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Foi publicada agora na Alemanha a monumental biografia sobre Max Weber, editada pela C. H. Beck: o sociólogo da Universidade de Marburg Dirk Kaesler é considerado há décadas um dos maiores conhecedores do pai da sociologia.
A reportagem é de Tonia Mastrobuoni, publicada no jornal La Stampa, 04-05-2014. A tradução é deMoisés Sbardelotto.
E uma velha monografia sua sobre o gênio prussiano foi publicada anos atrás na Itália, pela editora Mulino. Mas Kaesler, embora reconhecendo a sua modernidade em algumas teses proféticas – a burocratização de tudo, o predomínio do capitalismo empresarial e a racionalidade ocidental –, convida sempre a considerar com grande cautela a suposta "modernidade" de Max Weber.
Por fim, sobre a intuição mais conhecida, a do suposto nexo entre ética protestante e capitalismo, o estudioso descobriu que a Itália tem muito a ver com isso. Paradoxalmente, a mais famosa teoria econômica sobre o protestantismo está muito relacionada com a capital mundial do catolicismo: Roma.
Eis a entrevista.
Qual é a atualidade do pensamento de Max Weber, por exemplo a sua análise sobre a relação entre racionalidade e Ocidente?
Estou entre aqueles que tentam proteger Max Weber de uma excessiva modernização. Não acredito que se possa entender o seu pensamento desvinculando-o da sua época. É inútil perguntar, por exemplo, "o que Max Weber diria sobre a crise na Ucrânia".
No entanto, existem três grandes temas que o tornam eterno. Em primeiro lugar, o conceito de "betriebskapitalismus", do capitalismo empresarial racional que se tornou imperante depois. O segundo é a progressiva burocratização de tudo. Mas talvez seja o terceiro que nos envolva mais hoje em dia: o da racionalidade ocidental e da posição do Ocidente em relação ao restante do mundo. Weber estava convencido de que, mais cedo ou mais tarde, ele prevaleceria sobre tudo.
Hoje, ao contrário, damo-nos conta mais do que nunca que existem fortes resistências a esse modelo – basta pensar no Islã. No entanto, é preciso ter atenção ao adotar o pensamento de Weber sem filtros: ele deve ser sempre inserido na sua época e interpretado com espírito crítico.
Um dos livros mais famosos, mas também mais criticados, é o da relação entre ética protestante e capitalismo. Essa tese sobrevive ainda hoje?
Na minha biografia, eu tento contar como Roma e a Itália foram importantes para Max Weber. E sou o primeiro a fazer isso. Weber começou a escrever essa obra justamente em Roma: não é um detalhe. Vivendo cotidianamente o catolicismo, Weber começou a refletir sobre si mesmo e sobre a sua confissão, sobre o protestantismo. É um nexo importante: a Itália vivida por Weber, a leveza dos italianos, a sua vontade de viver o induziram a refletir sobre a sua identidade de prussiano, sobre o protestantismo, sobre o seu "peso".
Muitos, no entanto, questionaram a causalidade entre ética protestante e capitalismo.
Certamente, mas, para além da crítica sobre os pontos individuais, o filão narrativo da ética protestante e do capitalismo se tornou um grande filão da sociologia moderna. Tornou-se um lugar tão comum que, em muitos países, ele funciona como uma profecia que se autorrealiza. Então, não importa mais que Max Weber tinha razão ao escrever que ocalvinismo predestinou certos povos ao capitalismo (ou vice-versa, como alguns defendem). É uma tese que funciona porque as pessoas acreditam nela. Nos Estados Unidos, a "Weber thesis" funciona porque é conhecida por todos, mesmo entre milhões de pessoas que nunca leram uma linha de Weber.
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