Relatório
de Campo em São Pedro de Joselândia
20 a
23 de fevereiro de 2014
Júlio
Corrêa de Resende Dias Duarte
A viagem a São Pedro de Joselândia, distrito de Barão do
Melgaço, na região do Pantanal Mato-grossensse, foi realizada por treze
pesquisadores do Grupo GPEA/UFMT, nos dias 20 a 23 de fevereiro de 2014. O
principal objetivo do grupo foi dar prosseguimento ao projeto Áreas Úmidas do
INAU. Do ponto de vista individual, os principais objetivos foram:
A) Ministrar oficina de planejamento e execução de
ecotécnicas na Escola Estadual Maria Peixoto de Moura;
B) Realizar entrevistas com residentes e pesquisadores sobre
a percepção ambiental do pantanal e suas relações com diferentes formas de
mobilidade;
Ambos foram concretizados de forma satisfatória. No sábado,
dia 22 de fevereiro, chegamos à Escola às 07:30 para organizar a oficina de
ecotécnicas. Às 08 horas e 15 minutos, os professores e os estudantes
selecionados já estavam em sala de aula para dar início às atividades. Em um
primeiro momento, a pesquisadora Giselly Gomes ministrou uma palestra de 40
minutos sobre Escolas Sustentáveis e casos de sucesso no Estado de Mato Grosso.
Logo em seguida, eu ministrei uma palestra sobre Ecotécnicas aplicáveis às
escolas. Depois de um intervalo de 15 minutos, os 20 professores e os 5
estudantes foram divididos em 4 grupos com a missão de planejar a realização de
uma ecoténica por grupo, cada uma com orçamento máximo de R$2.500,00, a serem
financiadas pelo projeto.
Na primeira etapa da oficina, os grupos e seus respectivos
líderes foram desafiados a fazer um diagnóstico de todos os problemas e
carências da Escola. Em um segundo momento, foi realizado um diagnóstico geral,
convergindo as opiniões dos grupos em um único documento. A partir desta fase,
os grupos escolheram um problema a ser solucionado por meio das ecotécnicas e,
em seguida, foi iniciada a fase de planejamento das ações. A partir do modelo
de planilha de projetos 5w2h (what, when, who, where, why, how e how much), os
participantes fizeram uma lista de ações e definiram os responsáveis por cada
uma delas. Depois, construíram um calendário de execução de 4 meses, prazo
estabelecido para finalização desta etapa do projeto.
Foram escolhidas as seguintes ecotécnicas:
-
Cortina Verde, visando proporcionar maior
conforto térmico às salas de aula;
-
Horta Medicinal, com o objetivo de produzir
comidas saudáveis para a comunidade escolar;
-
Coleta Seletiva e Compostagem, para dar uma
solução responsável para os resíduos sólidos;
-
Caixa e Filtro D'água, buscando uma melhor
qualidade da água em toda a Escola.
Na finalização da oficina, às 13 horas, foram estabelecidos
as metas para o próximo encontro a ser realizado no dia 26 de março, às 11
horas, no mesmo local. Cada grupo ficou com o compromisso de finalizar a
planilha de planejamento para apresentá-la em papel pardo para todo os
participantes. Também foi estabelecida a obrigatoriedade da entrega de um
orçamento detalhado, pois a verba somente será liberada a partir de uma
criteriosa prestação de contas de cada gasto envolvido.
Todos participantes, entre professores, estudantes e nós,
pesquisadores responsáveis por esta etapa do projeto, compartilhamos a
percepção de que foi um excelente dia de trabalho e de que estas ecotécnicas
devem proporcionar, além das soluções sustentáveis, um engajamento de toda a
comunidade escolar e proporcionar um amadurecimento na consciência sobre as
mudanças climáticas.
Com relação ao segundo objetivo individual estabelecido, a
viagem também foi bem sucedida. Foi a primeira imersão no local de campo a ser
estudado. Foram realizadas 6 entrevistas durante o final de semana, além de
inúmeras observações anotadas no caderno de campo. A primeira entrevista foi
realizada durante a ida de barco da sede do SESC Pantanal até a comunidade de
São Pedro de Joselândia. O objetivo era colher informações sobre a percepção do
pantanal por meio do movimento de um barco a motor. O Entrevistado foi Márcio
Correia Marques, guarda parque da RPPN do Sesc Pantanal. Ao longo das 2 horas e
15 minutos de trajeto, o piloto foi relatando suas percepções sobre os rios, os
corixos, sua margens, as experiências vividas, o funcionamento do corpo, o barulho
do motor, a fauna e muitos outros aspectos da paisagem pantaneira.
Outras quatro entrevistas foram realizadas com os
pesquisadores mirins do GPEA, para colher percepções de pessoas que não são
residentes do pantanal. Sabe-se que a percepção de um turista de lazer é bem
diferente da de um pesquisador e mais ainda de um morador da região. Com este
intuito, foram realizadas perguntas sobre todas as experiências vivenciadas
pelos entrevistados Evelyn Mayumi, Péricles Vandoni, Luigi Teixeira e Régis
Fonseca.
A última entrevista realizada foi com o morador Joaquim
Moraes, residente na comunidade de São Pedro de Joselândia há 98 anos. O
encontro aconteceu durante toda a tarde do Sábado e o entrevistado relatou suas
percepções sobre a mobilidade no pantanal tanto na época da seca, quanto na
chuvosa. Ele contou suas experiência de canoa, de barco, a cavalo, a pé, de
carro e de barco. Foram quase três horas de conversas e muito aprendizado.
Além destas, foram agendadas outras 5 entrevistas com os
outros pesquisadores do GPEA que também têm percepções relevantes sobre a
mobilidade no pantanal.
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