma nova gramática do político e do social”, Marcus Pereira e Ernani Carvalho fazem o mapeamento do pensamento de Boaventura Santos tomando como base seus estudos em torno da democracia participativa. “Antes, porém, desvendou-se a estrutura de sua teoria social como forma de interpretar melhor sua proposta de ampliação do cânone democrático. Na perspectiva de Santos, a participação política possui um papel fundamental neste processo de redescoberta das práticas societárias. É através dela que aqueles deixados à margem poderão ser incluídos no processo democrático, colaborando na própria definição da comunidade em que estão inseridos. A democracia, então, é um projeto de inclusão social e de inovação cultural que se coloca como tentativa de instituição de uma nova soberania democrática”, escrevem no paper.
MinicurrículoBoaventura de Sousa Santos nasceu no dia 15 de novembro de 1940, na cidade de Coimbra, em Portugal. Em 1963 licenciou-se em Direito pela Universidade de Coimbra, tendo realizado no ano de 1964 um curso de pós-graduação na Universidade de Berlim. Obteve seu título de mestre em 1970, pela Yale University, com a tese “As Estruturas Sociais do Desenvolvimento e o Direito” e em 1973 concluiu seu doutorado pela mesma instituição. Atualmente é professor catedrático da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, Distinguished Legal Scholar da Faculdade de Direito da Universidade de Wisconsin-Madison e Global Legal Scholar da Universidade de Warwick. É igualmente Diretor do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, Diretor do Centro de Documentação 25 de Abril da mesma Universidade e Coordenador Científico do Observatório Permanente da Justiça Portuguesa.
É diretor do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra; coordenador científico do Observatório Permanente da Justiça Portuguesa. Dirige o projeto de investigação ALICE - Espelhos estranhos, lições imprevistas: definindo para a Europa um novo modo de partilhar as experiências o mundo, um projeto financiado pelo Conselho Europeu de Investigação (ERC), um dos mais prestigiados e competitivos financiamentos internacionais para a investigação científica de excelência em espaço europeu.
Tem trabalhos publicados sobre globalização, sociologia do direito, epistemologia, democracia e direitos humanos. Os seus trabalhos encontram-se traduzidos em espanhol, inglês, italiano, francês, alemão e chinês.
O título de doutor honoris causa é concedido a personalidades eminentes, brasileiras ou estrangeiras, que tenham contribuído de forma notável para o progresso da universidade, da região ou do país, ou que tenham se distinguido, de forma excepcional, pela sua atuação em favor das ciências, das letras ou da cultura em geral.
A homenagem ao professor Boaventura Santos foi requerida pelos coordenadores do Grupo de Pesquisa em Movimentos Sociais e Educação (GPMSE), professores Luiz Augusto Passos e Artemis Torres, devido à importância dos estudos brasileiros realizados pelo professor português, pela relevância política dos seus escritos em defesa da democracia e participação dos movimentos sociais e pelo conjunto de suas obras voltado para a dimensão da interculturalidade e do diálogo de consenso entre os setores sociais, no acesso aos bens públicos e coletivos, e cidadania.
“Além do que, temos hoje, de maneira perversa, no contexto das próprias universidades, uma nova bandeira de recuperação da hegemonia das universidades do Norte, desde os processos nos marcos celebrativos do aniversário da Universidade de Bolonha, em que grande parte delas, pleiteiam teses que desejam vincular toda produção acadêmica aos interesses imediatos do mercado, sem a devida consideração pelas raízes de um conhecimento com autonomia e independência de uma finalidade instrumental, aplicada. Os resultados das pesquisas, sob esta forma de vinculação, não estaria sequer voltados aos interesses da população e sua dimensão social, mas estaria reféns dos interesses de acumulação, que de ordinário, ferem especialmente populações empobrecidas, destroem diversidades naturais, poluem meio ambiente e tornam a vida insustentável, sobretudo dos mais expostos ao desabrigo, à fome, às violências do capital e dos Estados. Violência que destrói a solidariedade, agudizam conflitos regionais, étnicos, e rejeitam ou desapropriam formas de conhecimento advindas dos saberes populares tradicionais, de raízes indígenas, negras e dos povos da floresta, que são conquistas do gênio humano, em face dos processos criminosos de interditos aos próprios povos o acesso ao manejo tradicional como as políticas de patentes que predam o patrimônio brasileiro. Destroem formas de preservação ambiental, e de convivência biorregional e de sustentabilidade entre diferenças, no manejo da terra, das águas e do ar. Formas estas tecidas com muita luta e conflito, no Brasil e em Mato Grosso. É contra estes abusos que o professor Boaventura de Sousa Santos vem reiteradamente insistir na tarefa acadêmica de construir uma ‘Ciência com consciência’ e de repensar a Universidade do Século XXI na perspectiva de descolonização”, argumentam na justificativa para a concessão da honraria.
Para os professores Marcus Abílio Pereira, dos Departamentos de Direito e Ciências Sociais da PUC-MG, e Ernani Carvalho, do Programa de Pós-graduação em Ciência Política da UFPE e pesquisador da FACEPE/CNPq, Boaventura Santos é um dos mais influentes sociólogos de língua portuguesa da atualidade. Segundo eles, seus trabalhos podem ser enquadrados em três macroáreas: Direito e Sociedade, Filosofia ou Epistemologia das Ciências Sociais e Democracia. Atuando basicamente nestas três grandes áreas, ele se tornou referência obrigatória nas mais diferentes disciplinas das Ciências Sociais no Brasil (Direito, Educação, Serviço Social, Ciência Política, Sociologia etc.), afirmam.
No artigo científico “Boaventura de Sousa Santos: por uma nova gramática do político e do social”, Marcus Pereira e Ernani Carvalho fazem o mapeamento do pensamento de Boaventura Santos tomando como base seus estudos em torno da democracia participativa. “Antes, porém, desvendou-se a estrutura de sua teoria social como forma de interpretar melhor sua proposta de ampliação do cânone democrático. Na perspectiva de Santos, a participação política possui um papel fundamental neste processo de redescoberta das práticas societárias. É através dela que aqueles deixados à margem poderão ser incluídos no processo democrático, colaborando na própria definição da comunidade em que estão inseridos. A democracia, então, é um projeto de inclusão social e de inovação cultural que se coloca como tentativa de instituição de uma nova soberania democrática”, escrevem no paper.
MinicurrículoBoaventura de Sousa Santos nasceu no dia 15 de novembro de 1940, na cidade de Coimbra, em Portugal. Em 1963 licenciou-se em Direito pela Universidade de Coimbra, tendo realizado no ano de 1964 um curso de pós-graduação na Universidade de Berlim. Obteve seu título de mestre em 1970, pela Yale University, com a tese “As Estruturas Sociais do Desenvolvimento e o Direito” e em 1973 concluiu seu doutorado pela mesma instituição. Atualmente é professor catedrático da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, Distinguished Legal Scholar da Faculdade de Direito da Universidade de Wisconsin-Madison e Global Legal Scholar da Universidade de Warwick. É igualmente Diretor do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, Diretor do Centro de Documentação 25 de Abril da mesma Universidade e Coordenador Científico do Observatório Permanente da Justiça Portuguesa.
É diretor do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra; coordenador científico do Observatório Permanente da Justiça Portuguesa. Dirige o projeto de investigação ALICE - Espelhos estranhos, lições imprevistas: definindo para a Europa um novo modo de partilhar as experiências o mundo, um projeto financiado pelo Conselho Europeu de Investigação (ERC), um dos mais prestigiados e competitivos financiamentos internacionais para a investigação científica de excelência em espaço europeu.
Tem trabalhos publicados sobre globalização, sociologia do direito, epistemologia, democracia e direitos humanos. Os seus trabalhos encontram-se traduzidos em espanhol, inglês, italiano, francês, alemão e chinês.
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