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http://www.ihu.unisinos.br/noticias/535498-peru-declaracao-da-cupula-dos-povos-contra-a-mudanca-climatica
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http://www.ihu.unisinos.br/noticias/535498-peru-declaracao-da-cupula-dos-povos-contra-a-mudanca-climatica
“Dada a magnitude do impacto da mudança climática sobre os povos do mundo – e em especial sobre os povos indígenas ou originários – os Estados e governos têm a obrigação de escutar as diversas vozes, demandas e propostas dos povos que, por meio das organizações civis e movimentos sociais, expressarão sua comum aspiração de transitar para novas formas de vida e convivência baseadas no Bem-Viver e no respeito dos direitos humanos e da Mãe Terra.”
Esta é uma das exigências feitas à COP20 pela comissão política organizadora da Cúpula dos Povos contra a Mudança Climática. A declaração é publicada por Rebelión, 22-09-2014. A tradução é de André Langer.
Eis a declaração.
A comissão política organizadora da Cúpula dos Povos contra a Mudança Climática declara diante da opinião pública nacional e internacional, o seguinte:
1. A realização da 20ª Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas sobre a Mudança Climática(COP20), na cidade de Lima, Peru, de 01 a 12 de dezembro de 2014, traz em si um desafio de extrema importância para o país e o mundo: aprovar o rascunho de um novo Acordo Climático Global vinculante, que redefina os compromissos dos Estados e da comunidade internacional, para reduzir os gases de efeito estufa e implementar políticas de adaptação e mitigação para enfrentar o maior problema global que a humanidade enfrenta: a mudança climática.
2. Dada a magnitude do impacto da mudança climática sobre os povos do mundo – e em especial sobre os povos indígenas ou originários – os Estados e governos têm a obrigação de escutar as diversas vozes, demandas e propostas dos povos que, por meio das organizações civis e movimentos sociais (ambientalistas, agrários, indígenas, sindicais e cidadãos em geral) expressarão sua comum aspiração de transitar para novas formas de vida e convivência baseadas no Bem-Viver e no respeito dos direitos humanos e da Mãe Terra.
3. A mudança climática – ocasionada principalmente pela emissão de gases de efeito estufa proveniente dos países industrializados – afeta majoritariamente os países menos industrializados, apesar de que estes contribuem em menor medida para a sua geração. Esta situação exige o avanço de maneira efetiva rumo a uma Justiça Climática global.
4. A mudança climática é uma realidade irreversível que afeta com maior gravidade as comunidades e povos indígenas, cujas práticas produtivas, sociais e culturais guardam uma estreita relação com o ambiente e a Mãe Terra.
5. A mudança climática já afeta a disponibilidade de bens comuns (água, terra fértil, biodiversidade, etc.), cultivos e alimentos, agravando a saúde de todos os seres vivos. Os eventos climáticos extremos ocasionam severos danos às comunidades e ecossistemas, aumentando a vulnerabilidade das populações mais empobrecidas, em particular a situação das mulheres indígenas e rurais.
6. As políticas neoliberais promovem modelos de produção em grande escala e um enfoque de competitividade agrícola que vão na contramão dos sistemas agroalimentares. Proporcionam facilidades ao capital privado para concentrar a terra, privatizar os bens comuns, controlar o acesso à água e marginalizam a pequena agricultura familiar, indígena e camponesa que sustenta a alimentação popular. Neste contexto, a crise alimentar aumenta os riscos sobre a segurança e a soberania alimentar e aumenta a ameaça sobre a biodiversidade, patrimônio da humanidade.
7. A mudança climática afeta a reserva de água doce dos glaciares e aumenta o nível do mar, provocando riscos para as populações costeiras. Provoca a contaminação de bacias, rios e lagos pela extração indiscriminada de minerais e hidrocarbonetos, assim como o consumo intensivo da agroindústria, e aumenta o estresse hídrico em diversas regiões do planeta. Os Estados têm a obrigação de preservar as fontes hídricas e garantir o direito humano à água, assim como o saneamento e gestão pública das empresas provedoras de água potável.
8. Alertamos que o problema da mudança climática não é apenas ambiental, mas envolve o conjunto da vida social e natural, razão pela qual deve ser abordado em toda a sua complexidade e de maneira integral. A situação atual exige de maneira imperiosa a adoção de políticas e medidas orientadas a frear o aquecimento global (mitigação) assim como a diminuição de seus impactos (adaptação) sociais, econômicos e culturais.
9. Urge que os Estados assumam compromissos específicos para atender às necessidades de adaptação climática dos povos vulneráveis e promovam programas que desenvolvam suas capacidades para a resiliência territorial, aproveitando e potencializando os conhecimentos locais e tradicionais.
10. Urge avançar rumo à erradicação do uso de combustíveis fósseis como base da matriz energética. Devem ser detidas as tecnologias não convencionais (fracking) para explorar hidrocarbonetos e cortados os subsídios para os combustíveis fósseis. Pelo contrário, devem ser destinados recursos maiores para a pesquisa e investimento em tecnologias limpas e alternativas.
11. Fazemos um apelo para a construção de um modelo de vida que vá além da “economia verde”, que, baseada na lógica capitalista, precifica a Natureza e a mercantiliza com o disfarce de responsabilidade social e ambiental. Esta lógica de mercado subjaz nos créditos de carbono e outras falsas soluções para a mudança climática que permitem privatizar a Mãe Terra e vulnerabilizar os direitos dos povos originários sobre seus territórios e bens comuns.
12. Finalmente, convocamos todos os povos e movimentos sociais do mundo para se unirem na Cúpula dos Povos para defender e promover o trabalho decente, vinculado a um modelo de desenvolvimento sustentável que permita aos povos e trabalhadores sair da pobreza e progredir social e economicamente, assegurando para elas e suas famílias um meio ambiente protegido para as gerações futuras.
Comissão política organizadora da Cúpula dos Povos contra a Mudança Climática
Associação Nacional de Produtores Ecológicos – Aliança de Organizações Agrárias (ANPE PERU-AO)
Confederação Camponesa do Peru (CCP)
Confederação Geral de Trabalhadores do Peru (CGTP
Confederação Nacional Agrária (CNA)
Central Unitária de Trabalhadores (CUT)
Central única Nacional de Rondas Camponesas do Peru (CUNARC-P)
Federação de Estudantes do Peru (FEP) e coletivos juvenis
Federação Nacional de Mulheres Camponesas, Artesãs, Indígenas e Assalariadas do Peru (FENMUCARINAP)
Federação Nacional de Trabalhadores da Água Potável (FENTAP)
Grupo Peru COP20
Marcha Mundial de Mulheres (MMM)
Organização Nacional de Mulheres Indígenas Andinas e Amazônicas do Peru (ONAMIAP)
União Nacional de Comunidades Aimaras do Peru (UNCA)
Confederação Camponesa do Peru (CCP)
Confederação Geral de Trabalhadores do Peru (CGTP
Confederação Nacional Agrária (CNA)
Central Unitária de Trabalhadores (CUT)
Central única Nacional de Rondas Camponesas do Peru (CUNARC-P)
Federação de Estudantes do Peru (FEP) e coletivos juvenis
Federação Nacional de Mulheres Camponesas, Artesãs, Indígenas e Assalariadas do Peru (FENMUCARINAP)
Federação Nacional de Trabalhadores da Água Potável (FENTAP)
Grupo Peru COP20
Marcha Mundial de Mulheres (MMM)
Organização Nacional de Mulheres Indígenas Andinas e Amazônicas do Peru (ONAMIAP)
União Nacional de Comunidades Aimaras do Peru (UNCA)
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