Extinção da área de clima do Itamaraty é medida ideológica e antipatriótica
Nota da coordenação do Observatório do Clima sobre a nova estrutura do Ministério das Relações Exteriores
O Palácio Itamaraty, sede do Ministério das Relações Exteriores (Foto: Expedia)
É sem surpresa que o Observatório do Clima recebe o decreto
publicado nesta quinta-feira (10) extinguindo as divisões de clima e
energia renovável do Ministério das Relações Exteriores. Trata-se de
medida antipatriótica, que atenta diretamente contra o interesse
nacional ao desidratar uma agenda prioritária de desenvolvimento,
subordinando-a ao viés ideológico do chanceler Ernesto Araújo.
O novo Itamaraty deixa de ter a Subsecretaria de Meio Ambiente,
Energia, Ciência e Tecnologia e suas divisões de Clima, de Recursos
Energéticos Novos e Renováveis e de Desenvolvimento Sustentável. As
atribuições da subsecretária foram pulverizadas entre outras estruturas,
com toda a área ambiental passando a integrar um departamento de uma
nova secretaria de Assuntos de Soberania Nacional e Cidadania.
A mudança formal consolida na política externa brasileira as ideias
peculiares do chanceler sobre a agenda internacional de desenvolvimento
sustentável. Araújo já escreveu que a mudança do clima é parte de um
complô da esquerda. A extinção da Divisão de Clima permite antever que o
tema climático perderá peso no Itamaraty – apenas dois anos e meio
depois de o então chanceler José Serra promovê-lo a prioridade – ficando
prejudicada a participação que o Brasil tem nas negociações do clima e
que traz recursos, investimentos e soft power ao país.
Com isso, o Brasil abdica um papel de destaque e que vem ocupando
desde 1992 nas negociações multilaterais de desenvolvimento sustentável –
um dos poucos aspectos da cena internacional em que o país é líder
nato. A nova economia verde, defendida na Eco92 e na Rio +20, no Rio de
Janeiro, encolhe para ceder espaço ao velho extrativismo mineral e ao
agronegócio, reforçados na nova estrutura do Itamaraty, numa
primarização da política externa.
Em novembro, quando Ernesto Araújo foi indicado como chanceler, o OC
escreveu que esperava que as responsabilidades do cargo tornassem o
chanceler diferente do blogueiro. O blogueiro prevaleceu – para azar do
Brasil, dos brasileiros e dos nossos produtos, que devem perder mercado.
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