Saturday, 30 March 2013

JAPANESE-BRAZILIANS DIALOGUES AND THE INSEPARABILITY OF ECOSYSTEM SERVICES

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JAPANESE-BRAZILIANS DIALOGUES AND THE INSEPARABILITY OF ECOSYSTEM SERVICES: LESSONS LEARNED IN TRADITIONAL FESTIVALS OF AUTUMN IN JAPAN

Lucia Shiguemi Izawa Kawahara
Michèle Sato
José Puppim de Oliveira
Koji Nakamura

This brief news reveal the preliminary results we have sought to establish between traditional knowledge and environmental sustainability. The Research Group on Environmental Education, Communication and the Arts at the Federal University of Mato Grosso - GPEA / UFMT in Brazil has conducted research on the intertwining of ecosystem services with the Pantanal’s Traditional Ecological Knowledge (TEK). In the second half of 2012, we extended our eyes to more distant horizons and we were have experienced our research in the lands of the rising sun, Japan. We opened the dialogue with farmers’ Noto Jima (Noto Island), a small island in the Bay of the Noto Peninsula, Ishikawa’s province, in the central-west of the Japanese archipelago, surrounded by Sea or the West Sea Japan, and we have identified an important Cultural Ecosystem Services in evidence, the Akimatsuri - traditional festivals fall.

Akimatsuri - traditional festivals are celebrated on autumn by farming communities in Japan, therefore, happen in almost any Japanese territory at the end of the rice harvest. The festivals are Shinto rituals of thanksgiving and celebration of the good harvest, plenty and prosperity achieved in the community, at which each family joins its members to demonstrate their gratitude that is expressed in abundant distribution offerings to the gods and to fellow banquet.

At festivals, we identified a core catalyst of meanings and values ​​cultivated over thousands of years: the rice. This cereal founded a centre aggregator and developer of the intrinsic relationship between the different types of ecosystem services. Rice is the staple food of the Japanese and their culture is an indispensable tradition in Japanese lands, their culture connotes next to the sacred (BUBER, 1985) and not by chance, this tiny and vital grain to the life of these people, constitutes itself, a supporting ecosystem service, a provisioning food, regulating plant and cultural symbol.  

The Case Study (the festivals fall on the Isle of Noto) was conducted through interviews, observation and dialogue with its inhabitants reaffirmed the hypothesis that it is no longer possible to understand the world and the environmental crisis if we continue to fragment our search (GASKEEL, 2002). In this context, we have learned that urges to find the interconnection phenomena. The ritual of the autumn festival in Japan, as well as the traditional festivals in the wetland in Brazil, reveal traditional knowledge and practices that add complexity in the local culture, respect for the territory and they are symbols of a gift to the own lands.

In Japan, rice is the cornerstone celebration of autumn, it fulfils its role of regulating and support from their own cultivation in traditional ways because of the terraced rice fields provide the maintenance of ecosystem health, as well as conservation biodiversity during the four seasons (figure 1). At the same time, it is provision service and cultural expression in the obligatory presence of thanks and appreciated delicacy of different preparation methods, banquet that satisfies body and soul of the community members.

Photo: Lúcia Kawahara

Rice is, therefore, an essential grain to agriculture, economics, health and culture of the region, linking ecosystem services and making sure the inseparability between culture and nature - and between ecosystems and festivities.

Culture and nature
Autumn water flows
Grain rice gentle grows

(Haiku by Mimi Sato)
….
Acknowledgment:






Pantanal Research Centre (CPP)

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Wednesday, 27 March 2013

Brasil cria plataforma online para mapear sua biodiversidade

eco
http://www.oeco.com.br/noticias/27028-brasil-cria-plataforma-online-para-mapear-sua-biodiversidade?utm_source=newsletter_668&utm_medium=email&utm_campaign=as-novidades-de-hoje-em-oeco



A ciência já registrou em território brasileiro 103.870 espécies animais e outras 43.020 espécies vegetais, segundo relatório entregue pelo governo brasileiro para a Convenção sobre Biodiversidade Biológica (CBD) em 2010. É a maior diversidade biológica de qualquer nação do planeta. Agora, o Brasil quer mapear em uma só plataforma online todos os dados sobre esses organismos e seus ecossistemas.

A plataforma se chamará Sistema de Informação sobre a Biodiversidade Brasileira (SiBBr). Seu orçamento conta com 28 milhões de dólares do Ministério da Ciência e Tecnologia e o apoio financeiro do Fundo Mundial para o Meio Ambiente (GEF, na sigla em inglês). O programa está previsto para durar 5 anos. Ao final, espera-se que ele também integre os bancos de dados sobre o assunto já existentes no Brasil.

Caminho desconhecido

O número total de bancos de dados no país ainda é desconhecido. A plataforma SiBBr iniciou pesquisa para identificar quantos são - entre coleções biológicas, zoológicas, de microrganismos, herbários e bibliotecas – e quantos estão disponíveis em entidades públicas e particulares no Brasil. Uma primeira contagem dessas coleções será feita no próximo dia 15 de abril.

A pesquisa foi encaminhada a mais de 280 instituições, entre universidades, institutos de pesquisa, museus, coleções particulares e outros, somando mais de 400 fontes de informação.

“Ao levantar informações sobre biodiversidade, será possível ter um ponto de partida unificado para os pesquisadores”, disse Denise Hamú, chefe do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), que apoia a plataforma SiBBr. Além do Pnuma, são parceiros a Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP) e o Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC).

Não se projeta mais o desenvolvimento econômico e social de um país sem incluir a vertente ambiental, defendeu Hamú em entrevista a ((o))eco. “O Pnuma acredita que os preceitos de consumo e desenvolvimento sustentáveis devem ser incorporados pelos países em desenvolvimento e o Brasil tem um grande potencial de liderança nesta área”, disse.

Todos os biomas

O Brasil abriga quatro importantes biomas – Amazônia, Mata Atlântica, Cerrado e Pantanal – e todos eles serão incluídos no mapeamento.

O mundo marinho também estará lá, uma vez que as riquezas da extensa plataforma marítima brasileira, também conhecida como Amazônia Azul, sofrem fortes pressões sobre seus recursos.

Segundo o Pnuma, a plataforma deverá gerar “subsídios para políticas de conservação e de serviços ambientais associados aos ecossistemas”, assim como levantar o potencial econômico em áreas como agricultura, medicina, turismo e indústria.

A plataforma incluirá, à medida em que ocorrerem, a descoberta de novas espécies de fauna e flora. Ninguém sabe quantas espécies ainda podem ser descobertas e "não é seguro fazer projeções sobre quantas ainda serão listadas”, diz Hamú.

Unidades de Conservação

No Brasil, existem hoje 312 Unidades de Conservação federais geridas pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. Elas abrigam boa parte das espécies conhecidas no país. "Os levantamentos em Unidades de Conservação também farão parte do SiBBr e as informações poderão subsidiar futuras decisões sobre áreas de conservação”, disse Hamú.

Em última instância, o objetivo da plataforma online será o de promover a conservação e uso sustentável da biodiversidade nos setores produtivos. “Por meio do acesso à informação sobre biodiversidade, a plataforma SiBBr será uma ferramenta para a formulação de políticas públicas que favoreçam a conservação de ecossistemas sensíveis à atuação dessas atividades produtivas", disse Hamú. 

Tuesday, 26 March 2013

Universitários Japoneses conhecem projeto de Educação Ambiental em escola de VG

seduc-mt
http://www.seduc.mt.gov.br/conteudo.php?sid=20&cid=13220&parent=0


Universitários Japoneses conhecem projeto de Educação Ambiental em escola de VG

 VER FOTOS

Volney Albano / Seduc-MT
Japoneses conhecem projeto de Educação Ambiental da EE José Leite, Várzea Grande/MT
O projeto de Educação Ambiental da Escola Estadual José Leite de Moraes, localizada no bairro Cristo Rei, em Várzea Grande, foi apresentado para 13 estudantes de Relações Internacionais da Universidade de Tokai, da Província de Kanagawa, no Japão. Os japoneses reuniram-se com alunos e servidores na unidade de ensino, nesta quarta-feira (20.03).
A visita foi acompanhada pela superintendente de Diversidades Educacionais da Secretaria de Estado de Educação (Seduc), Débora Pedrotti, pela gerente de Educação Ambiental, Gisely Gomes e professoras da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). Os universitários vieram ao Estado, devido ao intercâmbio cultural realizado entre as duas Instituições Superiores de Ensino.
Na ocasião eles percorreram todas as dependências da Escola conheceram a horta e produtos recicláveis como caixas, enfeites, objetos de decoração, entre outros produzidos pelos alunos com resíduos recicláveis como, papelão, garrafas pet e tecidos. Os japoneses relataram que em seu país a Educação Ambiental trata-se de uma disciplina que consta do currículo das Escolas.
Débora Pedrotti citou que no Brasil o ensino público trabalha a temática de forma transversal. “Em Mato Grosso, por exemplo, orientamos as unidades para que a Educação Ambiental seja inserida em todas as disciplinas”, disse. Ela ressaltou que a Seduc trabalha com a proposta de Escolas Sustentáveis e a José Leite é uma dessas unidades.
Para a universitária Momo Koike, os conhecimentos obtidos contribuirão para a atuação dela e de seus colegas como profissionais. Com o auxilio de uma intérprete ela disse que gostou muito de tudo que viu na Escola, e citou similaridade das ações de reciclagem feitas pelos alunos locais, com as que são realizadas em seu país. “Além das ações ambientais esse contato com os alunos nos ajuda a conhecer a cultura local, essencial na nossa futura profissão”, destacou.

VOLNEY ALBANO
Assessoria/Seduc-MT
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Cartilha da CGU cria polêmica no mundo acadêmico

j da ciência
http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=86371

Cartilha da CGU cria polêmica no mundo acadêmico
 
Texto é acusado de ser autoritário e ferir a autonomia universitária

Uma cartilha para orientar gestores de instituições federais de ensino superior na execução dos recursos orçamentários, lançada em fevereiro em parceria entre o Ministério da Educação e a Controladoria-Geral da União (CGU), está no centro de uma polêmica. A chamada Coletânea de Entendimentos vem recebendo críticas do meio científico que apontam no texto sinais "autoritários que ferem a autonomia universitária". O texto deverá ser enviado às universidades federais pelo Ministério da Educação.

A publicação reúne 122 questões, formuladas e respondidas por auditores da CGU, com o objetivo de tirar dúvidas dos gestores e evitar a ocorrência de irregularidades no processo de gestão das instituições. O primeiro a se manifestar contra o documento foi o professor Luiz Pinguelli Rosa, diretor da Coppe/UFRJ, com um artigo publicado no Globo. Uma das críticas de Pinguelli é a questão da autonomia das universidades, que estaria sendo atingida pela cartilha.

"É uma violação da Constituição. Tem que se levar em conta o artigo 207, que é taxativo: 'as universidades gozam de autonomia didática, científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial'. E onde foi parar essa autonomia? A cartilha trata a universidade como se ela fosse uma fazedora de relatórios, de planilhas. Se entrar em vigor, paralisa, prejudica muito as pesquisas. Já está em jogo a autonomia", respondeu Pinguelli.

Entre as questões incluídas na cartilha estão algumas relacionadas à contratação de pessoal, hipóteses de dispensa de licitação, requisitos para que um professor estrangeiro ingresse como professor visitante na instituição e em que situações podem ser pagas diárias e passagens para colaborador eventual.

Para Adriano De Bortoli, mestre em Direito pela UFSC, professor do Núcleo de Prática Jurídica da Univali a cartilha não fere a autonomia das universidades. "Não fere a autonomia didático-científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial prevista no artigo 207 da Constituição Federal para as universidades. Mas, o critério de legitimidade estabelecido na constituição obriga as universidades a cumprirem com todas as regras jurídicas estabelecidas na mesma condição de qualquer outro órgão ou entidade no exercício de função administrativa estatal", disse Bortoli.

Uma das razões, segundo ele, seria por que se trata de uma cartilha de orientações emitida pelo órgão responsável por supervisionar todos os órgãos de controle interno do Poder Executivo da União (Administração Pública Direta e Indireta). "Cartilhas não são leis, por isso, não obrigam comportamentos como as leis obrigam", afirma o professor.

De acordo com a análise de Bortoli, parece que existe uma concepção de autonomia universitária associada a uma ideia de independência ou de liberdade para definir as próprias regras de administração e gestão no âmbito das IFES. "Quando regras externas e/ou órgãos externos a essas instituições passam a tratar de aspectos administrativos e de gestão de modo diverso ao da cultura administrativa já assentada nessas burocracias é impossível evitar o conflito", declarou.

Outro ponto rebatido na entrevista de Pinguelli é a questão da cartilha que impede o professor com dedicação exclusiva de ter ações ou participar de sociedade privada. "Se a cartilha for seguida à risca, nenhum professor em dedicação exclusiva poderá possuir ações de empresas, nem mesmo da Petrobras ou do Banco do Brasil, o que é um absurdo. Também não poderá participar de sociedade privada, logo os pesquisadores terão que abdicar de sociedades científicas, como a SBPC, e de outras, como o Clube de Engenharia", escreveu o diretor da Coppe.

Nesse ponto, o professor Bortoli acha que a CGU deve esclarecer e fundamentar a vedação sobre a participação em 'sociedade privada'. "A expressão 'sociedade privada' é imprecisa, pois nela podem ser inseridas instituições muito diversas (desde associações científicas sem fins lucrativos até sociedades comerciais). O artigo 21 da Lei nº 12.772/12 (Lei do Plano de Carreira dos Docentes de Ensino Superior Federal) apresenta regras muito claras a respeito do regime de dedicação exclusiva que devem ser incorporados a esta questão da Cartilha. A melhor forma para diminuir essas imprecisões é a produção normativa (leis, regulamentos, instruções normativas) com o máximo rigor sistemático", explicou.

Em resposta às críticas de Pinguelli, a Controladoria Geral da União determinou a publicação de uma errata. O texto corrigido diz que o professores em regime de dedicação exclusiva devem observar as restrições estabelecidas na lei 8.112, mas têm direito às concessões feitas na lei 12.772/2012. Por esta lei, professores de federais podem ser sócios de empresas privadas ou filiados a organizações sem fins lucrativos. A proibição só vale para a participação como sócio-gerente ou empregado de empresa particular.

Ainda para o Globo, Pinguelli disse que para a Coppe, a cartilha deveria ser recolhida. "E teria um prazo para reformular não só no MEC, mas envolvendo as universidades e a CGU. O Ministério de Ciência e Tecnologia, que é importante para nós no que diz respeito à pesquisa, não participou. E essa troca podia ser positiva. Já tivemos experiência interessante com o Tribunal de Contas da União. Existiam normas das quais discordávamos e isso foi mudado. Sabemos que a administração pública prevê multas, ressarcimentos e a universidade tem que se submeter. A autonomia não exclui isso. Se houver ladrão, ele tem de ser punido. Mas o ladrão lê a cartilha com muita atenção e descobre novos métodos de roubalheiras. Não é por aí que se pega ladrão."

(Edna Ferreira / Jornal da Ciência)


para download da tal cartilha:
http://sdrv.ms/YDe9De

A insustentável alienação do consumo humano

eco
http://www.oeco.com.br/convidados-lista/27023-a-insustentavel-alienacao-do-consumo-humanomanidade?utm_source=newsletter_667&utm_medium=email&utm_campaign=as-novidades-de-hoje-em-oeco


Prédio da ONU em Nova York. Instituição produziu o conceito de desenvolvimento sustentável, mas a humanidade continua a consumir como se não houvesse amanhã. Foto: Orio
Há décadas a comunidade internacional vem mantendo a crença em um mito, o de que é possível desenvolvimento econômico contínuo e irrestrito em um planeta com recursos limitados e que, para mensurá-lo, basta computar periodicamente o valor de todos os bens e serviços produzidos, num indicador denominado Produto Interno Bruto (PIB), sem atentar para os respectivos impactos sobre os recursos naturais utilizados. 

A título de exemplo, o valor de uma floresta só é avaliado quando derrubada, ignorando-se quanto valeriam o ecossistema íntegro e os serviços ambientais por ele prestados, tais como produção de oxigênio, regulação do fluxo dos rios, captura de dióxido de carbono e tantos outros. Igualmente, o pescado só é considerado como valor quando retirado do oceano, sem considerar os danos causados à biota da massa d’água onde ele se encontra; os combustíveis fósseis, somente quando extraídos, sem levarem-se na devida conta o empobrecimento dos estoques ou redução das jazidas; e assim por diante. No que pesem suas óbvias impropriedades, o aumento do PIB, segundo seu conceito vigente, é meta prioritária de todas as nações, no que pese ser imprescindível criar-se um sistema de medição mais racional e significativo.

Esse sistema esdrúxulo de avaliar-se o desenvolvimento atendeu razoavelmente aos seus propósitos enquanto a população humana foi relativamente pequena e quando muitos acreditavam ingenuamente que os recursos terrestres eram inesgotáveis. Entretanto, com a explosão tecnológica acelerada e o crescimento demográfico persistente, e consequentemente o aumento descontrolado do consumo, o sistema demonstrou evidências óbvias de inadequação.

A revista científica Nature publicou um trabalho extremamente interessante, o qual indicou que pelo menos em três áreas de atividades humanas os limites aceitáveis já se encontram ultrapassados, no que se refere à qualidade de vida humana e sustentabilidade do ambiente: impacto sobre a biodiversidade, mudanças climáticas e  ciclo de nitrogênio, este último devido essencialmente à agricultura. 

O mesmo trabalho indicou outras seis áreas nas quais nos aproximamos perigosamente do inaceitável: uso do solo e da água, poluição, ciclo do fósforo, emissão de aerossóis e acidificação dos mares.

O reconhecimento gradativo de que nossa civilização embrenhou-se num rumo errado levou a ONU, em 1987, através de sua Comissão Mundial para o Meio Ambiente e Desenvolvimento, a divulgar o conceito de “desenvolvimento sustentável” como sendo aquele que “atende às necessidades do presente sem comprometer a capacidade de as gerações futuras alcançarem suas próprias necessidades”. O conceito é perfeito, mas, desde então, resta saber como amplamente concretizá-lo na prática.

Eficiência maior, consumo muito maior
"a produção e o consumo de bens em escala global aumentaram tanto que, nos últimos 20 anos, a extração de recursos da Terra cresceu 41% e o uso dos fertilizantes nitrogenados aumentou 135%"

Dos inúmeros recursos naturais utilizados na vida quotidiana, alguns, se bem geridos, podem ser considerados renováveis. A água é um exemplo típico, ainda que hoje seja escassa em muitas regiões. Mas, devidamente cuidada, pode ser reutilizada para sempre. Outros podem ser ou não renováveis, tal como a madeira; se seu uso for compatível com o limite de renovação das florestas nativas ou plantadas, ele o é, mas não o será quando o recurso for utilizado abusivamente. E lembre-se nesta oportunidade que boa parte das florestas mundiais já desapareceram. Muitos outros recursos, porém, só admitem ser usados uma única vez, a exemplo dos combustíveis fósseis. Nesse caso, a única solução para aproximar seu emprego da sustentabilidade é utilizá-los com parcimônia, coisa que jamais aprendemos a fazer. Em todos esses casos, a reciclagem, a grande lição da natureza, deve ser amplamente utilizada dentro do conceito de desenvolvimento sustentável.

Os conceitos de desenvolvimento sustentável e uso sustentável de recursos vêm sendo gradativamente assimilados e já resultados significativos, ainda que longe da completa sustentabilidade. Um interessante documento divulgado pela consultoria KPMG indicou que, tomando-se como referência os números de 1990, e considerando o PIB global de 2011, cada dólar nele computado foi alcançado com menos 23% de matéria prima e 21% a menos de emissão dos gases do efeito estufa. Mas, em contrapartida a esse êxito realmente notável, a produção e o consumo de bens em escala global aumentaram tanto que, nos últimos 20 anos, a extração de recursos da Terra cresceu 41% e o uso dos fertilizantes nitrogenados aumentou 135%. Portanto, o esforço de racionalização da utilização dos recursos não está impedindo um aumento total brutalmente exagerado.

Nos últimos tempos, tem surgido uma ampla discussão sobre o que seria uma possível nova forma de economia, a Economia Verde. Segundo a ONU, ela é aquela que resulta na melhoria do bem-estar humano, devido à preocupação maior com a equidade social, os riscos ambientais e a escassez de recursos naturais. Significaria fugir do sistema que gerou as crises mundiais dos tempos recentes, envolvendo clima, fome, crises econômicas e agressões ao ambiente. Essas intenções são magníficas, mas de que forma concretizá-las é uma profunda incógnita.

Face às condições do mundo atual, uma afirmação é possível: o futuro TERÁ que ser diferente, ou a nossa civilização irracional, cedo ou tarde, entrará em colapso. É inconcebível extrapolarmos suas tendências de esbanjamento de recursos naturais e de consumo descontrolado. Os limites físicos do planeta Terra não o permitirão por muito tempo.

A grande conferência internacional Rio+20 poderia ter resultado em um esboço do início de uma solução. As dezenas de líderes mundiais presentes, no entanto, esquivaram-se de fazê-lo, preferindo postergá-lo para um futuro mal definido. Enquanto isto, os grandes problemas ambientais já configurados não param de agravar-se.

*Conheça mais sobre o autor, Ibsen de Gusmão Câmara, nesta entrevista exclusiva de ((o))Eco

Monday, 25 March 2013

A Terra como arte

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http://www.oeco.com.br/geonoticias/27017-a-terra-como-arte?utm_source=newsletter_666&utm_medium=email&utm_campaign=as-novidades-de-hoje-em-oeco


As imagens feitas por satélites como o Terra, o EO-1, o Aqua e os Landsat 5 e 7 fornecem informações valiosas para inúmeras pesquisas científicas. Muitas vezes, porém, as imagens geradas por seus sensores proporcionam uma nova perspectiva sobre nosso planeta. São padrões, formas, cores e texturas da Terra, de seus oceanos, do gelo e de sua atmosfera. Nosso leitor Renato Prado deu a dica de um livro digital disponibilizado pela NASA que tem como único propósito celebrar a beleza de nosso planeta, sem nenhuma pretensão de serem interpretadas de maneira científica. Você pode ver abaixo algumas dessas fotos, e se quiser ver mais, pegar aqui a sua cópia do livro "Earth As Art".


Tikehau é um dos 78 atóis de coral que compõem o arquipélago de Tuamotu, a maior cadeia de atóis no mundo, localizada na Polinésia Francesa. Neste imagem de satélite, grupos coral se parecem com estrelas nesta lagoa azul-turquesa oval, com 27 km de comprimento e 19 km de largura.


A pincelada de vermelho nesta imagem feita em 2004 pelo Landsat 5 imagem é uma notável mescla de luz e nuvem nas Montanhas Rochosas canadenses. Este vale se estende desde o estado norte-americano de Montana até o sul do território canadense de Yukon. A capacidade das núvens em refletir a luz, juntamente com a baixa elevação do sol, resultou neste efeito surpreendente. 


Nesta imagem de 2003 feita pelo Landsat 7 podemos ver os redemoinhos e as graciosas espirais do rio Mississippi, cercando campos e pastos na fronteira entre os estados norte-americanos de Arkansas e Mississippi. O Mississippi é o maior sistema de rios da América do Norte e constitui a segunda maior bacia hidrográfica do mundo.


O Delta do Rio Lena, na Sibéria, se estende por mais de 100 km para dentro do Mar de Laptev no Oceano Ártico, e faz parte de uma extensa área de proteção da vida selvagem. Neste imagem feita pelo Landsat 7 em 2000, a vegetação aparece em tons de verdes, áreas arenosas em tons de vermelho e a água como roxos e azuis.


Quase tão profundo como o Grand Canyon, o Desolation Canyon tem um rico passado. Pictogramas e petróglifos das tribos Fremont e Ute são abundantes neste desfiladeiro. Nesta imagem feita pelo Landsat 7 em 2000, o Rio Verde corre para o sul através do Planalto Tavaputs antes de entrar no desfiladeiro.


A baía de Bombetoka está localizada na costa noroeste de Madagascar, perto da cidade de Mahajanga, onde o rio Betsiboka deságua no Canal de Moçambique. As últimas décadas têm testemunhado um aumento dramático na quantidade de sedimentos movidos pelo rio e depositados no estuário, afetando a agricultura, pescas e transportes em Mahajanga, um dos mais movimentados portos marítimos de Madagascar. Nesta imagem de 2000 do satélite Terra, a densa vegetação aparece em verde profundo, e a água tem uma coloração safira e é tingida de rosa onde os sedimentos são particularmente grossos.


Um vasto leque aluvial se estende através da desolada paisagem entre o Kunlun e cadeias de montanhas Altun, que formam a fronteira sul do deserto de Taklamakan na província chinesa de Xinjiang. A água que desce das montanhas aparece em azul nesta imagem de 2002 do satélite Terra. Vegetação aparece em vermelho e podem ser vista no canto superior esquerdo da imagem. 


Ilha de Akpatok está localizada na baía de Ungava, ao norte do Québec, no Canadá. Composta principalmente de calcário, a ilha é um platô, plana e sem árvores. Nesta imagem feita pelo Landsat 7 em 2001 mostra a ilha completamente coberta de neve e gelo. A ilha é um importante santuário para as aves marinhas que fazem seus ninhos em seus íngremes penhascos.


Hora do Planeta gera mobilizações em várias partes do mundo

adital
http://www.adital.com.br/site/noticia.asp?boletim=1&lang=PT&cod=74321


Hora do Planeta gera mobilizações em várias partes do mundo
 
Adital
Está marcado para este sábado (23), das 20h30 às 21h30, a "Hora do Planeta”, evento de mobilização mundial contra o aquecimento global e os problemas ambientais que a humanidade enfrenta. O ato é promovido pela WWF, ONG comprometida com a conservação da natureza dentro do contexto social e econômico de cada localidade. Trata-se de uma iniciativa de sensibilização pública que busca a participação de cidades, corporações e pessoas para que apaguem suas luzes durante uma hora em prol do meio ambiente.
Várias cidades do mundo estão aderindo ao movimento e se comprometendo a apagar as luzes de seus monumentos, escritórios ou casas e organizando atividades especiais para mostrar seu apoio e gerar reflexões acerca das mudanças climáticas e do aquecimento global. No Brasil, a Hora do Planeta convida a todos para participarem do ato e faz uma provocação: "O que você faria para salvar o planeta?”. Também é possível aderir ao desafio "Eu vou se você for”, em que personalidades farão algo em troca se outra pessoa adotar medidas que não agridam o meio ambiente em seu cotidiano.
A iniciativa teve início em 2007 em Sydney, Austrália, e convocou 2 milhões de pessoas. Em 2012, mais de 6000 cidades de 152 países do mundo de todos os continentes apagaram suas luzes por uma hora. Mais de 1500 monumentos e edifícios emblemáticos ficaram no escuro, como o Empire Estate, em Nova York; a Torre Eiffel, em Paris; e o Obelisco, em Buenos Aires.
A Colômbia chama todos os participantes a divulgarem a hashtag no twitter #unahorapara no momento do apagão. Já o Chile pede que os interessados em apagar suas luzes preencham um formulário, sigam as redes sociais da WWF Chile e divulguem o ato em suas próprias redes sociais. A Argentina, por sua vez, foca sua campanha na proteção do mar do país que se encontra ameaçado pela pesca indiscriminada, pelos impactos às espécies do fundo do mar e pela pesca acidental de aves e tartarugas, além do uso de materiais inadequados para a pesca.
As mudanças climáticas são atribuídas direta ou indiretamente às atividades humanas que alteram a composição da atmosfera mundial e que é somada à variabilidade climática natural observada ao longo dos períodos. A mudança climática é real e é causada pela queima de combustíveis fosseis e lançamentos de gases tóxicos na atmosfera que provocam o efeito estufa.
De acordo com a organização, isso vem causando a perda gradativa de biodiversidade, derretimento de geleiras, eventos climáticos atípicos, mudanças de habitat, dentre outros.
Para saber mais sobre a Hora do Planeta acesse: http://www.wwf.org.br/participe/horadoplaneta/

As vítimas da invisibilidade

ihu
http://www.ihu.unisinos.br/entrevistas/as-vitimas-da-invisibilidade-entrevista-especial-com-luana-ferreira-lima-e-maria-do-rosario-de-oliveira-carneiro/518631-as-vitimas-da-invisibilidade-entrevista-especial-com-luana-ferreira-lima-e-maria-do-rosario-de-oliveira-carneiro


As vítimas da invisibilidade. Entrevista especial com Luana Ferreira Lima e Maria do Rosário de Oliveira Carneiro

“O direito fundamental do acesso à justiça está distante das pessoas vulneráveis, da classe empobrecida e injustiçada”, dizem as advogadas do Centro Nacional de Defesa de Direitos Humanos da População em Situação de Rua e Catadores de Material Reciclável – CNDDH. 

Confira a entrevista. 


Ao contrário do que se possa imaginar, a população de rua “não é composta por mendigos e pedintes”, esclarecemLuana Ferreira Lima e Maria do Rosário de Oliveira Carneiro à IHU On-Line. Os moradores de rua são “trabalhadores excluídos do mercado de trabalho, trabalhadores sazonais (migrantes e trecheiros), famílias que perderam a moradia, vítimas de vulnerabilidade social, pessoas com sofrimento mental, drogadição e uso abusivo de álcool e outras drogas”, informam em entrevista concedida por e-mail.

Na avaliação delas, a realidade das pessoas em situação de rua é resultado de “fenômenos complexos com origem, sobretudo, no processo histórico de exclusão social, deslanchando com o desenvolvimento do capitalismo e que se perpetua com os modelos de desenvolvimento econômico atuais”. 

Apesar de a Política Nacional da População em Situação de Rua ter sido instituída pelo governo federal há quatro anos, as advogadas informam que “boa parte dos municípios brasileiros ainda não a implementou”. E concluem: “Os governos precisam compreender que a saída das ruas começa com o estabelecimento de políticas estruturantes que garantam a saída das ruas de maneira digna, com a garantida de acesso a direitos fundamentais como moradia, saúde, educação, cultura, entre outros”.

Luana Ferreira Lima e Maria do Rosário de Oliveira Carneiro são advogadas do Centro Nacional de Defesa de Direitos Humanos da População em Situação de Rua e Catadores de Material Reciclável – CNDDH, um projeto da Secretaria Nacional de Direitos Humanos da Presidência da República em parceria com a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, com o Ministério Público do Estado de Minas Gerais. Além disso, tem parceria com o Movimentos Nacional de População em Situação de Rua – MNPR e com o Movimento Nacional de Catadores de Material Reciclável – MNCR.

Confira a entrevista. 

IHU On-Line – É possível traçar um perfil de quem são os moradores de rua?

Fonte: R7Luana Ferreira Lima e Maria do Rosário de Oliveira Carneiro 
– A população em situação de rua (ou simplesmente PSR) pertence a um grupo extremamente heterogêneo. Entretanto, tem como característica a pobreza extrema e o “despertencimento” à sociedade formal. Situados à margem da sociedade, são vítimas de descaso, discriminação, preconceito e desprezo que resultam, em muitos casos, em ações violentas de agressão e mesmo homicídios. Além disso, o desconhecimento sobre a situação das pessoas em situação de rua contribui para a formação de um conceito equivocado que criminaliza pessoas em razão de sua condição social. Verificamos a invisibilidade social e, na perspectiva do direito, a ausência de políticas públicas estruturantes e emancipatórias.

IHU On-Line – Quando se trata de populações em situação de rua no Brasil, que
diagnóstico pode ser feito? É possível estimar quantas pessoas vivem na
rua?

Luana Ferreira Lima e Maria do Rosário de Oliveira Carneiro 
– A pesquisa publicada em abril de 2008 peloMinistério do Desenvolvimento e Combate à Fome – MDS aponta um perfil. A maioria das pessoas em situação de rua é do sexo masculino (82%) e jovem, entre 25 e 44 anos, de cor declarada parda ou preta, sendo composta por trabalhadores excluídos do mercado de trabalho, trabalhadores sazonais (migrantes e trecheiros), famílias que perderam a moradia, vítimas de vulnerabilidade social, pessoas com sofrimento mental, drogadição e uso abusivo de álcool e outrasdrogas. O desemprego aparece em 30% das citações, e os conflitos familiares, com 29%, compõem o quadro de razões que os levam a viver nas ruas. Dos entrevistados, 88,5% não têm acesso a programas governamentais, como aposentadoria, Bolsa FamíliaBenefício de Prestação Continuada, cesta básica, vale transporte ou outro. Sobre a questão do trabalho, a partir da pesquisa podemos concluir que a maior parte das pessoas em situação de rua possui uma ocupação ou um trabalho, 72% afirmam que exercem alguma atividade remunerada, a maior parcela (28%) é catadora de materiais recicláveis. A atuação como flanelinha (guardadores de carro), carregador, na construção civil e no setor de limpeza são outros tipos de trabalho mais citados. Os dados revelam que a população de rua não é composta por mendigos e pedintes. 

Com relação às pessoas em situação de rua no Brasil, é difícil apontar um número. Vítimas da invisibilidade, eles ainda não foram contados em nenhum Censo. Segundo a pesquisa do MDS feita em 71 municípios com mais de 300 mil habitantes, destacamos que não foram contabilizadas as capitais de São Paulo, Recife, Belo Horizonte e Porto alegre, foi identificada a presença de 31.922 pessoas adultas em situação de rua, mas o Movimento Nacional da PSR estima um número em torno de 150 mil pessoas em situação de rua no Brasil. É preciso destacar a Portaria n. 824 de 2012, da Secretaria Nacional de Direitos Humanos, que institui o Grupo de Trabalho para Pesquisa/Censo – IBGE, com fins de incluir a PSR na contagem do próximo Censo, o que pode constituir um avanço ao acesso de direitos.

IHU On-Line – A situação dos moradores de rua é um reflexo de quais circunstâncias?

Luana Ferreira Lima e Maria do Rosário de Oliveira Carneiro 
– Compreendemos que a realidade das pessoas em situação de rua é resultado de fenômenos complexos com origem, sobretudo no processo histórico de exclusão social, deslanchando com o desenvolvimento do capitalismo e que se perpetua com os modelos atuais de desenvolvimento econômico. Na contemporaneidade, a utilização dos logradouros e espaços públicos como moradia se desencadeia em decorrência de vários fatores: ausência de vínculos familiares, desemprego, violência, perda da autoestima, alcoolismo, uso de drogas, doenças mentais e falta de acesso à moradia convencional e regular, entre outros.

IHU On-Line – Em 2012, os dados apontavam Belo Horizonte como a capital líder em
assassinatos de moradores de rua. O que mudou neste último ano?

Luana Ferreira Lima e Maria do Rosário de Oliveira Carneiro
 – De fato, o número de homicídios em Belo Horizonte é alarmante. De fevereiro de 2011 a março de 2013 já ocorreram 85 homicídios e 21 tentativas de homicídios na capital mineira. O CNDDH trabalha com um banco de dados próprio. Recebe denúncias de forma direta (as pessoas vêm ao CNDDH), mas também recebe denúncias de outras fontes como a mídia, movimentos populares e cidadãos/ãs sensíveis ao tema. Em Belo Horizonte outra fonte de recebimento de denúncias de homicídios é a Polícia Civil, departamento de homicídios. Talvez este seja o motivo pelo qual o número em Belo Horizonte se apresente de maneira mais acentuada. Também, como a sede do CNDDH está em Belo Horizonte chegam mais dados. Importante destacar que não podemos fazer comparações entre os estados pelos motivos acima citados, mas exclamamos nosso profundo repúdio ao alto índice de violência contra a população em situação de rua em Belo Horizonte, assim como em todo o Brasil.

IHU On-Line – Com frequência são denunciados casos de violência contra moradores de
rua em todo o país. Como compreender essas agressões?

Luana Ferreira Lima e Maria do Rosário de Oliveira Carneiro
 – Nos dados do CNDDH a violência física está em primeiro lugar (com os homicídios, as tentativas de homicídios e lesão corporal) e, em segundo lugar, vem a violência institucional, que corresponde à violência policial ou praticada por instituições de segurança, o abuso de autoridade, a demora excessiva ou desídia no atendimento, a ausência de acesso aos serviços públicos, prisão ilegal, homofobia institucional e omissão ou ineficácia das políticas públicas. A ausência de políticas que garantam direitos fundamentais sociais a essa população na maioria dos casos contribuem para o aumento da violência. Boa parte dos municípios brasileiros ainda não implementou a política para a População em Situação de Rua instituída pelo governo federal por meio do Decreto n. 7.053/09. Em alguns municípios, mesmo naqueles que instituíram a política, os serviços para a PSRsão insuficientes ou ineficazes. Direitos como os de moradia, saúde, acesso à justiça, educação, apoio familiar, ainda lhes são extremamente negados e, em muitos casos, os equipamentos como albergues e repúblicas estão fora da tipificação do Sistema Único de Assistência Social – SUAS. Vemos abrigos, albergues e repúblicas com superlotações e com metodologias que dificultam a socialização e a organização para a saída das ruas, o que precisa urgentemente ser repensado.

IHU On-Line – Quais são as outras políticas públicas existentes para a população em
situação de rua?

Luana Ferreira Lima e Maria do Rosário de Oliveira Carneiro 
– Como dito acima, existe a Política Nacional da População em Situação de Rua, instituída pelo governo federal por meio do Decreto no. 7.053/09. Partindo da Política Nacional, os estados e municípios devem instituir a política local, o que ainda anda de maneira muito vagarosa. A Política Nacional, em seu Art. 7º, dentre outros objetivos, garante os seguintes:

•    Assegurar o acesso amplo, simplificado e seguro aos serviços e programas que integram as políticas públicas de saúde, educação, previdência, assistência social, moradia, segurança, cultura, esporte, lazer, trabalho e renda.
•    Implantar centros de defesa dos direitos humanos para a população em situação de rua.
•    Criar meios de articulação entre o Sistema Único de Assistência Social e o Sistema Único de Saúde para qualificar a oferta de serviços.
•    Implementar ações de segurança alimentar e nutricional suficientes para proporcionar acesso permanente à alimentação pela população em situação de rua, alimentação com qualidade.

CNDDH é um dos objetivos da Política Nacional da PSR: “implantar centros de defesa dos direitos humanos para a população em situação de rua”. Com a especificidade dessa população, sobretudo a ausência de endereço residencial, muitas vezes se torna difícil o acesso à justiça. O CNDDH, com o objetivo de combater a violência contra esta população e garantir-lhe o acesso à justiça, trabalha articulado com as Defensorias Públicas, o Ministério Público e demais espaços de defesas de direitos e redes de proteção social, diminuindo as distâncias e facilitando a participação nos processos judiciais e administrativos em que a PSR figura como parte.

No que se refere à segurança alimentar, outro objetivo da Política Nacional e um direito assegurado pela Lei Federal n. 11.346/2006, convém salientar que em Belo Horizonte o Movimento da PSR conquistou da prefeitura municipal as refeições gratuitas nos restaurantes populares de segunda a sexta feira. Contudo, embora haja previsão na legislação municipal, as refeições não são oferecidas nos finais de semana e feriados, o que tem sido uma das pautas de reivindicações da PSR em Belo Horizonte. Não temos notícias de que outros municípios brasileiros assegurem a alimentação à PSR na modalidade de Belo Horizonte. Entendemos ser esta uma política elementar e fundamental, devendo ser instituída por todos os municípios brasileiros nos termos da legislação federal.

Pode-se afirmar que a violência física, como os homicídios e as tentativas, em tese, é a culminância dos diversos tipos de violências praticadas contra esta população, sobretudo a violência institucional como a omissão e ineficácia de políticas públicas que asseguram direitos fundamentais.

IHU On-Line – Muitas denúncias fazem referência a políticas de caráter higienistas, com retirada forçada de pessoas e pertences pessoais. Vocês têm recebido este tipo de denúncia no CNDDH? 

Luana Ferreira Lima e Maria do Rosário de Oliveira Carneiro
 – Sim. São muitas as denúncias deste tipo. Sobretudo com a aproximação da Copa das Confederações e da Copa do Mundo, esta última que acontecerá em 2014. São muitas as ações dos poderes executivos municipais, com apoio de policiais militares, em vários municípios brasileiros, de retirada forçada das pessoas das ruas, sobretudo dos centros das cidades. Em muitos casos, nestas retiradas levam os pertences pessoais, como documentos, remédios, roupas, cobertores etc. O que em certos casos pode até se caracterizar como um crime de roubo, considerando a violência e a grave ameaça. Em Belo Horizonte, existe uma decisão judicial em uma Ação Popular, do Tribunal de Justiça de Minas Gerias, impedindo este tipo de ação. Apesar disto, o CNDDH continua recebendo denúncias oferecidas por pessoas que tiveram seus pertences recolhidos pela prefeitura municipal, com apoio de policiais militares.

IHU On-Line – Como vocês veem as atuais medidas de intervenção dos governos para a retirada das pessoas das ruas e a política sobre drogas?

Luana Ferreira Lima e Maria do Rosário de Oliveira Carneiro
 – Usuários de drogas são objetos de práticas higienistas e de segregação em vários estados. Essas ações atingem sobretudo pessoas que se encontram em situação de vulnerabilidade, como a população em situação de rua. A retirada forçada das ruas e a aplicação de medidas detratamento e internação involuntários, sem o consentimento do usuário, sem metodologia clara e que contrariam avanços estabelecidos desde a luta antimanicomial, da reforma psiquiátrica e do Sistema Único de Saúde – SUS são um atentado aos direitos dos cidadãos. A questão da droga e da drogadição é complexa e exige do poder público e da sociedade grandes esforços para a compreensão do tema e, principalmente, na garantia da dignidade humana e na defesa da cidadania. A proximidade de grandes eventos no país expõe a PSR a soluções simplistas dos governos que violam direitos, a liberdade e a cidadania das pessoas. O CNDDH tem tratado do tema com diversos parceiros como o Ministério Público, Defensorias Públicas, conselhos e entidades ligadas ao tema e concluímos que os governos precisam compreender que a saída das ruas começa com o estabelecimento de políticas estruturantes que garantam a saída das ruas de maneira digna, com a garantida de acesso a direitos fundamentais como moradia, saúde, educação, cultura, entre outros. Além disso, é preciso ressaltar que o uso das drogas para a PSR é apenas um sintoma de todo o estado de violações já sofrido por essa população.

IHU On-Line – Algo a acrescentar?

Luana Ferreira Lima e Maria do Rosário de Oliveira Carneiro
 – Nestes dois anos de trabalho no CNDDH, como advogadas da População em Situação de Rua e dos Catadores de Materiais Recicláveis, temos aprendido muito e enfrentado diversos desafios. Experimentamos como o direito fundamental do acesso à justiça está distante das pessoas vulneráveis, da classe empobrecida e injustiçada. Nossa luta é por justiça social com equidade. Para isso, faz-se urgente superar preconceitos e reinterpretar o direito à luz da dignidade da pessoa humana.