Thursday 4 September 2014

Como enfrentar o impacto socioambiental provocado pela mudança climática?

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http://site.adital.com.br/site/noticia.php?lang=PT&cod=82291


Como enfrentar o impacto socioambiental provocado pela mudança climática?

Marcela Belchior
Adital
A necessidade de adaptação a mudanças climáticas é um complexo desafio que requer novos espaços de coordenação e colaboração entre diferentes níveis de governo, especialistas, sociedade civil e comunidades. Assim observa a Fundação Avina, organização que contribui para um desenvolvimento sustentável na América Latina. Em informe, a entidade avalia os recentes movimentos de instituições e extra-institucionais para adequarem-se às condições de clima em que vivemos hoje.
Segundo a entidade, para acomodar-se ao atual contexto, é preciso estratégias para uma efetiva gestão de água, que busquem reduzir a vulnerabilidade das comunidades diante de fenômenos climatológicos, que geram riscos por excesso ou escassez do recurso. Nesse sentido, a mudança climática é de particular importância para o setor hídrico porque a água é o principal meio de impacto às populações.

É preciso estratégias para uma efetiva gestão de água, que busquem reduzir a vulnerabilidade das comunidades diante de fenômenos climatológicos


De acordo com a Avina, há evidências científicas que revelam transformações nas precipitações chuvosas e escoamento na região latino-americana, e um aumento, em magnitude e frequência, de eventos extremos, como são as inundações e as secas. O número de catástrofes provocadas por inundações em zonas do interior foi duas vezes mais elevado na década de 1996-2005 do que entre 1950-1980, além de provocar cinco vezes mais perdas econômicas. Nesses casos, os prejuízos afetam sistemas de água e saneamento rurais e urbanos, além de atingirem sistemas de irrigação.
Para as próximas décadas, aponta a organização, estima-se que a capacidade dos sistemas de drenagem e de tratamento de água poderá ser suplantada por chuvas intensas; o aumento do nível do mar poderá salinizar lençóis freáticos costeiros; sistemas hidrelétricos poderão ser atingidos pelas mudanças em caudais de rios, além da demanda de irrigação poder crescer devido à menor precipitação em algumas áreas. Outro risco seria causado por altas precipitações, que poderão aumentar a erosão do solo e resultar na sedimentação de reservatórios e de rios, afetando, inclusive, sua navegabilidade.
"Os impactos da mudança climática são ainda mais graves quando os somamos ao incremento que tem a região latino-americana na demanda pelo uso de água, devido ao crescimento populacional e econômico, a modificação de hábitos de consumo da população e a superexploração, e contaminação das fontes superficiais e subterrâneas”, alerta Avina. A entidade aponta que as extrações de água têm triplicado nos últimos 50 anos e, segundo projeções, a população que vive em bacias hidrográficas com demanda excessiva de água aumentará dos atuais 4,3 bilhões de habitantes para 6,9 bilhões até no ano de 2050.

Mais de 80% das águas residuais em países em desenvolvimento são despejadas sem tratamento algum


Dados dispostos pela Fundação dão conta de que mais de 80% das águas residuais em países em desenvolvimento são despejadas sem tratamento algum. "Injustamente, os impactos recaem de forma desproporcional sobre aqueles países e grupos sociais que têm menor capacidade para fazer frente. Ou seja, a vulnerabilidade dos fenômenos hidro-meteorológicos está diretamente relacionada aos níveis de desenvolvimento e as condições de pobreza e marginalidade”, observa a organização.

Medidas para evitar desastres socioambientais
A Fundação Avina orienta que a adequada gestão de risco deve enfocar na prevenção de desastres e em ações que promovam a segurança hídrica na América Latina. O desenvolvimento deve dar-se de acordo com os limites da natureza e considerar aspectos, como o ordenamento ecológico-territorial e o caudal ecológico, a restauração de ecossistemas, dentre outras medidas.
"Esforços de adaptação às condições de mudança climática podem responder a estratégias complexas e requerer especialistas para seu desenho e implementação ou podem ser sensíveis e de fácil planificação e execução. Estas podem ser impulsionadas a partir de todos os setores e em todos os níveis”, conclui a Avina.




Marcela Belchior

Jornalista da ADITAL

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